Nunca escondendo suas origens, Diablo III mostra a visão isométrica como um ambiente nostálgico, envolvido com a produção dos cenários, altamente emersiva em áudio e vídeo. Mas sem dúvida, a personalização promovido pelo título é o êxtase completo para os que gostam do RPG.
Existem jogos que anualmente encontram seus jogadores com novas aventuras. Pokémon, Assassin’s Creed, FIFA são apenas alguns exemplos de algo que já está se tornando rotina no mundo eletrônico. Por este motivo, é interessante prestar atenção quando alguma franquia se coloca como ponto fora da curva. E, mesmo com Diablo IV anunciado para algum momento no futuro. Fato é que o estúdio californiano Blizzard tem uma outra mentalidade. Não por menos, Diablo III demorou mais de uma década desde o seu sucessor, lançado no ano 2000. Jogada de marketing ou não, essa demora também deixa a ansiedade do jogador ainda mais ávida. E claro que com isso, vem grandes responsabilidades. Afinal, tanta espera tem que recompensar com um bom título de uma franquia já consagrada.
E, se de um lado a Blizzard, braço da americana Activision sabe disso, Diablo III é a confirmação do velho ditado. Aquele em que se diz que em time que está ganhando não se mexe. Mas pode ser aprimorado. De fato, a câmera em diagonal, chamada de isométrica, uma das característica deste RPG está presente em sua terceira versão. Porém, é inegável os avanços gráficos do título, com uma ambientação completamente tridimensional. Durante a jornada, o personagem encontrará cavernas sombrias cheias de criaturas demoníacas, e cidades muito bem elaboradas. Pode-se dizer que, se por um lado os gráficos não sejam tão fantásticos, a ambientação é. Pelo simples bom uso de luz e sombras e de detalhes nos cenários que revelam o trabalho de mais de dez anos.
Dois outros aspectos técnicos que o título ganha destaque é o seu som e suas cenas cinemáticas. No primeiro, numa combinação titânica com a ambientação, é possível perceber uma imersão ainda maior com as masmorras e os cemitérios que o jogador encontrará pelo caminho. Se uma criatura chifruda parar em sua frente ou um ser de auréolas, você imediatamente saberá que são eles. Isso de olhos fechados. Quanto as cenas cinemáticas, de fato, um dos pontos de maior trabalho da Blizzard, e não por menos, seus trailer são conhecidos por esta qualidade. Dentro do game, não seria diferente, e momentos chaves da história nos levam a pensar que estamos assistindo uma série animada.
Como um título de RPG, e para os conhecedores deste gênero, parte fundamental é o crescimento de seu personagem. E aqui sem dúvida é o maior ponto de destaque. Com cinco classes iniciais, que podem ser aumentadas caso o jogador compre as expansões temos um plantel de possibilidades. São elas: Bárbaro, Feiticeiro, Caçador de Demônios, Arcano e Monge. Com a absurda quantidade de armas e armaduras, cada um dos tipos de personagens tem uma evolução única. Enquanto a fúria física do Bárbaro é capaz de destruir uma horda de inimigos, o Feiticeiro dificilmente entrará em combate. É preferível a esta classe convocar monstros e criaturas para que acabem com seus inimigos no lugar. Por fim, o ódio ou a resiliência serão os frutos do Caçador de Demônios, podendo usar especialmente arcos longos, bombas e facas. Tudo isso com uma jogabilidade intuitiva, com telas que permitem uma boa movimentação dos personagens.
Escolhido o personagem e seu arsenal, o jogador partirá para o combate sem piedade. E nisso, Diablo III se mantém novamente tão tradicional quanto seus antecessores. As batalhas são definitivamente frenéticas, chegando ao ponto de uma multidão de ações ocorrerem na tela. Contudo, o título, mesmo que em quantidade de adversários perdeu em qualidade. Isso pelo fato de que, mesmo existindo alguns adversários a altura e que exigiram do jogador certa maturidade, a maior parte das hordas poderá ser destruída tranquilamente.
Uma guinada pelo fato dos dois jogos anteriores serem considerados bem mais difíceis. A Blizzard tomou cuidado transformando Diablo em um jogo necessariamente online. Ou seja, a subida de nível de seus personagens será gravada, inibindo possíveis códigos fraudulentos. Para aqueles que gostam de uma aventura mais quente, o modo Inferno é uma opção, em que os desafios da narrativa principal aumentam consideravelmente.
E que narrativa principal seria essa? Bem. Os acontecimentos ocorrem em vinte anos depois dos eventos de Diablo II, na terra de Santuário, mundo fictício da franquia. Aqui, o jogador é levado a uma guerra entre os Altos Céus e o Infernos Ardentes. Ou seja, criaturas angelicais contra criaturas demoníacas. No meio disso tudo, a Pedra Negra da Alma pode trazer criaturas bestiais de volta a este mundo, em especial Diablo, o Senhor do Terror. Infelizmente, suas ações não geraram tanto impacto assim, uma vez que a linha de acontecimentos do título já está perfeitamente renderizada. Não é o personagem quem faz a história, mas a história quem faz o personagem. E, por mais que roteiro seja perspicaz em terminar o terceiro ato da série de maneira bem agradável, inclusive com um prelúdio para um futura continuação, não inova na guerra já conhecida a tempos.
Como já citado, Diablo III pode ter perdido em termos de dificuldade em sua campanha principal. Porém, ganhou o seu modo online cooperativo, onde é possível encontrar uma forma muito mais equilibrada de conflito. Junte a isso com a Casa do Leilão, onde os jogadores podem vender equipamentos em dinheiro real (dólar ou a moeda brasileira) com algumas taxas da Blizzard e temos uma verdadeira bolsa de valores. A Valve era pioneira nisso, mas parece que criou suas sementes também. Com os equipamentos, a já infinita possibilidades de personalizações dos personagens se torna ainda mais radical. Dificilmente, o jogador encontrará no modo cooperativo outro personagem produzido da mesma forma que o seu. Os demônios podem ser os mesmos, mas o seu personagem é praticamente exclusivo.
Nota Final: 85 de 100. Pois bem, a Blizzard se saiu muito bem ao produzir Diablo III, disponível para PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox One, Xbox 360, mais recentemente, desde 2018 no Nintendo Switch e por fim, a versão analisada, para o PC. Nunca escondendo suas origens, a visão isométrica é um ambiente nostálgico, envolvido com a produção dos cenários, altamente emersiva em áudio e vídeo. Mas sem dúvida, a personalização promovido pelo título é o êxtase completo para os que gostam do RPG. Sendo assim, as qualidades superam em muito mais os defeitos, fazendo de Diablo III um ótimo game, merecedor de um lugar de destaque no hall de seu gênero.