Remasterização do clássico de 1999, Mewtwo Contra Ataca – Evolução não inventa a roda. Na verdade, busca trazer a nostalgia do primeiro filme de Pokémon com animações modernas. É um bom passatempo que cumpre, com alguns deslizes, o que promete.
Para aqueles que já são acostumados com o canal, Pokémon é um assunto recorrente. Já falamos sobre o histórico de vendas dos últimos lançamentos, Sword e Shield. Também falamos do banimento completo da franquia na Arábia Saudita. Assim como outros países que tem certas restrições, em especial com o aplicativo Pokémon Go. Contudo, vamos sair da mídia dos jogos eletrônicos, e entrar para os longas metragens. A Netflix disponibilizou recentemente a versão remasterizada de Mewtwo Contra Ataca. Originalmente lançado em 1999, o filme foi refeito para o padrão tridimensional. Seu título passou a ser Pokémon: Mewtwo Contra Ataca – Evolução. Agora, resta a seguinte pergunta, o longa vale realmente a pena ou é apenas perda de tempo e de dinheiro investido? É o que vamos ver a seguir.
O primeiro ponto a destacar de Mewtwo Contra Ataca – Evolução é que ele segue exatamente os mesmos passos do original. Na pelo de Ash Ketchum, treinador da cidade de Pallet, ao lado de seus amigos e Pikachu, somos colocados em uma aventura que os levam a New Island. Nesta ilha, o antagonista do longa foi criado, Mewtwo, um clone melhorado de Mew. Mewtwo, desencantado com os humanos, decide ser o comandante da Terra, destruindo os humanos e os Pokémon com uma tempestade. Ele acredita que seja o exército de clones deve prevalecer. Com isso, todas as cenas memoráveis do clássico está ali. A descida de Mewtwo para o palco, a corrida de Pikachu, e talvez a cena mais emocionante. Quando Ash cai petrificado, o choro de Pikachu e de todos os Pokémon e seu posterior retorno.
Dito isso, todos aqueles que já viram o original terão uma forte sensação nostálgica. Até mesmo os ângulos de câmeras, as falas são idênticas ou no mínimo próximas ao original. Não por menos, percebe-se claramente que a Pikachu Project tinha a intenção de trazer, para um mundo mais moderno, a mesma história. E até mesmo por isso, temos o segundo ponto de destaque do longa, a animação. Pelos, penas e a organicidade das criaturas foram muito bem retratadas. A oleosidade da pele de um Dewgong, os pelos de Pikachu e Meowth e as penas de um Pidgeot mostram o cuidado dos animadores. Nas batalhas, o ponto alto da franquia nos jogos eletrônicos também foram melhoradas.
Os efeitos dos ataques estão bastante caprichados. As batalhas estão mais longas, como é o caso dos três iniciais de Kanto e suas versões clones. Assim como o panorama geral da batalha final. Infelizmente, parte do encanto se perde por dois pontos, seu roteiro e a trilha sonora. Como já falado, Mewtwo Contra Ataca – Evolução é uma remasterização do original. E isso trás tanto pontos positivos quanto negativos. Se a sensação nostálgica é um destaque, o enredo desfalca. O grande problema é criar, na personalidade de Mewtwo um verdadeiro monstro, uma espécie de antagonista simples. Aqui, temos a mentalidade de destruir a humanidade e comandar o mundo com seu exército de super Pokémon clonados.
Contudo, o que existe debaixo dessa história é a busca de saber quem realmente é Mewtwo. Como foi criado em laboratório, a busca de Mewtwo é saber sobre e entender o motivo de sua existência na Terra. Buscando uma espécie de rumo a seguir. É claro que no decorrer desse rumo, ele tem experiências traumáticas com humanos e Pokémon. E isso o leva a ser o antagonista. Porém, o roteiro não se guia dessa forma. E o apresenta como uma ameaça maligna. Algo que poderia ser melhor explorado tanto no longa original quanto em sua versão remasterizada.
Quanto ao outro problema de Mewtwo Contra Ataca – Evolução estabelece-se na trilha sonora. O que estranhamente acaba desmerecendo a nostalgia que o longa gostaria de mostrar. Momentos marcantes como a canção Brother, my Brother na Batalha dos Clones não existe. Na verdade, nesse momento nem música tem. Assim como no choro do Pikachu, com uma trilha que marca esse momento, também foi simplesmente retirada. Em termos emotivos, o longa acaba ficando um passo a trás do original. Você pode até se emocionar, mas para aqueles que viram o original, a emoção não será a mesma. Ela terá a mesma raiz, mas ainda assim a remasterização fica um pouco atrás nesse quesito.
Por fim, merece destaque também, na versão em português da dublagem. Por mais que sejam dubladores diferente dos originais (com exceção de Guilherme Briggs que refaz Mewtwo), todos eles fazem seu papel perfeitamente. Na verdade, é interessante notar como a dublagem brasileira vem se aperfeiçoando cada vez mais. Mesmo percebendo essa diferença para aqueles que buscam a nostalgia, em pouco tempo, a nova voz de Ash parece despercebido dentro do seu ouvido.
Nota: 6,5/10. No fim, Pokémon Mewtwo Contra Ataca – Evolução é saudosista e nostálgico. O longa tenta trazer uma nova comunidade, em muito por aplicativos como Pokémon Go para conhecer a franquia Pokémon. Mas também não esquece de seus fãs do início da franquia, que hoje já estão adultos. E foi apostando nestes dois tópicos, que o longa se torna interessante. As animações de golpes e das criaturas estão bem produzidas. Infelizmente, se a trilha sonora original estivesse no longa, ele seria ainda mais emocionante, uma das falhas do filme. Se você busca uma animação despretensiosa, ou se você é pai e mãe e quer mostrar ao seu filho o filme que te marcou com uma nova roupagem. Sem dúvida Mewtwo Contra Ataca – Evolução é um ótimo passatempo. E com toda certeza, para você chorar novamente com a cena do Pikachu.