HORA DAS GÊMEAS:
Wolfenstein 2: The New Colossus, tem uma história um pouco fraca. Mas, traz um discurso final excelente e deixa um gancho considerável para uma sequência. É bem provável que você zerou e ficou com uma ansiedade absurda para ver como o Blazkowicz ia finalizar essa guerra. Porém, a MachineGames decidiu que ainda não era hora de mostrar esse grande embate entre Blazkowicz e Hitler. Ao invés disso, ela optou por contar a história das filhas do B.J, nos seus 18 anos, indo atrás do pai em uma Paris dominada por nazistas. Mas, será que Wolfenstein: Youngblood conseguiu agradar, mesmo não sendo o que se esperava?!
Lançado em 25/07/19, sendo desenvolvido pela MachineGames em parceria com a Arkane e publicado pela Bethesda para PS4, Xbox One, Nintendo Switch e PC. Tratando-se de um jogo de ação cooperativa com elementos de stealth e muito tiro em primeira pessoa, ambientado em uma França futurista dominada por nazistas.
BEM VINDAS A PARIS:
Youngblood começa em 1979, mostrando as duas irmãs gêmeas, Jess e Soph sendo treinadas por seus pais, Blazkowicz e Anya para matar nazistas. Então, o jogo corta para 1980 quando elas fugiram com a sua amiga Abby para ir atrás do nosso grande B.J que estava desaparecido a várias semanas. Porém, o último paradeiro do nosso herói foi em Nova Paris. A capital francesa está dominada pelo exército nazista. Então, para poder encontrar seu pai, as garotas devem se aliar a resistência europeia e abrir caminho pelo exército inimigo. E é aí que o jogo começa!
A SINCRONIA DAS IRMÃS:
Primeiramente, eu queria cometar que Wolfenstein Youngblood, tentou inovar bastante com esse conceito do co-op. Logo no começo, podemos escolher com qual das irmãs jogar. Mas, elas não têm nenhum tipo de habilidade exclusiva. É só estética. Mesmo que a Jess comece com um rifle e a Soph com uma shotgun, isso não fará diferença já que todas as armas podem ser usadas por ambas as garotas.
Dito isso, posso começar a falar sobre as novidades de gameplay. Claro que, na questão de movimentação, nós temos os mesmos controles do Wolfenstein 2. Porém, algumas adições foram feitas para facilitar o co-op. Um detalhe legal, é que no começo você pode escolher todo o seu ‘’kit’’ para o começo. Como por exemplo, optar por começar com camuflagem de ocultamento, ou a pancada que quebra barreiras. E até se começa com faca ou machadinha. Inclusive, agora nós temos o pulo duplo também (que é bem gostoso de usar)! E sim, Youngblood conta como pequenos trechos de plataforma! Não são ruins, mas também não tem nada especial.
ACUMULADORES DE RIQUEZA:
Agora, o que realmente vai gerar muita diferença na gameplay são as saudações. Ao apertar o direcional para cima, você pode fazer uma saudação para sua irmã e isso vai conceder algum bônus. No começo, ganhamos um pouco de armadura sempre que acontece uma saudação. Mas, podemos comprar outras com dinheiro. Eu zerei usando uma que aumentava 15 de hp e 15 de armadura para as duas e essa saudação me carregou do início ao fim.
Todavia, você deve ter se perguntado: Uai Zaka? Como assim dinheiro em Wolfenstein? E sim, você não leu errado, agora nós coletamos moedas de prata espalhadas pelos cenários. Mas, não é só isso. As gêmeas possuem uma árvore de habilidades, e não mais os perks dos jogos anteriores. Temos três árvores. A primeira chamada de Mente, onde podemos aumentar o hp máximo, por exemplo. A segunda conhecida como Músculo, onde podemos aumentar o escudo máximo e até liberar a empunhadura dupla (elemento que já era padrão nos anteriores). E por fim a aba Poder, onde fortalecemos o ocultamento e a pancada, por exemplo.
ESTRANHO SEM SER RUIM:
Então, como você já deve ter percebido, agora podemos obter pontos de experiência ao passarmos de nível. Bem padrão, cada inimigo da uma quantidade de XP e com ela passamos de nível. Já o dinheiro, é usado para desbloquear skins (sim tem skins), modificações das armas (não tem mais os kits de melhoria) e como eu falei: Comprar as saudações.
Ou seja, Youngblood tem uma grande quantidade de elementos de RPG. E eu devo dizer que, é muito estranho, mas não chega a ser ruim. O maior problema é que alguns inimigos são esponjas de bala, porque eles contam com escudos que só podem ser quebrados com um certo tipo de arma (varia de inimigo para inimigo). Portanto, se você estiver um pouco mais fraco que ele, você vai descarregar sua munição para matar o infeliz. No mais, é algo que você acaba se acostumando. Sem falar no fato de que você não precisa ficar com tudo no máximo para zerar. Pelo contrário.
CHEGA DE INJUSTIÇA:
Em outras palavras, sua progressão não vai travar caso você tenha preguiça do farm de xp. Eu, por exemplo, zerei no nível 32 e existem habilidades que só são liberadas no nível 40. Ou seja, faltou muita coisa. É tranquilo. Inclusive, é bom ressaltar que os momentos injustos do segundo jogo foram cortados. Claro que existem momentos complicados, eu inclusive morri bastante no último chefão (sem game over). Mas tudo bem balanceado.
Além disso, gostaria de comentar sobre o sistema de reanimação presente em Youngblood. Como o jogo é feito para jogarmos em co-op, é possível levantar a sua companheira. Porém, nós temos três vidas e elas são compartilhadas. Por exemplo, se a Jess cair, a Soph tem um tempo limite para levantar a irmã. Caso contrário, vocês perdem uma vida. Do mesmo modo, se a Soph cair antes de levantar a Jess, vocês também perdem uma vida!
UMA BOA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL:
Eu não levei nenhum game over, mas cheguei perto algumas vezes! Chegando a vidas com zero corações. O último chefão mesmo, me entregou uma luta bem emocionante onde eu tinha que ficar perto do Soph para levantá-la ao mesmo tempo em que evitava os ataques que vinham em minha direção. Foi pura adrenalina! E um detalhe importante de ressaltar é que eu zerei sozinho, e a inteligência artificial da Soph (joguei com a Jess) me surpreendeu bastante!
Para você ter uma noção, eu não fui abandonado pela minha irmã em nenhum momento depois de cair. Claro que, algumas vezes nós duas morríamos juntas. Mas, isso aconteceu pelo simples fato de eu ter sido derrubada no meio de um tiroteio frenético com bombas e lasers. Ai não há deus grego que sobrevive né? Inclusive, ela derrubou vários inimigos durante a nossa jornada, sendo muito melhor que eu na hora de derrotar os drones! Eu esperava de coração, que ia ter que ficar revivendo ela toda hora, e passando raiva. Mas não. Tivemos uma aventura bem orgânica e colaborativa!
A DEFINIÇÃO DE COMBATE GOSTOSO:
Agora, sobre as armas novas, nós temos a machinepistole que é uma mini-metralhadora. Temos uma lanterna que devemos usar para andar pelos esgotos (existem vários) e uma arma que dispara eletricidade. Eu não achei ela tão útil em combate, mas serve para abrir portas! De resto, todas bem familiares. E falando dos inimigos, eles retiraram aquele conceito de matar o comandando primeiro sem ser visto para que ele não chame mais reforços. Agora não tem isso mais (amém). Inclusive, para ser sincero, todos os inimigos parecem reaproveitados, mas com uma skin diferente. O que mais me marcou foi o soldado com lança chamas. De resto, ninguém de fato diferente.
Mas, é bom ressaltar que a gameplay ficou muito melhor que a do Wolfenstein 2. Lembra que comentei o fato dela estar um pouco esquisita, sem ‘’firmeza’’? Então, isso foi aprimorado no Youngblood e nossa, que coisa gostosa. É muito satisfatório atirar nos inimigos, executar o pulo duplo enquanto faz sinais para sua irmã! Sério, junto com o primeiro, esse foi o que mais me deixou viciado no quesito tiroteio! Já o stealth, segue estranho com os inimigos te avistando do nada e as finalizações sem funcionar às vezes. Mas a troca de tiros está incrível!
A REPETIÇÃO DOS MAPAS:
Em seguida, vamos aos mapas de Youngblood. E nesse ponto nós temos uma mudança que pode agradar muito ou irritar muito. Agora o jogo conta com várias missões secundárias bem explicitas. Elas podem ser aceitas nas catacumbas (a nossa base). Depois, você vai até o mapa, seleciona a área e a missão e parte para ela. Ou seja, existe muita vai e vem nos cenários. Você vai ver os mesmos mapas várias e várias vezes.
Por mais que eles tenham áreas escondidas, eles acabam sendo pequenos e fica impossível você não ficar com preguiça. Esse foi um dos motivos para eu não ter tentado chegar no nível máximo (e também porque você pode fazer isso depois de zerar). Rapidamente me cansei. Mas, é claro que isso vai variar e talvez você não se incomode. Porém, fica o aviso! Inclusive os inimigos sempre voltam, mas com nível diferente (quase sempre um a cima do seu). Ah! E é possível marca-los também, mirando e apertando o L1. Eu não usei nenhuma vez, já que eles ficam marcados no mapa. Mas fica o aviso.
A NOSTALGIA DOS COLECIONÁVEIS:
Além disso, existem algumas missões de momento espalhadas pelo mapa. Como uma que você deve plantar uma bomba em um carro, ou outra onde você deve salvar soldados de serem mortos. Fazer vai lhe conceder mais xp e dinheiro, igual qualquer outra missão. E isso vale para as missões diárias e semanais que a Abby te da na sua base. Valem como um extra também. No mais, você irá encontrar vários colecionáveis legais, como óculos 3D, fita cassete, fitas VHS, disquetes que podemos decifrar e descobrir senhas de portas, e artes conceituais escondidas em caixas. A exploração em Youngblood continua tão divertida quanto nos seus antecessores!
A HISTÓRIA QUE NINGUÉM QUERIA SABER:
Agora, vamos pular para a história de Wolfenstein Youngblood que acabou pegando todos os fãs de surpresa. Já que todo mundo esperava mais do Blazkowicz. A questão aqui é bem simples. B.J acabou matando Hitler e assim, os EUA foram libertados do controle nazista. Todavia, como eles estavam ganhando a guerra, ainda existem locais sob controle nazi. Mas, a trama não se aprofunda nisso e foca somente nas irmãs tentando achar o pai.
Youngblood até tenta trazer uma surpresa na trama. Mas, não foi tão impactante quanto poderia ser justamente pela história não apresentar muita profundidade. Eu gostei da Abby, porém ela acaba aparecendo muito pouco. E as irmãs não tem nenhum tipo de camada. Elas se amam muito, brincam entre si, mas é só isso. Sem falar nos outros personagens que estão lá somente para fazer a gente sair em uma missão que eles pedem. Por mais que eu tenha ficado engajado na história principal, eu devo admitir que foi somente pela gameplay viciante e não pela trama em si.
AS EXPRESSÕES DE CENTAVOS:
Por fim, chegou a hora do lado técnico e nossa, que turbilhão de emoções! Youngblood consegue ser lindo nos cenários, traz uma boa iluminação, mas tem as piores expressões faciais da saga! E sendo bem sincero, foi mais um dos motivos deu ter ficado meio alheio à história. A galera tem umas expressões que de fato vão te tirar da narrativa (para além dela ser fraca). Então, por mais que ele seja bonito, ainda peca bastante nas ceninhas. Já sobre a trilha sonora, eu achei mediana. Inclusive abaixo do segundo jogo e isso me surpreendeu. Achei que com The New Colossus eles viriam numa crescente, mas não foi o caso. Infelizmente é uma trilha que você acaba de zerar e já esquece completamente.
BUGS TERRÍVEIS E MAPAS CANSATIVOS:
E sobre o level design, eu sinceramente achei muita ousadia os elementos plataforma. Por mais que apareçam pouco, foi uma ideia bem interessante. Porém, os cenários repetitivos pesam contra para a experiência. Se ele fosse nos mesmos moldes dos anteriores, o desempenho seria melhor. Entretanto, é bom lembrar que explorar os mapas ainda é muito satisfatório. Descobrir segredos e colecionáveis. Todavia, são sempre os mesmos mapas e isso cansa.
Por último, eu gostaria de comentar que acabei vendo um bug, pela primeira vez na saga. Durante a batalha final, a tela simplesmente começou a piscar de forma maluca e umas luzes estranhas começaram a aparecer no céu. Eu achei que o videogame estava entrando em colapso, mas era só o Wolfenstein Youngblood. Eu quase morri por causa disso, porque fiquei bem confuso com os elementos piscando na tela. Bizarro, porque já tem quatro anos que o jogo foi lançado e ainda podemos ver coisas assim…
CONCLUSÃO:
Em síntese, Wolfenstein Youngblood traz uma gameplay incrivelmente viciante, algumas cenas engraçadas, e uma exploração prazerosa. Mas, peca no seu level design repetitivo, na história fraca e na sua trilha sonora totalmente esquecível. Os elementos de RPG, por mais que sejam estranhos à primeira vista, acabam fazendo sentido graças ao game design e, por isso, você se acostuma. E é sempre bom ressaltar que os momentos absurdamente injustos do segundo jogo foram extintos aqui, deixando a gameplay muito mais fluída.
Entretanto, ele deixa mais um gancho para uma continuação que não sabemos se existirá. No geral, ele acaba sendo um jogo divertido e leve, que, se jogando com alguém, ainda fica mais divertido. Então, vale a pena para quem gosta de Wolfenstein. Até porque, ele tem uma campanha que gira em torno de 9 horas e que pode chegar a até 30 horas se você busca o 100%!
Números
Wolfenstein: Youngblood
Wolfenstein: Youngblood traz uma história fraca e que ninguém queria saber, além de um level design repetitivo, uma trilha sonora fraca, e alguns bugs ruins. Mas, sua gameplay viciante acaba te mantendo engajado durante todo o percurso!
PRÓS
- Ótimo combate
- Colecionáveis legais
- Elementos de RPG bem colocados
- IA consegue te ajudar
CONTRAS
- História fraca
- Expressões faciais muito ruins
- Bugs pesados mesmo depois de 4 anos
- Level design repetitivo
- Trilha sonora esquecível