O momento da Ellie.
Primeiramente, eu gostaria de registrar que, para mim, The Last of Us não precisava de uma sequência. Eu estava totalmente satisfeito, e emocionado, com o final do primeiro jogo e ele já estava no top 10 da minha vida. Porém, quando a parte dois foi anunciada, eu quase infartei de felicidade. Ellie grande, tatuada, com sede de sangue e tocando violão? Quero The Last of Us Part 2 para ontem!
Mas, será que The Last of Us Part 2 conseguiu o mesmo feito de Uncharted 2 (também da Naughty Dog) e superar seu antecessor totalmente? Vamos conferir. O título foi lançado em 19/06/20, sendo desenvolvido pela Naughty Dog e publicado pela Sony como um exclusivo de PS4. Tratando-se de um jogo de ação e aventura com tiro em terceira pessoa, trazendo uma temática pós-apocalíptica e um foco gigante na narrativa.
A vida em Jackson.
Em primeiro lugar, a história se inicia com Joel explicando ao seu irmão Tommy o que ocorreu no final do primeiro jogo. Então, os dois partem da cabana a cavalo e rumam de volta para Jackson (o destino final na aventura anterior).
Em seguida, Joel encontra Ellie e, após uma conversa e uma música no violão (que nós tocamos), a história avança quatro anos no futuro. Nesse momento, controlamos Ellie assim que ela acorda, com seu amigo Jess batendo à porta. Após recolhermos os pertences no quarto (mochila, arma, faquinha) nós saímos e a trama do jogo se inicia, de forma bem leve, mesmo que já seja relatado um conflito gerado por preconceito que é algo bem real na nossa sociedade. E com isso também temos um vislumbre de como é a vida em Jackson.
Por fim, nós somos apresentados a Dina (minha personagem favorita dessa história) e junto dela, partimos para uma patrulha. E é ai, que o jogo começa.

A receita de um bolo gostoso.
Antes de mais nada, vamos ao combate. Porém, quem acompanhou minhas análises sobre a trilogia Bayonetta e, sabe que nas sequências eu cito o que foi mantido, e explico o que foi adicionado. Ou seja, essa parte vai ser muito mais breve do que a parte um. Então, vamos lá. Primeiramente, o que foi mantido. E é muito simples: tudo.
The Last of Us Part 2, trouxe tudo que existia no primeiro jogo (o que é excelente). Ainda existem as duas formas de abordagem, tiro, porrada e bomba e o modo furtivo. Também veio a opção de jogar os infectados contra os inimigos humanos (assim como na DLC), e os controles se mantiveram, com a diferença de que agora, vem como padrão o L2+R2 para atirar, mas isso pode ser mudado nas configurações se você preferir.
Ou seja, é aquela velha receita de bolo que já conhecemos da sequência ‘’mais mais’’. Ainda podemos andar, correr, abaixar, usar o modo escuta, bater com armas brancas, arremessar garrafas e tijolos, etc. Porém, com mais itens, mais inimigos, e cenários maiores.
Mas, é óbvio, que o jogo traria mais armas. Podemos usar dois tipos de Shotguns, Rifle com silenciador, Besta, Machete, Picareta e por ai vai. Vale mencionar também, que agora temos novos itens de criação, como silenciadores, flechas explosivas, bombas de cano, cartucho incendiário para a shotgun e mais! E todas as novidades só expandem a abordagem que já era variada antes.

A esquiva ninja.
Entretanto, The Last of Us Part 2 também trouxe algumas novidades no seu combate. Não foram muitas, mas são o bastante para dar aquele up nas coisas. Primeiramente, Ellie carrega com ela aquela faquinha desde o primeiro jogo, então, não precisamos nos preocupar (inicialmente) com facas quebrando, e ainda podemos pegar os Estaladores de forma furtiva sempre. Perfeito.
Além disso, agora é possível esquivar. E vocês não fazem ideia do quanto isso é incrível. O combate fica mais fluído e até mais estratégico, já que a esquiva pode realmente te salvar, possibilitando que passemos por conflitos mano-a-mano totalmente ilesas!
Também podemos deitar no chão, e aqui a principal diferença está no level design do jogo, que agora conta com várias partes onde Ellie pode se arrastar seja para alcançar outras áreas exploráveis ou se esconder de inimigos (fora que da para matar de forma bem estilosa se jogando no chão e atirando na perna de alguém).
Ao mesmo tempo em que testamos os novos controles, nós acabamos notando uma evolução na física (que eu exaltei ser muito boa no primeiro). Temos cordas que podemos usar para resolver puzzles e a movimentação delas é muito bem feita. Os ataques da Ellie com a faquinha ou armas brancas é absurdamente satisfatório, igualmente com as armas de fogo. O desmembramento já existia, mas agora conseguiram evoluir a sensação e realmente da pra sentir diferença. Os inimigos também gritam de agonia ao morrerem e clamam por seus amigos mortos (igual em Days Gone) e até pelos cachorros. Matei um tal de Brutus uma vez, que o dono gritou tanto que eu quase pedi desculpas…

Malditos cães
Em seguida, vamos a mais adições: Os inimigos Agora, encontramos três tipos de facções durante a campanha: Os Serafitas, Os lobos e Os Cascáveis. E isso por consequência, aumenta a variedade de inimigos. Por exemplo, agora temos um adversário que é um humano gigante, que carrega um martelo (ou marreta se você preferir) gigante. Ele é muito lento, mas absurdamente forte. Com certeza é meu inimigo favorito do lado dos humanos, pois sempre me rende lutas épicas cheias de esquiva (amo).
Além disso, tem um infectado novo, os Trôpegos. Eles são semelhantes aos Baiacus, porém menores, e ao invés de tacar ‘’granadas’’ de esporos, eles correm até você e expelem uma nuvem de esporos corrosivos. Além disso, depois de morrer eles também explodem! Então cuidado.
Por último, mas não menos importante, nós temos os cães. E nossa… Eu, particularmente, amo cachorros. Então, quando o primeiro apareceu e eu o matei, minha consciência pesou de forma absurda. Porém, no cachorro seguinte, eu já vi que não fazia sentido ficar com dó porque nossa, eles são incrivelmente malditos! Dão muito dano, te farejam, e tem hora que seu ataque físico simplesmente não acerta esses abençoados. Ou seja, a principal dica que posso dar é: Chegou na área, viu um cachorro? Mata logo.

Movida a pílulas e engrenagens.
Logo depois dos inimigos, vamos ao mapa de The Last of Us Part 2. E aqui, eu já adianto que o trabalho foi primoroso. Como vocês se lembram na análise do primeiro, eu disse que o mapa possuía uma linearidade disfarçada, ou seja, você não se sentia em um corredor. Agora, isso foi expandido. Aqui, você não apenas era sentir-se livre, mas também terá momentos com uma liberdade bastante expandida. Com direito a poder escolher se vai no ponto A ou B primeiro, ou se deixa áreas inteiras sem explorar. Quem jogou Uncharted 4 sabe bem do que estou falando, pois Seattle é igual Madagascar de Uncharted, e nossa, é legal demais!
Então, assim como era esperado, vários itens retornam, como álcool, pano, lâminas, etc. Tudo para garantir a nossa sobrevivência e, como sempre, devemos cuidar do gerenciamento e decidir o que iremos criar com base nos recursos que temos e no que precisaremos. Bem familiar.
Além disso, os upgrades seguem os mesmo. Com as pílulas aumentando as habilidades, e as engrenagens usadas para fortalecer as armas tudo exatamente igual antes. Porém, no caso das pílulas, agora nós temos mais habilidades (sério, muito mais), ou seja, as pílulas são mais comuns do que antes. Mas não se enganem. Nós vamos liberando as outras ‘’árvores de habilidade’’ à medida que coletamos manuais e progredimos no jogo, entretanto, ainda não tem como zerar com tudo no máximo, tal qual o anterior. Vale ressaltar a qualidade do barulho das armas que aumentou de forma significativa. Sempre foi bom, mas agora, quando você faz o upgrade nas armas, o som é absurdo!

Abrindo o cofre só no ouvido.
Como de costume, agora vem os colecionáveis. Os artefatos voltaram, e seguem tão interessantes quanto o primeiro jogo. Ainda paro para ler tantos quanto forem possíveis e me emociono ou me choco constantemente.
Além disso, assim como anteriormente, nós podemos encontrar cofres que contém itens. Porém, com uma diferença muito incrível. Antes, nós tínhamos que encontrar a combinação do cofre, seja em documentos, ou até escrito em alguma parede por exemplo. Agora, não só podemos fazer da forma tradicional, como também é possível ouvir o barulho que o cofre faz quando giramos para achar a combinação. Se você ouvir atentamente, é possível identificar um ‘’clique’’ quando passamos pelo número certo da sequência e assim fazer ali, de bate e pronto. É um detalhe impressionante.
Também podemos encontrar Cartas Colecionáveis, com fotos e atributos de vários personagens. Além de contar a história deles, nome verdadeiro, e nível de vilania. São bem interessantes. Outros colecionáveis legais são as moedas antigas. Como não existe mais dinheiro nesse mundo, as moedas de antigamente servem somente para coleção. São as mais difíceis de achar.
Por fim, os já mencionados, manuais de treinamento, que aqui, ao invés de fortalecer automaticamente algumas funções (como durabilidade da faca), geram uma nova ‘’árvore de habilidades’’ para podermos nos fortalecer. E também, os registros de diário. Volta e meia, nós encontramos pontos onde Ellie pode fazer um desenho do que ela vê, seja uma paisagem, cadáver, etc.

”Eu vou encontrar, e eu vou matar, até o último deles!”
Agora, chegou o momento, da parte mais polêmica de The Last of Us Part 2: A HISTÓRIA. Primeiramente, lembram quando eu disse que essa é a famosa sequência ‘’mais mais’’? Pois é, isso se aplica na história também. The Last of Us Part 2 trouxe uma trama maior não só em duração, mas em complexidade também! Como eu disse, começamos jogando com Ellie e partimos em uma patrulha com Dina. Mas, logo depois de partirmos, o jogo corta e passamos a controlar a outra protagonista dessa história (sim, temos dois lados dos mesmos acontecimentos!), a Abby. Então, no início, fazemos essa dança das cadeiras, começamos com Ellie, depois Abby, depois Ellie, depois Abby de novo e ai Ellie por metade do jogo, e depois Abby na outra metade.
Mas que história é essa? Bom, para não dar nenhum spoiler, vou dizer que, acontece uma catástrofe logo no início (bem no início mesmo), envolvendo as duas garotas. E tal acontecimento, faz a Ellie partir em uma jornada sangrenta e determinada atrás dos responsáveis, e quem está nessa galera? Isso mesmo, a Abby. Ou seja, nós somos apresentados ao lado da Ellie e ao lado da Abby, mostrando que, sempre devemos nós colocar no lugar do outro.
Então, aqui eu já posso falar que, a história de The Last of Us Part 2 é muito, muito boa. Trás uma estrutura que foi apresentada na DLC do primeiro, onde temos momentos de gameplay pontuados por flashbacks (jogáveis) que nos dão contexto e servem para uma maior aproximação com os personagens e desenvolvimento dos mesmos, e isso é incrível. Realmente é fácil você se simpatizar pela Abby (não foi o meu caso) e ficar totalmente a favor dela em detrimento da Ellie, uma personagem que já vem sendo criada desde o anterior. Isso é algo absurdamente difícil de realizar.

Uma atmosfera pesada.
Agora, nós temos mais personagens, mais relações, mais questões importantes para os dias atuais, como questões sexuais, quebras de estereótipos e até questões transexuais envolvendo preconceito e aceitação. É uma história que conta de um tempo futuro, mas que é totalmente atual. Realmente, o que a Naughty Dog fez aqui, foi coisa de gênio. A capacidade narrativa desse estúdio é algo que me choca todas as vezes.
Além disso, ainda vemos alguns detalhes muito interessantes. Em The Last of Us, nós encontramos uma atmosfera mais bonita na sua maior parte, como dias ensolarados, tudo muito claro e bonito, cenários que você se sente confortável, por mais que seja uma aventura perigosa, cheia de saqueadores e infectados, a ‘’vibe’’ é de uma jornada que fala sobre sentimentos bons como amor, amizade e companheirismo.
Porém, na parte dois, tudo se inverte! Ellie transita por cenários chuvosos, alagados, com o tempo totalmente nublado e nada convidativo ou aconchegante. E isso reflete exatamente como a garota se sente por dentro, e tudo que ela passou até então em sua vida, cheia de perdas e momentos de desespero, onde ela só queria ser útil nesse mundo caótico.
Vale ressaltar, que essa estética mais ‘’sombria’’ se reflete até nos botões de ação. Por exemplo, no primeiro, sempre que íamos abrir uma gaveta, o botão triângulo aparecia na tela indicando o que devíamos fazer para abri-la, e ele aparecia na cor verde (igual é na manete mesmo). Já na parte 2, ele aparece branco, ou seja, sem cor, para combinar com a ‘’vibe’’ do mundo em que estamos. São pequenos detalhes que fazem diferença na imersão da história.

O conceito de certo e errado.
Ou seja, The Last of Us Part 2 trás personagens familiares (Ellie, Joel, Tommy, Maria), mas também apresenta novos incríveis, como Dina, Jess e Abby. E é extremamente fácil você sair ou amando ou odiando eles (inclusive os personagens já estabelecidos anteriormente). É uma história incrivelmente pesada, que ou vai te deixar com uma aflição gigante, ou vai te fazer chorar como se o mundo estivesse acabando (meu caso).
Todavia, vale ressaltar que, existem vários acontecimentos que podem ser questionáveis dependendo do seu ponto de vista, e da sua ideologia. Eu mesmo, não concordo de forma alguma, em como a tal catástrofe foi conduzida. Tenho várias ressalvas. Mas, não é porque eu, Zakarias, não concordo, que a história se torna ruim. Na realidade, essa discordância que o enredo gera é o que o torna tão bom, pois mostra muito sobre os nossos conceitos de certo e errado, e faz a gente se colocar no lugar dos personagens de uma forma absurda. Eu, pessoalmente, acho a história do primeiro melhor, mas é totalmente justo você preferir a do segundo jogo, porque ela também é incrível!
Por fim, queria deixar registrado que Ellie e Abby não partilham dos mesmos recursos, e ainda tem armas diferentes e itens criáveis também diferentes. Por exemplo, Ellie possui o Arco e Flecha, e Abby Conta com a Besta. Enquanto que os colecionáveis também mudam entre elas. Ellie coleta as cartinhas, Abby é aficionada pelas moedas antigas. Esse detalhe é bem legal.

A magia do Santaolalla e a evolução natural.
Logo depois da história, é hora de falar do lado técnico. E, para a surpresa de ninguém, tudo se manteve no mais alto nível. The Last of Us Part 2 conta com a volta do gênio Gustavo Santaolalla, e não tem muito o que dizer. A trilha sonora é tão linda e memorável quanto a do primeiro e segue sendo a minha favorita de todos os tempos. Se existe uma coisa em The Last of Us que é impossível criticar, é a trilha sonora.
Agora, sobre os gráficos, se vê uma evolução natural do antecessor em todos os aspectos. Expressões faciais ainda melhores, cenários ainda mais detalhados, efeitos de iluminação ainda mais acurados. Para não falar dos detalhes, como marcas na neve, reação dos cacos de vidro quando passamos sobre eles, inimigos que ficam com o rosto cheio de caco de vidro quando levam uma garrafada na cara, roupas rasgadas por causa dos golpes de faca da Ellie, e por ai vai. A Naughty Dog segue com um capricho invejável.
Por fim, o level design. Como eu disse, o fato de podermos deitar, trouxe uma nova perspectiva. Com isso, temos um level design mais complexo, e o fato de existir a área aberta, só reforça isso. Continua tão bem feito quanto o anterior. Um último detalhe. Até então, o jogo não conta com uma DLC. Mas, o modo Facções já foi anunciado e está em produção pela Naughty Dog. Entretanto, até o momento dessa análise ele ainda não foi lançado.

Conclusão.
Em síntese, The Last of Us Part 2, é a sequência que mantém tudo que deu certo antes, acrescenta novos elementos, e ainda aprimora o que já existia. Ou seja, assim como o primeiro, ele segue sendo uma experiência única e obrigatória para quem é fã de jogos e/ou de cinema. Com personagens incrivelmente marcantes (seja para o bem ou para o mal), ele trás uma trama muito complexa, cheia de camadas e interpretações, que rende horas e horas de discussões sobre o que é certo e errado. Além de uma trilha sonora simplesmente incrível, e gráficos lindos.
Além disso, sua gameplay aprimorada torna o que já era muito viciante, ainda mais! Não tem como, por mais que você não concorde com decisões de enredo, se você gostou do primeiro, é certeza que vai gostar do segundo. Só resta saber qual vai ser o seu favorito. O meu é o primeiro, e o seu?
Números
The Last of Us Part 2
The Last of Us Part 2 é uma sequência que expande tudo que foi apresentado no original. Trazendo uma história mais complexa, um combate com novidades ótimas e um mapa ainda mais caprichado. Ele ainda mantém tudo que deu certo, como personagens incríveis e uma das melhores trilhas sonoras dos games!
PRÓS
- Gameplay ainda melhor que o anterior
- Trilha sonora espetacular
- História incrivelmente emocionante
- Level design extremamente bem feito
- Ambientações e expressões faciais impressionantes
- Novos personagens muito memoráveis
Ainda bem que a Sony vem com a ideia de transformar seus games em multi colocando no PC. Tudo bem que a performance logo no início é bem ruim, mas depois melhora. Lembro que o primeiro The Last of Us foi catastrófico, mas depois melhorou. Curioso pra ver essa segunda parte.
Quanto a análise, não tenho a acrescentar. Volto depois pra confirmar se é tudo isso através do PC, sabendo diferenciar é claro a parte gráfica e técnica, que não tem como comparar a plataforma nativa com uma outra portada.
Nossa o primeiro foi ruim demais! Sem base kkkkk’
Mas vou ficar no aguardo do retorno em!!