A TÃO AGUARDADA SEQUÊNCIA
Após o sucesso de Far Cry em 2004, e seus vários relançamentos, era de se esperar que uma sequência viesse. Demorou 4 anos, mas ela apareceu trazendo uma proposta um pouco diferente do seu antecessor. Mas, será que essa nova ideia funcionou? Vamos conferir. Lançado em 21/10/08, sendo desenvolvido pela Ubisoft Montreal e publicado pela Ubisoft, para PS3, Xbox 360 e PC. Trata-se de um jogo de ação, com tiro em primeira pessoa, ambientado num mundo aberto localizado na África.
BENDITA MALÁRIA?!
Antes de mais nada, vamos falar da primeira ideia diferente, se comparado ao primeiro. Aqui, nós não temos um protagonista fixo como antes. Dessa vez, podemos escolher entre vários personagens, com nacionalidades diferentes e até um breve background. Então, depois que escolher seu personagem (que, obviamente, será o Martyr Alencar, brasileiro), nós nos vemos em um jeep com um guia em alguma região da África.
Após muita conversa sobre o país e vários vislumbres da paisagem, nós conhecemos a milícia que domina toda região (babacas). Então, simplesmente do nada, nosso protagonista começa a sentir uma tontura, até que desmaia ainda no jeep. Ao acordarmos, nosso ‘’camarada’’ Jackal nos da a incrível noticia de que estamos com malária (delícia).
Em seguida, ele nos libera (após falar tudo muito rápido), e partimos, não só em busca de um remédio para a doença, mas também atrás de trabalho, já que jogamos como um mercenário que agora está desempregado. Afinal, o primeiro objetivo era matar o Jackal, mas, como ele disse: ninguém o mata! E é aí que o jogo começa.
EMPERRA E EMPERRA:
Primeiramente, como sempre, vamos ao combate. Aqui, não tem nenhum mistério. Podemos: correr, mirar e atirar (L1+R1), agachar, arremessar granadas, curar (L2) e pular. Tudo bastante familiar para quem joga FPS. Além disso, ainda temos um stealth que, simplesmente, não funciona. Sinceramente, eu não matei ninguém no modo furtivo. No máximo, dei um dano com o facão, ele me viu, e trocamos tiro. O jogo não possui aquele comando clássico: ‘’aperte quadrado para finalizar’’, sabe? Não vale a pena se preocupar em matar no modo furtivo. Atire na cara de todo mundo e seja feliz!
Mas, existem alguns pequenos detalhes. Lembram que pegamos malária? Pois é, os sintomas fazem uma aparição de tempos em tempos para atrapalhar a gente. Basta tomar o remédio, que eles passam. Entretanto, é provável que eles apareçam no meio do tiroteio. Além disso, temos uma mecânica que eu, simplesmente, odiei.
Em Far Cry 2, as armas possuem um sistema de durabilidade. À primeira vista, é algo simples e que faz sentido, pois, quanto mais você usa uma arma, mais gasta ela fica e seu desempenho diminui. Até ai tudo bem. Mas, o problema real é que, quando elas ficam gastas, começam a emperrar! E isso é uma das coisas mais irritantes que eu já vi em um jogo de tiro. Não existe nada mais frustrante do que você, no meio da troca de tiros, ver sua arma simplesmente parando de disparar, do nada.
Em teoria, isso acontece com a dos inimigos também. Entretanto, é incrivelmente raro. Em toda a campanha, se eu presenciei cinco vezes, foi muito! Ou seja, é uma desvantagem bem chata que a gente tem. Eu nem consigo expressar o quanto isso me irritou.
CUIDADO COM O TRÂNSITO:
Outro detalhe importante sobre o combate é a sua dificuldade. Far Cry 1 não é um jogo fácil, mas aqui, eu realmente senti uma escalada que chega a ser desleal. Far Cry 2 me deixou com a sensação de que tentaram puxar para o realismo, tanto na sensação de tiro, quanto no dano sofrido. Porém, os inimigos são esponjas de bala! É impressionante. Enquanto a gente morre com poucos tiros, os soldados da milícia sobrevivem a um tiro de lança-foguetes, como se não fosse nada.
Além disso, as nossas armas se desgastam, ou seja, perdem a força, o que deixa as coisas cada vez mais difícil. E, como eu disse, em teoria a dos inimigos também perde força, mas é impossível notar. Outro ponto que me estressou várias vezes, foi o fato de que, quando você chega num acampamento inimigo, sempre vai ter alguém que vai pegar um carro e tentar vir para cima de você.
Mas, o grande problema, é que, em Far Cry 2, os atropelamentos te matam com apenas um hit! Eu não me lembro de já ter visto isso em nenhum outro jogo. Até GTA IV que busca por um realismo maior, tem uma alta tolerância quanto aos atropelamentos. Mas em Far Cry 2 é insano! Eu não consigo nem contar, quantas vezes eu estava numa troca de tiros e, das minhas costas, veio alguém e me atropelou. É frustrante de uma forma incalculável, juro. O combate além de ser menos fluído do que o antecessor, ainda possui essa carga de injustiça que acaba com a paciência de qualquer um.
CUIDE DOS SEUS CAMARADAS:
Em seguida, vamos partir para a progressão de Far Cry 2. Como eu já adiantei, aqui foi onde a série introduziu o mundo aberto. E, assim como todo jogo nesse gênero, existem muitas atividades espalhadas pelo mapa.
Mas, novamente, não temos muito mistério. Aqui não existe nada que já não tinha sido visto antes, e que se repetiria várias vezes depois. Temos os postos de inimigos (que são bem chatos, já que os inimigos te odeiam sem razão), temos missões dadas por NPCs, sendo as mais importantes aquelas que nos dão o remédio para malária. Essas, eu achei curioso pois, consistem sempre na mesma atividade: vá até um ponto, mate os inimigos do lado de fora da casa, entre e entregue o passaporte para os refugiados saírem do país. Todas são assim, e eu fiz várias. Não só pelo remédio, mas porque eu me sentia muito feliz em ajudar os africanos a escaparem desse inferno.
Também temos missões de assassinato, de interceptar alguns comboios dos inimigos, e contamos até com alguns “camaradas” bem úteis. Eles nos dão dicas sobre as missões principais e ainda podem nos reviver em combate. Mas, para isso, é preciso fazer algumas missões paralelas, que melhoram o relacionamento com eles. E vale ressaltar, que eles são únicos, e se morrerem você fica sem! Além disso, é possível matá-los sem querer, pois existe fogo amigo. Tanto que, fui salvar um deles de uma emboscada e acabei atirando no coitado).
Do mesmo modo que nós podíamos dirigir no jogo anterior, em Far Cry 2 isso não só se manteve, como foi expandido. Temos mais veículos (incluindo um da marca Jeep), barcos diferentes, e a volta da asa delta. A direção melhorou um pouco, mas ainda continua ruim se comparada a maioria dos jogos. Mas, é um dos melhores meios de locomoção, já que a viagem rápida só nos leva a pontos específicos e de lá, provavelmente, você terá que dirigir.
DIAMANTE DE SANGUE:
Por último, mas não menos importante, temos as gravações do Jackal, que nos contam mais sobre ele, e as maletas com diamantes. Existem 221 maletas espalhadas pelo mapa contendo diamantes que servem como dinheiro. Inclusive, ganhamos estes diamantes como pagamento das missões principais. Basicamente, usamos para comprar armas (que também são adquiridas em missões), bolsa de munição, mais seringas para recuperar HP, entre outras coisas.
Os diamantes são extremamente úteis, principalmente para renovar o armamento, já que uma arma nova faz toda diferença. Ah! Um detalhe: sempre que sua arma começar a ficar suja e perder a cor, volte ao deposito e pegue uma nova. Todas que você comprou, vão ficar lá prontas para serem usadas e novinhas. Você ainda vai se estressar com elas emperrando, mas será um pouco menos.
SENDO USADO DESDE O INÍCIO:
Agora, vamos para a trama de Far Cry 2, que eu já adianto: é, de longe, a mais fraca da franquia. Obviamente, o fato do protagonista não ser fixo contribui para um enredo menos interessante, pois é como não fizessemos diferença, podendo ser qualquer um.
Mas, não é só isso. O nosso objetivo é, simplesmente, fazer missões para as duas facções do país: ACR e URLL. Ambas te usam, já que trabalhamos por dinheiro (no caso aqui, os diamantes), porém, nenhuma das duas causas conseguem te cativar. Você provavelmente não terá uma facção preferida. Até porque, seus objetivos não são totalmente claros. Eu me senti usado, do início ao fim.
Sendo sincero, o único personagem que eu me apeguei, foi o padre Maliya, que me fornecia o remédio para malária, e por razões óbvias, já que ele salvava minha vida (mesmo não sendo o único a fazer isso). Não é à toa que eu me sentia tão bem ajudando civis com o passaporte para fugir dali, já que eram os únicos momentos que eu me sentia útil na trama.
Por fim, nosso personagem não fala uma palavra, só aceita todas as missões. Eu, particularmente, acho que uma guerra civil na África poderia gerar uma trama bem interessante, com uma alta carga dramática. Mas, infelizmente, não foi isso que aconteceu. Inclusive, no final, somos apresentados a duas escolhas que levam ao mesmo lugar (me senti enganado).
Far Cry 2, traz uma história extremamente simples, tanto nos seus personagens, quanto nos acontecimentos em si. Realmente não fui fisgado em nenhum momento. Era melhor outra história clichê, como no primeiro.
O FILTRO AMARELO:
Logo depois da história, chegou a hora do lado técnico. Far Cry 2, é um pouco complexo nesse quesito. Primeiramente, os gráficos. Eu não entendi muito bem, mas o jogo passa uma sensação de um filtro amarelado, que incomoda. Até mexi nas configurações do brilho para ver. Melhorou um pouco, mas ainda assim, é esquisito. Não que o jogo seja feio, mas passa a sensação de ser menos impressionante do que seu antecessor, mesmo vindo quatro anos depois. Claro que notamos melhorias no modelo das armas, na expressão fácil e modelo dos personagens carros. Entretanto, a ambientação encanta menos do que a anterior.
Já sobre a trilha sonora, ela é boa, passa bastante aquele clima de ‘’beleza estou na África’’, principalmente a do menu. Mas, é aquela coisa, estamos em um jogo de ação e tiroteio. A música acaba sendo um detalhe que pouco se nota. Entretanto, quando aparece, cumpre bem seu papel.
O level design, é interessante. Aqui, eu tive a sensação de experimento mesmo. A Ubisoft implementou algumas coisas que se tornariam padrão (como a base dos inimigos), mas de forma bastante simples, incluindo o design do mundo aberto. Aqui existe mais de uma região, e missões diferentes em cada. Por exemplo, em uma das regiões, é um padre que nos fornece as missões para buscar remédio, já em outra, é um médico. Detalhes assim, dão uma pequena variada na gameplay.
E O FOGO BELO:
Mas, uma coisa que eu preciso reclamar, é do design do mapa. E quando eu falo do mapa, eu quero dizer literalmente do mapa, do ‘’pedaço de papel’’ que a gente usa para se orientar. Eu achei horrível, tanto as divisões de áreas, quanto o traçado dos caminhos. É tudo muito confuso e esquisito. Pois, as regiões são parecidas, e não há como navegar de forma simples entre elas, e também não é possível marcar pontos para onde queremos ir. Ele tem apenas o mínimo da funcionalidade necessária para ser chamado de mapa: mostrar onde é a missão principal. O jogo seguinte trouxe um progresso gigantesco nesse aspecto (ufa).
Para encerrar o lado técnico, eu gostaria de ressaltar o fogo de Far Cry 2. Lembram que eu comentei, a alguns parágrafos, que eu senti a Ubisoft tentando puxar para o realismo, e por isso o combate não era tão gostoso quanto o anterior? Pois é, isso ficou bem claro graças à física do fogo. Eu, sinceramente, vi poucas vezes um efeito que se compara ao desse jogo (talvez Breath of the Wild?). É realmente impressionante a forma como se espalha, como o vento age sobre ele, e o jeito com que ele consome a vegetação no chão, as árvores, e até as casas! Lembrando que, estamos em 2022, e um jogo de 2008 possui efeitos impressionantes até para os dias de hoje! Estão de parabéns.
O MULTIPLAYER:
Por fim, nós temos a última proposta diferente, com relação ao primeiro: modo multiplayer. Esse modo eu não testei, pois os servidores estão desligados no PS3. Mas, não custa nada mencionar não é? A verdade é que, novamente, não tem mistério. É como qualquer outro: possui partidas ranqueadas e causais, modo deathmatch, e encontre o diamante. Bem padrão mesmo. E, assim como todo multiplayer, é mais divertido com os amigos.
CONCLUSÃO:
Em síntese, Far Cry 2, tentou ser aquela sequência “mais mais”, onde tentam trazer mais armas, cenários maiores, mais missões, história mais longa, etc. Mas, assim como em Dying Light 2, isso não necessariamente é uma boa coisa. Por mais que tenha mais coisas para se fazer, a gameplay é muito mais chata e cansativa que o anterior. Além disso, a dificuldade injusta contribui para deixar a experiência muito mais maçante. Eu falo, com tranquilidade, que o primeiro Far Cry é extremamente viciante. Já o segundo, te cansa antes do fim, mesmo que você foque na história.
Traz uma boa física, uma dirigibilidade menos sofrível, modelos de armas e personagens mais bonitos. Mas, também carrega uma história desinteressante, com personagens esquecíveis, além de mecânicas mal implementadas e um filtro amarelo que atrapalha a beleza dos cenários.
Vale a pena para aqueles que, assim como eu, gostam de jogar sagas completas desde o início. Todavia, até então, é o mais fraco de todos que joguei dessa franquia. Tendo uma campanha que pode ir de 17 horas até 41 horas se você quiser fazer tudo.
Números
Far Cry 2
Far Cry 2 tentou ser aquela sequência que traz tudo a mais. Tem um mapa maior, mais armas, mais elementos no mapa. Mas, acaba falhando na maioria das coisas, como num combate injusto, em mecânicas que não funcionam e numa história desinteressante
PRÓS
- Mundo aberto bem feito, por ser o primeiro da saga
- Dirigibilidade melhor do que o anterior
- A física do fogo é uma das melhores já feitas na história (se não for a melhor)
- Modelos das armas é bem bonito, tal qual dos personagens
CONTRAS
- Dificuldade artificial, onde os inimigos são esponjas de bala e nós somos feitos de papel
- Filtro amarelo acaba tirando um pouco da beleza do jogo
- Durabilidade das armas mal implementada e acaba irritando sempre
- História chata e desinteressante, com personagens esquecíveis