É HORA DE LUCHA LIBRE!
A luta livre é uma das formas de entretenimento mais conhecidas no mundo. E WrestleQuest resolveu pegar essa temática e misturar com o gênero RPG! Mas, será que essa combinação inusitada funcionou?! Lançado em 08/08/23 sendo desenvolvido pela Mega Cat Studios e publicado pela Skybound Games para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch, Android/iOS, PC e Netflix. Tratando-se de um jogo de RPG com batalhas em turno e uma temática voltada para o mundo das lutas livres.
BEM VINDO A BRINQUEDOTECA:
WrestleQuest começa com um podcast contando que, na Brinquedoteca (mundo onde o jogo se passa) os brinquedos são viciados em luta livre e aquele que se dão bem acabam virando heróis e sendo venerados. Então, nós conhecemos o nosso protagonista, Randy Santos. Ele, assim como vários outros brinquedos, tem o sonho de ser famoso e se tornar uma lenda. Então, é com um brinquedo mexicano e um sonho que a nossa aventura começa.
DE OLHO NOS BOTÕES:
Primeiramente, vamos ao combate de WrestleQuest, porque aqui não tem nenhum mistério para quem já jogou outros RPGs de turno. Você possui uma equipe (que varia bastante) e cada um tem a sua vez de atacar com o objetivo de acabar com o HP de todos os inimigos.
Porém, WrestleQuest vai contar com algumas particularidades. A primeira é que, sempre que você realiza um ataque, o jogo vai disponibilizar um quick-time event (QTE) para que a gente possa apertar e realizar um ataque extra. E isso também vale para quando recebermos um ataque. Se você acertar, você pode reduzir o dano do inimigo ou até sair ileso do confronto! Vale ressaltar que sempre será um dos quatro botões de ação (A,B,X,Y no caso do Switch/Xbox).
Outro detalhe interessante é a barra de euforia. Ela pode ser preenchida ao usarmos golpes especiais, ou provocando o inimigo e até ao fazer uma entrada elaborada em uma luta oficial. E, ao fazermos isso, iremos conseguir diversos bônus como mais dano, mais experiência e mais dinheiro. Mas, os ataques dos inimigos irão reduzir esta barra e você receberá penalidades, inversas aos bônus (menos xp, menos dano, etc).
IMOBILIZAÇÃO EM MASSA:
Mas, para vencer alguns inimigos, não basta apenas acabar com a vida dele. Em muitos casos a gente precisa imobilizar, através de um mini-game bem simples. Então, o inimigo irá desaparecer (se for só um, a luta irá acabar). É importante lembrar que os vilões também podem te imobilizar! Cuidado!
Por fim, nós temos as habilidades que não tem nenhum mistério. Servem para dar mais dano, ou curar, ou acertar vários inimigos. Também temos as habilidades em equipe onde um personagem deve se preparar para o movimento, enquanto o segundo deve executar o ataque (os pontos de ‘’magia’’ serão gastos pelo segundo personagem). E, para finalizar, temos os agentes que são uma espécie de habilidades extras, e que também irão servir como um impulso na euforia.
SEM ESCAPATÓRIA!
Todavia, de nada iria adiantar esse combate sem os inimigos. E aqui, é onde WrestleQuest começa a falhar. A maioria dos inimigos são sem graça a esquecíveis. Somente alguns chefões acabam se destacando e mesmo assim não são tão memoráveis. Inclusive, aqui nós temos uma falha que eu considero absurda: não é possível fugir de várias batalhas. Eu não sei por que eles optaram por isso, mas, acho que tem a ver com o fato de que não existem tantos inimigos espalhados pelos mapas. Então, a ideia é que você sempre sinta essa motivação em derrotar tudo que vê pela frente. Porém, como eles são sem graça, você acaba cansando rápido.
MUITO HÁBIL, MAS POUCO ÚTIL:
Entretanto, os problemas não param por aí. As habilidades que vamos aprendendo quando ficamos mais fortes (são muitas), acabam sendo inúteis. Pois, não se diferem muito das primeiras e algumas inclusive irão dar menos dano! Ou seja, tem uma chance grande de você usar a primeira habilidade do Randy, até no último chefão! E isso acaba tirando toda a lógica de se ter tantas opções. Em seguida, vamos falar um pouco sobre o mapa de WrestleQuest. A exploração se da de forma linear onde resolvemos puzzles e enfrentamos inimigos. Podemos também ter um mapa de ‘’fora’’ onde podemos andar e explorar as regiões.
O MUCHACHO DANÇARINO:
Nesses mapas menores, é possível encontrar itens também e fazer algumas missões secundárias. Assim, existem algumas missões legais, como a missão do campeonato de dança. Porém, no geral, são bem simples e nada memoráveis. Servem apenas para aumentar o tempo de campanha. Mas, você ainda consegue encontrar itens de equipamentos, itens de cura, itens que irão aumentar seus status temporariamente (e às vezes de forma permanente). Não tem nada inovador e por isso os fãs de RPG vão se sentir em casa.
CANSADO DE PERDER:
Em seguida, é hora de falar sobre a história. WrestleQuest nos apresenta o Muchacho Man (Randy Santos) e a família Logan. Então, nós podemos acompanhar duas histórias paralelas onde o Muchacho quer ser um lutador famoso enquanto a família Logan é famosa por ser um grupo de perdedores. Porém, os Logans são vitimas das falcatruas da luta livre. Ou seja, eles recebem para poder perder as lutas. Mas, Brink já está cansado disso, e começa a correr atrás de algumas vitórias para poder mudar essa história de perdedor!
MAIOR DO QUE DEVERIA:
Então, a trama de WrestleQuest começa muito forte. Ver esses dois lados é muito interessante. Porém, o jogo conta com uma campanha desnecessariamente longa e por isso vai perdendo o gás aos poucos. Começam a surgir eventos que você não se importa muito. E se você soma isso com as mecânicas repetitivas, você acaba tendo uma experiência que vai ser bem difícil de chegar até o final. O Muchacho Man, por exemplo, é um personagem muito legal. Mas, existem outros que não possuem o mesmo brilho. E o vilão final é bem óbvio que também não é muito memorável. Infelizmente.
A MÚSICA QUE MOVE OS BRINQUEDOS:
Agora, é a hora do lado técnico e eu já adianto que WrestleQuest erra muito nesse aspecto. Mas, vamos começar pelos acertos. Primeiramente, temos uma direção de arte muito legal. Os personagens parecem mesmo bonecos e possuem um carisma natural! Por mais que os gráficos sejam simples, ele acaba sendo mais valorizado graças a essa direção muito criativa. Já sobre a trilha sonora, eu devo dizer que é, de longe, a melhor parte do jogo. Desde o menu, nós somos apresentados com uma trilha muito cativante! E isso vai do início ao fim! Simplesmente adorei!
FALTARAM OPÇÕES:
Então, chegamos ao level design e aqui é onde os defeitos começam. Além dos mapas terem uma simplicidade enorme, WrestleQuest acaba pecando quando decide inovar. Existem alguns momentos onde somos obrigados (o que por si só já é ruim) a separar a nossa equipe para irmos abrindo caminho por determinado mapa e assim podermos avançar. Porém, o jogo pede que você se movimente de forma furtiva, se escondendo e desviando de luzes para não chamar atenção. Mas, você se lembra deu ter falado sobre algum elemento de stealth no jogo? Pois é, esse é o ponto! O jogo obriga você a progredir de forma sorrateira, mas não te fornece uma ferramenta para isso! E, vou ser sincero, essas são as piores sequências no jogo inteiro!
AS BENDITAS LUZES:
Além disso, toda vez que as luzes te identificarem, uma luta irá se iniciar e, como eu disse antes, não tem como fugir das lutas. Ou seja, vira uma sessão extremamente maçante. Por fim, o jogo conta com diversos bugs. O que mais me ocorreu foi um onde meu personagem andava sozinho para cima ou para baixo. Mas, também existiram crashes, travamentos que me obrigaram a fechar e abrir o jogo novamente, chefões ficando deitados do nada no meio da luta, entre outras coisas. É realmente uma experiência pouco polida.
CONCLUSÃO:
Em síntese, WrestleQuest traz um bom conceito e algumas ideias interessantes, mas peca bastante nas execuções. Tem um combate bem repetitivo com inimigos esquecíveis. Além disso, seu level design mal feito, e sua história arrastada acabando deixando toda a experiência muito maçante. Porém, ele acaba contando com uma ótima trilha sonora, uma direção de arte e alguns personagens bem carismáticos. Por mais que ele tenta alcançar os fãs de RPG, eu sinto dizer que as aventuras do grande Muchacho Man não conseguem encantar tanto quanto poderiam.
*Chave cedida para análise
Números
Wrestle Quest
Wrestle Quest é um jogo de RPG que usa a temática da luta livre para poder se diferenciar. Tem personagens carismáticos, uma boa direção de arte e uma ótima trilha sonora. Entretanto, a história cansativa, o combate repetitivo e sem graça e os bugs, acabam deixando a experiência bem abaixo.
PRÓS
- Personagens carismáticos
- Ótima trilha sonora
- Direção de arte bem feita
CONTRAS
- Combate repetitivo
- História arrastada
- Diversos bugs
- Habilidades irrelevantes
- Level design mal feito