É inegável, e ai de quem diga o contrário, que Pokémon é uma série de extremo sucesso. Seja em suas animações e especialmente no entretenimento eletrônico, a franquia fatura mais do que o PIB de alguns países da África no decorrer de um ano. E é claro que depois das novidades trazidas por Pokémon Legends: Arceus (Switch), a espera por Pokémon Scarlet e Violet estaria ainda mais evidente. Trazendo uma nova região, desta vez baseada na Península Ibérica chamada de Paldea, os jogadores encontram uma região onde tudo é possível. Isso literalmente, já que não há amarras e tudo pode ser feito no momento e na hora que quiser, em um mundo aberto nunca visto antes. Porém, esse mundo original tem seríssimos problemas de performance gráfica. Agora, se é game é bom ou tem cara de Wobbuffet? Bem, isso você verá nesta Review Paldeana aqui no Guariento Portal.
Atenção: Como toda Review nossa no Guariento Portal sobre um game, é óbvio destacar que muito de sua jogabilidade, roteiro e outras variáveis serão relatadas. Então, se pretende ter uma surpresa ou então desafiar com argumentos essa Review, sinta-se a vontade de primeiro testar com seus próprios olhos uma cópia de Pokémon Scarlet ou Pokémon Violet. Se mesmo assim, o nobre leitor ou leitora já tenha tido esta experiência ou gostaria de prosseguir na leitura para depois ter suas conclusões, sinta-se à vontade. A casa só não é de vocês pois tudo que aqui se escreve pedimos para colocar a fonte. No mais, aguardamos pacientemente a Game Freak, estúdio japonês responsável pela franquia lançar alguma DLC como fez com Pokémon Sword e Shield (Switch) para termos mais jogatina. Agora, prosseguiremos de mala e Review para Paldea, explorar esta nova região Pokémon.
Finalmente, um novo mundo aberto de aventuras!
Iniciando essa Review, sem dúvida alguma o que mais chama os olhos e a atenção nos primeiros minutos de Pokémon Scarlet e Violet é seu mundo aberto. Claramente se percebe que a divisão entre regiões promovidas por Legends Arceus ganhou novos e imensos contornos. Agora, desde que o jogador pegue o seu Pokémon inicial, é possível desbravar a sua maneira a imensa região. Que realmente é gigante. Paldea tem planícies, desertos, cumes nevados e regiões litorâneas, e tudo isso reflete na quantidade de Pokémon que ali vivem, incluindo seu Quarteto Ruinoso. A “fauna” Pokémon é absolutamente bem dividida de acordo com seus ambientes. Capturar os cerca de 400 Pokémon atualmente disponíveis é uma jornada que aparenta ainda mais ser grandiosa por estar em um mundo aberto. Claro que o game te dá através de pontos no mapa uma espécie de caminho a seguir. Mas você o faz se quiser.
Esquece-se assim, de uma vez por todas, os caminhos fechados que se encontravam na franquia e por exemplo está presente no remake de Sinnoh, Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl (Switch), com uma Review disponível no Guariento Portal. Essa sensação de exploração toma contato especial, uma vez que também se acabaram os encontros randômicos. Agora, todos os Pokémon são capturados a partir de sua vista no mundo superior. E todos eles fazem suas necessidades tradicionais. Os aquáticos nadam, alguns comem grama e brigam com seus rivais, Zorua e Ditto se disfarçam de criaturas nas redondezas e muitos deles dormem enquanto você joga uma Pokéball neles. Tudo isso embalado por uma trilha sonora que não deve em nada às outras gerações, com músicas que demarcam cada região de Paldea, e seus rivais, é claro. Não seria Pokémon se não houvesse ringue de animais e brigas de ginásio.
Nostalgia e inovação se unem ao trazer conteúdo e história.
Aqui, se de um lado temos as inovações absurdas trazidas pelo mundo aberto, temos a nostalgia de manter praticamente o mesmo plot. Claro que com algumas alterações. Você, nobre jogador, começa a estudar na Universidade Naranja (Scarlet) ou Uva (Violet) e obtém seu Pokémon inicial; o gatinho Sprigatito, o crocodilo Fuecoco e o pato Quaxly. A questão é que haverá três caminhos a seguir. E todos devem ser concluídos para um quarto e derradeiro final. A Victory Road é a mais tranquila e que você já deve ter visto em outros games. Esse percurso é o destinado a vencer os oito líderes de ginásio espalhados por Paldea e encarar de uma vez por todos o Campeão. Já no Path of Legends, ajudamos um jovem que tem uma jornada que com certeza você vai chorar ao compreender a encontrar ervas místicas e derrotar Pokémon Titãs, criaturas bem mais trabalhosas.
Por fim, a Starfall Street equivale a derrota da equipe vilã em outros jogos, trazendo de volta a harmonia em Paldea. Ao todo, serão dezoito desafios, equivalente cada um a um tipo de Pokémon espalhados pelo Continente. No meio de tudo isso, há um mistério dentro da Cratera Central de Paldea e sobre as formas Paradoxais, vindas do Passado e do Futuro. Porém, isso só é descoberto depois da resolução destas três histórias e finaliza a narrativa de Pokémon Scarlet e Violet de maneira brilhante e criativa. Sim, você não leu errado. Um ponto que era bastante questionável em Pokémon era a sua história, pautada basicamente em fazer o trabalho andar. Aqui em Pokémon Scarlet e Violet temos uma valorização dessa história, sendo uma das de maior conteúdo e interesse, elevando assim a longevidade do título, que agora não é simplesmente capturar criaturas. Existe sim conteúdo narrativo.
Não é Mega Evolução, mas as Raids voltaram mais difíceis.
Quantos as mecânicas, impossível não falar nesta Review o quão interessante é o retorno das Raids, agora não mais com Pokémon Gigantes, e sim com Pokémon Tera. Aliás, a criação do Tera Type, além de bagunçar completamente o competitivo online de Pokémon traz mais uma variável de interesse para os jogadores. Algo próximo das Mega Evoluções de Kalos de Pokémon X e Y (Nintendo 3DS), um Pokémon aleatório capturado pode apresentar qualquer um dos 18 tipos dentro de seu tipo Tera, e com a mecânica ativada, ele passa a pertencer a este tipo, e não mais ao seu original. É como seu um Psyduck pudesse ser de Fogo ao invés de Água, resistindo assim a golpes do tipo Grama. Esses Pokémon com tipos Tera especiais estarão em locais específicos do mapa, marcados com o seu símbolo Tera e em cristais visíveis em todos os cantos do mundo.
O problema é claro, que existem Pokémon mais tranquilos de serem capturados. E outros que só Deus acuda (ou Alá, se você consegue ler esta Review de alguma região que Pokémon não foi banido). Divididos por estrelas em Pokémon Scarlet e Violet, as Raids de cinco ou seis estrelas são mais trabalhosas, e fazem com que seja necessário a ajuda. Essa conectividade é uma das mais simples dentro da franquia, e pessoas desconhecidas ao redor do mundo podem te ajudar, assim como trocar Pokémon, algo fundamental para completar a Pokédex. Afinal, a Game Freak publica dois jogos com pequenas diferenças justamente para favorecer essa comunicação, e claro vender mais. Além disso, Paldea está aberta também para até quatro de seus amigos, de sua panelinha. Fazer sanduíches se torna ainda mais divertido como apostar uma corrida no lombo de Koraidon e Miraidon, a depender da versão.
Sabe o carisma que Galar não tinha? Agora tem!
Outro ponto que se mantém constante em Pokémon Scarlet e Violet é a sua jogabilidade. Praticamente a mesma desde que Pokémon iniciou sua carreira no Game Boy, aqui temos que capturar criaturas em seus diversos biomas, subir de nível com muita batalha para que evoluam e lutem contra os treinadores. O estilo é aquele RPG clássico de turnos que um Pokémon ataca e o outro vem depois. A questão importante é que há facilitadores, tanto para os jogadores competitivos quanto em momentos simples, como a alteração de ataques, que agora podem ser feitas a qualquer momento. A tela com as informações é bem seca, somente tendo o necessário para que o jogador entenda o que está acontecendo no meio de uma batalha. O game também ajuda trazendo nos golpes dados de superefitividade contra aquele espécie. Claro que será necessário capturar e registrar em sua Pokédex para ter este benefício.
Não menos importante, e uma vez tendo mencionado a narrativa do game nesta Review, é importante destacar o quão carismático são os personagens apresentados. Um avanço colossal com seu antecessor que faltava dormir com a falta de carisma. Nemona, sua rival e Arwen, por exemplo, são personagens que transmitem seus próprios pensamentos e estilos de vida, e cada um passa a fazer parte de sua jornada. Claro que existem personagens subaproveitados, porém é interessante notar que existe mais conteúdo para seus aliados e rivais. Até mesmo o background dos Líderes de Ginásio são interessantes e passam uma sensação de que aquele mundo pode sim ser real. Infelizmente, já está na hora da Game Freak colocar falas nos personagens, e não apenas texto e mais texto, o que aumentaria ainda mais a imersão na região de Paldea. Vozes também ajudam, confia!
Tenebrosamente mal feito, Paldea tem texturas muito ruins.
Dito desta forma, Pokémon Scarlet e Violet parecem ser o sonho de consumo de qualquer fã da franquia. E de fato, seria a peça mestra de qualidade se não fosse por problemas de performance e gráficas. E sim, não há como passar pano para a qualidade de texturas, com a exceção dos Pokémon, que foram aprimorados e estão belíssimos. Para começar, Paldea é realmente bonita, mas percebe-se a falta de cuidado da Game Freak com os imensos cenários. No melhor estilo que a ideia é genial, mas a execução foi extremamente falha. Montanhas que desaparecem e reaparecem, texturas de gramas que atrapalham na evolução. E até mesmo durante as batalhas é possível ver o chão desaparecer. Isso é claro passaria com ressalvas se ocorresse uma vez. Porém, não é o que acontece em Pokémon Scarlet e Violet, mas sim o tempo todo. Em qualquer lugar.
São erros grosseiros que trazem a sensação de que o game não estava pronto para seu lançamento. E nem é possível dizer que o culpado seja o Nintendo Switch. Games excepcionais e absurdos como Xenoblade Chronicles 3 (Switch) e Monster Hunter Rise (Switch e PC), da Capcom fazem o híbrido trabalhar a todo o vapor e trazem um cenário que não titubeia em nenhum momento, tamanho a excepcionalidade do trabalho de seus produtores. Já aqui a Game Freak parece não ter o mesmo cuidado que também impacta na performance, e não somente no gráfico. O game, em determinadas áreas tem uma queda absurda de frames por segundo, que é perceptível a olho nu. Os Pokémon se transformam em criaturas lerdas, em especial quando existem muitos deles e estão na água. O mundo que outrora é lindo e impactante fica agarrado e com problemas que chegam a crashar o game.
Além das texturas, a performance é lenta e dolorosa.
E infelizmente não é exagero. Pokémon Scarlet e Violet é ruim em quase toda a sua performance gráfica. Tudo bem que alguns podem dizer que Pokémon nunca foi gráfico, mas em um momento em que a jogabilidade é comprometida por sua performance, é inevitável que o game peca, é por demais. Algo que poderia ser visto com excelentes olhos, ao trazer um mundo aberto, perde grande parte de seu brilho pelo tamanho de erros, muitas vezes grosseiros e sem sentido dentro de Paldea. Pokémon Scarlet e Violet mostram que era sim possível trazer uma nova roupagem dentro de uma franquia que estava a décadas dentro das paredes que criou. Porém, é inerente que a Game Freak não sabe – ou pelo menos não teve o tempo adequado – para produzir com o mesmo primor o que era necessário para Paldea. Isso abre margem para sérios descontentamentos.
Em especial é claro, um terceiro ponto que é o corte de criaturas. Sim, ultrapassamos a marca de 1.000 Pokémon em Paldea, e haja memória para gravar todos os nomes. No entanto, quando esse corte foi iniciado, com Pokémon Sun e Moon (Nintendo 3DS) e mantidos em Pokémon Sword e Shield, a resposta era que a “qualidade e o polimento gráfico precisavam ser aprimorados, e que com muitas criaturas isso era impossível”. De fato, a textura das criaturas, como o Magnemite e o Forretress são belíssimas e enchem os olhos, o Seviper com suas escamas igualmente. Porém, o mundo não foi o bastante, e está muito aquém de suas criaturas. Assim, cai por terra a questão do terrível corte da Pokédex, já que temos um mundo que não condiz com o que era informado. Paldea é um local bonito, mas sofre de falhas que não poderiam existir.
Grandes ideias, porém com péssima execução, batem na diversão.
No fim de toda essa enxurrada de informações nesta Review, com um pouco de parcialidade, afinal não tem como um Review ser imparcial, o nobre jogador ou jogadora deve se perguntar. Pokémon Scarlet e Violet são divertidos? Pois bem, é uma pergunta capciosa no sentido de que essas novas jornadas trazem tudo aquilo que faz brilhar os olhos dos treinadores Pokémon. Estar efetivamente em um mundo aberto com tudo que pode ser explorado é que nem imergir dentro da frase “é um mundo novo de aventuras” quando Ash Ketchum foi para Johto. É cativante demais, auxiliado e muito pela trilha sonora que também é um ponto alto do game. Ver as criaturas, os ciclos de dia, os desafios e o multiplayer ainda mais eficiente fazem com que Paldea tenha sim sua marca de diversão, que não é pouca, trazendo ares frescos que Hisui havia afagado os jogadores.
Porém, os biscoitos que os jogadores tanto buscavam tinham buracos, e sem dúvida se contém em todos os requisitos técnicos. A performance do game, em especial em áreas de muito movimento, é de centavos, e locais mais distantes piscam como se fossem miragens. Isso afeta a grosso modo tanto a jogabilidade, saindo da imersão do jogador, quanto também na própria diversão. Afinal, se um game é vendido ainda mais sendo de uma das mais poderosas franquias do entretenimento eletrônico, tudo que o jogador quer ver é algo bonito e sem erros ou bugs. E infelizmente isso não acontece com Pokémon Scarlet e Violet, que é eclipsado por estes erros da Game Freak. Assim, os pontos positivos quase são anulados pelos pontos negativos, fazendo um jogo medíocre. Porém, ainda assim é possível encontrar certa – e boa – diversão dentro da região de Paldea.
Amargo no valor, o jogador deve ter clareza do lado sombrio.
Precificado no valor amargo de R$299,00 e sem o Português do Brasil; Pokémon Scarlet e Violet são lançamentos audaciosos da Game Freak para o Nintendo Switch. E isso demonstra claramente como Pokémon Legends: Arceus foi uma espécie de teste simultâneo para saber o que poderia ser aproveitado ou retirado do jeito comum de se jogar Pokémon. Muito do que Hisui trouxe permaneceu, embora poderia ter sido bem mais. A história de Paldea também reflete uma certa vontade da desenvolvedora em trazer uma história que agrade, que faça o coração do jogador bater mais forte e entrar de vez naquele mundo, algo que aconteceu com Pokémon Black e White (Nintendo DS), possuidor da melhor história em termos de narrativa dentro da franquia. Desta forma, o caminho a seguir já estava trilhado, e em termos de divertimento seria absurdo. Porém, tudo acaba esbarrando no corpo produzido para o game, visto nesta Review.
Assim, como esta Review do Guariento Portal faz questão de ressaltar, Pokémon Scarlet e Violet não são perfeitos. E está muito longe disso. Em termos estéticos, é um dos piores lançamentos. Contudo, há melhoras consideráveis na narrativa e no carisma de seus personagens, mesmo que sem vozes, assim como no verdadeiro mundo aberto de Paldea. Explorar da forma como quiser, no momento em que quiser e na rota que quiser era tudo o que o jogador mais desejava. Então, ciente do preço destacado nesta Review e de seus pontos positivos e negativos, Pokémon Scarlet e Violet pode ser um game imperdível para os fãs da franquia, que com toda certeza comprariam o game. Porém, para aqueles que não se interessam pela franquia ou querem iniciar em Paldea sua jornada, recomendamos o começo uma geração antes, em Galar, com sua expansão The Isle of Armor e The Crown Tundra.
Números
Pokémon Scarlet e Violet
Trazendo a região de Paldea para o mundo, Pokémon Scarlet e Violet são os primeiros da franquia em um efetivo mundo aberto. Assim, o jogador poderá fazer o que quiser, com personagens carismáticos e muitas criaturas vivendo ao redor. O problema dessa felicidade toda é a questão técnica e gráfica no game do Nintendo Switch.
PRÓS
- Pokémon oficialmente entra na era de mundo aberto, trazendo um Paldea livremente explorável.
- História com quatro vias, cada uma delas específica e com personagens agradáveis e carismáticos, que imergem o jogador.
- As Raids com a inclusão do Tipo Tera trazem a dificuldade e a longevidade que o game precisa ter.
- Trilha sonora que agrada em todos os momentos, e que não deve a nenhuma outra região do mundo Pokémon.
CONTRAS
- As texturas dos Pokémon são ótimas, mas a do mundo superior é ruim e por muitas vezes desaparece.
- A performance do game em momentos de muitas criaturas na tela é terrível, podendo fazer o game crashar completamente.
- Se não temos um bom andamento gráfico, fica sem sentido algum o corte na Pokédex iniciado em Pokémon Sun e Moon com este propósito.