O PAI DO SURVIVAL HORROR:
Alone in the Dark foi uma franquia que surgiu em 1992, sendo lançado para o MS-DOS, um computador que você, provavelmente, nunca ouviu falar! Trazendo gráficos bem bonitos, uma atmosfera tensa e uma gameplay inovadora, ele acabou sendo aclamado por público e crítica! Tendo virado o pai do Survivor Horror e influenciado diretamente Resident Evil!
Então, como esperado, a franquia ganhou sequências, e até algumas reimaginações. Em meio a jogos bons, e outros horríveis, Alone in the Dark acabou vivendo um hiato desde 2008 (o Illumination não conta, me ajuda aí). Até que, agora em 2024, um novo jogo surgiu com a ideia de ser uma espécie de reboot, contando a história do original de 92, porém, de uma forma muito diferente (mas ainda aproveitando algumas coisas). E assim nasceu, Alone in the Dark!
Lançado em 20/03/24, sendo desenvolvido pela Pieces Interactive e publicado pela THQ Nordic para PS5, Xbox Series X|S e PC. Tratando-se de um jogo de tiro em terceira pessoa, do gênero survivor horror, com o clássico sistema de leva e traz de itens, e um mistério intrigante…
A DUPLA DINÂMICA:
Alone in the Dark começa com os dois protagonistas, Emily e Edward, seguindo de carro até a mansão Derceto. No caminho, Emily explica que a ideia dela era ir visitar o seu tio, Jeremy, que parecia estar ficando maluco já que, a sua família tem uma tradição de enlouquecer depois da velhice (e você reclamando de ter que ir almoçar com a sua família domingo).
Por isso, ela chamou Edward, que é um detetive particular, somente para garantir que tudo iria correr bem. Então, ao chegarmos lá, a nossa primeira missão é escolher com qual dos dois iremos jogar e aí, o personagem que você escolher decide entrar pela garagem da mansão, já que a porta principal está trancada. E é aí que o mistério começa.
CRUCIFIXO ABENÇOADO:
Primeiramente, vamos aos controles e Alone in the Dark segue uma receita de bola bem simples. Podemos andar, correr, agachar, esquivar, mirar, atirar, executar um ataque físico e coletar itens. Bem simples e prático. O tiroteio é com certeza a parte mais legal. Todas as armas são legais de usar e a sensação de tiro é ótima.
Entretanto, o mesmo não pode ser dito dos ataques físicos. Usamos armas brancas diversas, como remo, cano, e até um crucifixo (melhor arma do jogo!), mas a física não é tão gostosa quanto dos tiros. Inclusive, algumas vezes você não sente o golpe acertando o inimigo (mesmo que ele claramente tenha acertado). Os golpes funcionam? Sim, matam todo mundo. Mas a sensação deixa a desejar.
UMA ARMA PARA CADA:
Já que falamos do combate, quero ressaltar que a variedade das armas brancas é bem grande. Constantemente você vai encontrar armas diferentes e vai querer testar. Porém, atente-se ao fato de que elas possuem durabilidade! O padrão é durar o bastante para matar um inimigo. Mas, algumas duram mais (como o sensacional crucifixo). Agora, as armas de fogo são menos variadas. Contamos apenas com três tipos, excluindo o fato de que Emily e Edward contam com pistolas diferentes. E um sinalizador que eu achei inútil. Atirei em um inimigo e só faltou ele rir de mim.
E a diferença das pistolas dos personagens é que, a do Edward é mais forte, mas tem menos balas (6) e demora mais para carregar. A da Emily conta com mais balas (7), menos poder e maior velocidade de carregamento. Agora, pra fechar o combate, você vai encontrar itens arremessáveis que servem para queimar, atordoar ou distrair inimigos. Só que tem dois pontos ruins.
Primeiro, é difícil identificar os itens. Na correria do combate você não sabe se está carregando um molotov ou uma garrafa de vidro. Então, você sempre joga no monstro e reza pra ser o que você quer! Outro detalhe é que você não leva eles no inventario, igual The Last of Us que permite carregar um tijolo ou garrafa. Você pega, e já aciona a mira para usar. Se soltar o botão de agarrar (L2) você solta o item automaticamente. No começo é bem ruim, mas depois você acostuma com a dinâmica. Mas eu admito que senti falta de poder manejar os arremessáveis com mais calma.
UM DOWNGRADE PERCEPTÍVEL:
Juntamente com as armas, uma parte importante do combate são os inimigos. Entretanto, essa é com certeza a parte mais fraca de Alone in the Dark. O jogo original contava com vários inimigos bem criativos e assustadores. Entretanto, essa nova versão optou por designs incrivelmente sem graça, esquecíveis e nada ameaçadores. A verdade é que, o último chefão é legal (e um pouco nojento) e existe um inimigo, que vemos mais na campanha da Emily, que também é legal. De resto, encontramos somente cinco inimigos e todos são mal feitos.
E, sinceramente, isso acaba sendo ruim porque você não tem nenhum combate ou até um encontro realmente memorável. Os inimigos são bem colocados no cenário e conseguem te dar bons jumpscares. Mas, depois que eles aparecem não tem terror algum. O lado bom, é que eles morrem de forma normal, com dois a três tiros na cabeça. Não são esponjas de bala irritantes igual nos remakes de Resident Evil 2 e 3.
BELOS REGALOS:
Em seguida, vamos ao que podemos encontrar pelos mapas de Alone in the Dark e aqui temos algo bem legal que são os Regalos. Colecionáveis que são divididos em grupos de três, onde cada grupo tem um nome, como ‘’A Grande Depressão’’ ou ‘’Morrer com dignidade’’ e até Cultos Inefáveis’’. E ao completarmos um grupo, ganhamos mais conhecimento sobre a lore do jogo e outras surpresas…
Foi uma ideia excelente e é muito gratificante conseguir completar os conjuntos! Além disso, podemos encontrar vários documentos onde alguns são úteis para resolver puzzles e outros apenas contam mais sobre os acontecimentos de Derceto e todos tem a opção de serem narrados e eu admito que perdi bastante tempo ouvindo as narrações! As atuações nesse jogo são muito boas!
ENIGMAS AMIGÁVEIS:
Outro detalhe essencial dos mapas de Alone in the Dark são os puzzles. Como eu disse, o jogo conta com o clássico leva e traz de itens. Então é normal você encontrar portas trancadas, mecanismos com peças faltando, etc. E aqui eu tenho um ponto que talvez seja impopular. Eu gostei muito dos enigmas porque nenhum é absurdamente complicado!
Eu sei que, é muito bom ter desafio. Mas eu também adoro aquele puzzle que você gasta ali poucos minutos para resolver! Isso acentua o fator replay pra mim, porque o jogo não passa a ter aquele momento que você pensar ‘’nossa quero muito zerar de novo, mas vou ter que passar daquela parte…’’ como o puzzle da água no Resident Evil 3, por exemplo. Sem falar que, vão existir sim puzzles mais desafiadores, mas nada absurdo! Se você tem prática, vai passar tranquilamente! Inclusive são fáceis de gravar a solução para próximas zeradas! Eu entendo quem não gosta, mas eu amei!
BEM VINDOS À DERCETO:
Logo depois, chegou a vez de um dos aspectos mais legais de Alone in the Dark que é a sua história! Como eu já adiantei, aqui temos um mistério envolvente! Depois que conseguir abrir a porta para o seu parceiro (a), nós conhecemos alguns habitantes da mansão (vai depender do personagem que você escolheu) e eles nos informam (num tom incrivelmente misterioso) que o Jeremy está desaparecido a um tempo, mas que eles estão à procura dele! Então, como era de se esperar, tanto Edward quanto Emily decidem ficar na mansão e ajudar a procurar o pobre Jeremy e começam sua investigação pelo quarto do pobre homem.
Lá, eles encontram uma pintura muita esquisita que é um autorretrato do Jeremy. Então, depois de passar alguns segundos encarando a pintura, coisas estranhas começam a acontecer e a trama engata de uma vez por todas!
UM MISTÉRIO DELICIOSO:
Alone in the Dark tem uma história sensacional! O clima noir perdura por toda a campanha. É uma atmosfera de suspense e mistério muito envolvente e cativante. E isso é acentuado por todos os personagens. Para você ter uma ideia, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: ‘’Será que esse pessoal está vivo?!’’. Só ai você já imagina o clima gostoso do lugar.
Além disso, a cada mistério resolvido, você percebe Emily e Edward perdendo a sanidade, tentando entender tudo que acontece! E isso ficou incrível também pelas atuações dos dois! Ambos são interpretados por atores famosos e eu achei uma decisão muito acertada pois entregaram muito e carregaram a trama! Sem dúvidas ela vai te prender do início ao fim! Além de contar com vários finais, um mais interessante que o outro!
UM DESIGN DE SOM CINEMATOGRÁFICO:
Por fim, chegou o grande momento do lado técnico de Alone in the Dark, onde o jogo consegue atingir o seu outro ponto absurdamente alto, ao lado da história.
Primeiramente, vamos a trilha sonora que é sensacional! Como eu disse, o clima de noir é constante e isso se da muito pela trilha, seja pelo jazz de fundo ou até pelas musicas de tensão. Porém, esse jogo conta com um design de som simplesmente espetacular! Sério! A minha maior recomendação é jogar de fone! O som dos passos, das portas, dos sons do lado de fora da mansão, tudo é incrível e muito envolvente! Quando anoitece na mansão então, nossa senhora! É magia pra quem gosta de um bom suspense!
Agora sobre os gráficos, ele conta com uma ambientação bem bonita onde todos os cenários são detalhados e bem feitos! As expressões faciais são boas, mas acabam tendo destaque maior no Edward, na Emily e no Jeremy. Entretanto, Alone in the Dark conta com pequenos glitchs visuais, onde as vezes quando você mexe a câmera, consegue ver uma parte branca na tela, piscando um pouco. Quem jogou Pokémon Scarlet/Violet sabe do que estou falando (claro que em Pokémon é muito pior). No mais, apenas alguns bugs visuais que podem ocorrer, mas nada que atrapalhe a experiência.
O QUE É REAL?
Por fim, temos o level design que é muito interessante. Alone in the Dark brinca com a questão das várias realidades tentando confundir os protagonistas sobre o que é real e o que não é. Por isso, a campanha conta com uma variedade bem legal de mapas e um desenho bem interessante deles. Não tem nada incrivelmente inovador, mas são cenários gostosos de explorar e não ficam confusos. A mansão Derceto é, com certeza, o ápice de Alone in the Dark, já que é o maior mapa. Inclusive, o bom level design favorece novas zeradas, já que é uma aventura divertida e bem cativante!
CONCLUSÃO:
Em síntese, Alone in the Dark traz um tiroteio divertido, uma trilha sonora espetacular, um design de som invejável, uma atmosfera envolvente e uma história muito cativante! Porém, acaba pecando no design fraco dos inimigos, e no combate meelee que as vezes esquece de ter física. Porém, com seus puzzles divertidos, e seu level design gostoso, ele acaba sendo uma ótima pedida pra quem gosta de um bom mistério, de um climinha noir e de algumas maluquices!
Com uma campanha que gira em torno das 9 horas, e pode chegar até 21 horas para conseguir o 100%, ele conta com um ótimo fator replay! Até porque, eu recomendo fortemente que você zere pelo menos duas vezes, já que até a composição das cenas muda de um personagem para o outro! Sem falar que, cada um possui um final secreto exclusivo (e também colecionáveis e fases próprias!).
Números
Alone in the Dark
Alone in the Dark é uma releitura do clássico de 1992, que traz uma atmosfera sensacional, uma trilha sonora incrível, uma história envolvente, personagens misteriosos, um level design divertido e um tiroteio gostoso. Porém, acaba pecando em alguns glitches visuais, no combate meelee que as vezes falha, e na pouca criatividade dos inimigos
PRÓS
- História misteriosa e envolvente
- Personagens interessantes
- Trilha sonora e design de som primorosos
- Level design divertido
- Gunplay satisfatório
- Puzzles amigáveis
CONTRAS
- Alguns glitches visuais
- Inimigos totalmente sem graça e esquecíveis
- O combate meelee parece perder a física as vezes