EU ANDEI DE MOTO PELA SELVA COM UM BANDO DE RAPTORES
É comum o fascínio do público por aquilo que não mais existe. Civilizações antigas como as da Suméria e a do Vale do Indo permeiam o imaginário de arqueólogos, enquanto saurópodes são o desejo de qualquer paleontólogo. Uma dessas criaturas é o Velociraptor, especialmente por sua representação no blockbuster Jurassic Park (Jurassic Park, 1993), dirigido por ninguém menos do que Steven Spielberg, de Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and The Last Crusade, 1989). Entretanto, essa representação é vagamente imprecisa para não dizer que é uma mentira. Com uma licença poética, o Velociraptor aumentou de tamanho e perdeu suas penas, tornando-se mais terrível, porém menos impreciso. Sendo assim, é importante fazer uma viagem para o Período Cretáceo e observar que a representação mais fidedigna desse dinossauro ocorreu em um game, a DLC Extinct Animals de Zoo Tycoon 2, de 2004, antecessor de Planet Zoo, de 2019.
MENOS LAGARTO, MENOR E COM PENAS. ESSE ERA O VELOCIRAPTOR:
Primeiramente, é importante destacar as características mantidas entre a realidade e a ficção. O Velociraptor, cujo nome científico é Velociraptor mongoliensis foi encontrado a partir de 1924 na região da Mongólia, na Ásia Central. Pelo que se pode observar de seus fósseis, a criatura era carnívora, bípede e possuía a famosa garra curvada, que se acredita servir para o ataque e predação. Contudo, todas essas informações estavam confinadas em uma criatura que chegava ao tamanho de um peru moderno. A média em termos de tamanho de um Velociraptor era de sessenta centímetros, enquanto sua largura, contando com a cauda, poderia chegar a dois metros. Claro que, com essas medidas, o saurópode não seria um antagonista digno, capaz de criar um enorme suspense ao aprender a abrir maçanetas e caçar seres humanos. Foi então necessário mudar suas características em prol da Sétima Arte e do entretenimento cinematográfico.

Tanto no longa-metragem, quanto no livro que lhe deu origem, de 1990, do escritor norte-americano Michael Crichton, o Velociraptor ganha os tamanhos e os trejeitos de uma outra espécie, o Deynonichus antirrhopus, também do período Cretáceo, mas descoberto na região de Montana, nos Estados Unidos. Seu tamanho, que beirava os noventa centímetros, o colocava como uma criatura a ser temida. O problema é que mesmo assim, a representação não é fidedigna pelo simples fato de que essas criaturas não eram escamosas, como se mantém no game de simulação Jurassic World: Evolution, de 2018. Eles, na verdade, possuíam protuberâncias parecidas com as penas das aves modernas. Logo, esqueça a aparência de répteis que fazem lembrar crocodilos e lagartos. Pense nestes animais como a família Pokémon Archen e Archeops, os fósseis de Unova disponíveis na DLC The Crown Tundra de Pokémon Sword e Shield, de 2019 no Nintendo Switch.
LICENÇA POÉTICA QUE TRANSFORMOU O VELOCIRAPTOR NUM DEYNONICHUS:
Evolutivamente, as aves dos dias de hoje parecem conter um ancestral em comum com os saurópodes do passado. No entanto, em estruturas fossilizadas, é difícil observar ou coletar informações completas sobre essas penas. Entretanto, o Velociraptor tem um histórico de precedentes. Seus antecessores com fósseis mais representativos possuem a confirmação de penas em seus corpos. Já em 2007, em uma descoberta na Mongólia, foi possível confirmar que a criatura contava com locais específicos onde cresciam penas. Uma espécie de asa que não servia para o voo, mas sim para a caça e outras atividades terrestres. Então, da próxima vez que estiver vendo a trilogia Jurassic Park, a nova trilogia Jurassic World ou jogando Jurassic World: Aftermath Collection, de 2022 no PlayStation 5 por exemplo, tenha em mente que a representação de um Velociraptor é uma licença poética, e uma das maiores no universo da paleontologia.