A volta do clássico.
Alan Wake surgiu como um exclusivo do glorioso Xbox 360, com uma ideia bem curiosa onde um escritor deveria usar a luz para derrotar os seus inimigos. Mesmo tendo sido muito bem recebido pela crítica, ele demorou um pouco para receber o valor que merece dentre os fãs. Porém, esse clássico acabou chegou aos tanto da Sony quanto da Nintendo e assim abraçou um público ainda maior.
Lançado em 14/05/10, sendo desenvolvido pela Remedy Entertainment e publicado pela Epic Games exclusivamente para, Xbox 360 e depois acabou recebendo um port no dia 05/10/21 para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, além de uma versão para Nintendo Switch um ano depois (20/10/22). Tratando-se de um jogo em terceira pessoa, de suspense com momentos de ação e uma pitada de survivor em um mapa linear, mas que esconde alguns segredos.
Alan, acorde!
A história começa com o protagonista Alan Wake, contando sobre um sonho meio maluco que teve. Nesse sonho ele dirigia por uma estrada, quando de repente atropela um homem. Porém, quando ele menos esperava, o corpo do homem desapareceu e neste momento, Alan sentiu que deveria chegar até um farol.
Logo depois, o homem reaparece com uma forma sombria (literalmente uma sombra) que não pode ser derrotada, então, obviamente, fugimos. Depois de um momento de desespero, e um tutorial nos mostrando que a luz é a salvação, Alan acorda ao lado da sua esposa Alice, e é ai que o jogo começa.
Alan Wake me surpreendeu na sua proposta. Quando eu ouvia falar, ou via imagens e trechos de gameplay, sempre entendi que o jogo era um suspense puro, com muito instinto de sobrevivência e uma pitadinha de terror. Mas na verdade, eu caí no golpe. Alan Wake tem um grande elemento de ação na sua campanha e esse, talvez, seja o maior defeito do jogo.
Complicando o simples.
Nesse sentido, vamos a jogabilidade. Aqui os controles têm algumas particularidades. Nós pulamos com X, coletamos itens e interagimos com objetos usando o bolinha, recarregamos as armas com quadrado e recarregamos as lanternas com triângulo, ou seja, tudo bem simples. Porém, a parte do combate em si que começa a complicar. Em Alan Wake, nós temos que enfraquecer os inimigos (possuídos) com a nossa lanterna e depois atirar neles, para, enfim, derrotá-los. Mas, todo jogo (ou quase todo) que possui alguma forma de atirar, seja com arma de fogo, ou arco e flecha, nós utilizamos dois botões, um para mirar e outro para atirar (L2+R2, por exemplo).
Entretanto, aqui, nós atiramos com o R2, e miramos com o analógico direito, enquanto que o L2 serve somente para mirar com a lanterna, ou seja, você com três comandos acaba executando três funções simultâneas: posicionar a mira, enfraquecer os monstrengos e atirar, tudo quase junto. E acreditam, é um pouco confuso, já que quando você aponta a lanterna segurando o L2, ela gasta pilha, então o ideal é enfraquecer primeiro, e depois mirar usando somente o R2+ analógico direito, fica a dica de economia.
Além disso, podemos arremessar granada de luz (são incríveis) e acender sinalizadores com R1. Porém, o comando mais difícil é com L1. Ele exerce duas funções. Você pode segurar o L1 para correr, ou apertar ele enquanto mexe o analógico esquerdo para esquivar, e essa combinação não funciona. Várias vezes eu corri quando queria desviar e desviei quando queria correr, já que é preciso direcionar para desviar, mas e se eu quiser mudar de direção rápido e já sair correndo? Ai o Alan desvia, e como a esquiva foi num tempo errado, você acaba tomando um dano indesejado, ao invés de só correr para se salvar.
Mais ação, menos suspense.
Em outras palavras, o combate não tão bom, acaba gerando uma dificuldade artificial. Já que, eu morri porque um comando não respondeu. Sem falar que os inimigos aparecem literalmente do nada, muitas vezes sem aviso prévio, e dão um dano exagerado a ponto de, mesmo o jogo tendo sistema de recovery (quando seu hp regenera sozinho caso você não tome dano), não é o bastante para nos salvarmos. Várias vezes é recomendado fugir, e não para economizar balas (já que tem somente uma pitada de survivor), mas sim porque o combate vai se tornar totalmente injusto e frustrante se você permanecer na área. O lado bom é que quase sempre, podemos fugir (nas DLCs principalmente), porém, não é sempre, então se preparem para algumas mortes bem injustas.
Ou seja, Alan Wake possui muito mais ação do que deveria devido à falta de praticidade dos comandos. E vale ressaltar que eles também não são muito responsivos. Por exemplo, eu já tentei soltar uma granada de forma urgente para não morrer, e ela simplesmente não saiu, causando o meu óbito imediato, já que eu estava cercado. Para não falar das vezes que caí em buracos porque o pulo não funcionou. E não me levem a mal, não é que a gameplay é ruim, não é isso. Mas para um jogo com tantas partes de combate, ela deveria ser muito mais trabalhada, ao meu ver.
E não tem a desculpa do jogo ser ‘’datado’’ por dois motivos. Primeiro, 2010 não é tão velho assim, e segundo, foi o mesmo ano que Red Dead Redemption foi lançado, e Bayonetta saiu um ano antes, e ambos tem combates muito bem feitos (independente dos seus gêneros, claro).
Exploração bem feita.
Depois que falamos do combate, gostaria de falar sobre o level design de Alan Wake. Bom, como eu disse, é um mapa linear, sem muito mistério. Porém, com uma exploração muito gratificante. Aqui, nós vivemos a maior parte do tempo em florestas, mas, essas florestas escondem vários segredos interessantes. A lanterna do Alan pode iluminar algumas pinturas amarelas, e essas pinturas nos indicam onde tem baús escondidos com itens, e isso é muito legal! Quando você menos espera, as vezes no meio de uma fuga, ai do nada você mira (sem querer obviamente) a lanterna em um ponto, e avista a tinta amarela.
Além disso, existem dois colecionáveis. As garrafas de café (já que o Alan é um escritor, faz total sentido), e os manuscritos que são, literalmente, o roteiro do jogo, e ficam espalhados pelo mapa. Mas já aviso: nem todas as páginas são coletáveis no modo normal, algumas são exclusivas do modo difícil, então, boa sorte para coletar todas.
O brilho de Night Springs
Entretanto, nós também nos deparamos com rádios que podemos ouvir a transmissão local, e ainda Tvs que mostram um show, bem ao estilo Linha Direta (que é mais velho se lembra), chamado Night Springs, onde passam (com atores reais) histórias mirabolantes e até fantasiosas que vale muito a pena serem assistidas. Eu não encontrei todas (tem até um troféu), mas todas que eu encontrei, eu parei tudo que estava fazendo para assistir!
Por fim, temos alguns puzzles, mas são todos bem simples, inclusive, em alguns é capaz de você resolver sem ao menos perceber. Um detalhe interessante que também me surpreendeu: nós podemos dirigir em alguns trechos. Não tem mistério, acelera com R2 e freia com L2, além do X para usar o farol nos possuídos. Eu realmente não esperava por isso, e achei muito funcional, já que alguns trechos renderiam uma boa caminhada pro nosso escritor sedentário.
Uma trama misteriosa
Mas, e a história? Nosso querido Alan é um escritor, então podemos supor que uma história da vida dele seria interessante, certo? Certíssimo! Aqui chegamos ao ponto mais alto de Alan Wake. Logo após acordar, nós descobrimos que o nosso ‘’herói’’ vive um bloqueio criativo e decidiu tirar férias com a sua esposa para relaxar. Porém, logo ao chegar, ele é reconhecido pelos habitantes da pacata Bright Falls, mas ele só quer paz. Então, ele pega as chaves de um chalé com uma velha extremamente suspeita, e só esse momento já basta para nos deixar intrigados com o que vem por ai.
Após alguns momentos de gameplay, temos o conflito. Alice desaparece, Alan acorda todo desnorteado em um acidente de carro, e deve chegar até o posto de gasolina para buscar ajuda, enquanto foge dos possuídos e atira para tudo quanto é lado (já que correr não é o seu forte).
E eu digo com clareza, o enredo é muito bom e intrigante, cheio de mistérios onde a gente não sabe dizer se o Alan é maluco, ou se tudo aquilo está acontecendo, além do fato de termos personagens que acreditam nele, e outros que o acham pirado. Fora a determinação do protagonista que é louvável, em nenhum momento ele desistiu de encontrar a esposa, e a medida que vamos entendendo o mundo ao nosso redor, também vemos Alan criando planos para resolver o problema.
A única reclamação que eu tenho com o enredo, é que a história não fecha na campanha principal, e muito menos, nas DLCs. Algo que eu, realmente, não entendi. Parece que tinha uma sequência planejada e ela ainda não chegou.
Bonito de se ver!
Em seguida, o lado técnico de Alan Wake. E agora eu posso falar que faz tudo muito bem. Os gráficos são bem bonitos, o modelo dos personagens são muito bem feitos, suas expressões, dublagem. Vale ressaltar também a ambientação, as florestas, mesmo a noite, são bem bonitas, e as partes do jogo que se passam de dia, também fazem bem demais.
Além disso, a cada final de capítulo, nós temos uma música tema que podemos ouvir toda, ou pular direto para o próximo, e são todas muito legais. Fora que, essa ideia de uma trilha sonora entre os acontecimentos, é muito boa para descansarmos de uma jornada complicada. Foi uma escolha totalmente acertada, já que a trilha sonora durante a campanha não é lá muito boa. Nesses momentos eu tinha sensação de estar jogando um seriado de Tv interativo, com direito até a flashbacks, gostei.
Expansões.
Em seguida, vamos para as expansões já que acabei de mencioná-las. Existem duas, The Signal e The Writer, e elas são bem simples, e não adicionam nada realmente novo. E, como mencionei, elas continuam a história da campanha principal, mas também não entregam uma solução definitiva, deixando totalmente em aberto o destino final. O que é uma pena…
Conclusão.
Em síntese, Alan Wake tem uma história muito intrigante e misteriosa com inspirações e menções ao H.P.Lovecraft e Stephen King, porém sem um final. Com uma atmosfera majoritariamente de suspense, ele acaba ‘’estragando’’ isso com várias sequências de ação, que poderiam ser reduzidas. Seu protagonista carismático leva bem a trama, enquanto ele enfrenta monstros estranhamente difíceis em ambientes bem bonitos e caprichados. Uma boa pedida para aqueles que gostam de uma boa história de suspense. Além dele estar disponível em diversas plataformas!
Inclusive, Alan Wake possui uma campanha que gira em torno de 11 horas, podendo chegar até a 26 horas para quem busca fazer de tudo!
Números
Alan Wake
Alan Wake é um jogo de suspense que traz uma atmosfera excelente, uma história misteriosa e cativante, além de uma boa ambientação. Mas, acaba pecando no seu combate desequilibrado.
PRÓS
- História de suspense muito interessante
- Gráficos bonitos e uma ambientação opressora
- Exploração recompesadora
CONTRAS
- Controles não respondem tão bem
- Trechos com dificuldade injusta