Da Pixar para os consoles.
Eu posso imaginar que, provavelmente, você já viu alguma animação da Pixar certo? Então, a ideia de poder jogar um jogo que relembre essa estética, é algo que automaticamente chama a minha atenção. E foi isso que Kena fez. Logo de cara, seu visual despertou a minha curiosidade. Mas, será que o jogo se sustenta, além disso? Lançado em 21/09/21, sendo desenvolvido pela Ember Lab e publicado pela Maximum Games para PS4, PS5 e PC. Tratando-se de um jogo de ação e aventura com elementos de plataforma e uma pitada de metroidvania.
O primeiro confronto.
A nossa jornada começa com a Kena em uma missão, localizada dentro de uma caverna escura. Após uma curta caminhada, nós encontramos um espírito atormentado e ele invoca vários inimigos menores para enfrentarmos! Após derrotar todos eles, podemos prosseguir com a nossa caminhada e sair da caverna. Já do lado de fora, Kena percebe duas crianças, brincando na floresta, mas um pouco ariscas. Até que, ela acaba encontrando uma pequena criatura espiritual chamada Rot. E é a partir desse encontro, que a nossa aventura começa de vez!
Agredindo os bonecos da palha.
De antemão, já vou deixar registrado que Kena é um jogo feito por um estúdio indie. Portanto, ele tende a ser simples em vários aspectos. Mas, como sempre, vou listar e explicar eles com calma, pois, não é porque é simples que não merece elogios (e críticas também). Então, vamos começar pelo combate. Kena tem controles muito parecidos com Dark Souls.
Ou seja, podemos andar, correr, usar ataque forte e fraco (com R1 e R2), esquivar, defender e dar parry, usar ataques a distância. Mas, ele também conta com pulo normal e o pulo duplo, além de podermos nos pendurar nas bordas e escalar. E assim, a física de Kena é, estranha. Os ataques as vezes passam a sensação de que você está batendo em um boneco de palha, com nenhum impacto. Porém, o que mais fica estranho é o pulo. Por ser um jogo que conta com elementos de plataforma, ter um pulo impreciso atrapalha bastante.
Eu não cheguei a morrer nenhuma por isso, mas me atrasei bastante em alguns puzzles onde eu precisava chegar rápido, pulando, até determinada área e por errar um pulo simples, tive que recomeçar. Entretanto, o combate de forma geral diverte, mesmo sendo simples.
Pagando pelos amuletos.
Todavia, Kena passa por um problema muito grave que é a injustiça. Mas, para isso eu preciso falar um pouco sobre as habilidades. Aqui, você possui duas formas de fortalecer a nossa pequena guia espiritual. Você pode comprar habilidades usando o karma e também comprar amuletos que você acha no mapa. E aqui começa a primeira crítica. Kena encontra os amuletos espalhados pelo cenário. Porém, você só pode usá-los se gastar karma para isso. E isso deixa tudo muito chato, porque se você ler o efeito do amuleto e ficar na dúvida se ele é bom, tem grandes chances de que você opte por não usar, caso tenha poucos pontos de karma.
Tanto que, eu comecei a usar os amuletos a partir do primeiro chefão principal, porque foi quando eu já tinha acumulado bons pontos de karma, e mesmo assim usei o amuleto mais barato, mesmo não sendo exatamente o que eu queria! Além disso, uma coisa que me incomodou muito foi como as habilidades são praticamente inúteis. Com exceção da pancada de rot, onde você carrega um ataque forte e usa os Rots para aumentar mais a força do ataque, não teve nenhuma habilidade que foi de fato útil. Aquela que vira a situação ao seu favor sabe?
Sempre no ataque!
E o maior problema é que o jogo é sim complicado. Tem chefões lá que você vai ter dificuldade. Só que, como as habilidades não fazem muita diferença, você acaba sentindo que o jogo te cerca para que você não consiga progredir nunca e isso é péssimo. Outro detalhe ruim da gameplay é a esquiva que parece não contar com frames de invencibilidade, ou seja, você vai sofrer dano durante a esquiva sim!
Além disso, os ataques não são canceláveis. Ou seja, se você iniciou um combo, não é possível defender no meio dele. E, por fim, os chefões são tão apelões que eu cheguei a sofrer dano por trás de objetos! Um cavaleiro com tentáculos me acertou enquanto eu estava atrás de uma pilastra! Muito bizarro!
Mas, com a minha jogatina, eu desenvolvi uma estratégia muito simples: Ser agressivo! Percebi que a inteligência artificial se complica quando você pressiona o inimigo (principalmente se for contra a parede!), então eu simplesmente ficava de olho no meu escudo, e atacava bastante usando o ataque carregado dos Rots que comentei. Isso me fez vencer todos os chefões (depois de morrer algumas vezes usando outras estratégias).
A beleza das máscaras.
Agora, como comentei dos chefões, é uma boa hora para falar dos inimigos. Em Kena nós temos uma variedade bem pequena de inimigos. Porém, o design dos chefões é bem legal! Logo no começo, o jogo explica que as máscaras de madeira são esculpidas para homenagear os mortos e assim ajudá-los a passarem em paz para o plano espiritual. Então, todos os inimigos possuem algum tipo de máscara e isso é muito legal! E não se preocupe, pois os chefões são mais complicados, mas os inimigos comuns você consegue derrotar sem maiores problemas (mas não abaixe a guarda). Fora que, quando você derrota inimigos em áreas especificas, você ganha karma, e assim pode se fortalecer ao longo do caminho.
Limpando a corrupção.
Então, vou aproveitar que falei bastante do karma pra explicar como você pode conseguir esse recurso tão importante e também sobre o que existe no mapa de Kena. Primeiramente, você vai se deparar com várias áreas corrompidas. Essa corrupção é explicada na história, portanto não vou dar spoilers. Mas, o que você precisa saber, é que existem vários locais que deverão ser purificados e para isso você precisa derrotar os inimigos e usar os seus pequenos Rots para limpar a localização e assim deixando tudo mais bonito. E isso, acaba gerando karma. Sempre que você limpar uma área, ou um pequeno templo, vai receber karma.
Outro meio de conseguir mais, é levantando pequenas estátuas e as colocando no lugar, ou dando frutas para os seus Rots comerem. Se você for uma pessoa economista exploradora, vai acabar conseguindo juntar bastante karma! Outro detalhe importante é que existem vários báus espalhados pelo mapa. Alguns você precisa somente abrir. Porém, outros estão amaldiçoados e você precisa derrotar os inimigos para liberar a recompensa. Essa recompensa pode ser cristais (que servem como dinheiro), chapéus para seus Rots ou até um próprio Rot!
O exército de Rots.
Ou seja, é possível que você juntar um exército de Rots e além deles serem extremamente úteis carregando objetos e purificando locais, eles também te ajudam no combate (como eu mencionei antes). Mas, para isso, você precisa ir acumulando mais Rots e assim, aumentando o número de ações deles (que nada mais são do que bolinhas amarelas no canto inferior da tela, como se fosse uma barra de magia). Portanto, explore bastante, porque por mais que você receba Rots ao longo da história, existem muitos outros escondidos! Ah! E com o dinheiro você pode comprar chapéus para eles e roupas para a Kena .
Entretanto, as roupas são os itens mais difíceis de conseguir já que é preciso finalizar alguns desafios. Esses desafios podem ser com arco e flecha, ou derrotar um chefão novamente, varia. Mas, se prepare porque eles podem ficar complicados dependendo das condições de vitória e vão exigir paciência.
Kena, a entregadora.
Por último, mas não menos importante, você encontra pequenas encomendas. Essas encomendas podem ser deixadas nas caixas de correio das casas localizadas na Vila. Após fazer isso, você vai abrir o portal presente nas casas e vai poder purificá-las (depois de derrotar os inimigos e usar os Rots). Então, os espíritos começam a povoar a Vila. É lindo! E aqui entra a pitada de metroidvania de Kena. O jogo conta com várias áreas inacessíveis à primeira vista. E só depois de explorarmos outras regiões e adquirirmos novas habilidades, que podemos voltar lá e descobrir os segredos. É um jogo linear, mas essa sensação de descoberta é muito legal.
Um elenco carismático!
Em seguida, vamos à história da nossa querida guia espiritual. Após encontra nosso primeiro Rot, seguimos caminho encontramos os irmãos Beni e Saiya. Então, Kena diz que precisa chegar ao templo da montanha. Porém, os pequenos acabam pedindo a ajuda dela para encontrar o seu irmão, Taro. E assim, Kena decide ajudar os pequenos, e assim acaba conhecendo novos personagens enquanto segue sua caminhada rumo à montanha, com o objetivo de purificar a floresta e fazer todos os espíritos descansarem.
Como você deve ter percebido, a história de Kena é muito simples. O seu objetivo é claro desde o começo e, por mais que tenham desvios para salvar outras pessoas, a história não tem nenhum desdobramento inesperado. Mas, ela é carregada de momentos lindos! Todos os personagens são muito carismáticos, e ver a história deles acaba te sensibilizando. No fim, Adira e Hana acabaram sendo as minhas preferidas, tanto pela personalidade quanto pela história das duas. É uma história muito bem contada, com boas ceninhas e diálogos interessantes. Realmente me surpreendeu, porque quando percebi a simplicidade, eu não esperava tantas pessoas legais por trás. Valeu muito a pena!
Gráficos de animação.
Logo depois, vamos ao quesito técnico de Kena! E, sem enrolação, vou começar pelos gráficos que são lindos! Kena, como eu mencionei, passa a mesma energia dos filmes da Pixar. Tudo é muito colorido e vivo. Além disso, os cenários são bem detalhados e o modelo de todos os personagens é bem feito. O jogo tem um gráfico fofo, essa é a definição resumida. Muito bonito!
Agora, a sua trilha sonora foi outro ponto incrivelmente forte! É uma trilha que impressiona do início ao fim! E a música da cena final, nossa… Muito linda e corrobora para deixar o momento ainda mais emocionante. Eu fiquei admirado de verdade, com a composição desse jogo, pois todas as trilhas que tocaram foram bem encaixadas e gostosas de ouvir! Vale a pena inclusive, ouvir elas no youtube para você ver que beleza!
Um leve ar de metroidvania.
Depois que falamos da trilha, chegou a hora do level design. Nesse ponto, eu também me surpreendi. Não esperava essa pitada de metroidvania e isso me agradou bastante, porque, por mais que o mapa seja linear, essa sensação de progressão faz muita diferença. Além disso, o mapa conta com vários segredos escondidos que exigem as vezes uma escalada, ou a utilização dos Rots, etc. Ou seja, a exploração é recompensadora.
Mas, nem tudo são flores. Os controles são um pouco travados e isso acontece com frequência. Em vários momentos a Kena simplesmente travava e parava de correr sozinha. Levando a uma vez onde ela esbarrou em uma parede invisível do nada! É um bug bem estranho e que as vezes atrapalha no combate e na fluidez da exploração.
Conclusão:
Em síntese, Kena: Bridge of Spirits traz uma gráfico muito bonito, uma boa direção de arte, uma trilha sonora linda e uma história cheia de momentos marcantes e emocionantes. Porém, tem um combate um pouco sem graça e muitas vezes injusto, além de habilidades que acabam não sendo tão úteis, juntamente com a maioria dos seus amuletos. Mas, a sua exploração recompensadora, acaba mantendo a sua atenção ao jogo, mesmo que as vezes a movimentação um pouco travada prejudique também nesse aspecto.
No geral, é um jogo que vai te emocionar, te divertir e também te estressar, mas não na mesma medida! Se você é fã dos filmes da Pixar, e gosta de uma boa história, esse jogo é para você! Lembrando que Kena possui, em média, 10 horas de campanha que pode ser estender à umas 20 horas se você quiser fazer os 100%.
Números
Kena: Brigde of Spirits
Kena traz gráficos lindos, uma história cheia de personagens cativantes, uma trilha sonora linda e um level design muito bom e divertido. Porém, peca no seu combate injusto, na falta de boas habilidades e na sua física.
PRÓS
- Personagens cativantes
- Direção de arte linda
- Trilha sonora emocionante
- Level design bem feito
CONTRAS
- Combate injusto
- Habilidades e amuletos pouco interessantes
- Uma física esquisita
- Controles as vezes travam