A literatura russa
Metro 2033 é um livro escrito pelo russo Dmitriy Glukhovskiy (nome bem difícil) lá em 2002. O livro fez bastante sucesso e recebeu elogios da crítica. E, por isso, acabou recebendo uma adaptação para o mundo dos jogos. Mas, será que o jogo faz jus a qualidade do livro?!
Lançado em 16/03/10, sendo desenvolvido pela 4A Games e publicado pela THQ como um exclusivo de Xbox 360 (saindo para PC), e em 2014 recebeu um port para PS4 e Xbox One chamado de Redux, que conta com algumas diferenças na distribuição dos capítulos. Versão essa que também saiu para Nintendo Switch em 2020. Tratando-se de um jogo de tiro em primeira pessoa, com elementos furtivos e uma pitada de sobrevivência, ambientado nos metrôs russos após uma guerra nuclear!
Bem-vindo a superfície
A história começa com o protagonista, Artyom, e seu companheiro Miller, num prólogo onde ambos estão tentando alcançar a superfície. E esses eventos seguem como um tutorial que, basicamente, não conta nada da história, mas tem o intuito de mostrar os elementos presentes no jogo, como a coleta de recursos, das notas, a manipulação de objetos nos cenários, etc. Porém, no final dessa exploração, nos vemos cercados por vários mutantes (inimigos do jogo) e quando estamos prestes a morrer, a cena corta e somos transportados oito dias atrás. E é ai que a trama realmente começa.
Queimando as teias
Metro 2033 tem algumas coisas que são padrões no mundo dos FPS (first person shooter), mas ele se destaca por suas peculiaridades. Primeiramente, vamos ao mais óbvio, que são os comandos já conhecidos como correr, mirar, atirar, pular e agachar, bem padrão. E claro que tudo funciona perfeitamente. O combate de Metro 2033 é bem gostoso e viciante.
Todavia, aqui nós temos algumas mecânicas interessantes. Primeira e mais básica é o isqueiro. Ao decorrer dos cenários, nós encontramos muitas teias de aranha que, por mais inofensivas que pareçam, são capazes de reduzir a nossa velocidade (e isso pode ser fatal num combate), por isso o isqueiro é importante já que, além de iluminar (mesmo sendo menos que a lanterna) ele ainda queima as teias. Outro detalhe legal, é que o isqueiro serve para iluminar a prancheta com o mapa enquanto estamos em lugares escuros!
Caça aos filtros!
Além disso, outra mecânica que eu adoro são as máscaras de gás. Como dito antes, a trama se passa em um mundo pós-guerra nuclear. Portanto, a superfície está inabitável graças à radiação, e para andarmos nela precisamos de máscaras. Porém, as máscaras só funcionam com oxigênio que acaba com o tempo! E para recarregarmos, precisamos procurar pelos filtros de oxigênio, sejam em corpos ou espalhados pelo mapa. Além disso, a máscara se quebra se tomarmos muito dano! E é muito legal ver ela trincada na sua cara (literalmente).
Claro que, pode parecer complicado, mas garanto que, jogando no normal, oxigênio nunca faltou! Por fim, temos as armas de ‘’ar’’ ou armas pneumáticas, que precisam que o Artyom dê uma carregada bombeando ar para que possam funcionar. São fortes, mas requerem esse cuidado de recarga para dar um upgrade na sua força (além de precisar de munição, claro).
Atirando com dinheiro
No mais, podemos derrubar os inimigos humanos no stealth ao nos aproximarmos de forma sorrateira, além de poder equipar silenciador nas armas. E devo admitir que o stealth em Metro 2033 é simples, mas bem funcional. Você consegue apagar as luzes do ambiente para se esconder nas sombras, usar armas furtivas e passar se esgueirando por vários cenários. Bom para quem gosta dessa abordagem, além de economizar munição.
Agora, aproveitando que falei das armas, quero comentar um pouco delas. Com exceção das pneumáticas que já mencionei, as outras são bem padrão. Temos escopetas, pistolas, rifles, snipers, tudo familiar. Porém, a maior diferença são os upgrades que podemos fazer. Claro que não tem nada mirabolante, mas é legal poder aumentar o pente, ou colocar silenciador e até mudar a mira.
Além disso, é bom ressaltar que o dinheiro usado nos metrôs é uma espécie de munição especial. Você encontra essas balas derrotando inimigos e explorando os cenários, e depois pode ir trocar elas por itens de cura, armas secundárias (granas e facas de arremesso), além de munição e armas novas. Mas, um detalhe curioso, é que essas munições ainda são munições! Ou seja, se você ficar sem bala durante o combate, pode usar seu ‘’dinheiro’’ como arma! Eu achei isso incrível, pois já me salvou em um chefão!
Aprendendo sobre Metro 2033
Em seguida, vamos aos elementos presentes nos cenários. Pois bem, Metro 2033 possui um mapa linear com alguns caminhos escondidos que podemos explorar. Como eu ressaltei, o jogo conta com elementos de sobrevivência. Portanto, é bem importante que você gaste um tempo buscando por munição, itens de cura, oxigênio, e até umas facas de arremesso. Além disso, nós encontramos as Notas, que nada mais são do que documentos que nos conta um pouco mais sobre essa história. E devo admitir que foram poucos que me cativaram. Porém, eu acho válida a leitura, já que o universo de Metro 2033 é muito interessante. E detalhe: existem armadilhas nos cenários! Cuidado.
O terror dos Librarians
Mas, é óbvio que a exploração não vai ser um passeio no parque. O jogo conta com uma variedade baixa de inimigos, sendo os mutantes a primeira linha de defesa. Eles nada mais são do que pessoas transformadas pela radiação e que possuem variações, como os Demons, que podem voar. Além deles, podemos encontrar inimigos humanos. Mas, é bom ressaltar que existe um inimigo específico que da muito trabalho: O Librarian. Ele nada mais é do que uma espécie de macaco gigante, cego e muito poderoso que defende seu território com unhas e dentes! Se tem uma parte tensa em Metro 2033 é o encontro com esses abençoados!
A ameaça dos Dark Ones
Em seguida, vamos para uma das partes mais interessantes: a história. Logo depois do corte brusco no começo do jogo, vemos Artyom na sua estação de metrô (as estações viraram pequenas ‘’cidades’’), com Alex, seu pai adotivo. Ambos conversam sobre um novo mutante, chamado Dark One. Então, após encontrar o Hunter (que assim como Artyom é um patrulheiro), a estação é atacada por mais mutantes!
Após conseguirem vencer, Hunter decide sair numa missão e diz a Artyom que, caso ele não volte, é para que a gente leve seu pingente até o Miller, na estação Polis, e peça por ajuda, pois a ameaça dos Dark Ones é real! Metro 2033 trabalha bem a relação do Artyom com os outros personagens. O jogo tem muitos diálogos durante as caminhadas com os NPCs, mesmo que o Artyom só fale nas telas de load. Mas é fácil você se apegar a alguns personagens. Eu mesmo gostei muito do Bourbon e do Khan.
Além disso, Metro 2033 traz alguns pequenos plot twists durante a sua história, e ainda dois finais diferentes. Eu fiquei bem engajado com a trama e, para mim, foi um dos pontos fortes! E tem um detalhe bem legal, que o Artyom, volta e meia, tem visões com os Dark Ones, e isso é um dos mistérios desse universo!
Os belos metrôs russos
Agora, vamos ao lado técnico de Metro 2033. E por aqui nós temos pontos interessantes. Primeiramente e trilha sonora. Não é nada espetacular, mas ela é branda nos momentos de exploração e fica presente nos combates. As duas disposições me agradaram. Já sobre os gráficos, o jogo é bem bonito. Mesmo sendo, majoritariamente, escuro, os efeitos de fogo, iluminação, as armas e a ambientação, eu tudo bem bonito (virou um padrão na série). Isso inclui as áreas da superfície. Outro detalhe legal, são os detalhes das estações. Onde podemos ver a vida das pessoas! E isso é muito legal e bem feito.
Falando na superfície, vamos ao level design. Metro 2033 tem um bom level deisgn com seu mapa que é linear mas não é apenas um corredor gigante. Tem suas ramificações e quando saímos na superfície, o jogo se abre um pouco e continua interessante! É divertido explorar em Metro. E um pequeno detalhe técnico, é que o relógio no pulso do Artyom funciona e isso é bem legal! O relógio também possui uma luz que indica se estamos sendo vistos pelos inimigos, então se atente.
Sobrevivente ou Espartano?!
Por fim, quero comentar rápido sobre um pequeno tópico que achei interessante na versão Redux do jogo. Ao iniciarmos o jogo, temos duas opções de gameplay.
Survival: Aqui temos um combate mais mortal e um stealth desafiador, com pouca munição e filtro de gás limitado. Esse modo é recomendado para quem quer uma experiência original de Metro 2033, tal qual os desenvolvedores planejaram. Com foco no planejamento de recursos e combate bem tenso.
Spartan: Já aqui, você vai encontrar uma gameplay mais de ação, com um stealth mais brando, lembrando a experiência vista em Metro Last Light (a sequência que falarei em breve). Ou seja, se você gosta de uma gameplay mais rápida e com menos preocupação com recursos, esse modo é para você.
Eu zerei no modo Survival. Lembrando que, isso não é a dificuldade do jogo! Você ainda a escolhe depois. Então, é legal que você já pode zerar ele duas vezes, para ver as diferenças.
Conclusão
Em síntese, Metro 2033 traz uma experiência bem interessante, mesclando o stealth com ação e ainda o gerenciamento de recursos. É um jogo que traz uma boa história, com personagens interessantes, e um protagonista que, mesmo calado durante a gameplay, quando ele fala entre as fases, é interessante.
É um fps que tem seus momentos tensos, tanto no combate, quanto na sobrevivência. Além disso, ele se diferencia bastante dos padrões nos pequenos detalhes, como no isqueiro e na máscara de gás e isso deixa ele ainda mais divertido. Junto com seu combate gostoso, claro.
Números
Metro 2033
Metro 2033 traz uma história interessante, com vários personagens cativantes e boas reviravoltas. Além de um bom combate, mecânicas interessantes e belos gráficos.
PRÓS
- História interessante
- Combate simples, mas divertido
- Level design bem feito
- Trilha sonora bem executada
- Mecânicas particulares bem aplicadas
- Bons personagens
CONTRAS
- O stealth simples pode afastar os fãs do gênero