Revisitando o arco mais importante dos quadrinhos dos Mutantes, X-Men: Fênix Negra termina a franquia na FOX de forma neutra. Com um primeiro ato de alta qualidade, o roteiro se perde no decorrer da aventura e não dá a possibilidade de se aprofundar em personagens, cujos atores encenam de maneira superficial.
Já se consolidou, no cenário do cinema que filmes de heróis rendem, seja público como dinheiro. E, talvez uma das franquias mais problemáticas em suas andanças no mundo cinematográficos sejam os X-Men. Até então mantidas pela Fox, o grupo de Mutantes retorna a Marvel em 2020. E por isso, marcando o encerramento da franquia na mão da empresa, o arco finalmente se fecha. O longa usado para esta despedida é X-Men: Fênix Negra. O arco, revisitando os mesmos acontecimentos de X Men 3: O Confronto Final de 2006 trás a Força Fênix de volta. Contudo, os acontecimentos são bem distintos do primeiro filme em questão. Aqui em X-Men: Fênix Negra, Jean Grey acaba entrando em contato com a entidade (ou força cósmica) após um acidente com uma espaçonave, no qual o grupo dos X-Men estão resgatando no espaço.
Depois disso, prepare-se para ver como a mutante vivida por Sophie Turner tenta lidar com o aumento de seu poder. Ao seu encalço, além dos humanos, que agora consideram ela e o restante dos Mutantes como um perigo para a humanidade, temos alienígenas nesta equação. Que é claro, buscam dominar o poder cósmico para reconstruir seu Império na Terra. E no meio disso tudo, destruir todos os humanos. Buscando exatamente fechar o emaranhado que é a franquia, resta saber se o longa se encaixa perfeitamente, ou se seu sabor é mais agridoce do que poderia ser.
Com preguiça de ler toda toda a análise? Então, aqui vai um resumo:
- X-Men: Fênix Negra revisita a aventura mais importante do grupo nos Quadrinhos. Após um acidente no espaço, a Força Fênix se une a Jean Grey, que agora possui poderes ilimitados e incontroláveis. No meio disso, além da disputa humanos x mutantes, uma raça alienígena está disposta e capturar este poder.
- O longa se sai bem durante todo o seu primeiro ato. Além disso, a ideia de que até mesmo os mutantes ditos “bons” tem sentimentos e ações duvidosas está presente, o que enriquece a ideia e acinzenta os personagens.
- Contudo, aos poucos esse mesmo roteiro se perde, com atuações rasas e mudanças drásticas de ideia de acordo com o roteiro. Além de uma queda nos efeitos especiais e com um terceiro ato fora do clima do encerramento da franquia.
- Nota Final – 5,0/10,0 (Recomendado assistir se você não tem nada mais para fazer e está de quarentena ou entediado. É aquele famoso filme “pipoca” de Sessão da Tarde. Logo, não espere muito).
Para começo de conversa, X-Men: Fênix Negra é dirigido por Simon Kinberg, que tem em seus mãos já o frustante reboot de Quarteto Fantástico. Contudo, engana-se quem acredita que o capítulo final dos X-Men seja péssimo. Ele tem suas particularidades positivas. A começar pelas entrelinhas do roteiro. Aqui, se embora o problema principal surge na pele de Jean Grey, uma das mutantes mais poderosas do Universo, o Professor X também tem seu papel vilanesco. Não por menos, estas indagações são indicadas pela própria Mística (de Jennifer Lawrence) que vê as ações do Professor com certa angústia. No decorrer do enredo, de fato, parte dos acontecimentos são em última instância consequências do que Charles Xavier fez na mente da jovem Jean Grey. Mesmo com o intuito nobre. Isso mostra que até mesmo um dos maiores telepatas desta franquia também erra, e se arruma logo depois.
Quanto ao roteiro, ele segue o básico de ação e aventura. Durante a maior parte do tempo, vemos em cena Jean Grey ficando com raiva e descontando contra tudo e contra todos. Essa raiva decorre de acontecimentos passados e de descobertas que ela e Xavier poderiam rapidamente ter feito as pazes. Desde o momento em que percebe que seu pai está vivo, até as cenas em Nova York e no Trem de Captura de Mutantes. Não há nenhuma virada colossal no enredo, tornado-o bastante procedural. A ideia de terminar a franquia se mostra em mente em diversos momentos, não tentando deixar pontas soltas.
Infelizmente, se o roteiro é até ágil em formar os acontecimentos, ele se perde em determinados pontos. A começar pela antagonista, pois no fundo, praticamente não temos esse personagem. A alienígena Vulk (vivida por Jessica Chastain) até por soar estranha com sua falta de emoção. Contudo, seu final é completamente fora de tom, e em nenhum momento há uma ideia de perigo iminente.
Como não existe uma força clara a ser combatida, temos uma mudança de antagonismo a cada novo corte do filme. Jean Grey, Xavier, Magneto e Vulk fazem as vezes, cada um em seu tempo. E isso acaba tirando a identidade de X-Men: Fênix Negra e seu conflito. Outro ponto que infelizmente destoa são as atuações de certos personagens, e em especial os principais. Jennifer Lawrence, percebe-se desde a sua primeira cena sua vontade de não estar mais nas gravações. Se comparado com os filmes anteriores, sua Mística está completamente sem vida, seca e sem nenhum par de emoção, mesmo em seu ato final. Já Sophie Turner até tenta esboçar emoções, mas não consegue. Seus trejeitos ora estão no estereótipo de desespero, ora não se enquadram na cena. Já os veteranos James Mccavoy e Michael Fassbender, respectivamente Xavier e Magneto estão para cumprir seus papéis nesse fechamento.
Um problema quanto as atuações advém do roteiro, que é a mudança abrupta de ideias. E durante o filme inteiro. É comum em X-Men Fênix Negra que do assassinato a salvação os personagens pensem, em questão de minutos. As cenas de ação tem suas qualidades. E até mesmo onde poderia haver algum problema, elas são iluminadas o suficiente para que o espectador entenda. Mesmo no momento mais frenético, ainda assim a câmera mantém uma direção constante.
Agora, quanto aos efeitos, já não se pode dizer o mesmo. Se, no primeiro ato, de fato a Força Fênix e toda o momento no espaço são muito bem trabalhados, começa a desandar quando do retorno a Terra. As explosões causadas pelo poder de Jean Grey soam estranhas, com uma lentidão que retira a imersão. Até mesmo seu cabelo, que passa a marcar quando o poder cósmico está ativo em seu corpo. Mesmo assim, determinadas cenas são belas em cor e montagem, em especial ao terceiro ato.
Nota: 5,0/10,0. X-Men: Fênix Negra é um final morno para a franquia de Mutantes. Não é de todo ruim, mas também não será facilmente lembrado. Sem dúvida alguma, o primeiro ato do longa é o melhor em todos os quesitos. Desde o roteiro, a produção, direção e efeitos especiais. Se acaso tivesse se mantido nesta qualidade, sem dúvida o resultado seria bem melhor. Mesmo assim, diante de várias inconsistências, o roteiro ainda consegue chegar em algum lugar. E o que de melhor se extrai dele é sem dúvida a questão de que se Fênix Negra tem haver com Jean Grey, ela não é uma antagonista. Vários são os personagens que encaram seu momento “vilanesco” mesmo nas melhores ações que pensaram ter feito. Ou simplesmente por pura raiva. Que se esvai por este mesmo roteiro, quando convém a aceleração do ritmo dos acontecimentos.
Agora, quanto a atuação de certos personagens, a culpa pode não ser de seus atores. Mas do próprio roteiro que não deu camadas, e nem a possibilidade de que eles se sobressaíssem. É o caso da própria Jean e de Vuk, quase uma sensação robótica de suas emoções. Mesmo que com cenas de ação bem dirigidas, é inegável que conhecendo o argumento de Fênix Negra dos quadrinhos, a reprodução no cinema poderia ter suas diferenças. Mas deveria manter uma qualidade do original. O que infelizmente não ocorre com um roteiro aquém do que a principal aventura dos X-Men poderia oferecer. No fim, o fechamento do arco dos Mutantes na Fox não é amargo, mas sem sal. A ideia era maravilhosa, e consegue-se perceber em determinados pontos do longa. Porém, a execução, novamente em especial ao roteiro e de alguns efeitos especiais aquém deixaram a desejar.