Mesmo tendo como principal foco a mitologia grega, Os Cavaleiros do Zodíaco é uma animação eclética. Na Saga de Asgard por exemplo, o panteão grego é deixado de lado e figuras como Odin, Hilda e Siegfried aparecerem, dando importância assim a mitologia nórdica.
Cavaleiros do Zodíaco é uma animação conhecida, e de muito sucesso no Brasil na década de 80. Produzida originalmente como um mangá, e depois animada pela Toei Animation, a história gira em torno de um grupo de Cavaleiros destinados a salvar a deusa Athena de todos os males. Em especial o grupo dos cinco Cavaleiros de Bronze formado por Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki. Com o avançar da história, o telespectador é informado que, além do exército de Athena, temos outras divindades da mitologia grega, como Poseidon e Hades. Contudo, não é só da Grécia que a animação ganha destaque, mas ela também usa-se da mitologia nórdica em sua Saga de Asgard.
Na verdade, a Saga de Asgard sequer existe nos mangás que deram origem a animação. Conta-se que, durante a produção do mangá, a série animada conseguiu chegar onde exatamente o mangá tinha parado. A então próxima Saga depois da Saga das Doze Casas seria Poseidon. Porém, o mangá não havia terminado esta Saga ainda, e assim, não existia conteúdo base para ser animado. Dando tempo para Masami Kurumada terminar Poseidon, a Toei criou uma espécie de filler. Uma Saga para “tapar o o buraco” enquanto Poseidon não era terminado. Como mitologia, eles se lembraram que os nórdicos já haviam aparecido em um filme anterior da franquia, “A Batalha dos Deuses”, de 1988. Uniu-se então o útil ao agradável, e a Saga de Asgard foi criada.
Com preguiça de ler toda toda a matéria? Não devia. Eu sei que você gosta de mitologia nórdica, afinal está aqui não é mesmo? Mas, se mesmo assim você prefere um resumo desta pequena matéria sobre a Saga de Asgard de Os cavaleiros do Zodíaco, e como os mitos nórdicos a influenciaram , confira:
- A Saga de Poseison não havia sido terminada quando a animação da Saga das Doze Casas havia terminado. Com essa falta de material, a Toei então produziu uma série “filler” de Os Cavaleiros do Zodíaco. Como a mitologia nórdica já havia sido visitada anteriormente, foi então utilizada a mitologia nórdica ao invés da grega. Teve início a Saga de Asgard.
- Não faltam evidências de contos nórdicos dentro desta Saga. A começar pelo Anel que domina Hilda. Chamado de Anel de Nibelungo, o artefato faz parte de um conto de antigos anões que após roubarem as terras do Rio Reno das Ninfas forjam por meio de seu Rei. Acredita-se que esse Anel dá ao seu possuidor enorme poder.
- Os Guerreiros Deuses de Odin, na qual Hilda convoca para sua proteção são baseados no Einhenrjar. Esses serão os combatentes da tropa de Odin e dos Asgardianos no Ragnarok, o fim do mundo. Quando Surtur finalmente sair de Musphelheim e espalhar fogo para todos os Reinos, eles estarão de prontidão para combatê-lo.
- Nomes como Valhalla e dos próprios Cavaleiros, como Fenrir, Thor, Alberich e Siegfried também são retirados diretamente de contos da mitologia nórdica. Valhalla aliás é o castelo que os guerreiros de Odin ficam, o paraíso nórdico enquanto o Ragnarok não tem início.
Na Saga de Asgard, os Cavaleiros de Bronze são levadas para as frias terras de Asgard, país no extremo norte da Europa. Nesta terra, Odin é o principal deus, e seu sacerdote na terra é Hilda. Que toma o lugar após a queda de Durval no filme de 1988. Contudo, Hilda é dominada pelo poder do Anel de Nibelungo, posto em seu dedo por Poseidon, o deus grego dos mares. Ela então convoca os Guerreiros Deuses de Asgard para dominar a Terra. O Anel só poderia ser tirado do dedo de Hilda através da espada Balmug, artefato existente na armadura de Odin. O problema é que essa armadura só apareceria após juntar todas as sete safiras. Que, coincidentemente, estavam dispostas nas Armaduras dos Guerreiros Deuses. Assim, o argumento estava pronto. Os Cavaleiros de Bronze deveriam derrotar os Guerreiros Deuses, salvar Hilda e ainda por cima, Atena e a Terra.
Como percebe-se, a mitologia grega foi deixada de lado. Personagens como Hilda, Alberich e Siegfried tem seus nomes originados em lendas nórdicas. As principais inspirações ocorrem no Anel de Nibelungo, na origem dos Guerreiros Deuses, e na história do Palácio de Valhalla. O objeto que leva a alma de Hilda a se tornar maligna, O Anel de Nibelungo é um artefato já conhecido na mitologia germânica. Pelo menos desde a Idade Média. Acredita-se que este Anel tenha sido produzido pelos anões, e dá ao seu possuidor enorme poder. O rei destes anões se chamava Alberich. Ele o forjou logo depois de ter roubado as terras das ninfas do Rio Reno.
Os Guerreiros Deuses de Asgard são baseados nos Einhenrjar, os Guerreiros Sagrados de Odin. Segundo a mitologia nórdica, no qual seu principal expoente é a Edda em Prosa. Escrito pelo diplomata islandês Snorri Sturluson, o mundo acabará em um enorme conflito entre os deuses, o Ragnarok. Assim que Surtur sair de Musphelheim, o reino de fogo, Odin levará seu exército para o campo de batalha. Estes serão guerreiros que já morreram em vida, mas que estão destinados a participar do crepúsculo dos deuses.
Enquanto este ainda não ocorre, eles se banqueteiam nos salões de Valhalla, o paraíso nórdico, com hidromel e combates todos os dias. Seus ferimentos são curados todos os dias e as Valquírias lhes servem. Aqueles que não morreram de maneira gloriosa acabam sendo levados para a Terra de Hela, a deusa da morte, e lá ficam. Vale destacar que o Palácio na Saga de Asgard que abriga Hilda e sua irmã, Freiya, também se chama Valhalla.
Curiosidade: Não é somente Cavaleiros do Zodíaco que usou o conto do Anel de Nibelungo na Saga de Asgard. A mais conhecida obra que versa sobre o tema foi produzida pelo alemão Richard Wagner. Trata-se da obra em alemão Der Ring des Nibelungen. O ciclo de sua obra é divido em Das Rheinbgold (O Ouro do Reno – que mostra a criação do Anel), Die Walküre (A Valquíria), Siegfried e Götterdämmerung (Rangnarok ou o Crepúsculo dos Deuses).
Curiosidade 2: Embora de maneira indireta, a ideia de forjar um Anel de muito poder se encontra no cerne de outra obra. Trata-se de O Senhor dos Anéis, de J.R.R Tolkien. Na série do Anel, somos espectador da jornada de Frodo e a Sociedade do Anel para destruir o Um Anel. Artefato produzido por Sauron, o Senhor do Escuro, que domina todos os outros anéis produzidos. Esses outros anéis foram divididos entre os elfos, os anões e os homens, todos personagens da Terra Média, universo fictício dos escritos de Tolkien.