O retorno da bruxa
Depois de muitos rumores, muita expectativa, muitas orações e uns bons anos, finalmente podemos desfrutar da chegada de Bayonetta 3. Saindo 8 anos após o seu antecessor e ainda para outro console, a nossa querida Bayonetta deixou seus fãs esperando e torcendo para revê-la novamente. Mas, será que a espera valeu?!
Lançado em 28/10/22, sendo desenvolvido pela Platinum Games e publicado pela Nintendo exclusivamente para Nintendo Switch. Tratando-se de um jogo de ação e aventura, hack’n slash com câmera em terceira pessoa, em um mapa linear e ambientado num multiverso.
Caos em New York
Bayonetta 3 já começa tal qual os anteriores. Tem uma narração enigmática no começo e, sem enrolar, já vemos a nossa heroína enfrentando um inimigo misterioso. Até que, de repente, ele aplica uma distorção da realidade e nos leva à um local desconhecido. E, lá, nós começamos a testar os controles (virou tradição isso e eu adoro).
Logo depois de muita confusão e desastre, a cena corta e vemos a bruxa em Nova Iorque, comendo um sushi e caminhando totalmente casual (como se ela não fosse incrível). Inclusive, já encontramos com o desagradável Enzo (segue chato como sempre). Só que, do nada, uma garota cai do céu direto no colo do Enzo. E essa garota é um prelúdio do que estaria por vir!
Em seguida, sem muita enrolação, uma onda gigante surge no mar e, junto com ela, vários inimigos conhecidos como homúnculos. Então, é a partir daí que a Bayonetta começa a atirar em tudo que se mexe!
Cuide da bruxa
Primeiramente, vamos a parte mais interessante de Bayonetta 3 que é o seu combate. Como era esperado, vários comandos se mantiveram dos anteriores, isso inclui o Witch Time. Todavia, muitas mudanças estão presentes. Agora, não temos mais o modo pantera. Bayonetta pode se transformar em vários demônios ao longo do jogo (já explico com mais calma), além disso, não temos mais o Umbra Clímax e nem os Torture Attacks como antes. Ao invés disso, a barra de ‘’magia’’ é utilizada para invocar demônios.
Assim, nós dois jogos anteriores, a gente invocava demônios somente para finalizar chefões (e mini chefes). Porém, a maior inovação de Bayonetta 3 é que agora é possível invocar os demônios livremente (desde a barra esteja cheia, claro) e podendo equipar até três de uma vez! Todavia, é necessário manter a atenção, pois, quando invocados, a Bayonetta fica imóvel e vulnerável. Ou seja, a sua função como demônio também é proteger a bruxa, além de esmagar tudo que puder! Essa é uma mecânica simplesmente viciante, juro. Toda hora você quer invocar os demônios e testar os novos. Além de, obviamente, criar o seu ‘’time’’ favorito. Vale ressaltar também que são bem diferentes uns dos outros.
Adeus Breakdance
Outro detalhe que faz diferença no combate e que retorna de forma diferente são as habilidades. Como esperado, Bayonetta segue com várias delas. Porém, a diferença é que os demônios também têm! E isso é incrível. Cada um possui seus golpes e isso amplia a gama de variedades. É bom ressaltar que, para fazer upgrade de vida e da barra de invocação, usamos os Witch Hearts e Moon Pearls no menu. Não é automático como antes (coletava um, ou as quatro partes, e já fortalecia).
Devo admitir que gostei bastante da árvore de habilidades da bruxa. Mesmo tendo estranhado no começo, o fato de podermos fortalecer a qualquer momento e não só entre as fases, foi uma boa adição. Para não falar da variedade. Bat Within retorna, além de vários novos, mas não temos Breakdance mais (triste). Por último, é bom lembrar que os quick-time events seguem igual o segundo jogo, sendo utilizados para ganhar bônus na pontuação e não para te matar, como no primeiro.
Demônios de estimação
Mas, não é só isso. Como eu adiantei, em Bayonetta 3 a nossa bruxa pode se transformar em vários demônios. E isso é possível graças as suas armas (SIM). Aqui, obviamente, temos várias armas ao longo da campanha (tal quais os anteriores). Porém, cada arma traz uma transformação diferente e com funções distintas. Por exemplo, a Ignis Araneae Yo-Yo, que é um iô-iô de fogo equipado nos braços e pernas que vem com um demônio capaz de escalar paredes chamado: Phantasmaraneae. Então, eu usava bastante para descobrir segredos e me locomover rapidamente.
Todavia, por mais que exista uma boa variedade de armas e demônios, eu gostaria de ressaltar um detalhe que eu notei. Em Bayonetta 3, por algum motivo, a bruxa está um pouco mais pesada do que os anteriores. Porém, isso só é perceptível se você jogar os jogos em sequência (igual eu fiz). Parece que seguraram ela para que as transformações fizessem mais diferença. E, sendo sincero, não atrapalha. Mas, se você jogar, e sentir algo estranho, já sabe.
A batalha de Megazord
Agora, vamos àqueles que servem de saco de pancadas para nossas armas e demônios: Os homúnculos. E aqui, é onde Bayonetta 3 escorrega um pouco. Devo dizer que todos os demônios da Bayonetta são interessantes. Mas, o mesmo não pode ser dito dos inimigos. Sendo bem sincero, não tem nenhum inimigo realmente legal (igual os anjos e demônios). E, o que mais chama atenção é uma cópia do Grace & Glory do primeiro jogo.
Não se engane, existem batalhas incríveis aqui. Por exemplo, quando usamos nossos demônios gigantes para enfrentar homúnculos gigantes, igualzinho os Megazords dos Power Rangers. Entretanto, nenhum inimigo é realmente memorável e isso inclui o chefão final (apesar de batalha ser ótima). Vale ressaltar também que o jogo segue sendo menos complicado do que o primeiro.
Mais Red Hot para nós
Em seguida, vamos ao que podemos encontrar na jornada de Bayonetta 3. Aqui existem novidades, mas vamos começar pelo que retorna. E eu posso dizer que tudo volta. Ainda temos acesso ao Gates of Hell, onde podemos comprar acessórios com o Rodin, além de roupas e colecionáveis. As auréolas podem ser obtidas ao derrotarmos anjos que ficam escondidos pelos mapas. Elas são usadas para obter Rodin’s Treasures, que são roupas e colecionáveis como faixas de musica (que também podem ser encontrados no mapa).
Outro detalhe importante, é que os itens de cura também estão presentes, porém com uma diferença interessante. Agora, não é possível comprar Witch Hearts e Moon Pearl como antes. Todavia, o Red Hot Shot (que revive a gente), não só pode ser comprado como também podemos carregar mais do que um! Mas, é claro que ainda podemos usar a aba de criação para obter os pirulitos (é possível comprar também). E, tudo isso é comprado com uma gosma deixada pelos homúnculos, tudo bem intuitivo.
Pequena Cereza
Agora, também podemos encontrar os mesmo baús incompletos presentes em Bayonetta 2 além de momentos plataforma onde encontramos itens escondidos. Outro detalhe importante é que agora, não temos somente os corvos (lembra deles?). Em Bayonetta 3 foram adicionados os gatos, sapos e agora os corvos voam! E eu devo admitir que não consegui pegar nenhum dos gatos (muito rápidos para mim) e os corvos eu fiquem com preguiça. Basicamente virei um caçador de sapos, já que eles podem ser encontrados seguindo o seu coaxo.
Por fim, outra adição interessante é a reversão de tempo. Ao derrotarmos um homúnculo em forma de relógio, nós podemos ativar a reversão. Com ela, é possível construir e reconstruir os cenários, aumentando a variedade do level design e revelando itens escondidos. Mas, é bom ressaltar que ao revertemos o tempo, a bruxa deixa de ser a grande Bayonetta e se transforma na pequena Cereza. Ou seja, nossos movimentos são limitados a correr e pular, e isso dificulta o processo (e deixa mais legal também).
Viola e Cheshire
Em seguida, vamos a um dos pontos que mais me surpreendeu em Bayonetta 3: A história.
Então, logo depois de toda a confusão inicial e da chegada nos homúnculos, nós conhecemos a carismática e nervosinha, Viola. Ela é uma guerreira habilidosa que revela a existam de vários universos. Dito isso, objetivo dos homúnculos é acabar com todas as linhas paralelas, deixando só a que lhes interessa. Então, Bayonetta, Jeanne e Viola precisam reunir as Caos Gears e assim, impedir a destruição de todos os universos.
Antes de falar o que acho da trama, tem alguns detalhes que quero comentar. Bayonetta 3 tem uma progressão linear, mas de vez em quando vamos trocando de personagens. A gameplay com a Viola nos mostra mais sobre o lado dela na busca, além de trazer uma vertente diferente. A garota é mais rápida e só invoca um demônio, Cheshire. Além disso, quando ele é invocado, ela perde e espada que usa, porém pode se mover livremente e dar socos (Cheshire bate sozinho).
Jeanne, a espiã
Inclusive, devo admitir que me diverti muito com Viola. Tanto pela sua parte na trama, quanto por seus controles. Ela é desastrada, decidida e carismática. Além de participar da batalha de chefão que mais me deu trabalho. E detalhe: As habilidades são separadas da Bayonetta, mas ambas compartilham Witch Hearts e Moon Pearls, então, não gaste tudo com a bruxa, ou a Viola fica bem mais fraca.
Agora, se a Viola já dava uma variada na gameplay, a Jeanne vem e joga tudo para o alto. Ela tem a missão de encontrar o Doutor Sigrud. Para isso, ela precisa se infiltrar em várias instalações secretas. E se quando você leu ‘’infiltrar’’ você pensou em stealth, eu devo dizer que sua percepção está em dia! É exatamente isso. Temos momentos 2D, com uma estética inspirada em Metal Gear, e um mapa cheio de homúnculos que, apesar de podermos derrotar na força bruta, o objetivo é sempre o stealth!
Além disso, Jeanne possui uma variedade de armas mais humanas, como shotgun e bazuca. Para não mencionar, os chefões que entregam bons desafios e uma sequência de moto muito divertida. Como era esperado, Bayonetta 3 segue trazendo seu refresco na gameplay, assim como antes. Aqui temos, por exemplo, uma fase voando que é simplesmente épica. Mas, eles foram ainda mais além com o stealth da Jeanne, e eu achei incrível!
O famoso Bayoverso
Mas, agora que já fiz minhas observações, posso partir para a trama de fato. Bayonetta 3 trouxe uma premissa que está na moda no momento. Porém, aqui o multiverso conseguiu ter carisma por dois motivos. Primeiro, a gente de fato anda pelos mundos com ambientações totalmente diferentes. Desde cidade grande até as muralhas da China, cheias de lava. Segundo, as diferentes Bayonettas jogam a trama para um outro nível. É simplesmente incrível encontrar outra versão da bruxa, totalmente diferente e com uma arma própria!
Eu realmente me afeiçoei a cada uma delas, e gostei de todos os designs. Foi uma das coisas que mais me motivaram a prestar atenção. Claro que ainda temos os arquivos com a história do universo, como sempre, mas esses passeios fizeram valer. Inclusive, o final eu achei lindo e me arrancou lágrimas.
Posso dizer, com tranquilidade, com foi a história que mais gostei. Mesmo não tendo um teor original (aspecto que se via mais nas outras), eu gostei bastante do multiverso da Bayonetta e o final vai me marcar para sempre.
Um show de ópera
Logo depois, é hora do lado técnico de Bayonetta 3. Aqui, eu quero começar pela melhor parte que é a trilha sonora. Esse jogo aqui acertou em todas as trilhas, sem exagero. Não tem nenhuma que não seja ótima. Mas, para além disso, a sequência de ópera traz uma das melhores trilhas sonoras que eu já vi na vida! Foi um acerto incrível da Platinum (seguindo o padrão da franquia).
Já sobre o level design, Bayonetta 3 segue a ideia dos anteriores, onde o mapa é linear, mas existem segredos. Entretanto, até isso foi expandido aqui. Algumas regiões são mais abertas do que antes, permitindo que a gente explore e encontre mais segredos. O que é bem interessante, porque soa natural. Fora as partes do mapa onde podemos reverter o tempo e ampliar ainda mais a diversidade do mapa.
Porém, graficamente falando, Bayonetta 3 deixa um pouco a desejar em alguns aspectos. O modelo da Bayonetta é lindo, os demônios são bem feitos, mas algumas partes dos cenários deixam a desejar. A água, por exemplo, é muito inferior ao segundo jogo e isso não faz sentido. Fora que, os cenários são menos detalhados que os anteriores também. Não me entenda mal, o jogo não é feio. Mas o segundo enche mais os olhos.
Vivendo de espionagem
Por fim, os extras. Além dos aspectos de sempre, onde temos os desafios no estilo Alfheim e Muspelheim de antes. Seguem bem difíceis e espalhados pelos cenários. Agora temos o Witch Trials que é mais um desafio sem fim, igual antes. Outro detalhe são as conquistas retornando também. Mas, algo que não volta é o modo co-op, infelizmente. Todavia, se você conseguir coletar os três Umbran Tears of Blood (Gato, Corvo, Sapo), você libera um caminho que é a contra parte daquela mesma área! Isso é bem interessante.
Mas, em compensação, liberamos um mini game com a Jeanne que pode ser acessado no Gates of Hell. Nele nos usamos os pontos que conseguimos com a Jeanne para conseguir fichas. Então, jogamos fases no mesmo estilo da campanha, mas com um gráfico retrô. É divertido, principalmente para quem gostou das sessões na história principal.
Conclusão
Em síntese, Bayonetta 3 trouxe uma gameplay com várias novidades incríveis no combate com seus demônios, mas ainda assim, familiar e igualmente viciante. Tem uma excelente trilha sonora com várias músicas memoráveis, além de um bom level design. Mas, peca um pouco em mundos não tão detalhados como antes, e com inimigos sem carisma. Porém, ainda conta com vários momentos épicos!
Sua história não é inovadora, mas funciona muito bem principalmente pelo carisma das Bayonettas. E tem um final simplesmente incrível e emocionante! Venceu o prêmio de melhor jogo de ação em 2022 e foi totalmente merecido. Se você é fã da franquia e ainda não jogou, saiba que está perdendo uma ótima aventura da bruxa. E se você gosta de hack’n slash e tem um Switch, esse jogo também é para você!
Números
Bayonetta 3
Bayonetta 3 é um jogo com um combate extremamente viciante e variado. Traz uma trilha sonora linda e um level design muito interessante. Além disso, sua história cativa, mesmo sendo simples.
PRÓS
- Gameplay viciante
- Trilha sonora excelente
- História emocionante
- Level design mais amplo que os anteriores
- Novas mecânicas muito bem vindas
CONTRAS
- Mundo menos detalhado que os anteriores
- Inimigos nada carismáticos