Presente dos deuses
Após o lançamento do Playstation 3 em 2006, muitos pensaram que a Sony largaria o PS2, e faria exclusivos somente para o novo console. Porém, ela surpreendeu a todos, e em 2007, lançou a sequência da aventura de Kratos, exclusivamente para o console. Fazendo a alegria dos fãs. Mas será que God of War 2 é tão bom quanto o primeiro?
Lançado em 13/03/07, sendo desenvolvido pela Santa Monica Studios e distribuído pela Sony, como um exclusivo de Playstation 2, e relançado anos depois em HD para PS3 e PSVITA. Tratando-se de um jogo de ação e aventura, no gênero hack ’n slash. Tendo como temática central a mitologia grega. E já adianto: God of War 2 é uma daquelas raras sequências perfeitas.
A fúria divina
A aventura começa com Kratos em seu trono de Deus da guerra, observando enquanto o exército de Esparta está bem perto de tomar a cidade de Rhodes. Então, ele decide descer até lá, somente para dar o golpe final, e comemorar com seus guerreiros. Entretanto, Athena pede a ele que pare com isso, e o alerta que a fúria do Olimpo cresce e que em breve ela não será mais capaz de protegê-lo. Mas, ele branda que não precisa de proteção e parte para a cidade, na sua forma divina (do tamanho do Godzilla basicamente). Porém, logo que ele chega, uma águia desce dos céus, drena seus poderes e os da à estátua do Deus Hélio (Deus do Sol). Ela ganha vida, parte pra cima de Kratos e seu exército, e ai o jogo começa.
Lâmina diferente, corte igual
O combate de God of War 2 manteve exatamente a mesma pegada do primeiro (graças aos deuses). Porém, ao fim do primeiro jogo, Kratos perde as Lâminas do Caos e adquire as Lâminas de Athena. Ou seja, agora temos combos diferentes, mais estilosos, porém, bastante familiares nos comandos. Ao mesmo tempo, temos poderes novos concedidos pelos Titãs (no primeiro eram os deuses), que exercem as mesmas funções dos poderes anteriores, mas com sutis diferenças.
Por exemplo, no primeiro tínhamos o Zeus’ Fury que servia para atacar de longe, agora temos o Typhon’s Bane, que tem a mesma função, porém com suas diferenças em ataques e etc. E, uma das coisas que acho mais legal, é que somente no God of War 2, existem batalhas aéreas! Montamos em um Pégaso e enfrentamos vários inimigos, que por sua vez vem montados em Grifos. É bem divertido, pena que só são dois momentos da campanha, e não foi levado para os jogos seguintes.
Agregando à fórmula
Dessa vez, tudo que deu certo foi mantido. Os ataques mantém a mesma fluidez, as finalizações seguem brutais, os especiais continuam fortes e proporcionando várias formas de abordagem, e os quick time events seguem firmes, mas agora com a adição do L1+R1 que aparecem quando Kratos usa os dois braços para se livrar de algum aperto por exemplo.
Por outro lado, uma função foi retirada. Antes quando estávamos embaixo d’água, podíamos dar um dash para várias direções (incluindo para cima e para baixo), mas agora só podemos nos mover para frente, não entendi essa retirada. Mas, houve um upgrade no quesito movimentação no mapa. Primeiro, quando estávamos pendurados em alguma corda, não era possível acelerar o movimento, pois o botão ‘’x’’ era utilizado para pular da corda, mas, agora, o ‘’x’’ da um dash, enquanto o R1 serve para se soltar. Da mesma forma, o modo como Kratos fica pendurado na parede mudou. Antes, era com as mãos nuas, e agora usamos a lâminas para nos prendermos na parede, e isso nos permite descer com mais facilidade. Foram mudanças muito bem vindas.
Aumentando o arsenal
Simultaneamente ao combate, os elementos de RPG também se mantiveram, juntamente com os olhos de górgona e as penas de fénix. Porém, foram adicionadas algumas urnas escondidas que podemos coletar e, após zerarmos, elas nos concedem efeitos especiais no new game +. Juntamente com as urnas, agora também podemos arrancar os olhos dos Ciclopes que enfrentamos, e ao juntar vinte deles, desbloqueamos uma roupa especial.
Bem como os colecionáveis novos, também foram adicionados dois itens incríveis ao arsenal. O Golden Fleece e o Amulet of the Fates. O Fleece nos permite refletir todo tipo de ataque, seja ele corpo-a-corpo ou projétil, e devolver o dano em forma de um parry poderoso ou mandando o ataque a distância de volta, enquanto que o Amulet desacelera o tempo por alguns momentos, caso estejamos próximos a uma estátua das irmãs do destino, e isso facilita muito no combate. Existem mais alguns itens que usamos na campanha, mas não vou falar por causa do spoiler.
Cenários grandiosos
Ou seja, o jogo mantém a ideia de exploração de forma inteligente. Inclusive, algumas urnas e outros segredos, passam a sensação de que é preciso ter um QI de gênio para descobrir, ou dar muita sorte.
Então, obviamente, o level design também se manteve refinado. Com todos os mapas bem pensados, cheio de segredos e muito bonitos (eu mesmo sou apaixonado com o Templo de Lahkesis). Além do que, agora, o jogo tem um escopo mais grandioso. Ou seja, passa uma sensação de aventura, igual o primeiro, porém, com cenários maiores em questão de estrutura mesmo. Por exemplo, os Steeds of Time, que são cavalos enormes que o Titã Cronos deu de presente as irmãs do destino. É aquele cenário que você chega e fala ‘’uau’’.
Enquanto isso, os puzzles estão de volta e mantiveram o nível. Alguns, mais simples, outros mais complexos, e todos bem distribuídos pela campanha.
”Apenas um covarde aceita a morte”
Agora, vem a parte que eu mais gosto, o enredo. Como vocês se lembram, God of War termina com Kratos cumprindo sua missão de derrotar Ares. E, por isso, Athena lhe concede o título de Deus da Guerra. Porém, Kratos não estava satisfeito (graças a eventos que são contados em outro jogo que falarei em breve), e para descontar sua frustração, ele sempre favorecia o exército espartano nas guerras, e os incentivava a dominar todas as cidades da Grécia. Ou seja, os deuses não gostaram nada das atitudes de Kratos, e Zeus foi forçado a intervir, roubando os poderes de Deus da Guerra, e mandando Kratos para o mundo inferior. Mas a titã Gaia (conhecida como mãe da terra, que por sinal é um nome bem apropriado) o salva, e promete ajudá-lo a derrotar Zeus, e reaver seus poderes.
Eu não vou mentir, eu amo essa história. Aqui, a história sobre a infância de Zeus nos é apresentada, e também, sobre a Titanomaquia, que foi a grande guerra entre os deuses e os titãs que, após ser vencida por Zeus, levou a queda de Cronos e os outros, além da ascensão dos deuses ao poder e domínio sobre a Terra. Além das irmãs do destino, que são as três entidades que regem o destino de todos os seres vivos, sejam eles mortais, deuses ou titãs. Todos já nascem com seu destino traçado pelas três irmãs (Lahkesis, Atropos e Clotho). Eventualmente, nós também esbarramos em alguns heróis clássicos da mitologia grega durante a jornada, o que é incrível! Aqui também existem flashbacks para contar a história dos titãs, e outras coisas. Mas as ceninhas continuam lindas como sempre. É realmente um prato cheio para quem é fã da mitologia grega.
Corrigindo o erro do passado
Por fim, o lado técnico é primoroso em God of War 2. Com gráficos absurdos no PS2, ele foi um dos jogos que extraiu ao máximo o potencial do console. Uma trilha sonora absurdamente épica (tal qual a do primeiro). E aqui eles, rapidamente, corrigiram o erro primordial do primeiro jogo, onde você perdia orbs vermelhos dependendo de como matava o inimigo (expliquei na minha review). Satisfação total com a Santa Monica.
Extras
Além disso, God of War 2 também traz os extras de volta. Agora o Challenge of the Gods se chama Challenge of the Titans (perceberam a mudança de foco dos deuses para os titãs né?), e foi adicionado o modo Arena of the Fates, onde você pode escolher como será o desafio, desde se seu hp será infinito, até os inimigos que irá enfrentar. O Challenge segue desafiador como sempre, e a Arena fica mais pelo treino das habilidades. As roupas também voltaram, agora em maior quantidade, porém, os vídeos secretos foram retirados desta vez (uma pena).
Conclusão
Portanto, God of War 2 pegou, literalmente, tudo que fez o primeiro explodir: belos gráficos, jogabilidade refinada, boa história, magias espetaculares, cenários bem feitos, puzzles legais, combate brutal, e corrigiu o que tinha errado. Ou seja, é aquela continuação que seria impossível ficar melhor. Tudo que você espera está lá, como baús de magia, hp, orbs, os colecionáveis, mas também traz um combate melhorado, com inimigos mais incríveis, e uma jornada inesquecível com um final simplesmente eletrizante!
God of War 1 e 2 possuem livros que são excelentes. Ambos contam as histórias dos jogos, porém com outros pontos de vista, e esclarecendo o porquê de várias ações. Super recomendo. Isso sem contar que você vai demorar, em média, 12 horas para zerar o God of War 2, e umas 14 horas para fazer o 100%, dependendo da sua disposição no challenge!
Números
God of War 2
God of War 2 é um jogo que decidiu manter tudo que funcionou no anterior e corrigiu os poucos erros cometidos inicialmente. Com isso, ele acabou se tornando uma das melhores sequências da história! Trazendo uma trama muito envolvente, um level design incrível, uma ótima trilha sonora e uma gameplay muito viciante!
PRÓS
- História cativante desde o começo
- Gameplay viciante
- Trilha sonora épica e memorável
- Gráficos lindos
- Ótimo level design
- Momentos marcantes e um final avassalador