Imagine a seguinte situação. É três horas da manhã, seu vizinho sabe que amanhã é segunda feira e você tem que trabalhar. Porém, ele não se importa, e faz questão de colocar a música no último volume. É possível escutar os gritos de gente cantando, já bêbada é claro. Isso te leva as últimas consequências, pois não adianta chamar a polícia. É por isso mesmo que você decide arrumar o silêncio com as próprias mãos, literalmente. É nessa situação que Party Hard, da tinyBuild com a ucraniana Pinokl Games foi lançado para 2015 via Steam e depois chegou aos consoles, especialmente ao Nintendo Switch. Inclusive tendo já um segundo capítulo. O dever do jogador é simples, destruir a festa dos outros. Como? Matando das maneiras mais diferenciadas.
Primeiramente, é interessante destacar que, mesmo com a premissa simples, Party Hard consegue render no momento em que as alternativas são colocadas a frente do jogador. As festas são regadas aos mais diversificados grupos de pessoas, e assim como na vida real, podem ter algum componente não tão ético. É possível que pessoas bêbadas causem acidente naturalmente, ou traficantes usem cômodos ou áreas para vender drogas. E isso fará com que membros dos esquadrões de elite entrem e lhe auxiliem, matando todos os envolvidos. Contudo, é de fato quando o jogador coloca a mão para destruir a festa é que o interesse se faz presente. São diversas armadilhas que aparecem nos cenários e o jogador pode simplesmente sabotar objetos, usar de veneno ou eletricidade, claro, de forma que ninguém na festa suspeite de seu personagem.

Seja furtiva e acabe com seus problemas de sono:
Aliás, uma grande sacada de Party Hard é mesclar esse ambiente stealth, onde o jogador não precisa se esconder. Porém, deve ficar atento em esconder as provas, ou estar longe dos corpos quando alguém o encontrar. Até pelo fato de que, quando alguém morto é achado, a polícia é logo acionada para recolher o cadáver. Se você estiver por perto, provavelmente será considerado culpado e levado para a cadeia. Assim, o game conspira para que o jogador seja rápido, mas pense com cautela o momento certo em que deve usar as próprias mãos para resolver a peleja que tanto deseja. Quanto a isso, os controles são os mais simples possíveis, e consistentes com a proposta. Um dos poucos problemas é de certa forma, a dificuldade que não escalona, mas já se inicia de forma alta.
Dentro desta mecânica, outro ponto que merece destaque em Party Hard é sem dúvida seus requisitos técnicos. E aqui ainda mais a trilha sonora do que a definições gráficas. Logicamente, o jogador se encontra sempre em algum ambiente festivo, seja em uma casa ou em um iate. Por isso, é importante que o ambiente participe dessa interação. Dito isso, não espere por menos do que uma trilha sonora com músicas que poderiam estar literalmente em qualquer boate ao redor do mundo. Quanto aos gráficos, a escolha da pixel-art é de certa forma convidativa. Ela produz um charme para o título, combinando com a proposta. Não por menos, os momentos de maior gore são muito bem animados e representados.

A repetitividade das missões pode ser um ponto de desfalque em Party Hard:
Agora, por mais que a aparente diversificação de cenários e de armadilhas possa auxiliar a longevidade do título, Party Hard encontra um problema na necessidade de seu próprio enredo. Isso é, em todas as festas, é necessário matar todos os participantes. Se, em um primeiro momento o jogador pode se fascinar por estar no lado do assassino, aos poucos a narrativa fica repetitiva, pois simplesmente o jogador é colocado em outras festas para terminar com suas missões. Mesmo com o estilo stealth presente, aos poucos e sem nenhuma novidade Party Hard passa a cansar o jogador. Além deste problema, e como já falado anteriormente, existe a questão da dificuldade do título. Vale destacar que quanto a este aspecto, o título não é um nicho de dificuldade absurda, porém o problema ocorre em como ela é levada ao jogador.
Basta simplesmente ter como exemplo a primeira missão. O jogador simplesmente é colocado no ambiente sem nenhum aviso prévio. E assim, é simplesmente a tentativa e erro. Em um primeiro momento, você pode ter uma estratégia que, após ser capturado pode não lhe render mais bons frutos. Assim, a princípio, o jogador poderia ser levado a entender mais do título em seus primeiros momentos. Obviamente, não é algo que prejudica terrivelmente, mas retornar uma missão ao ser pego por um pequeno deslize pode fazer com que aquela sensação de repetitividade aumenta ainda mais. Mesmo assim, com as diversas mortes que sem dúvida alguma o título dará ao jogador, as dez fases que Party Hard entrega são consistentes, e no fim das contas, apresentam um bom trabalho.

Mesmo que possa se cansar, Party Hard tem uma premissa divertida e bem construída tecnicamente falando:
No fim das contas, Party Hard é um ótimo título indie no catálogo de todos os consoles que o possuem. Primeiramente, a ideia de furtividade com uma premissa simples rende o jogador um novo ponto de vista, o do assassino. Além do mais, o ambiente, diversificado e com várias armadilhas permitem que o assassino possa estudar o ambiente para que sua letalidade seja cada vez maior. Momentos próprios do jogo também podem ajudar na missão do personagem, uma vez que as forças especiais e até mesmo a polícia pode aparecer para pegar, ou matar, meliantes agindo de maneira anti ética. A trilha sonora pincela o bom conteúdo do jogo, deixando o ambiente ainda mais próximo de festas e de tudo que pode acontecer nesse ambiente.
Entretanto é claro, dois problemas se sobressaem, a dificuldade imediata e a repetitividade de Party Hard. Aos poucos, a ideia de assassinar pessoas nas mesmas condições pode se tornar desmotivadora, por mais que o ambiente seja diferente. Não há um objetivo distinto a não ser a destruição de festas alheias, nem uma novidade entre as missões. Além disso, logo no início, o jogador já deve encarar com toda a jogabilidade do título, sendo jogado no cenário no qual com toda certeza, ele levará um certo tempo em verificar como cada situação funciona. Isso auxilia na longevidade, mas ao mesmo tempo, eleva a já sensação de repetitividade. Assim, Party Hard, dentre qualidades e defeitos, é um título indie que irá garantir algumas horas de felicidade ao jogador. Mate todos aqueles que lhe atormentam nas festas da vizinhança, aproveitando sua música e é claro, sem jamais ser pego.
Números
Party Hard
Feito pela tinyBuild, Party Hard é simples em sua premissa. Mate todos aqueles que não deixam você ter uma noite de sono.
PRÓS
- Mate todos com uma jogabilidade stealth.
- Trilha sonora inclusiva, que ajuda na ambientação.
- Gráficos em pixel-art, que dá um certo charme ao título.
- Jogabilidade até simples, com controles bem adaptados ao console.
CONTRAS
- Repetição do enredo entristece até mesmo a diferença de fases.
- Dificuldade do jogo é alta desde o início, com pouca curvatura de dificuldade.