Seres sobrenaturais já apareceram em diversas culturas ao redor do mundo. Hades nos Gregos, Amaterasu para os Japoneses, Hela para os Nórdicos. E é claro que todas essas divindades são usadas, por exemplo, em séries de super herois e games que você já jogou alguma vez na vida. Então, se você viu algum filme de Thor da Marvel, jogou God of War da Sony ou Okami da Capcom, saiba que mais uma divindade entra nesse panteão de Curiosidades aqui do Guariento Portal; Khonshu de Cavaleiro da Lua. Conhecido como o Deus da Lua dos Egípcios, o personagem segue o mesmo padrão: tem uma história própria em suas personificações, sem esquecer é claro do seu início, quando as Pirâmides ainda estavam bem mais completas no Deserto de Gizé. Então, embarque com a gente nessa viagem ao tempo para conhecer um pouco mais da história de Khonshu, aqui no Guariento Portal!
O enviado chegou ao Egito durante o festival de Amon. Quando o faraó ouviu a mensagem ele foi direto para o templo de Khonshu Nefer-hetep, e disse ao deus: “O meu senhor justo, eu vim mais uma vez em tua presença para pedir em nome da filha do Príncipe de Bekhten.” O Deus imbuiu uma estátua dele com poder e esta imagem foi enviada para Beketen. Depois de uma viagem de 17 meses, o deus confrontou o demônio, que deixou a menina imediatamente, e ela foi curada. Então o demônio falou com Khonshu, reconhecendo seu poder e pedindo perdão.
Tradução do Texto A Princesa de Beketen no Texto das Pirâmides sobre o Poder de Khonshu.
Filho de Amon e Mut, Khonshu não era uma divindade de única face. Embora tenha curado alguns, ele também era responsável por destruir e comer corações de outros. O Deus da Lua, além de viajante também ganhou poderes de controlar o tempo e a fertilidade masculina.
Na era em que os homens escreviam nas paredes dos templos do deserto do Egito, Khonshu ganhava destaque como uma entidade temida e adorada. Algo comum para quase todas as deidades da região, que não eram unilaterais, mas representavam aspectos benéficos e maléficos. Pazuzu, por exemplo, era demônio mesopotâmico usado pelos sumérios como um amuleto protetor, mesmo possuindo uma certa menina num conhecido filme de terror. Como Deus da Lua, Khonshu era designado como “viajante”, em uma clara alusão a viagem que a Lua faz no céu durante a noite. A Lua, por mais que represente a feminilidade, nas religiões e mitologias do Oriente são representadas por divindades masculinas. É o que ocorre com Khonshu, nascido de Amon (o Sol) e Mut (o Ar), e que ainda ganha aspectos como o Senhor do Tempo e também o responsável pela fertilidade dos homens e de todo o seu gado.

Em seu aspecto mais obscuro, Khonshu é colocado como uma deidade sedenta de sangue, furiosa e que devora corações. Ou seja, uma entidade que deveria ser mantida a uma certa distância se você quisesse viver bem. No entanto, nestes mesmos textos, como os encontrados no Templo de Karnak, o famoso mesmo, há um conto de que Khonshu, como Deus da Cura salvou a vida de Ptolomeu IV de uma terrível doença. Que doença? Não sabemos! Por este motivo, Ptolomeu usou um epíteto, algo muito comum no mundo faraônico como “o amado de Khonshu“. Essa dualidade de uma criatura pavorosa e curandeira também é vista na série da Marvel Cavaleiro da Lua, disponível no streaming Disney +, depois que a Disney torrou seu dinheiro para comprar a empresa de Vingadores e Companhia. A começar pelo aspecto tenebroso que Khonshu aparece dentro do Universo Marvel: com uma cabeça cadavérica de pássaro.
Como de costume na Mitologia Egípcia, Khonshu pode ser encontrado nos Textos das Pirâmides com muitos nomes. Mas muitos nomes mesmo! Você pode encontrar Chonsu, Khensu, Khons, Chons, Khonshu e até Quespisiquis, este último do Grego Clássico.
Esse pássaro na verdade poderia ser um falcão, uma vez que este animal é usada para personificar o deus em suas imagens egípcias reais. Por mais que o babuíno também seja um animal declarado para Khonshu pois os egípcios os colocavam como seres ligados a Lua. No entanto, quem conhece a história de Marc Spector e do Cavaleiro da Lua sabe que tudo começa quando Khonshu usa seus poderes de cura para trazer do mundo dos mortos o antigo mercenário. Interpretado aliás na série por Oscar Isaac. Tal como Zeus por exemplo, Khonshu tem a personalidade de acreditar que seu caminho é o correto. E que ninguém, mas ninguém mesmo, pode interferir. Contudo, diferente dos Olimpianos na Grécia, Khonshu não pode entrar no mundo humano. Por isso, sai desesperado a procura de um avatar, “alguém” que ele possa gentilmente “doar” seus poderes e ser seu campeão na Terra.
O Deus Egípcio da Lua. Muitas vezes retratado como uma múmia com duas longas tranças de cabelo, ele é dito ser uma reencarnação da própria lua e detém posse sobre o que é conhecido como a nave lunar. Ele também age como um companheiro da sombra do Faraó. Hieróglifos encontrados na Pirâmide de Unas e retratam como um deus que prepara refeições para um rei opressivo e devorador de Deus.
Descrição de Khonshu em Shin Megami Tensei V, da Atlus para Nintendo Switch.
Diferente da benevolências que os deuses podem ter, Khonshu deve ser lido com extrema cautela. Seu jeitinho de ver a justiça, assim como o seu relacionamento com o seu campeão terreno revelam uma entidade abusiva. Mesmo que salve as vezes Marc Spector de situações complicadas.
É nessa história então que desde que o Egito era Egito Khonshu sempre procurou um Avatar para transformá-lo em Cavaleiro da Lua, uma vez que sua vontade era de fazer o mundo caminhar na sua forma de ver a justiça. O que bate de frente com outros Heliopolitanos, como os seres divinos do Egito Antigo são chamados no Universo da Marvel. Contudo, quando a gente aqui do Guariento Portal trás bastante aspas em algumas passagens como “doar” os poderes, é sinal de Khonshu não é um salvador da pátria, nem luta pela família ou liberdade. E isso dá pra perceber desde o início do nosso texto. Pois não faz parte de sua narrativa esse caráter unipolar. Não são poucas as vezes que ele busca através da dominação da mente de seu avatar controlar o poder de seu Cavaleiro da Lua para assim poder entrar no mundo humano.

E também não são poucas as vezes que ele joga contra seu próprio campeão, corrompendo aos poucos a mente deste para dominar seu servo. Que para ele é isso mesmo, um servo apenas! Se um deles morrer em combate ele pode muito bem sair atrás de outro e seguir com o seu fluxo. Claro que esse conceito de justiça um cado controverso de Khonshu bateria com divindades que são referências nesse quesito, como é o caso de Ammit, a demônia metade jacaré que devora os pecadores após o julgamento pela balança de Maat, outra divindade ligada a justiça. Essa vontade de controlar o mundo, típica e bem batida de vilões da Marvel e de outros Universos fez com que Khonshu chegasse a transformar Nova York, sempre ela é claro, em Nova Tebas, em homenagem a cidade que o adorava nos seus tempos áureos.
Você [Marc Spector, o Cavaleiro da Lua] ainda não entendeu… Quanto mais você me empurra para desaparecer, maior eu cresço. Eu te dei tudo e agora você acha que pode me ignorar? Não se esqueça… Eu sei quem você realmente é.
Frase de Khonshu para Marc Spector, o Cavaleiro da Lua, em seu relacionamento caótico.
Bem ao estilo vilanesco de grandes vilões da Marvel e da DC, ninguém pode entrar no caminho de Khonshu, quando ele pensa que está indo para o caminho correto. Claro que isso trás muitos problemas para os habitantes terrenos, já que nem tudo que o Deus da Lua acredita é de fato o melhor para os humanos.
E o relacionamento abusivo entre Khonshu e o Cavaleiro da Lua? Bem, não precisa dizer muita coisa. Até pelo fato de que uma das partes anseia em controlar e manipular a mente da outra. Ou seja, um relacionamento abusivo clássico. No entanto, Khonshu acaba sendo o fiel da balança em muitas ocasiões na vida do Cavaleiro da Lua, por mais que sua sanidade vá aos poucos para o ralo quanto mais Marc Spector entra nesse mundo de servidão ao Deus da Lua. A relação, por mais conturbada que seja, é capaz de destruir alguns inimigos em comum. A situação só se abala quando o próprio Khonshu, depois de absorver os poderes do Mago Supremo e do Punho de Ferro é derrotado pelo seu lacaio. Só com a Força Fênix é que o Cavaleiro da Lua derrota seu chefe, fazendo-o ser aprisionado nas masmorras de Asgard.

Assim, a arte imita a vida quando trás para o mundo dos herois uma criatura que tem uma história no mundo real. O Khonshu do Cavaleiro da Lua pode ser um pouco diferente na sua forma, bem mais assustadora de fato, do que seu análogo egípcio. Não que uma criatura com cabeça de falcão se encontre em qualquer esquina. Porém, ambos tinham essa ambiguidade de serem bons e maus, a depender de quem observa. Para Khonshu, todas as suas ações são sempre justas, mesmo que isso leve a um derramamento de sangue ou a aniquilação de algumas partes da humanidade. Aliás, é justamente essa justiça que o coloca como uma contraparte de outros elementos da balança, mesmo que nos escritos antigos ele não esteja no julgamento das Almas para o Duat. Isso cabe a Anúbis, o deus chacal. Mas isso serve para uma outra Curiosidade do Guariento Portal.
Cavaleiro da Lua apresenta uma das personificações de Khonshu, o Deus da Lua e responsável por esta Curiosidade do Guariento Portal. A nova série de Super Herois está disponível no Disney +, streaming da Casa de Mickey Mouse. E provavelmente, veremos mais desta criatura nos futuros enredos da Marvel.
* Cavaleiro da Lua é mais uma das várias séries que se situam na Fase 4 do Universo Cinematográfico da Marvel, que ainda conta com exemplares como Loki e Wandavision. Lógico que ela só pode ser vista no Disney +, afinal, a Casa de Mickey Mouse gastou várias arrobas de dólares para usufruir do sucesso que a Casa das Ideias tem feito de suas franquias. Quanto ao Cavaleiro da Lua em si, a série da Marvel conta a história de Marc Spector (Oscar Isaac), um mercenário que sofre com múltiplas personalidades e que é um servo, ou melhor, um avatar do Deus Egípcio Khonshu. No meio dessa bagunça e de muitas perdas de memórias, o mercenário deve lutar contra um culto rival de Khonshu, encabeçado por Arthur Harrow (Ethan Hawke). Antigo avatar do Deus da Lua, mas que agora serve a Ammit, a destruidora de almas pecaminosas do mundo egípcio antigo.
Gratidão, muito manero as informações, compartilhei no blog. Sucesso.
Sem problema meu amigo, pode compartilhar a vontade. E que bom que gostou