Se você mora em Portugal, no Brasil, em Angola ou em países dominados pela Coroa Portuguesa em tempos passados, fala minimamente Português. Esta língua, dotadas de conjugações verbais, interjeições, conjunções, pronomes e variações de tempo e modo demonstra trabalho quando se estuda. E, mesmo com suas diferenças atuais, predominando a forma brasileira do idioma – mesmo não sendo o berço de nascimento. Contudo, todo o”português” falado tem um berço em comum. Está claro que essa língua vem do latim, mas você sabe dizer com precisão como se deu a formação da língua portuguesa?
Pra começo de conversa, o Português tem como partilha o latim vulgar. Diferente da forma eclesiástica, o latim vulgar era usado como língua diária do Império Romano. Logo, ela pertence as chamadas línguas latinas ou românicas. Por mais que tenham diferenças, um falante de Português consegue entender alguma coisa de espanhol, italiano e – com algumas ressalvas – o francês. Isso só ocorre pois estas línguas tem um passado em comum, todas vieram do latim, mas se transformaram.
Claro que com a expansão do Império Romano de Leste até o Oeste da Europa modificou o latim vulgar. Enquanto na região do Leste o latim daria origem ao Romeno por exemplo, tendo influências eslávicas, o Oeste foi diferente. Na região Ibérica – que corresponde a Portugal e Espanha atuais – existiam tribos antes mesmo de Roma. E falavam uma língua diferente, que provinha do Céltico. Assim, tanto o Português quanto o Espanhol – e o Catalão – tem influências dos povos célticos.
O Céltico é o primeiro momento de separação do Latim para a formação do Português:
É possível dizer que o termo céltico remeta aos personagens Asterix e Obelix. Então, eles eram gauleses, uma divisão dos povos célticos. Exatamente na área de Portugal e do Noroeste da Espanha, viviam outras tribos, em especial os Lusitanos e os Galaicos, porém, todos tinham certa ancestralidade e falavam um dialeto próximo. O domínio dos exércitos romanos fez com que aos poucos palavras desta família de línguas fossem incorporadas ao latim daquele lugar, se diferenciado do que era falado no Centro da Europa e na região da Frância – que você já deve perceber que daria origem a França.
No grupo de palavras que se falam atualmente, temos: bezerro, bode, caminho, embaixada, menino, minhoca. Até mesmo a bebida mais consumida no Brasil tem origem celta; cerveja. Infelizmente, por mais que os vestígios celtas ainda existam no Português, eles são bem poucos se comparado ao extrato principal do latim. Em poucas palavras, é possível dizer que o Português é o casamento do céltico com o latim. Só que temos dois casos extraconjugais que estragaram essa relação; o árabe e o tupi, sendo esse último a causa de muitas diferenças entre o idioma do Brasil e o idioma de Portugal. Até a mais recente reforma ortográfica da Língua Portuguesa, as diferenças eram consideradas, mas diminuíram com a padronização do idioma.
A invasão moura trouxe o Árabe para as fileiras da Gramática:
Em relação ao Árabe, no século VIII, a Península Ibérica foi invadida pelos mouros – povo do Norte da África, Islâmico e que usava do árabe. A Reconquista dos povos cristãos só terminaria em 1492, no século XV. Então, é possível perceber tempo suficiente para que o árabe pudesse se integrar ao latim vulgar com o toque céltico que se falava no lugar. O extrato desse povo é bem mais fácil de ser visto; afinal, grande parte das palavras com al no início vem do árabe. O motivo: o prefixo “al” nada mais é do que o artigo; nesse rol, temos o alface, alambique, alcachofra. Embora existam outras que não sigam essa regra, como cenoura, javali, limão, papagaio e tapete.
Aqui, o Espanhol e o Português também tem diferenças. O árabe conseguiu se misturar bem mais com o Português do que com seu irmão vizinho, o que demonstra que algumas palavras em espanhol tem sua origem no latim ou em outra língua, enquanto no idioma das terras lusitanas, usa-se o termo oriundo dos árabes. Alface é um exemplo: no espanhol é letchuga. Muito mais próximo do inglês lettuce. Javali no espanhol é verraco, mais perto do latim verres. Vale lembrar que o árabe é um idioma de uma família completamente distinta do português, sendo uma língua semítica, mais próxima do hebreu e do aramaico.
Finalmente, após a Era dos Descobrimentos o Tupi-Guarani influenciou o Português:
Por fim, mas não menos importante, o último caso extraconjugal do jovem Português foi com o Tupi-Guarani, já depois da era dos Descobrimentos. O idioma, falado pelos indígenas do Novo Mundo, contribuiu para uma das maiores divisões internas dentro da língua, tal como acontece entre o Inglês dos Estados Unidos e do Reino Unido e do Francês da França e do Canadá. O Brasil é a única ex-colônia que não usa um forte sotaque dos visto em outros locais, como Angola e Moçambique, que são próximos ao idioma de Portugal. Todas estas ex-colônias usam o modo de falar dos portugueses da Terra de Belém. Porém, o Brasil não.
Dessa união o ramo culinário foi o mais beneficiado. Maracujá, caju, açaí, tapioca, mandioca são frutas, raízes e outras plantas utilizadas na alimentação indígena, e por isso acabaram passando ao Português através de suas raízes do tupiu-guarani. Além disso, vários substantivos que designam lugares ou animais no Brasil são provenientes de termos indígenas; Pernambuco, jaguar, Paraná, Iguaçu, catapora. Tendo isso em mente, saiba que se por exemplo, se ao falar com um português usar a palavra abacaxi, ele nada entenderá. Agora, se falar ananás, a compreensão ocorrerá.
Sendo assim, é possível extrair que o Português é um grande evento histórico; uma festa em que o latim vulgar é o anfitrião. O céltico foi seu primeiro amor, enquanto que o árabe e o tupi viraram seus conchavos de tempos mais modernos. Com isso, o latim falado na região de Portugal aos poucos foi se diferenciando de todo o restante da Europa, que deram origem a outras línguas. Mesmo assim, até dentro da própria língua existiam suas subdivisões, o que deixa um legado ao mostrar que a língua é um componente vivo. Assim como todas as coisas, ela evolui no decorrer do tempo.