A MORTE NOS PERSEGUE PORQUE NÃO DEVERÍAMOS EXISTIR.
O mais complicado para uma franquia é se estabelecer como um marco. A Hora do Pesadelo (1984) marcou a aparição do mestre dos pesadelos Freddy Krueger, figura que, ao lado de Michel Myers de Halloween (2018) e Jason Voorhees de Sexta-feira 13 (1980), se tornaram mestres do terror. Porém, é no ano 2000 que uma franquia ganha holofotes, sendo seu nome Premonição. Décadas depois de seu último filme, a franquia retorna ao seu melhor estilo. Há uma premonição no qual o protagonista consegue salvar um grupo de pessoas. É então que a Morte, a entidade, vai atrás dessas pessoas, que a essa altura já constituíram famílias, filhos, uma verdadeira linhagem. Essa é a estrutura de Premonição 6: Laços de Sangue, dirigido por Zach Lipovsky e Adam Stein que guarda mais uma vez a busca da Morte por pessoas que já não deveriam estar neste mundo.

A FAMÍLIA VEM PRIMEIRO, INCLUSIVE PARA A MORTE:
De forma contraditória ao que ocorre em filmes de terror, Premonição 6: Laços de Sangue tem como um de seus méritos o roteiro. E isso não é erro de digitação. A narrativa, assinada por Guy Busick não só se mantém coesa com a estrutura da franquia como também é mais ousada, trazendo uma espécie de primeira maldição. Quando a então jovem Iris evita um acidente catastrófico em uma torre, ela obriga a Morte a trabalhar em dobro por todos os que morreriam naquele instante. E inclusive sua descendência criada por este distúrbio. Há uma previsibilidade da ordem das mortes, que diminui o impacto emocional das perdas obviamente. Porém, a narrativa consegue criar nuances e plot twists interessantes, fazendo o espectador se afeiçoar àquela família, até mesmo em seu fim. Aliás, o primeiro ato, o acidente da torre, é, sem dúvida, um dos melhores da franquia, só devendo nos efeitos especiais.
O ELENCO JOVEM TRABALHA BEM, MAS É TONY TODD QUE ROUBA A CENA:
Mesmo com uma boa história, Premonição 6: Laços de Sangue não agradaria se em parte não tivesse seu elenco. A jovem Iris, vivida por Brec Bassinger oferece o carisma e o desespero necessário de uma pessoa que acabou de ter uma visão terrível de sua morte e de várias outras pessoas. Depois disso, é então sua neta, Stefani, vivida por Kaitilyn Santa Juana no qual os holofotes para enfrentar a morte se põem. Embora não seja uma visionária, ela tem em mãos um livro, dado por sua avó, que apresenta as inúmeras probabilidades e os cuidados que devem ser tomadas. Menos emotiva, a personagem tem problemas internos, familiares e escolares, trazendo certa humanidade. Claro que o elenco de apoio, embora com certos arquétipos, também se faz presente em Premonição 6: Laços de Sangue, em especial na última aparição de William Bludworth, interpretado por Tony Todd, que faleceria logo depois.

EFEITOS PRÁTICOS AO NÍVEL DE PREMONIÇÃO:
Estranhamente, Premonição 6: Laços de Sangue parece ser um misto de Premonição 3 (2006) e Premonição 4 (2009) quanto ao uso de efeitos práticos e especiais. De um lado, o uso prático de maquiagem, em especial nas mortes, é impressionante, trazendo o lado mais sádico que a Morte pode possuir. Com um detalhamento e um nível de gore comparado com Jogos Mortais X (2023). Porém, quando busca os efeitos especiais, a história parece se inverter, se tornando claramente falso. Nem mesmo o acidente inicial foge dessa questão. Embora esses efeitos sejam dosados, é inegável que alguns momentos exageram na artificialidade, tirando seu impacto. O bom uso dos efeitos práticos inclusive traz uma atmosfera ainda mais crua nos preparativos criativos da Morte. Definitivamente, não é algo que torna um ponto baixo em Premonição 6: Laços de Sangue. Mas é algo que pode tirar o espectador de sua imersão.
TRILHA E FOTOGRAFIA TÍPICAS DESSE TIPO DE FILME:
Outro ponto que sempre foi um destaque na franquia é sua sonoplastia. A trilha sonora de Brian Tyler é eficaz em Premonição 6: Laços de Sangue, com composições que amplificam a tensão e silêncios bem utilizados que aumentam o suspense. Ou então, de maneira bem contraditória, o nível de humor de certos personagens. Embora funcione para sustentar a atmosfera de suspense, a trilha não é algo que ganhe apego, mesmo com o uso interessante de Without You, interpretada pela banda Air Supply. Os sons diegéticos, como caminhões, o vento e máquinas sendo ligadas, são amplificados justamente no sentido de serem pistas prováveis de qual será o passo da Morte. Essa sonoplastia é também capitaneada pela fotografia, sob o comando de Checco Varese, que mesmo nos momentos de dia e com alta intensidade, consegue criar elementos naturais, como uma escuridão de um equipamento ou outro elemento com potencial mortal.

ENTRE O MEDO E A DIVERSÃO:
Para quem busca entretenimento, Premonição 6: Laços de Sangue entrega o que promete. É um filme que diverte, choca e mantém a tensão. A questão de momentos de comédia poderia ser um fator de desagrado. Porém, o roteiro do filme consegue fazer esses encaixes ao ponto de não incomodar. Mesmo com a sua duração de 109 minutos, Premonição 6: Laços de Sangue consegue equilibrar momentos familiares com a lógica de perseguição da Morte. Nesse meio, claro que descobrir como será o destino dos personagens é um legítimo passatempo da franquia, e em termos criativos, o uso do impensável se faz presente. Desde uma máquina de ressonância magnética até um caminhão de lixo. O filme, sem dúvida, não tem o estilo onde o horror sobrenatural se sobressai, como em O Exorcista (1973), mas tem seu ponto de diversão com a mescla do gore e com os elementos do sobrenatural.
TAL COMO AS VISÕES, VOCÊ JÁ VIU ISSO TUDO ANTES:
Agora, tão inevitável quanto a Morte, são os erros de Premonição 6: Laços de Sangue. Além da questão de seus efeitos especiais, o filme tem momentos que o fazem não ser o melhor da franquia. Ainda temos os típicos personagens arquétipos que, desde Premonição (2000), fazem parte da franquia. Como se, no fim das contas, fossem apenas parte de uma lista vazia cujo intuito é brilhar na criatividade de suas mortes. O roteiro até reinventa essa história, colocando uma família inteira na questão. Porém, é possível destacar que com apenas uma linha temos as características de todos os irmãos e primos na linha da morte. De um lado, temos uma história que até tenta criar algumas camadas em seus personagens. Mas do outro, de maneira pura e simples, temos uma intenção de um filme que seu principal mecanismo é o de açougue. Transformar pessoas em carne para o abate.

INOVAÇÃO, MAS NÃO COMO UMA TORRE GIRATÓRIA:
Mesmo que de forma estranha, Premonição 6: Laços de Sangue não inova em seus pormenores. Afinal, temos pessoas que sobrevivem a um acidente e agora são caçadas pela Morte. Porém, ele tenta criar diferenças consideráveis. A inclusão de uma família tem o condão de incentivar relações mais humanas. Além disso, a protagonista não é a responsável por ter a premonição, o que indica que qualquer um, com o devido conhecimento, pode tentar sobreviver. Há uma certa tentativa de interligar os eventos de todos os antecessores, incluindo a sobrevivência ou não de personagens do passado. Mesmo assim, sem muitos rodeios, é possível trocar o acidente com o caminhão com toras de madeira na Rodovia 180 de Premonição 2 (2003) pela ponte de Premonição 5 (2011) e também pela torre de Premonição 6: Laços de Sangue. No fim das contas, esses laços não são somente da família.
DIREÇÃO SEM UMA ASSINATURA MARCANTE, MAS COM BOAS MORTES:
Outro ponto que pode ser questionável é a direção de Lipovsky e Stein. Se por um lado ela é eficiente, acaba carecendo de uma assinatura visual mais ousada. De forma geral, as cenas que são os preparativos para as mortes são bem conduzidas, mas sem uma originalidade marcante. Não há um jogo de câmera autoral ou qualquer marca que indique a assinatura dos diretores. A expectativa em torno do retorno da franquia é atendida em parte, o filme agrada aos nostálgicos, mas não impressiona os que esperavam algo diferente. O mesmo pode ser dito da produção, que em suma mantém toda a estrutura, embora dinâmica, mas sem nenhuma assinatura que a diferencie. Talvez sua peça marcante seja a morte pela ressonância magnética, extremamente aflitiva. Aliás, aflição é um ponto que, mesmo com seus defeitos, Premonição 6: Laços de Sangue consegue criar, e com tranquilidade.

EU NÃO VIVO SEM VOCÊ, MESMO COM UMA NOTA: 6.7/10.0
No fim das contas, e após se esconder de um trem descarrilado, Premonição 6: Laços de Sangue é um retorno seguro e competente de uma franquia que não via o sol por mais de uma década. O acidente inicial é de fato um dos melhores da franquia, ao mesmo tempo que se tenta explicar acontecimentos pretéritos. O uso inclusive de uma família é um ponto para elevar o sentimento dos personagens. Com efeitos práticos de ponta, Premonição 6: Laços de Sangue segue a cartilha da franquia ao ponto de deixar sua base nostálgica satisfeita. Os elementos clássicos estão presentes, mas a falta de uma inovação mais robusta e uma direção que poderia ser mais criativa impedem que o filme atinja um novo patamar. Ainda assim, é um bom capítulo da franquia. Gostou da Crítica? Não deixe de explorar outros momentos da franquia Premonição, no Guariento Portal e no IMDB.
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Números
Premonição 6: Laços de Sangue (2025)
Premonição 6: Laços de Sangue, filme de 2025 dirigido pea dupla Zach Lipovsky e Adam Stein é um retorno seguro e competente de uma franquia clássico. Tudo está presente, mas a falta de uma inovação mais robusta e uma direção que poderia ser mais criativa impede que o filme atinja um novo patamar. Ainda assim, é um bom capítulo da franquia.
PRÓS
- A narrativa equilibra o medo de uma família com a Lista da Morte.
- Os efeitos práticos continuam tão bons quanto antigamente, e sangrentos.
- As protagonistas são empáticas ao redor de personagens caricatos.
- É divertido rever o conceito da franquia na fotografia e na sonoplastia.
CONTRAS
- A produção é praticamente protocolar, sem pontos autorais.
- Embora tente, é visível que temos o mesmo filme, dessa vez pela sexta vez.
- Os efeitos especiais por vezes se transforma em algo artificial.