Era 1984. Naquele tempo, Michael Meyers e Jason Vorheess já eram velhos conhecidos do gênero horror, passando a faca em praticamente meio mundo que aparecia em seu caminho. Uma certa ideia de cansaço já se abatia sobre essas franquias. Era necessário criar um novo sopro, não de vida, mas de sonho. É então que Wes Craven, depois de um tempo procurando um estúdio para um certo tipo de história conseguiu o apoio da New Line Cinema. E juntou com algumas histórias que escutou por aí. Dentro do enredo, um grupo de adolescentes era incansavelmente perseguidos por uma criatura com a face queimada, era Freddy Krueger. Nascia assim A Hora do Pesadelo, sem dúvida clássico dentro dos filmes de terror e que tem uma Crítica toda especial no Revisitando o Passado aqui do Guariento Portal. Então vem com a gente, contando até dez!
Um, dois, o Freddy vem te pegar. Três, quatro, é melhor trancar a porta. Cinco, seis, agarre seu crucifixo. Sete, oito, fique acordado até tarde. Nove, dez, não durma nunca mais.
Canção de Freddy Krueger em A Hora do Pesadelo (1984).
Dá pra falar de A Hora do Pesadelo sem Freddy Krueger? É claro que não dá. Ele é a cereja do bolo dessa história bem sangrenta na verdade. E ele sabe disso.
Iniciando esse Revisitando o Passado, é fundamental dizer que o que mais se destaca em A Hora do Pesadelo de 1984 é a formatação de sua história. E como ela é diferentona de todos os demais a sua época. Tudo pelo fato de que Freddy Krueger, o terrível vilão e quase protagonista é verdade, não corre atrás de suas vítimas a luz do dia. Pelo menos não a todo o momento. Mas sim, seu grande triunfo é o mundo dos sonhos. Ali, naquele reino onde não há escapatória, pois todo mundo alguma hora dorme. E lá, ele domina, e com maestria. Brinca com os sentimentos de sua vítima como ninguém. E essa formatação do personagem o faz se distinguir ainda mais. Pois ele de fato gosta de bater um papinho, tomar um café somente para depois eviscerar sua vítima em A Hora do Pesadelo.
Outro ponto positivo nessa Crítica é a forma em que a história prossegue. Embora Freddy Krueger seja visto como a criatura vil que é, todo queimado, com garras de metal e com um suéter que o nosso subconsciente não consegue distinguir as cores, o espectador não sabe quase absolutamente nada na história pregressa do personagem. No decorrer do filme, só se sabe que ele fez algo de muito ruim e que os adultos moradores da Rua Elm deram cabo a sua vida como salvadores da pátria. No entanto, ele volta em sua forma espectral ou quase viva completamente deformada e com um senso de humor que ninguém gostaria de encontrar. Isso porém é o pontapé necessário para deixar uma situação de suspense no qual assim como os personagens, o espectador simplesmente não tem grandes informações sobre esse vilão, que está ali.
Um bom elenco também é importante, sem dúvida. Mas A Hora do Pesadelo consegue contar uma história bem diferente. Afinal, essa pergunta sempre tem que estar na mente. Como eu vou me livrar de um assassino que ataca no mundo dos sonhos?
Isso até poderia ser algo ruim certo? Mas não com os três atos de A Hora do Pesadelo. Com uma introdução simples, não necessariamente é obrigação de um filme discursar sobre o seu antagonista. Já o segundo ato e uma parcela do terceiro dão azo a tudo que o filme consegue fazer de melhor. E as principais cenas estão nestes dois momentos. Grande parte delas inclusive muito bem produzidos com o uso de efeitos práticos ao invés da computação gráfica da década de 80. O conto da história da perseguição de Freddy é feito de forma que, como dito, o espectador não tem um minuto de paz, em uma crescente que tecnicamente, abusa de uma tática de confusão. Tanto a câmera quanto que pelo uso da iluminação do diretor e equipe técnica, não é possível ao certo saber quando se inicia o mundo dos sonhos ou o mundo real.
Continuando esse Revisitando o Passado, mais um ponto positivo que se destaca dentro de A Hora do Pesadelo, além é claro de seu antagonista é a boa escalação do grupo de adolescentes. Desconhecidos a época, e um tanto estereotipados, algo natural nos filmes dessa época, o grupo consegue cativar, e cada um tem seu próprio momento. Tina (Amada Wyss) por exemplo, responsável por uma das mortes mais dramáticas da franquia é tão simples e com uma idealização pura que em seus momentos com Freddy Krueger o espectador consegue ter mais do que ter carisma. Ele quer que ela se salve, uma empatia que a gente sabe que não vai dar certo. Até por que a história terá de prosseguir. No entanto, é Nancy (Heather Langenkamp) a final girl completamente diferente das já até vista em outros filmes do estilo slasher. Ou seja, com mais de dois neurônios.
Uma investigação no qual Salsicha e Scooby jamais iriam querer investigar. Mas ela tem alguns problemas. Em especial seu terceiro ato. Algo que se você acompanha o Guariento Portal parece ser um problema de quase todo filme de Terror.
Aos poucos, entendendo que seus pais e os outros adultos da Rua Elm escondem bem mais do que belas caras de uma vida suburbana, Nancy se une ao seu namorado Glen (Johnny Depp), os últimos sobreviventes. É então que os meandros do mundo dos sonhos são desbravados, com a jovem sendo corajosa, embora não de forma burra. Há sim uma certa inteligência em suas ações. Logo, A Hora do Pesadelo não sofre com a idiotice de seus membros. Pelo menos não tanto quando de outros filmes da mesma década. Agora, junte tudo isso com uma bela trilha sonora produzida por Charles Bernstein, com sintetizadores e outros ruídos que entram no cérebro do espectador, e temos um slasher bem diferentão. Na verdade, A Hora do Pesadelo tem muito mais aspectos psicológicos do que simplesmente um jogo de gato e rato.
Entretanto, é importante destacar nessa Crítica do Revisitando o Passado que nem tudo que reluz é ouro. Ou melhor, é metal que nem a garra do Freddy. Se quase todos os conceitos técnicos são ótimos, como a utilização de luz para esconder a dualidade sonho e realidade, a câmera nos momentos de corre corre ou até mesmo os efeitos práticos. Os efeitos especiais não são tão bons e envelheceram bem mal. É interessante notar que A Hora do Pesadelo inclusive mantém suas melhores cenas, como dito, com seus efeitos práticos, tão simples e assustadores quanto na década de 80. No entanto, o maior problema é em seu terceiro ato, onde percebe-se claramente uma correria para a resolução do problema que o roteiro especialmente se vê necessário em colocar frases explicativas demais. Coisa que não tinha sido feito no filme inteiro.
Eu sei que ninguém quer encontrar Freddy Krueger, mas ele já tem seu lugar cativo, isso é impossível não falar. A Hora do Pesadelo tem seus problemas, mas não deixa de ser um excelente filme que mudou bastante coisa no mundo do terror.
Desta forma, com alguns pequenos defeitos em especial no seu terceiro ato, A Hora do Pesadelo tem todos os méritos de ser colocado no Hall da Fama do mundo do terror. Primeiramente, e obviamente, pelo seu antagonista tão icônico, ao ponto de praticamente roubar todos os holofotes. E realmente rouba com a apresentação de Robert Englund dentro de uma criatura que visualmente dá medo, mas é em seu comportamento sádico que os pesadelos acontecem. Além disso, essa dualidade de sonho e pesadelo, que sem dúvida colocou muito marmanjo morrendo de medo de dormir é de fato uma inovação dentro deste Universo. Trazendo assim uma criatura brutal, mas que a princípio sequer se sabe sobre sua vida, e nem como derrotar, uma investigação sobrenatural. Mas que diferente de Scooby Doo, o final pode não ser legal para os investigadores. Basta não dormir.
E isso também se passa pela parte técnica, como a direção dos personagens, o uso de uma boa fotografia e câmera com ângulos corretos. Assim como o uso (e abuso) de efeitos práticos, que marcaram cenas como a morte de Tina e de Glen. A trilha também merece destaque, sempre sendo colocada em Listas de Trilhas mais Assustadoras. E no Guariento Portal não foi diferente. Assim como o bom uso de uma final girl como Nancy e seu grupo de personagens que cativam, não são tão ingênuos nem burros quanto outros vistos no cinema. Infelizmente, alguns deslizes como o terceiro ato e o uso de alguns efeitos fazem com que o filme perca um pequena linha do suéter empoeirado de Freddy, mas nem por isso A Hora do Pesadelo sai de seu trono infernal como um dos mais poderosos filmes de terror vindos da mente do genial Wes Craven.
A grande pergunta, Guariento Portal, você recomenda esse filme para quem? Ora, é óbvio que como mostra essa Crítica o filme é uma aclamação universal para os amentos do gênero. E mesmo se você não goste tanto assim, a gente aqui fala pra você dar uma boa olhada em A Hora do Pesadelo.
Então, pela Crítica do nosso Revisitando ao Passado, fica a pergunta. Ele é recomendado para quem? Olha, primeiramente, nos espantamos se você gosta do gênero Terror e nunca viu A Hora do Pesadelo. Pois então está na hora de consertar este terrível erro. O filme que trouxe Freddy Krueger como ícone da vilania até hoje marca uma estrutura do gênero que alguns outros longas usaram e abusaram com maestria. Mas é a brincadeira do mundo dos sonhos que faz com que o longa seja ao mesmo tempo brutal e lúdico, unindo duas vertentes que nenhum outro filme havia feito ainda. Então, se prepare com a áspera língua de Freddy Krueger, cenas realmente assustadoras e um grupo de adolescentes descobrindo o que de fato ocorreu na Rua Elm. A Hora do Pesadelo é símbolo do gênero terror e merece ser visto por qualquer um que aprecie este estilo.
Então, vai querer mais alguma Crítica do Guariento Portal sobre esse e outros assuntos? É claro que o mundo do terror é completamente inesgotável, e você pode conferir Especiais e Outras Críticas de filmes que nós já fizemos (e que, quem sabe podem aparecer em breve em uma nova listagem). Pra isso, a gente só quer uma coisa, se inscreva aqui no Guariento Portal, para sempre estar por dentro de nossas novidades, que não é só filme, mas também games e séries. A depender de como estamos nos sentido e como o mercado para views está no momento. Quer dar dicas de filmes e games? Sinta-se a vontade! Conheça também o nosso canal brother Urso.TV, que tem uma biblioteca colossalmente grande de filmes a disposição para você ver notas, atores, diretores e tudo mais. O que está esperando? A gente te espera em breve aqui no Guariento Portal.
Números
A Hora do Pesadelo (1984)
Nem mesmo no mundo dos sonhos você está salvo. É com essa premissa que A Hora do Pesadelo (1984) trás um dos mais sádicos vilões do cinema, Freddy Krueger, em um filme de terror inovador para a sua época, e até mesmo para os dias atuais.
PRÓS
- O Antagonista é marcante e rouba os holofotes em qualquer aparição.
- A narrativa é rápida, não descansa e não precisa explicar tudo nos mínimos detalhes.
- O corpo de Protagonistas tem seu charme e empatia. A gente até torce por eles.
- Boa direção, com bom uso da iluminação e da câmera para confundir o espectador entre os sonhos e a realidade.
- Trilha sonora e efeitos práticos são muito bem utilizados, marcando as principais cenas do filme.
CONTRAS
- Os efeitos especiais não são tão bons quanto os práticos.
- O terceiro ato peca ao mostrar muita coisa, de maneira rápida, que não precisava.