Feliz 2035
Como eu mencionei na minha análise do Metro Last Light, a série de livros Metro, conta com três obras (2033, 2034 e 2035). Portanto, nada mais natural do que vir um jogo para fechar essa trilogia. E foi assim, que Metro Exodus surgiu! Lançado em 14/02/19, sendo desenvolvido pela 4Games e publicado pela Deep Silver para PS4, Xbox One e PC. Tratando-se de um jogo de ação, com elementos de survivor, e muito tiro em primeira pessoa. Ambientado em um mundo aberto com muita neve e criaturas mutantes!
Artyom aventureiro
Metro Exodus, começa com o nosso pensador silencioso, Artyom, contando como era o mundo antes da grande guerra nuclear que acabou com a vida na Terra. E o mais legal desse início é que estamos dentro de um trem, e vemos várias cenas do lado de fora, em vários momentos e situações! Então as portas do trem se abrem e percebemos que Artyom, depois do jogo anterior, decidiu sair em expedições para poder encontrar um lugar seguro na superfície! E é ai que o jogo começa!
O restaurador de máscara
Primeiramente, vamos à parte mais importante de Metro Exodus, que é o seu combate. Em toda sequência, eu espero que tudo que deu certo no anterior seja mantido e que algumas adições cheguem para agregar ainda mais. Então, aqui Artyom conta com os mesmos movimentos. Correr, abaixar, mirar e atirar, apagar luzes, etc. Tudo que já mencionei nos textos anteriores. Porém, com uma novidade muito bem vinda: Agora é possível concertar as máscaras durante o combate. Isso é incrível! Ajuda bastante na visualização inclusive.
Mas, nem tudo são flores. Metro Exodus, por algum motivo, decidiu trazer um combate mais lento e travado do que os seus antecessores. E você não leu errado. Eu disse antecessores no plural, incluindo o Metro 2033 que já é um jogo mais lento, focado no stealth. Mas o Metro Exodus conseguiu travar mais a gameplay e isso me incomodou do inicio ao fim. Pois, acaba não condizendo com o tamanho do mapa (que agora é mundo aberto).
Um ritmo horrível
Não me entenda mal. Os controles funcionam. Respondem bem. Porém, é menos divertido e acaba sendo decepcionante. Se você jogou Far Cry, que também um jogo de tiro em primeira pessoa, num mundo aberto, vai entender a importância de uma movimentação fluída e dinâmica em um ambiente maior. E Metro Exodus falha totalmente nisso, arrastando demais a gameplay. Além disso, acaba soando como uma regressão na franquia.
Inclusive, um pequeno detalhe que exemplifica o quão mais lenta a gameplay está. Nos dois anteriores, sempre que íamos interagir com um objeto (uma alavanca, por exemplo) era só apertar um botão (quadrado no Playstation) e pronto, Artyom já acionava. Agora, é preciso segurar o botão, deixando até as interações mais lentas. Entende? É algo simples, mas quando você vem direto dos jogos anteriores, soa como uma quebra de ritmo muito ruim.
Arremessando as latas
Em seguida, vou aproveitar que falei da gameplay em si, para comentar um pouco sobre as armas e os inimigos. Metro Exodus manteve o sistema de customização de armas, mas agora está muito mais prático! Artyom pode parar a qualquer momento, abrir sua mochila, e modificar armas e até criar itens. Eu, particularmente, acabei me apegando ao fato de precisar ir até um local específico para isso, então não usei tanto o recurso. Mas, achei ele incrível!
Então, vamos as armas novas. Nós temos a Stallion , que é uma pistola semiautomática. Um rifle chamado Bulldog que acabei usando bastante. A Sammy, que lembra muito a antiga Thompson. O Coquetel Molotov. E, por último e talvez o que mais muda a experiência: As latas! Essas latas servem para atrair os inimigos até pontos específicos e isso ajuda muito se você curte progredir no stealth!
Limpando a sujeira
Todavia, é bom ressaltar que as armas agora sujam! E quando isso acontece, elas acabam travando durante o combate e tem o dano reduzido. Então, não se esqueça de sempre limpá-las. Além disso, agora Artyom perdeu o sistema de recovery. Ou seja, só da para recuperar a vida com item de cura. A ideia das armas sujarem eu achei, tranquila. Muitas vezes é chato, porque as armas só podem ser limpas em um balcão, mas você acaba se acostumando.
Agora, a exclusão do recovery eu reclamei do início até o final da campanha. Faz muita diferença e eu realmente não entendi porque tiraram. Talvez para incentivar que você use mais a criação de itens, e assim crie vários kits médicos. Mas, a aplicação é ruim. Você se acostuma com uma mecânica ótima, para no jogo seguinte, ver ela indo por água abaixo. E, novamente, reduz ainda mais o dinamismo do combate.
Por fim, vamos aos inimigos. Metro Exodus tem algumas novidades, como mutantes que parecem zumbis e uma nova espécie com poderes elétricos e umas minhocas grandes. Nenhum realmente memorável. Já os humanos, agora podem ser localizados em acampamentos (igual em vários jogos de mundo aberto). Porém, a dominação desses locais não faz muita diferença. Quase sempre encontrar uma bancada, ou uma notinha para coletar. Soa como perda de tempo, infelizmente.
A moda do mundo aberto
Então, vamos pular para outra parte polêmica do Metro Exodus: O mundo aberto. Em primeiro lugar, quero falar que Metro Exodus traz um mundo aberto bem chato e desinteressante. Por dois motivos. Primeiro, como eu já mencionei, os controles lentos de desencorajam à explorar, já que tudo é lento. Segundo, e mais grave, é o design do mundo e das missões. Aqui, você tem um mapa um pouco confuso, onde as vezes você vê uma localização e quando chega lá, tem um caminho bloqueado de forma artificial, fazendo sua viagem ser inútil.
Outro detalhe são as recompensas. Você explora, mata inimigos e recebe sempre as mesmas coisas. Itens para craftar e algumas notas. Assim, aqui nós temos uma variedade maior de colecionáveis, como cartões postais e fitas de áudio e isso é bom. Mas, é só isso. Além disso, as missões secundárias são, em sua grande maioria, desinteressantes. Elas possuem variações, onde de dia temos mais humanos e a noite mais mutantes para enfrentar. E, por mais que isso seja um acerto, elas são chatas e não tem muito incentivo para fazê-las, já que a recompensa não é satisfatória.
A beleza da exploração linear
Ao passo que falamos da exploração, é bom mencionar que temos veículos. Carros, barcos e até controlamos um trem. Porém, a dirigibilidade do barco é horrível. Com certeza a pior que já vi. Já nos carros é bem tranquila, porém, se você tentar abrir o mapa enquanto estiver no carro, a câmera buga (toda vez). Então, eu tinha que ficar saindo do carro para verificar a minha localização, e novamente, travando a gameplay. E isso vale para os barcos, pois, eles são tão ruins de controlar que te desencoraja a explorar regiões onde você precisa se mover pela água.
Metro Exodus é um jogo que perdeu demais por ser mundo aberto. Era muito condizente seguir a linha da franquia com uma experiência linear. É claro que, a história traz sentido à uma exploração mais aberta. Todavia, não é só porque a trama conta uma aventura exploratória, que precisa ser ambientada em um mundo aberto. Como The Last of Us e God of War, por exemplo.
Atrás de sobreviventes!
Então, já que comentei da história, é bom partir para ela não é?! Pois vamos lá. Logo depois, vemos Artyom e Anna em uma exploração e, depois disso, eles acabam avistando um trem! E, obviamente, ficam em choque, já que sempre disseram que no mundo existiam somente nos metrôs com vida, já que a superfície não era habitável.
Então, Artyom que estava determinado a encontrar algo, se anima ainda mais. Porém, ele e a Anna são sequestrados e é ai que a história começa de vez, com algumas pequenas reviravoltas, cenários diversos e uma aventura que é, de fato divertida. Metro Exodus, como esperado, foca em expandir o mundo e finalizar a jornada do Artyom. Ele ainda segue sendo silencioso, mas muito falante nas telas de load. Eu, particularmente, gostei bastante dessa história. Ainda prefiro o Last Light, mas, Exodus conta com momentos emocionantes e um final bonito! Inclusive, esse fim de trilogia me despertou uma vontade genuína de ler os três livros porque eu realmente me apeguei a Anna, Miller e principalmente ao nosso pensador silencioso, Artyom.
Lindo de se ver, horrível de explorar
Logo depois da história, é hora do lado técnico de Metro Exodus. E aqui, eu já adianto que entregaram um misto de emoções! Visualmente, nós temos um jogo incrível! Eu disse que o design do mundo não era bom, mas isso é no quesito prático. Porque, visualmente, Metro Exodus é estonteante! Todas as ambientações, sem exceção, são incrivelmente bonitas! É aquele tipo de jogo onde você tira um print a cada 5 minutos e coloca todos como papel de parede! Realmente um deleite para os olhos!
Já a trilha sonora, ela é bem simples, com alguns momentos memoráveis. A música que toca na volta de Dead City é insana. Entretanto, a grande maioria é esquecível. Agora, o level design é, sem dúvida, o maior defeito técnico de Metro Exodus. Como já adiantei, o mundo é sem graça e não incentiva a exploração já que não traz nenhuma recompensa relevante. É realmente o level design mais fraco da trilogia.
O problema das DLCs
E, para finalizar, temos os bugs. Metro Exodus tem alguns bugs e problemas técnicos bem chatos. Primeiramente, o load inicial, no PS4, demora quase cinco minutos e isso é inadmissível. Red Dead Redemption 2 carrega mais rápido do que isso! Outro detalhe, foi o fato do jogo ter travado completamente comigo, travando o progresso e me forçando a reiniciar e também um crash bizarro.
Mas, o que mais me incomodou foram os problemas com as DLCs. Eu comprei a versão gold com o pacote completo. Elas baixaram, junto com o jogo, mas ficaram inacessíveis, mesmo depois deu ter zerado o jogo e renovado as licenças. É, sem dúvida, a pior experiência com um pacote de expansão que já tive. A solução foi: Baixar o jogo todo primeiro, entrar nele, e depois baixar as expansões. Um transtorno que durou dias e eu quase desisti de jogar as DLCs por isso!
The Two Colonels
Por fim, vamos a elas né, as DLCs. Então, vamos começar com a The Two Colonels e tanto nessa, quanto na seguinte, eu vou ser bem brando para evitar spoiler, pois elas são curtas. Primeiramente, eu quero fazer um elogio que, para mim, elevou bastante o nível dessa DLC: O mapa é linear! Sério, eu não consigo expressar o quão feliz eu fiquei! The Two Colonels começa com o coronel Khlebnikov tendo que queimar uma espécie de gosma que estava infestando o metrô. Então, já temos a volta do lança-chamas.
Voltando as origens
Graficamente, ela não muda nada do jogo base, mas tem um level design muito melhor! Provando que, Metro Exodus ia ser incrível se fosse linear. Além disso, ela traz de volta aquela atmosfera mais tensa de survivor com ambientes mais fechados e sem escapatória dos jogos anteriores! No quesito novidades, a única é o lança-chamas, que inclusive pode servir para iluminar o caminho. Já sobre a sua história, eu gostei, mas ainda prefiro a presente no jogo base. Em suma, essa DLC eu considero obrigatória!
Sam’s Story
Por último, Sam’s Story. Nela, nós voltamos ao mapa aberto (infelizmente) e jogamos com o Sam, que é um dos amigos de Artyom e que, após os eventos do Exodus, decide voltar até sua terra natal! E, assim, ele acaba encontrando um capitão muito carismático e uma sociedade altamente questionável. Sam’s Story traz algumas novidades a mais, como um detector de objetos, munição incendiária e o fato de que, quando você está com todos os itens de cura cheios e coleta mais um, você recebe componentes em troca.
Outro detalhe são os inimigos. Agora temos aranhas elétricas e uma espécie de vampiro que é um chefão recorrente na história e que tem uma das lutas mais chatas que eu já presenciei. Não é chata de difícil, é chata de ser sem graça mesmo. Todas as vezes que o enfrentamos, é uma sensação de perda de tempo. Muito mal feito.
Insistindo no erro
Inclusive, o level design segue ruim, mas aqui nós temos uma sequência em um prédio onde a 4Games conseguiu entregar o mapa mais confuso de toda a saga! Parece que queriam se superar. Minha cabeça até doeu de tão confuso e chato! Infelizmente, é triste sair da Two Colonels e vir para Sam’s Story. Entretanto, a história é legal também. A batalha final exige uma suspensão de descrença incrível, já que não faz o menor sentido. Mas, eu fiquei bem determinado em ajudar o Sam a chegar até sua terra natal!
Conclusão
Em síntese, Metro Exodus traz gráficos incrivelmente bonitos, personagens muito legais e uma história cativante. Além disso, conta com boas novidades, como as latas para distração dos inimigos, craft de itens e concerto das máscaras. Entretanto, peca em todo o resto. Tem um combate travado que não diverte e regride com relação aos anteriores, um level design muito fraco e sem graça que não incentiva a exploração, e uma trilha sonora esquecível. Agora, pelo lado das DLCs, temos a The Two Colonels que tem uma excelente atmosfera e um level design muito bem feito, mostrando o que poderia ter sido o jogo base! Em contra partida, Sam’s Story traz os mesmos erros e ainda piorar alguns aspectos. Porém, ambas contam com boas histórias que conseguem te prender até o final.
Em questão de história, foi um fechamento muito bom para as aventuras do Artyom. Mas, nosso pensador merecia um último jogo melhor e mais polido no conjunto da obra. O maior conselho que posso dar é que você não jogue nenhum jogo da série antes do Exodus, porque, todas as pessoas que vejo elogiando ele, ou ficaram anos sem jogar algum outro da saga, ou até, nunca jogaram! E por isso, acabaram não comparando. Mas, infelizmente, colocando os três lado a lado, temos aqui uma queda considerável.
Números
Metro Exodus
Metro Exodus traz gráficos lindos, uma história interessante e bons personagens. Mas, peca no level design ruim, uma trilha sonora esquecível e na gameplay travada.
PRÓS
- Gráficos incrivelmente bonitos
- Uma história interessante
- Bons personagens
- Expansão The Two Colonels entrega uma ótima atmosfera
CONTRAS
- Gameplay muito travada
- Level design mal feito
- Mundo aberto sem graça e pouco inspirado
- Trilha sonora esquecível
- Expansão Sam's Story acentua ainda mais os erros da campanha principal