A trilogia de Indiana Jones foi encerrada ainda nos anos 80, após os Caçadores da Arca Perdida, o Templo da Perdição e a Última Cruzada. Entretanto, em 2008, Steven Spielberg e George Lucas retornaram com um novo capítulo da série, vinte anos depois do encerramento da série. É então que o espectador é apresentado a Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Com um salto temporal de aproximadamente vinte anos dentro da série, a narrativa agora tira os nazistas e colocam os russos em plena Guerra Fria. Jones, vivido por Harrison Ford já está bem mais velho, mas isso não quer dizer que não tenha o espírito aventureiro. No meio disso, temos o mito da Caveira de Cristal, um objeto cobiçado como um tesouro escondido na Floresta Amazônica. A pergunta que fica é: foi o suficiente para ser uma homenagem a franquia?
Primeiramente, e deve-se levar em consideração, A Caveira de Cristal tem como arcabouço tudo já conhecido na franquia Indiana Jones. Pelo menos o que fez a série ser tão popular desde o seu primeiro momento. Tendo como base Os Caçadores da Arca Perdida, temos a necessidade do arqueólogo Henry Jones Jr. de encontrar a Caveira de Cristal depois que um amigo de tempos desapareceu em 1957. A introdução do filme também é uma sensação de nostalgia grata a franquia. Na verdade, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal acerta em evocar toda essa sensação de que o mundo é de fato real, trazendo tanto para antigos e novos espectadores uma sensação típica do gênero aventura. Até mesmo a velha trilha sonora já conhecida continua presente, e agradável.
O Reino da Caveira de Cristal, é de certa forma, uma homenagem a franquia:
Além disso, temos as atuações já conhecidas de Harrison Ford como o arqueólogo. Por mais que a idade já esteja evidente, Indiana Jones continua implacável como sempre. Sobrevivendo a uma investida comunista assim como a um ataque nuclear dentro de uma geladeira, em uma cena que beira a surrealidade. Entretanto, Indiana continua sendo o mesmo cara de sempre. Com um humor bastante sarcástico e ácido. O restante do corpo de personagens tem seus méritos e deméritos. Primeiramente, pelo retorno de Karen Allen, a Marion Ravenwood do primeiro filme. Claro que com mais idade, ainda assim ela é a mesma mulher provocativa que no primeiro filme. A química entre ambos continua a mesma e é um dos pontos altos do longa.
Já para os novos integrantes, a situação é mediana. O então “filho” de Indiana Jones, Mutt Williams tem uma discrepância com o pai. Pois, mesmo sendo um estudioso que gosta de aventura, o arqueólogo é conhecido pelo seu cérebro e por seu raciocínio. Já o mesmo não pode ser dito de seu filho, impulsivo e completamente radical. Entende-se o contraponto feito para que o grupo possa se unir por um momento comum, mesmo assim essa junção demora a fazer efeito. Além dele, a vilã principal, Irina Spalko, protagonizada por Cate Blanchett pode até dar um certo ar de imponência pela atriz, porém não é a mesma coisa que roteiro indica. Sua sede pelo conhecimento a leva a procurar a Caveira de Cristal, mas com um argumento simples e falho de ter “todo o conhecimento” do mundo. Além disso, menos caricato que os nazistas, ela ainda assim tem seu aspecto estereotipado.
A aventura continua, embora não seja tão bela assim:
Como falado anteriormente o longa é uma homenagem a toda a franquia. E por isso mesmo tem seus pontos positivos ao conseguir passar a sensação de exploração. O objeto, a Caveira de Cristal não ganha tantas menções e não é tão renomado quanto a Arca da Aliança ou o Santo Graal, mas serve para seguir com a história. Nem mesmo os comunistas são tão carismáticos, embora menos caricatos, do que seus rivais nazistas. O que segura o filme de fato é sua atmosfera, mantida também por uma competente fotografia em tons claro, que não deixa nenhum momento uma sensação soturna. Mesmo assim, ele apresenta defeitos que com toda certeza retiram o brilho da nova narrativa. Primeiro, e talvez o que mais incomode é o uso exacerbado pelos efeitos técnicos em vez dos efeitos práticos.
Em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal existem momentos em que os efeitos visuais são simplesmente ruins. Basicamente, a partir do segundo ato, o filme passa a se utilizar bastante da tela verde, e que nem sempre condiz com a qualidade que um efeito prático poderia se enquadrar. Além disso, enquanto a história do primeiro longa era mais direta, sem enrolação mas com a qualidade de demonstrar a inteligência de Indiana Jones, nesse o enredo acaba que por deixar de lado esse ponto tão importante da própria criação do personagem. Os enigmas não são tão cativantes, além de serem bastante didáticos, mas do que seus antecessores. Isso não quer dizer que o filme, em especial sua narrativa seja ruim. Mas não é tão inspirada quanto poderia sim. Basicamente, é simples e raso.
No fim das contas, o roteiro e a parte técnica retiram o brilho do que o filme poderia ser:
No fim das contas, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é um filme contraditório. Primeiro, por ser visto como uma homenagem a uma trilogia que já estava fechada desde a década de 80. Mesmo assim, ele apresenta todos os elementos exploratórios que fizeram sucesso no filme original. Inclusive com o retorno do par amoroso e de personalidade própria de Indiana Jones. O próprio arqueólogo também se sai bem, seja em espírito quanto em físico com toda a sua empolgação com a arqueologia. Contudo, sua mentalidade não é tão utilizada assim no filme, uma vez que os enigmas apresentados não tem o mesmo carisma e grandiosidade de seus antecessores.
Além disso, os novos personagens não representam uma grande sensação de inovação, apenas servindo para criar mais situações para um roteiro pouco profundo. No entanto, e sem dúvida o que mais destaca o filme de maneira negativa é o uso indevido de efeitos especiais. Por mais que estivesse em outra era, o uso chega mais a atrapalhar do que a criar uma sensação de interesse do espectador. Essa troca pode até fazer sentido no momento de criação do filme mas não para a franquia. No fim da contas, a homenagem dada em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal termina de maneira bastante agridoce, apresentando uma consistência com seu passado, mas quando da união com o futuro não cai bem. É possível se divertir com o longa, mas ainda assim ele está bem aquém de tudo que a franquia poderia receber.
Números
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
Indiana Jones e Reino da Caveira de Cristal tropeça em pontos decisivos da franquia, em especial nos efeitos visuais e em uma história fraca.
PRÓS
- Retorno da sensação de aventura como conhecido em Indiana Jones
- Homenagem com o mesmo arcabouço já conhecido do primeiro filme.
- Mesmo com a idade, Indiana Jones e Marion Ravenwood tem o mesmo frescor de antigamente.
CONTRAS
- Efeitos visuais são ruins.
- Novos personagens não tem a mesma empatia que os de antigamente.
- Roteiro raso que serve praticamente como a carruagem da história.