A HISTÓRIA QUE NUNCA FOI PEDIDA:
God of War 3 veio em 2010 para, teoricamente, encerrar o ciclo do Fantasma de Esparta. Porém, uma cena pós – crédito deixou uma pequena ponta aberta. Ou seja, os fãs aguardavam o próximo jogo da franquia, que chegou em 2013 com God of War Ascension. Entretanto, para a surpresa de muitos, este não era uma sequência e sim prequel (mais um) contando a história de Kratos antes de Chains of Olympus. E ainda chegou dublado (pelo incrível Ricardo Juarez) e legendado em português do Brasil! Mas, será que deu certo?
Lançado em 12/03/13, sendo desenvolvido pela Santa Monica Studios e publicado pela Sony como um exclusivo de PS3. Tratando-se de um jogo de ação e aventura, no gênero hack ‘n slash. Tendo como temática central a mitologia grega.
OS PRIMORDIAIS:
Antes do jogo começar, nós temos uma breve explicação (bem bonita por sinal) que conta sobre os Primordiais. Seres antigos que ao guerrearem entre si, e acabaram dando origem ao mundo como conhecemos. Um explodiu e virou o céu estrelado, outro se dissolveu e virou o mar e por ai vai.
Porém, do sangue desses seres, nasceram as Fúrias. Entidades que existem no mundo para aplicar a justiça. Então, após a queda dos titãs na primeira Titanomaquia (falei mais sobre ela na análise do God of War 2), as fúrias ‘’trabalhavam’’ para os deuses do Olimpo. Ou seja, garantiam que os pactos dos mortais perante os deuses fossem honrados.
Logo após iniciarmos o jogo, já vemos Kratos acorrentado e sendo tortura por uma das fúrias, Magaira. Porém, o nosso ‘’herói’’ é danado, e rapidamente se livra das correntes que o prendiam e parte para cima da carrasca. E é ai, que o jogo começa!
COMBATE MENOS FLUIDO:
God of War Ascension, trouxe várias novidades para a gameplay da saga, que já se mantinha a mesma por oito anos. Então, temos algumas coisas para falar. De início, a primeira mudança que notamos, é que agora existem alguns momentos onde Kratos consegue prender um inimigo (desde enfiar uma lâmina na cabeça de um Gigante, até prender uma Górgona pelo rabo). E quando estamos nessa posição, podemos bater no inimigo para depois finalizarmos com um ataque extremamente brutal (coisa de partir cabeça ao meio). Mas, temos que tomar cuidado, pois os inimigos também reagem, então devemos usar o analógico direito para esquivar.
Além disso, temos aqui a mudança mais discutível e a que, para mim, torna esse o combate menos gratificante da saga. Até então, Kratos possuía uma sequência básica apertando quadrado que executava até oito hits em sequência. Porém, eles decidiram reduzir essa sequência para quatro hits, e adicionar uma barra de fúria, que enche a medida que acertamos golpes sem levar dano. E quando a barra se enche, o combo total é liberado.
E esse detalhe trava, e muito, a gameplay. Claro que, com o tempo você se acostuma, mas foi uma decisão que até hoje não entendi. Eles ainda adicionaram o fato de que quando a barra enche, nós podemos usar um ataque especial (que varia dependendo da benção que você está usando) ao apertamos L3+R3. Ou seja, você troca um combo com a sequência completa por um ataque especial. Às vezes vale a pena, mas o ideal seria não ter o combo reduzido.
O MESTRE DAS ARMAS:
Contudo, houve uma adição que eu sou muito fã: os ataques físicos! Kratos agora pode dar socos e chutes nos inimigos ao apertamos e segurarmos bolinha, e isso deixa eles levemente atordoados. Todavia, não é só isso. Juntamente com esses ataques, nós agora podemos pegar armas no chão e usá-las no combate, ou jogá-las na cara de um inimigo. Têm espadas, lanças, clavas e todas são bem legais e ajudam nos confrontos!
Ainda falando sobre as novidades, agora Kratos não agarra mais com bolinha, e sim com R1. Porém as novidades não param por ai, o agarrão é feito com as correntes, ou seja, podemos buscar inimigos de longe, e então bater neles ou arremessá-los. É bem legal.
Mas, outro ponto negativo nas mudanças foi o parry. Desde o primeiro jogo, era só apertar o L1 no tempo certo, e depois um dos botões de ataque e pronto. Agora, é preciso defender com L1 e apertar o X no tempo certo, o que dificulta infinitamente! Com muito treino você acaba pegando, mas, não compensa. Melhor jogar sem.
Todavia, existem várias coisas legais mantidas. Como por exemplo, o fato de podermos montar em inimigos grandes, como os Cérberus e os Ciclops (igual God of War 3). Também houve um upgrade notável na escalada em God of War Ascension. Mesmo eu sentido falta de coisas menores, como ficar pendurado no teto, agora Kratos escala com mais agilidade e dinamismo. Fica bonito visualmente e agradável de jogar!
A BENÇÃO DOS DEUSES:
Além disso, tivemos mais algumas mudanças, de certa forma, interessantes nas magias. Nessa aventura, Kratos recebe bênçãos, e cada uma delas tem magias diferentes e ainda trazem um moveset novo para as Lâminas do Caos. E cada uma delas possui o seu próprio upgrade, mas vale ressaltar que algumas coisas ficam travadas nos níveis. Por exemplo, na benção de Zeus, só liberamos o ataque especial no nível cinco. Mas, mesmo a ideia sendo interessante, as magias em si não fazem o mesmo. São boas e fortes, porém nada memoráveis.
Entretanto, existem mais três magias especiais que funcionam tanto para combate, quanto para resolver puzzles, e todas são muito legais e criativas (o Amuleto de Orkos é a minha favorita). E como vocês devem imaginar, a forma de upgrade segue a mesma, só mudando o design dos quatro baús que contém orbs vermelhos, verdes, azuis, além daqueles com as penas de fénix e os olhos de górgona, clássicos da série.
Gostaria de ressaltar um detalhe curioso. Alguns inimigos também são divididos por bênçãos. Por exemplo, existe um cavaleiro que primeiro encontramos ele do elemento fogo (como a benção de Ares), mas depois o encontramos com raios (assim como Zeus) e por ai vai.
ALECTO, MEGAIRA E TISÍFONE:
Em seguida, vou aproveitar o gancho dos deuses, para poder falar sobre a história de God of War Ascension. Então, ela nós conta sobre o que Kratos passou, logo após quebrar seu pacto com o Ares, bem como vimos lá no primeiro jogo quando ele descobriu que tinha matado a sua família, lembram?
Porém, como a introdução nos explica, as Fúrias existem justamente para evitar esse tipo de coisa. Então, elas estavam perseguindo Kratos e criando ilusões em sua mente. Mas, uma ‘’sombra’’ chamada Orkos, da para a gente pertences da Lysandra e da Caliope (esposa e filha de Kratos), para que ele se lembre, e volte à realidade. Agora, ele deve buscar o Oráculo de Delfos para entender o que está acontecendo e conseguir se livrar da maldição das fúrias!
Sobretudo, eu gostaria de dizer que eu gosto da história do Ascension. Ela se difere das outras, principalmente por não enfrentarmos nenhum deus, e também por sua forma de ser contada, começando do futuro e voltando ao passado para entendermos como chegamos naquele destino.
Para mim, o que pega nela são os personagens. Orkos é muito presente, mas não trás um carisma. Enquanto as Fúrias, eu acho o design delas incrível, mas a Tisífone, por exemplo, mal tem falas e as que têm são totalmente superficiais. A própria Alecto que é a líder, também não tem uma personalidade muito impactante. Das três, Megaira é a minha favorita sem duvida.
BATALHAS ÉPICAS:
Entretanto, a história aqui, nos presenteia com batalhas de chefões que são maravilhosas! Gostaria de destacar a batalha contra o Castor que é incrível, e a luta contra Alecto que, sinceramente, é a minha batalha de chefão preferida de saga! Pelo cenário, pela trilha, e por fazer a gente usar tudo que aprendeu durante a campanha, desde combos até magias! É uma luta espetacular (ganha por pouco do embate contra Poseidon no God of War 3).
Vale ressaltar também, que o jogo traz novas finalizações, onde podemos prender o inimigo a desferir vários golpes e ainda esquivar dos ataques dele em tempo real! Como a Medusa, por exemplo! Isso é incrível! Mas, queria deixar uma observação. Nos jogos antigos, toda a história é contada através de ceninhas normais, mostrando Kratos e quem mais fosse. Agora, eles contam muitas vezes com uma arte parecendo de tinta. É um pouco difícil de explicar, mas você só vê um bando de figuras pretas como se fossem feitas de tinta mesmo. E isso me incomoda desde o primeiro momento.
LINDO COMO SEMPRE:
Aproveitando o gancho das ceninhas parecendo tinta, que tal falarmos do aspecto técnico? E aqui, não tem jeito. É um caminhão de elogios! God of War Ascension tem, para mim, os gráficos mais impressionantes da saga. Eu realmente não acreditei no que vi. Além disso, existem vários momentos de câmera lenta que tiram o fôlego! Vale mencionar que o jogo se passa, em sua maior parte, durante o dia, ou seja, não tem escuridão para disfarçar nada. É bem impressionante.
Enquanto isso, a ambientação também se destaca. O templo do oráculo, a estátua de Apolo, o porto, tudo é muito bonito e detalhado. Fora a água que, infelizmente, nós só temos uma parte curta submersa. Mas ela é tão linda que eu nunca esqueço! Já a trilha sonora, se mantem impecável como sempre. Isso é algo certo na saga pelo visto. Porém, o level design aqui fica no básico. Por mais que o mapa seja lindo, em questão de criatividade não tem tanta.
RECLAMAÇÕES QUE VEM COM A IDADE:
Um detalhe importante também, é que agora não temos mais save points. God of War Ascension usa o save automático em alguns checkpoints. E eu amava os save points, porque cada um deles tinha uma frase que correspondia ao enredo do jogo. Por exemplo, no primeiro, os deuses te ajudavam, então no save point estava escrito: ‘’Zeus lhe deu a oportunidade de salvar seu progresso’’. Enquanto que no segundo, os titãs nos ajudam, então aparecia: ‘’Os titãs lhe deram a oportunidade de salvar seu progresso’’. Pequenos detalhes que acho incríveis.
Mas, os puzzles são bem feitos. Como eu disse antes, agora temos magias que nos ajudam a resolver, e isso os torna bem mais criativos! Foram muito bem cuidadosos nesse ponto.
UM EXTRA INUSITADO:
Por fim, os extras. E aqui temos, talvez, o grande ‘’boom’’ de God of War Ascension. Decidiram implementar um modo online (não, você não leu errado). Quando eu fiquei sabendo, minha cabeça deu um nó! Não conseguia entender como isso seria possível. Vários Kratos coloridos se digladiando? Procurar e destruir no Monte Olimpo? Foram vários chutes e cada um mais insano do que o outro.
Mas a verdade é que fizeram da forma mais simples possível. No modo online nós pegamos um gladiador, escolhemos a benção de um dos quatro deuses da campanha (cada um possui uma arma inicial própria que pode ser mudada depois), então partimos para os modos de jogo. E é isso na verdade. Existem o mata – mata solo, mata – mata em equipe ou dupla, rouba bandeira, e por ai vai. À medida que jogamos vamos ganhando experiência e por consequência nível. Além disso, podemos comprar novos itens, espadas armaduras e etc. Bem padrãozinho e por incrível que pareça, bem divertido! Admito que eu praticamente só morria. Mas quando consegui ficar um pouco melhor, me diverti bastante nos embates!
Como mencionei, os olhos de górgona e as penas de fénix estão aqui, mas também foram adicionados alguns artefatos colecionáveis que ficam bem espalhados pelo mapa e que dão um troféu quando pegamos todos (esse troféu é uma referência direta a Uncharted, sensacional). Para fechar, ao zerarmos ainda liberamos diversas roupas para Kratos usar no new game +, o que é bem legal. Mas eu senti muita falta dos Challenges dos outros jogos.
CONCLUSÃO:
Em síntese, God of War Ascension trouxe uma história que ninguém queria, mas que é bem contada. Mesmo com batalhas de chefões épicas, gráficos lindíssimos, e várias novidades interessantes, ele peca no combate que acaba sendo travado, e na pouca inspiração das magias. É essencial para os fãs da saga, e sem dúvida é um jogo muito divertido. Mas, por mais que eu goste dele, é inegável que ele ocupa o posto de ‘’menos favorito’’ da saga.
Gostaria de ressaltar o fato de que, a gente sempre pede mudança e inovação nas franquias. Mas quando as empresas fazem, a gente acha ruim. Enfim, os fãs. Mas, a sua campanha pode ser completada em 8 horas, e pode ir até 14 horas caso você busque fazer tudo que o jogo oferece, e assim aproveitar as novidades (boas e ruins).
Números
God of War Ascension
God of War Ascension trouxe várias ideias boas, como as armas espalhadas pelos cenários, os ataques com os punhos e chutes, e até batalhas extremamente memoráveis. Mas, acaba pecando no level design muito simples, no combate um pouco travado, e nas magias menos inspiradas que seu antecessor.
PRÓS
- Gráficos muito bonitos
- Ótima trilha sonora
- Batalhas de chefões épicas
- Armas brancas e ataque físico foram uma ótima adição
CONTRAS
- Combate um pouco travado
- Poucos personagens carismáticos
- Magias menos interessantes