VEJO VOCÊ EM BREVE:
Pelo menos alguma vez na vida, você já sentiu um Déjà Vu. Esse fenômeno de sotaque francês, se baseia na ideia de uma sensação de já ter vivido aquele acontecimento. É mesclando esses conceitos com a história real de uma mãe que avisou sua filha sobre a queda de seu avião, que temos uma adaptação cinematográfica clássica. Premonição, ou Final Destination em inglês, foi lançado em 2000 e trás um grupo de alunos que, por sorte ou azar, sobrevive a um desastre aéreo. O problema é que a Morte não gosta de ser enganada. Nesse enredo que inaugurou uma franquia de filmes, não renegue os sinais. Afinal, a Morte aqui é algo mais do que metafórico, deixando uma geração inteira com medo de aviões e disponível no Max, sendo uma produção da Warner Bros. e da New Line Cinema (de A Morte do Demônio: A Ascensão, de 2023).
UMA VISÃO OS TORNAM SOBREVIVENTES, MAS A MORTE NÃO GOSTOU NADA DISSO:
Pois bem, dentre os pontos positivos de Premonição (2000), um se destaca, a sua parte técnica, o que abrange efeitos práticos, especiais e a trilha sonora, em especial quanto a premonição do acidente do avião. Se tratando de um filme do início do Século XXI, os efeitos envelheceram com qualidade. A direção de James Wong (o Wong de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, de 2022), consegue construir uma atmosfera de suspense com base na visão de Alex Browning (Devon Sawa), o privilegiado que, por força do destino, vê o triste fim da aeronave que o levaria para Paris, na França, para curtir uma viagem escolar. Seu desespero leva a um tumulto que força um grupo a desembarcar da aeronave. Porém, mal sabiam eles que seriam os únicos sobreviventes quando o Voo 180 da Voilee Airlines explodisse no ar pouco antes de decolar.
Acontece que tudo estaria bem se terminasse desse jeito. Mas não teríamos um filme chamado Premonição. Acontece que uma força sobrenatural, que se apresenta como uma sombra de relance, passa a buscar cada um dos sobreviventes. É então que o longa passa a ser um plantel de mortes criativas, e até mesmo sádicas ao estilo Jogos Mortais X (2023), envolvendo trivialidades disponíveis em qualquer casa ao redor do mundo. Porém, a questão é que a direção mais uma vez, filma diversos elementos que, apoiados com o silêncio ou uma trilha de fundo, cria uma sensação de desconforto ao espectador de que algo irá acontecer. Embora não se saiba como. A fotografia também ajuda a criar toda essa sensação de suspense no longa. Ora com ângulos abertos para que o espectador possa observar cada um dos possíveis itens no cenário. Ora com closes dissecando cada problema.
AOS POUCOS, OS PERSONAGENS UNIDIMENSIONAIS ENCONTRAM SEU DESTINO:
Aos poucos, os sobreviventes vão encontrando seu fim, seguindo a ordem que teriam morrido na explosão. Acontece que o protagonista, o jovem Alex Browning fica a cargo de ser o salvador daquele grupo, buscando entender os planos da Morte. Ele é auxiliado, muitas vezes, pela jovem Clear Rivers (Ali Larter, de Resident Evil: Recomeço de 2010 e A Casa da Colina, de 1999), uma moça enigmática que parece ter uma queda romântica pelo personagem. No fim das contas, após a queda do avião temos uma brincadeira de pega pega. Só que quando a Morte encontra os personagens, ela leva para o submundo sem pudor nenhum. Vale destacar que a sensação de que o perigo está próximo a todo o momento é reforçada pela direção competente de Wong, que por incrível que pareça faz com que os pontos negativos de Premonição fiquem em um certo limbo.
Claro que esses pontos existem, pois Premonição é um produto de seu tempo. E assim sendo, não espere atuações extremamente competentes, assim como a profundidade dos personagens. Com exceção do protagonista, que de fato chega a parecer un louco buscando entender os planos da morte, todo o restante do elenco é raso. Uma verdadeira piscina de bebê. Temos a patricinha e o bad boy, assim como o cara engraçado, o amigo nerd do protagonista e a professora de classe. Esse elenco só está presente para fazer coro com as formas destrutivas que a Morte os mata, pouco antes de Alex ainda ter lampejos de como cada vítima encontrará seu triste destino. Até mesmo o personagem William Bludworth (Tony Todd, de Candyman de 1992) é interessante, mas unidimensional. Sua presença é exclusiva para imputar um certo medo sobrenatural. O que consegue sem sombra de dúvida.
A MORTE SOFRE DE ALZHEIMER, MESMO COM UM ROTEIRO BEM SIMPLES:
Entretanto, o pior ponto de Premonição é seu roteiro, originalmente criado para ser um episódio de Arquivo X. Embora mais simples que suas futuras continuações, ainda assim ele possui furos consideráveis. Em especial no que diz respeito ao entendimento dos personagens quanto ao plano da Morte. É desarrazoado imaginar que, somente quando o protagonista entende que calculou de forma errada a mudança nas poltronas é que a Morte também entende o mesmo. Como onisciente que é, essa entidade não precisaria desse artifício, que aliás, é reproduzido por duas vezes ao longo do filme. Esse problema de uniformidade acaba trazendo uma quebra na suspensão de descrença, fazendo da Morte uma entidade burra, ou no mínimo com Doença de Alzheimer ou amnésia. Isso na verdade, são problemas de roteiro não concluídos pelo trio criador, o próprio Wong, Glen Morgan e Jeffrey Reddick (de Premonição 2, de 2003).
No fim das contas, Premonição consegue se destacar com uma certa criatividade. Antes, os assassinos eram Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo (1984) ou o Ghostface de Pânico (1996). Colocar uma entidade sobrenatural que parece ser inescapável reforça o aspecto aterrador do antagonista. A boa direção e a peça central, a cena da explosão e seus momentos antecessores ainda hoje são capazes de deixar quem assiste com um certo receio de embarcar para qualquer voo. Seja para a Argentina de O Mal que Nos Habita (2023) ou para a Tailândia de A Médium (2021). A cadência do longa, de 98 minutos acaba não sendo comprometida, mantendo a sensação de suspense sobre como será a próxima morte. Afinal, o que não faltam são itens que se tornam projéteis mortais. A simplicidade, de certa forma, ajuda com que Premonição (2000) não seja monótono.
DIVERTIDO, PREMONIÇÃO (2000) MARCOU O INÍCIO DE UMA FRANQUIA:
Infelizmente, o peso e toda a carga negativa do Voo 180 se encontram na atuação de seus personagens, e em maior escala em seu roteiro. Basicamente, os personagens apenas servem de engajamento para que a Morte faça seu trabalho. Com uma palavra é possível descrever integralmente a maior parte do elenco. Contudo, até esse ponto negativo também é elevado pelo roteiro, cujo os furos acabam tirando o espectador da suspensão de descrença como o brilho do farol de um trem em movimento. Mesmo assim, no fim de placas de aço que caem e pedaços de ferro que voam pelos ares, Premonição (2000) inicia uma jornada com muitos buracos. Porém, acaba marcando o seu nome como um clássico do gênero de horror, que até hoje consegue deixar o espectador com dúvidas E se alguém falar dentro de seu avião que ele irá cair? O que você faria?
Números
Premonição (2000)
Um jovem tem uma premonição de que o avião que se encontram irá explodir. Desesperado, ele com um grupo de passageiros desembarca, sobrevivendo ao evento que de fato ocorre. O que eles não esperavam é que a Morte não gosta de ser enganada, e agora irá atrás de todos os sobreviventes. Esse é o plot simples, mas eficaz de Premonição (2000).
PRÓS
- A introdução com o bom uso de efeitos especiais e práticos da explosão do avião até hoje é bem produzido.
- A direção, acompanhada com a trilha sonora, consegue emplacar uma atmosfera bem eficaz na criação do suspense.
- No meio de tantos assassinos físicos, a Morte é o antagonista onisciente, e que se torna difícil de escapar.
- Mesmo com defeitos de roteiro, Premonição consegue ser criativo e divertido, com uma longevidade adequada.
CONTRAS
- Roteiro com buracos bem evidentes, em especial quanto a evolução dos planos da morte e dos personagens.
- Os personagens são unidimensionais. De outra forma, com uma palavra é possível definir todos eles.
- As atuações pecam. Não espere a primazia com um roteiro que é extremamente limitado.
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