Normalmente, os jogos produzidos pela sueca Paradox Interactive não são os mais fáceis de se compreender. Isto é, suas linhas de dificuldade já começam elevadas, seja pela simplicidade de seus tutoriais, que resultam em pouco entendimento quanto pelas inúmeras questões abordadas em seu título. Crusader Kings II é um claro exemplo disso. Com suas inúmeras expansões, o título atingiu um grau de dificuldade e longevidade fora das linhas tradicionais, ultrapassando clássicos de tempo como Civilization. Percebendo isso, a empresa decidiu que com Crusader Kings III, a nova aventura da franquia seria um pouco diferente. Na verdade, razoavelmente diferente, uma vez que embora os comandos e as informações fossem facilitadas, era necessário que tudo conhecido no jogo estivesse em seu interior. O trabalho, de imediato pode ser dito como excelente.
Para começo de conversa, Crusader Kings III é um jogo de estratégia com leves toques de RPG. Em um determinado período histórico, o jogador deve tomar o lugar de algum membro de uma dinastia. Assim, ele deve fazer sua família crescer em tamanho e importância, adicionando territórios, tendo herdeiros e criando alianças contra outros estados e famílias nobres. Após sua morte, assume o seu lugar o herdeiro. O que eleva a longevidade a níveis desproporcionais. Nesse meio tempo, outros aspectos devem ser verificados, como questões de doenças, a religião de seu local, o crescimento de seus territórios em termos financeiros, e é claro, as intrigas e traições que todas as cortes europeias tinham entre suas fileiras. Isso pode parece demais e atrapalhar a jogatina, contudo, é exatamente todos esses aspectos que fazem do título uma excelente e longeva aquisição.
Crusader Kings III trás uma reformulação agradável em sua dinâmica de trazer as informações:
Claro que, tendo diversos pontos a serem direcionados para o jogador, o problema poderia acontecer em como isso era mostrado. Em seu antecessor por exemplo, a situação era dificultosa, uma vez que os sistema eram simplesmente jogados ao jogador, que devia se entender com o jogo para saber o que estava acontecendo. Porém, em Crusader Kings III, esses mesmos sistemas estão bem mais intuitivos, fazendo com que a curva de dificuldade seja bem menor e mais dinâmica, uma excelente mudança de gerações. Nesse cenário, é possível ter o mesmo nível de dificuldade marca da franquia, contudo, ele se torna mais interessante uma vez que tudo é mostrado de maneira mais coesa para o jogador.
Dentre os vários sistemas que foram aprimorados se encontram o de foco, o de habilidades e o de sua religião. No primeiro caso, o jogador pode fazer o personagem se vincular a um estilo de jogo; podendo se tornar um diplomata, um teólogo, um homem de guerra ou até mesmo um administrador. Estas escolhas terão consequências, fazendo com que o seu personagem ganhe ou perca prestígio, eleve-se com seus exércitos ou simplesmente tenha força suficiente para refazer a sua fé. O jogo acaba destacando essas ações, mesmo que o caminho a ser escolhido pertença única e exclusivamente ao jogador. Por exemplo, criar um homem de fé pode elevar a moral com a sua religião, mas pode trazer problemas com outras fés vizinhas por exemplo.
Cada escolha é única, e todas terão consequências para o jogador:
O mesmo pode ser dito do Administrador, que embora aumente os cofres do tesouro nacional, pode fazer com que o exército fique relegado a um segundo plano, favorecendo invasões. Quanto ao segundo aspecto, as habilidades podem ainda ser herdadas pelos sucessores da coroa e aparecem ainda mais claras nos menus de Crusader Kings III. Da mesma forma que seus antecessores, cada personalidade tem um grupamento de habilidades únicas, que pode favorecer o estilo do jogador ou complicar ainda mais a jogatina. Pessoas ambiciosas podem ser levadas a gostar de um jogo focado em intrigas, enquanto justos podem ser bem vistos pelos cidadãos. A junção destes dois fatores tornam cada momento de Crusader Kings III único. Com a sucessão da coroa, um jogo que poderia estar favorável pode se tornar radicalmente contrário ao jogador.
E isso, logicamente, deve ser pensado com clareza, uma vez que as intrigas especialmente são um ponto alto em toda a franquia. Agora contudo, existem momentos em que o jogador consegue favores fortes e favores fracos. Normalmente, isso ocorre quando o personagem auxiliar ou descobre algo terrível sobre outro personagem. É possível assim ordenar casamentos, destituir nobres importantes de seu governo, ou até mesmo parar solicitações de assassinatos. Parece surreal como o jogador pode controlar tudo isso. Bem, anteriormente de fato era, mas Crusader Kings III como já falado transforma estas informações em algo bem mais amigável. Por fim, a questão da religião também merece destaque. Agora as religiões principais tem inúmeras divisões internas. Com a determinada quantidade de pontos em religião, o jogador poderá reformar sua religião ao seu bel-prazer, criando uma nova vertente controlada. Isso é positivo na aquisição de poder, mas pode levar a guerras santas.
Crusader Kings III não é pesado e tem uma ótima performance técnica:
Em termos gráficos e de performance, a Paradox também é conhecida por não se importar tanto com o tamanho e o peso de seus títulos. Crusader Kings II, com o decorrer do tempo e com suas expansões se tornou um jogo bastante pesado. O que não é por menos com as inúmeras adições que já são conhecidas da empresa. Contudo, Crusader Kings III apresenta toda uma temática agradável demais aos olhos. Os gráficos estão ainda mais aprimorados, com mais detalhes. Porém, não espera uma revolução em termos visuais, uma vez que o título não pede isso. Jogos de estratégia como este normalmente usam o cenário como um enorme tabuleiro, onde os exércitos podem se movimentar. Mesmo assim, a performance é constante, pelo menos no singleplayer. A trilha sonora também é destaque, mantendo sua pegada medieval com acordes bem estilizados.
Quanto a inteligência artificial, não pense que por ser um simples computador a controlar o seus inimigos eles serão benevolentes. De acordo com a suas ações em seu reino, ducado ou condado, seus vizinhos podem reparar na sua fraqueza. E assim te atacar sem nenhum pudor. Os sistemas de alianças, especialmente formado por casamentos também se mantém presente. Afinal, quando se desposa alguém de outra família, é comum que estas dinastias lhe chamem para guerrear contra alguém. Então, recomenda-se ao jogador observar com destreza que são as possíveis escolhas para fazer uma derradeira aliança. Com isso, também é possível criar reivindicações de terras sem ser com a arte da guerra. Mesmo que em uma hora ou outra, será necessário batalhar pelo seu território e conquistar novos. Ao mesmo tempo em que deve-se tomar cuidado com sua própria corte, comas traições que possivelmente ocorrerão.
Sem dúvidas, não importa a dinastia, Crusader Kings III é um jogo de dias ou semanas:
No fim das contas, Crusader Kings III é um excelente título da grandiosa franquia de estratégia. Ademais, pode sem dúvida ser considerado um dos grandes games a serem lançados em 2020. Toda a temática e a dificuldade já conhecida da franquia está presente. Porém, ele é passado ao jogador de maneira mais coesa, em momentos certos e de forma interativa. Assim, por mais que inúmeros sejam os fatores a serem viabilizados no título, ainda assim o jogador compreenderá como fazer cada um deles. O que logicamente não significa que irá conseguir. Crusader Kings III tem o dever de passar com primazia essas informações, mas tudo que ocorrer a partir desse momento é única e exclusivamente consequência das escolhas do jogador. Fazendo com que cada partida seja única, e longuíssima.
A repaginada desses sistemas transformam Crusader Kings III em uma espécie de mini revolução. Ele não esconde o seu passado de glória, mas trás para um novo contexto, e uma nova massa de jogadores uma franquia que sempre foi considerado difícil de digerir. Os jogadores mais experientes também não terão problemas. Ademais, com a inexistência de problemas de performance, o título fica ainda mais dinâmico e repleto de novidades, com a já bem trabalhada trilha sonora. Ao fim, são tantas variáveis que em apenas uma jogatina é possível que o jogador não consiga criar tudo o que deseja. Sendo necessário jogar novamente, isso é claro, se ele conseguir sobreviver ao sistema de intrigas, alianças e guerras. Se achou o título ideal, saiba que Crusader Kings III foi produzido pela Paradox Interactive e é exclusivo do PC via Steam ou Xbox Game Pass.
Números
Crusader Kings III
Deus salve o rei e toda a sua dinastia em Crusader Kings III. Produzido pela Paradox, é o melhor e o maior jogo de estratégia de 2020.
PRÓS
- Sistema de Interação muito mais atrativo e dinâmicos que os antecessores.
- Dificuldade continua a mesma, com as inúmeras possibilidades.
- Jogador tem a escolha de fazer o que quiser, sabendo das consequências.
- Longevidade já conhecida do título sem cansar.
- Ótima performance gráfica e técnica.