Existem games que diversificam seu portfólio quando se trata de um mundo devastado. Tem gente que imagina uma guerra nuclear e os resquícios da humanidade que vem dela. Já outros sempre fazem questão de criar retcons em suas principais histórias de luta, ora matando seus personagens principais, ora trazendo todos de volta a vida. Porém, num misto de que a vida imita a arte, parece que o pessoal da extinta Kaos Studios, quando desenvolveram o game Homefront estavam com uma bola de cristal. Ou tinham informações privilegiadas vindo do país mais fechado para a imprensa do mundo (e não vem dizer que não). A Coreia do Norte! Isso mesmo, o game, que se passa em uma distopia em 2027 acertou alguns pontos “interessantes” da política mundial norte coreana, dando uma de Os Simpsons do mundo dos games. Curioso? Pois acompanhe essa Curiosidade e entenda melhor aqui no Guariento Portal.
O ano é 2027. O mundo como o conhecemos está se desfazendo após quinze anos de colapso econômico e conflito global generalizado sobre recursos naturais cada vez menores. Uma América outrora orgulhosa caiu, sua infraestrutura despedaçada e militar está em desordem. Aleijados por um devastador ataque EMP, os EUA são impotentes para resistir à ocupação cada vez maior de uma selvagem Grande República da Coreia, armada com armas nucleares. Abandonados por seus antigos aliados, os Estados Unidos é uma paisagem sombria de cidades muradas e subúrbios abandonados. Este é um estado policial onde os escolas do ensino médio se tornaram centros de detenção e os shoppings abrigam veículos blindados de ataque. Um povo outrora livre agora é prisioneiro… ou colaborador… ou revolucionário.
Descrição traduzida do Inglês de Homefront na Steam.
A morte do ditador (ou Líder Supremo, ou Presidente, como desejar) da Coreia do Norte e sua elevação de nação nuclearmente armada. Sabemos que isso aconteceu, mas Homefront já previa isso!
Pra falarmos dessa Curiosidade, precisamos exatamente saber do que se trata Homefront, pois no texto de introdução é somente isso… introdução. Em 2027, temos um mundo onde a Coreia do Norte já se unificou ao Sul, num conflito que já durava desde a década de 50 do Século XX com a Guerra da Coreia. Porém, começamos exatamente a partir de 2010, uma vez que o game foi lançado em 2011. Em Homefront, a Coreia do Norte vem sendo um problema cada vez maior, especialmente com um problema envolvendo o naufrágio de uma embarcação sul coreana. Que ao afundar no Mar Amarelo foi colocada nas costas da Coreira do Norte, sendo que evidências posteriores ratificam ser mesmos os responsáveis pelo ataque. Contudo, essa não é a bola de cristal, pois tal acontecimento já tinha ocorrido no período de desenvolvimento pela Kaos Studios.
Pulamos então para 2013, onde o game diz que o Líder Supremo norte coreano, Kim Jon-Il acaba falecendo e em seu lugar, entra seu filho e herdeiro, na primeira e única república comunista hereditária do planeta, de nome Kim Jon-Un. Ele é o responsável pela unificação das Coreias, que une o melhor dos dois mundos. O armamento nuclear e especializado norte coreano com a economia capitalista do Sul. Claro que isso não aconteceu, porém Homefront destaca que a morte do Líder Supremo ocorre um ano antes de 2013. E de fato, Kim Jon-Il morreu aproximadamente um ano antes desses acontecimentos. Não deu tempo do pessoal esperar o cara morrer para colocar dentro do game. Além disso, Homefront também fala que o primeiro teste de sucesso com artefato nuclear ocorreu por volta de 2013. E adivinha o que aconteceu no nosso mundo real?
Como uma distopia, claro que Homefront depois cria a sua própria narrativa. Mas alguns pontos se colocam a pensar além da questão da Coreia do Norte. Como é o caso de uma certa pandemia ou uma Crise do Sistema Financeiro Mundial. Nada muito perto do que aconteceu!
A Coreia do Norte teve um de seus primeiros testes efetivamente confirmados por radares e sensores com artefatos nucleares em 2013. O que vocês tinham no script de vocês? Brincadeiras a parte. Depois desses acontecimentos, a história começa a degringolar para uma distopia fugindo um pouco de nossa realidade. A Coreia, agora unificada começa a se tornar uma potência na Ásia, adquirindo de pouco em pouco territórios no melhor estilo de tabuleiro de War. Já em 2022 uma pandemia (não de COVID-19, mas de Gripe Aviária) junto com uma Crise do Sistema Financeiro Mundial (que não tem nada haver com as sanções da Economia Russa) fazem os Estados Unidos se tornar um dos países mais endividados do mundo. A perda americana ultrapassa a década ao ponto de que três anos depois, a Coreia do Norte ordene uma invasão na Costa Oeste americana.
Assim, a Coreia do Norte acaba tomando o Estado do Havaí e a região da Califórnia até chegar ao Rio Mississipi. É nesse contexto que a história do game Homefront começa, pois o jogador entra na pele de Robert Jacobs, um ex-piloto do corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Sua função é de manter o que restou do exército e do território americano do lado leste do Mississipi que não se rende a invasão norte coreana. Vale destacar que primeiramente, o roteiro de Homefront colocaria o grupo de antagonistas como sendo os chineses, e não os norte coreanos. O que mudou? A interdependência da economia americana e chinesa ao mesmo tempo de medo de um boicote do Ministério da Cultura Chinês. Afinal, uma nação de um bilhão de habitantes é uma baita mercado consumidor. Por isso a mudança para os norte coreanos.
Sanções não foram colocadas na China, mesmo que Pequim fossem os primeiros antagonistas a serem pensados. Contudo, o Japão não permitiu que o nome Coreia do Norte fosse usado em cópias vendidas em seu território.
Só que se Pequim não fez nenhuma exigência em Homefront, o mesmo não foi visto com Tóquio. Isso mesmo, no Japão, o game da Kaos Studios sofreu certas mudanças por meio da censura. Se, por meio desta Curiosidade você viu que eles acertaram alguns aspectos, por outro deve entender que a legislação japonesa é um pouco distinta. Embora alguns hentais com adolescentes possam correr livremente, os games não podem ter referências diretas á Coreia do Norte e seus líderes. Assim, Homefront no Japão coloca o país como “um certo país do Norte”, assim como Kim Jon-Il como “o Líder do Norte”. De fato, o Código de Ética CERO, equivalente ao ESRB norte americano, indica que o uso de nomes e de países reais poderia soar como malicioso. Mais isso não tira a bola de cristal que os desenvolvedores parece que tinham na mesa.
Homefront foi originalmente lançado em 2011 pela Kaos Studios. Depois de sua extinção e de passar por algumas mãos, o game retorna ao mundo dos jogos com um reboot. Chamado de Homefront: The Revolution, o game foi lançado em 2016 e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
Curiosidade dentro da Curiosidade: Homefront não é a primeira mídia a colocar a Coreia, ou uma nação Oriental como um inimigo que invade os Estados Unidos e precisa ser combatido. No filme de 1984 Red Dawn (ou Amanhecer Violento no Português), os Estados Unidos são invadidos pela China justamente pela costa da Califórnia. Já em 2012, quase colado com o lançamento de Homefront, o filme ganha um remake de mesmo nome, dessa vez estrelado pelo Thor Oddison (Chris Hemsworth) em que os invasores agora são da Coreia do Norte mesmo. Se os dois filmes são bons? Bem, esse texto é mais de uma Curiosidade sobre o game Homefront. Mas pode deixar que o Guariento Portal vai anotar para deixar em sua lista de próximas Críticas de Filmes a serem feitas. Quem sabe futuramente não aparece aqui o Amanhecer Violento, especialmente o de 2012.
Curiosidade dentro da Curiosidade 2: É Curiosidade que não acaba mais! Agora indo direto para a Homefront, você deve ter visto que em algum momento colocamos a Kaos Studios como “extinta”. Isso não é brincadeira, o estúdio americano foi fechado, e sua propriedade foi vendida para a alemã Crytek, que depois vendeu para a austríaca Koch Media. A Deep Silver, uma subsidiária também germano-austríaca foi a responsável pelo reboot da franquia. Se anteriormente Homefront tenha sido lançado em 2011 para PC (via Steam), PlayStation 3 e Xbox 360, Homefront: The Revolution apareceu em 2016 também para PC (via Steam). Porém, desta vez para o PlayStation 4 e Xbox One. Esse reboot é uma versão diferenciada do game e foi desenvolvido pela Dambuster Studios, empresa dentro da Deep Silver com sede na Inglaterra. E também está na Lista, mas desta vez de Análises de Games aqui no Guariento Portal.