Quando se pensa no termo aventura, é de certa forma unânime a indicação do nome Indiana Jones. Arqueólogo, o professor Henry Jones, vivido por Harrison Ford se depara com inúmeros enigmas e aventuras em busca de diversos artefatos. É possível encontrar na franquia uma certa formalidade em termos de narração; existe um objeto, um grupo vilão que quer esse objeto. Logo, o governo contrata Indiana para que busque tal artefato. No entanto, eu sua busca existem enigmas e inúmeros perigos. Se toda esta visão se tornou comum nos filmes de aventura, foi Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, filme de 1981, que permitiu e trouxe com maestria todo este conceito. No fim das contas, fica fácil entender o motivo de ter sido o pontapé inicial da franquia e seu sucesso.
Primeiramente, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida é um título divertido, levado até as últimas consequências. Diferente de seu sucessor, o longa não é nem um pouco sombrio e obscuro. Na verdade, as armadilhas enfrentadas por Indiana de fato são perigosas. Contudo, a fotografia é aventureira, mas muito bem iluminada. O primeiro ato do filme aliás, já demonstra com exatidão o que esperar. O arqueólogo viaja até a América do Sul para pegar um ídolo de ouro. No entanto, a caverna onde ele está é cheia de armadilhas, o que resulta em um momento de ação, com uma enorme pedra correndo atrás do personagem. Esse destaque de uma ação corrente perfaz o filme inteiro, mesmo quando a Arca da Aliança, objeto que dá vida ao título aparece.

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida une todos os requisitos de uma boa aventura:
Depois desta aventura no América do Sul, já em 1936, Jones é um professor de arqueologia. Irreverente e de humor ácido é verdade, mas é chamado quando sabe que os Nazistas estão atrás da Arca da Aliança. Historicamente, a Arca é o local de repouso das tábuas da lei, dada pelo próprio Deus para Moisés e o povo israelita. Os nazistas, e os norte americanos, acreditam que a Arca possui um enorme poder, capaz de conferir ao exército de Hitler a vitória. Por este motivo, Jones acaba caindo nesta corrida contra o tempo. A Arca, embora seja um objeto, consegue amarrar com perfeição todo o roteiro uma vez que para encontrá-la é necessário passar por uma série de obstáculos. E é neste momento que a personalidade de Indiana e de sua contraparte brilham.
Henry Jones, em especial é um ser humano. Logo, não é imune a falhas, defeitos e tentativas erradas. Normalmente, acaba agindo certo pela sua inteligência aguçada, mas a prática normalmente não sai como o combinado. Por isso mesmo, o arqueólogo se aproxima do mundo real. É um homem que não precisa de poderes e nem de efeitos especais. Em verdade, a Arca da Aliança acaba contrabalanceando isso, pois desde o início da aventura, Indiana é cético em acreditar nos poderes do objeto. Do outro lado, a aventura amorosa vivida por Karen Allen é ao mesmo tempo o alívio cômico e sinal de força. Divertida, Marion Ravenwood não é a típica moça em perigo que precisa ser resgatada. Na verdade, ela acaba tendo uma valentia além do necessário, mostrando sua personalidade em Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida.

O Casal Indiana Jones e Marion Ravenwood roubam a cena:
Entretanto, os vilões já não se pode dizer o mesmo. Completamente unidimensionais, os vilões nazistas abarcam praticamente todo o mal do Universo. Eles são ruins, tem gestos ruins e risadas ruins. Isso seria um imenso problema se o filme fosse realmente levado a sério. Contudo, por mais que em determinados pontos o quesito caricato sobrepasse, ainda assim não é o suficiente para tornar a aventura ruim. Os estereótipos são o suficiente para entender a corrida contra o tempo que o roteiro apresenta. Aliás, um dos pontos de alta dimensão de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida é o seu roteiro. Rápido e bastante coerente, a história não se utiliza de soluções rápidas para avançar, elas são lógicas. Os mistérios apresentados tem sentido e suas resoluções precisam realmente da mentalidade de Indiana Jones para serem resolvidos.
Além da parte roteirizada, a parte técnica também merece destaque. Com o olhar voltada para a década de 80, quando foi produzido, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida utilizam efeitos plásticos aos gráficos. Infelizmente, com o olhar de hoje, os efeitos envelheceram, em especial no terceiro ato, quando os efeitos sobrenaturais da Arca aparecem. Já a trilha sonora inconfundível de John Williams trás sem dúvida a ideia de ação a aventura que o longa promete. Aqui é apresentado pela primeira vez o tema principal da franquia, que sem dúvida se tornou marco e utilizado em todas as outras sequências. A direção e a fotografia trabalham maravilhosamente bem no decorrer do longa. Quando existe a necessidade de suspense, ele é mais escuro e de certa forma se coloca desfocada do possível perigo. E quando precisa ser rápida, ela o é sem transmitir ao espectador confusão.

Sem dúvida, o trabalho no filme é um dos pontos altos na carreira de Steven Spielberg:
No fim das contas, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida é o filme primordial quando se busca o gênero aventura. Na verdade, foi ele quem o transformou, dando a ideia necessária de enigmas, mistérios e ação. O personagem principal, por ser um homem não dotado de poderes especiais facilita que o espectador se afeiçoe. Da mesma forma, seu intelecto e comportamento o fazem uma pessoa agradável, por mais que possua um humor ácido e por diversas vezes possa parecer ranzinza em suas ações. Ainda assim, o personagem interpretado por Harrison Ford é carismático e leva o filme com perfeição. Sendo auxiliado é claro por seu par romântico, ao qual ele já tem uma história pretérita. Marion, embora não seja a contraposição a Indiana, ainda assim é uma excelente aquisição. O mesmo não pode ser dito dos chamados vilões por serem extramente unilaterais.
Neste ponto, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida também se destaca com primazia pelo roteiro. Rápido e sem se perder, a história muda constantemente, sendo perfeitamente explicada. As situações não são retiradas ao acaso, mas são construídas de acordo com o decorrer da narrativa. Aliás, a todo o momento, o ceticismo de Jones entra em divergência com os poderes que os nazistas buscam encontrar na Arca. Em praticamente nenhum momento existe uma ruptura da ação. A trilha sonora de fato só aperfeiçoa o que já é ótimo, e a fotografia e a direção se unem para sem dúvida descrever um dos melhores filmes de aventura de todos os tempos. Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida de certa forma definiu o seu gênero, e merece ser assistido a qualquer tempo, em qualquer lugar.
Números
Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida
Filme que definiu o gênero de aventura, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida é um dos mais altos momentos na carreira de Spielberg.
PRÓS
- Excelente enredo de exploração. Rápido e consistente.
- Trilha sonora impecável que traduz a ideia do longa.
- Os personagens principais são humanos e falhos. E isso é explorado pelo roteiro.
- Os enigmas e problemas não são óbvios, sendo bem resolvidos pela inteligência.
CONTRAS
- Os vilões são extremamente unidimensionais.