A Etiópia sem dúvida é um lugar singular na África. Uma das poucas nações a não serem divididas na Partilha da África ocorrida no Século XIX pelas potências europeias, o país inclusive influenciou outras regiões do continente ao se tornarem independentes. Não por menos, é comum que o conjunto de cores da bandeira etíope seja utilizada em outros países da África. Contudo, igualmente interessante é sua história milenar. Lar de uma igreja única, a Igreja Ortodoxa Etíope, é na cidade de Axum que acredita-se estar o lar atual da Arca da Aliança. Trata-se do objeto que, segundo a teologia, teria sido usado para guardar as Tábuas da Lei dados diretamente por Deus a Moisés. Atualmente, ela estaria guardada na Igreja de Santa Maria de Sião.
Presente dado pelo Rei Salomão, a Arca da Aliança estaria guardada a sete chaves na Igreja Etíope:
Entretanto, um aviso primordial. Os sacerdotes da Igreja Etíope não permitem a visita ao local na Igreja onde a Arca se encontra guardada. A história local diz que a Arca foi retirada de Israel como um presente do Rei Salomão para seu filho, Menelik, o primeiro Imperador da Etiópia. Tal fato está escrito no Kebra Negast, um pergaminho no qual identifica a linhagem dos imperadores etíopes como vindas diretamente de Israel. Assim, não por menos, era comum o uso do Leão de Judá como símbolo do país e de sua monarquia. A Arca então foi colocada na Igreja de Santa Maria de Sião, que já havia sido reconstruída pelo menos uma vez no decorrer do tempo.
Entretanto, o local teve de ser alterado, embora dentro do complexo religioso. Os sacerdotes indicavam que um “forte calor” fez com que rachaduras começassem a aparecer no local onde a Arca era guardada. Por isso, foi necessário guardar o objeto em outro local bem mais preservado. Como falado anteriormente, somente sacerdotes da Igreja Etíope podem entrar no recinto, sendo proibida a presença de cientistas, especialistas ou qualquer outro homem ou mulher fora da ordem religiosa. Esta, aliás, tem um guardião próprio para Arca da Aliança. Emprego vitalício, ao sacerdote escolhido é vetado sair das dependências da Igreja. Sendo assim, sua vida é destinada a orações próxima a Arca. Ele tem o dever de nomear um sucessor antes de sua morte. Caso não o faça, o conselho de sacerdotes de Axum decide pelo seu sucessor.
O Mistério ainda paira sobre a Igreja de Santa Maria de Sião:
Desde então, a região da Igreja de Santa Maria de Sião é um importante palco de peregrinação do povo etíope. De forma análoga com as Igrejas de Pedra de Lalibela, outro ponto na Etiópia em que peregrinos viajam para devoção. Sua última grande reforma ocorreu em 1950, quando o então Imperador Haile Selassie I promoveu uma reforma. Assim, construiu um domo e um novo campanário para a Igreja. Entretanto, o local da Arca da Aliança ainda se encontra separado e vigiado pelos sacerdotes. Por fim, mesmo sendo um objeto de destaque e usado na cinegrafia mundial, ainda assim permanece o mistério de se realmente a Arca da Aliança ali se encontra. Afinal, a impossibilidade de entrada acaba deixando dúvidas para aqueles que não professam a fé ortodoxa etíope. Mesmo assim, é um excelente ponto para visitar e compreender a história de um país tão único quanto a Etiópia.