O Coronavírus parece não ser o suficiente. O Governo Brasileiro busca sarna para se coçar. Desta vez, aumentando o conflito diplomático com a China. Simplesmente, o principal parceiro comercial do Brasil. Afinal, o país compra um quinto de todas as exportações brasileiras.
Como se não fosse o suficiente, o Governo do Brasil tem ânsia em buscar problemas onde não tem. Primeiramente, já é de conhecimento geral as medidas restritivas globais em relação ao Coronavírus. Hoje, a Covid-19 é sem dúvida o foco dos Estados Nacionais. Além dela, existe uma segunda onda, de recessão econômica. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já acredita que a crise sanitária terá o maior impacto desde o fim da Segunda Guerra Mundial, terminada em 1945. Tirando tudo isso, a República Brasileira faz questão de que, por atos em redes sociais se dissocie da realidade. Passando a atacar ninguém menos do que seu principal parceiro comercial no mundo; a China.
Com preguiça de ler toda a postagem? Então, aqui vai um resumo:
- O confronto entre o governo brasileiro e o chinês ganhou um novo contorno. O Ministro da Educação postou em uma rede social questionamentos duvidosos acerca do governo Chinês. Isso rapidamente levou os apoiadores do governo a pedir um boicote a China.
- O problema é que o governo de Pequim é o principal parceiro comercial do Brasil, tendo 22% de todas as exportações, mais do que o 2º e 3º lugar somados. Que no caso são Estados Unidos e Argentina.
- O conflito diplomático é perigo ao Brasil, uma vez que se aventura no futuro uma recessão global. Perder um mercado de um sétimo da população é uma marcha para a insensatez. E o principal privilegiado em uma quebra de relações serão os Estados Unidos.
Ao todo, a balança comercial com a China representa 22% de tudo que é exportado do Brasil.
Para entender melhor, o Brasil, no comércio internacional ocupa um cenário de país agrário-exportador. Seus principais produtos são a soja, a laranja e as carnes, em especial a bovina e a suína. Como comprador primordial dessas commodities, temos a China. Não por menos, o país é o principal parceiro comercial do Brasil, se acaso desconsiderar a União Européia. Ao todo, durante os meses de Janeiro até Outubro de 2019, foram exportados em números o equivalente a 51 bilhões de dólares. Em reais, e com a cotação atual do dólar, isso equivale ao valor de R$ 268.260.000.000,00. Esse valor é mais ou menos o PIB (soma de tudo que é produzido) da Sérvia no ano de 2018 segundo o Banco Mundial (US$ 50,506 bilhões). Ao todo, a balança comercial com a China representa 22% de tudo que é exportado do Brasil.
Acordos desse tipo levam anos para serem ratificados, e requerem diplomacia de ambas as nações. Afinal, o que leva um país a comprar produtos de outro? Muita negociação, seja diplomática, política e comercial. Mas a gestão de Bolsonaro parece não dar a mínima para todo o trabalho anterior de aproximação com o governo chinês. Seja usando teorias da conspiração para indicar a culpa da China em espalhar o vírus chinês. Assim como, mais recentemente um Ministro Educacional publicar uma postagem duvidosa. A ideia é de que toda esta oratória não terá consequências. O que interessa é o ataque a um inimigo comum, no qual se infla o comunismo. No entanto, esse grupo parece minimamente esquecer que a China de fato não é um bastião da liberdade. Mas, nem por isso não esteja incluído no sistema de produção atual, o Capitalismo.
Com esse tipo de relação com a China, o Brasil só tem a perder. Explico melhor: há uma facilidade de encontrar produtos primários no mercado. Não por menos, Pequim já deu sinais de que, se o Brasil não quiser vender, há quem queira. E de forma contraditória, o principal vendedor são os Estados Unidos e seu setor agrário. Criar uma afronta a Pequim, além de jogar na lama anos de tratamento diplomático é desfazer acordos econômicos. E da ordem dos bilhões de dólares. Que a mão invisível do mercado não ajudará de forma alguma com novos compradores. Não pense que será fácil para o Brasil encontrar mercado consumidor se a China se desfizer destas relações. Junte isso ao cenário posterior de necessidade de se reinventar com uma crise econômica em larga escala. Cortar um mercado de um sétimo da população mundial é uma atitude por mais que estúpida.
Colocar essa trajetória em cheque [de relações diplomáticos do Brasil e da China] por politicagem é buscar afundar ainda mais a economia do país em prol de uma argumentação falaciosa, na busca de um inimigo morto e enterrado.
Por isso, o pedido de qualquer boicote, como é o caso das redes bolsonaristas vai na contramão de seu principal argumento; a economia. Se, no surto do Coronavírus, buscou-se manter o comércio aberto e uma quarentena vertical em prol da movimentação do mercado. Aqui, busca-se um bloqueio do principal parceiro comercial. A economia que, durante o boom das commodities no início do século XX foi a responsável pela compra dos principais produtos brasileiros. Colocar essa trajetória em cheque por politicagem é buscar afundar ainda mais a economia do país em prol de uma argumentação falaciosa, na busca de um inimigo morto e enterrado. O que podemos esperar é até quando o governo chinês permitirá estes insultos, e quando o governo americano se mostrará como o salvador… da China, enquanto será a ruína do agronegócio brasileiro.
Curiosidade: Em 2019, a China correspondeu a 22% das exportações do Brasil, sendo a principal parceira comercial. Em seguida, vieram Estados Unidos (11%) e Argentina (8,1%). Completando os cinco primeiros, temos Holanda (3,5%) e Alemanha (2,8%). É fácil notar que mais de um quinto das exportações brasileiras tem dono certo. E a partir daqui, é possível notar o estrago que qualquer embargo poderá causar para a economia do Brasil.
Observação: Como o Guariento Portal é composto de duas pessoas, é importante destacar que este Artigo não expressa a opinião da equipe. Trata-se de uma argumentação pessoal de seu escritor.
Fonte: FazComex e Agência Brasil