O TERROR DO SÉCULO XXI É SANGRENTO, E UM DE SEUS NOMES É ELI ROTH
Dentro do gênero de terror nos filmes, existem subcategorias. A possessão demoníaca marca o clássico O Exorcista, de 1973, enquanto no slasher temos A Hora do Pesadelo, de 1984. O Oriente tem uma categoria somente sua com Espíritos: A Morte Está ao Seu Lado, de 2004. Porém, um dos subgêneros mais marcantes da primeira década do século XXI foi o Splatter. Aqui, a violência gráfica e o gore estão além do limite. A questão é que poucos diretores se tornaram tão conhecidos por um tipo de filme, como é o caso do estadunidense Eli Roth. De Cabana do Inferno até O Albergue, passando por Canibais e Feriado Sangrento, há uma certa coesão em suas obras cinematográficas. Por isso, pegue seu machado, faça a sua tatuagem de cachorro e conheça um pouco mais desses 4 filmes de terror e tortura que fazem parte da filmografia de Eli Roth.
#1 – CABANA DO INFERNO, OU CABIN FEVER, DE 2002.
O primeiro trabalho de Eli Roth como diretor tem seu sangue também no roteiro e na produção. Cabana do Inferno tem como base segundo o próprio Roth uma infecção de pele que o diretor adquiriu durante uma viagem de férias na Islândia, terra de paisagens inacreditáveis e do Hákarl. De maneira geral, como primeiro trabalho, temos o óbvio uso de clichês dos filmes de cabana, como o visto em A Morte do Demônio, de 2013. Afinal, temos um grupo de amigos que decide curtir as férias da faculdade em um local remoto, buscando tranquilidade. O que ninguém sabia é que nas redondezas, havia um eremita contaminado com uma estranha doença. Seus efeitos incluem pústulas terríveis na pele, como se a pessoa derretesse de dentro para fora. É então que temos a deixa para uma das principais características do filme, a sua ótima maquiagem e efeitos práticos.
Embora não seja necessariamente do gênero Splatter, mas com fortes elementos do mesmo, Cabana do Inferno já começa a construir as características que mais tarde seriam característicos da carreira de Eli Roth. No decorrer da história e quanto mais os amigos se infectam, a doença se espalha e seus efeitos são claramente visíveis nos personagens, da mesma forma que o desespero com o desconhecido. Afinal, estamos falando de uma doença altamente fatal mas que ninguém conhece. Há um certo elemento de comédia não tão evidente. Distribuída pela Lions Gate, os 94 minutos de Cabana do Inferno trazem a tona o terror gráfico desconcertante, e já deixa claro que esse subgênero do terror sempre terá as maiores classificações indicativas e não será destinado a todos os públicos. O longa ganhou um remake em 2016, onde Eli Roth apenas ficou com o roteiro e a produção.
#2 – O ALBERGUE, OU HOSTEL, DE 2005.
Sem dúvida alguma, a essência do gênero Splatter da primeira década do século XXI se chama O Albergue, lançado em 2005. Sendo também o trabalho mais conhecido de Eli Roth tamanho suas polêmicas. O longa que também é roteirizado e produzido pelo diretor relata a história de um grupo de três turistas dos Estados Unidos que decidem ir para a Eslováquia em busca de um turismo que lembra a franquia American Pie. Ou seja, muito sexo. O grande problema é que essas férias ideais para eles acabam se tornando um martírio. Eles são sequestrados por um grupo bastante poderoso que vende pessoas para serem assassinadas. Eli Roth em diversas entrevistas disse que o roteiro de O Albergue vem de uma história que ele conheceu no Leste da Ásia. Lá, pessoas desfavorecidas vendem seus filhos e filhas para pessoas mais ricas e abastadas.
Tirando é claro a origem não comprovada e que acabou se tornando uma Lenda Urbana, O Albergue reúne todos os conceitos do Splatter e vai além, sendo ele o responsável pelo alcunha do termo Torture Porn. Dessa forma, o longa apresenta não somente mortes e mutilações, como também uma carga extensa de nudez e sexo. Sendo o típico filme que é bastante questionável de ser visto ao lado de pais mais conservadores. O alto nível de violência é puxado por uma fotografia completamente escura, não dando espaço para nenhum ponto de comédia desmedida. Com o beneplácito de Quentin Tarantino e lançado pela Screen Gems, os 94 minutos O Albergue conseguiram certo sucesso, fazendo a franquia ter mais dois filmes, em 2007 e em 2011. Porém, não sem antes se tornar um problema de relações internacionais na Eslováquia, pelo caráter extremamente problemático que o longa abordava a região.
#3 – CANIBAIS, OU GREEN INFERNO, DE 2013.
Saindo dos Estados Unidos e da Europa, Eli Roth colocou todas as suas expectativas na Amazônia Peruana com Canibais, de 2013. Soando uma homenagem aos mockumentários de canibais da década de 80 do século XX, cujo expoente principal é o polêmico Holocausto Canibal do italiano Ruggero Deodato. Não por menos, o nome do longa metragem é uma inspiração no filme que é a base dos personagens em Holocausto Canibal. Na história de Canibais, um grupo de universitários engajados com pautas ambientais voam até uma região da floresta amazônica no qual existem tribos dos povos originários locais. Eles estão em risco pela chegada de madeireiras e mineradoras devido a riqueza natural da região que será explorada. Porém, um acidente de avião, que parece ter sido sabotado por algum motivo, acaba fazendo com que o grupo se perca na selva.
O problema é que eles são encontrados por uma tribo que pratica o hábito da antropofagia. Em outras palavras, comem carne de pessoas. Embora exista uma questão historiográfica sobre o tema, em Canibais tudo é bem expositivo e cru, e o ritual de sacrifício em que cada personagem perde a vida é marcado como um ato de violência extremamente brutal. Eli Roth inclusive faz questão de mostrar em cada ângulo o desmembramento e o consumo da carne dos personagens. Há uma tentativa de colocar questões éticas dentro do grupo sobrevivente, mas que se torna algo comedido. Os 100 minutos de Canibais assim acabam sendo mais um filme que marca todos os trejeitos da filmografia de Eli Roth. Mas nem por isso ficou isento de polêmicas. Embora sendo de 2013, o longa só foi lançado em 2015 depois que a Blum House assumiu sua distribuição ao redor do mundo.
#4 – FERIADO SANGRENTO, OU THANKSGIVING, DE 2023.
Baseado em um falso trailer lançado pelo diretor em 2007 chamado Grindhouse, Feriado Sangrento chegou às telas do cinema com 106 minutos em 2023 e se destaca por ser o mais profissional e diferente dentro do padrão das obras de terror de Eli Roth. Aqui, temos um assassino desconhecido que encontra suas vítimas durante as proximidades dos eventos de 4 de Julho, o feriado da Independência dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que temos uma investigação promovida pelas autoridades, os corpos começam a se amontoar, embora algumas pessoas pareçam merecer aquele fim. Tudo isso foi resultado de um tumulto ocorrido anos antes devido a abertura de uma loja na Black Friday onde pessoas foram pisoteadas por negligência das autoridades policiais, dos donos daquele conglomerado e do povo. Não por menos, o assassino parece guardar exatamente quem foram os responsáveis por tal atrocidade.
Embora flertando muito bem com o tradicional slasher de Halloween (2018), Feriado Sangrento tem mortes bastante inventivas e igualmente sádicas. Mesmo com tamanha exposição, há um certo cuidado com a história e a narrativa, que antes apenas tinham como subterfúgio apresentar o perigo no qual o plantel dos personagens deveriam tentar sobreviver. Essa é a principal mudança. Se antes o gore e a violência eram praticamente o ponto chave das produções de Eli Roth, Feriado Sangrento mantém tudo isso, mas abre espaço para que o espectador possa conhecer um pouco mais dos personagens, e não levar todos eles diretamente para o abate. Além disso, uma espécie de humor negro se encaixa na história, uma comédia macabra que ganhou público com Casamento Sangrento. de 2019 e Abigail, de 2024. Sem dúvida, os 106 minutos de Feriado Sangrento são um ponto de inflexão na filmografia de Eli Roth.
A TORTURA NÃO É O ÚNICO CAMINHO, MAS É O MAIS CONHECIDO DE ELI ROTH:
Mesmo sendo um expoente do terror que abusa da tortura, Eli Roth também se aventura em outros gêneros do cinema. Ele também é o diretor de Borderlands, de 2024, que se baseia na saga de games da Gearbox Software. Porém, é no terror visceral que o diretor parece se divertir. Enquanto Cabana do Inferno apresentou o seu início, usando dos artifícios e clichês já conhecidos, O Albergue se mostrou como a essência de sua criação. Canibais, por outro lado, é uma espécie de homenagem com a assinatura de Roth há um passado não tão distante. Porém, é com Feriado Sangrento que as qualidades se fazem mais presentes, embora não seja o principal de sua filmografia. O Albergue, por todo o seu histórico, continuará a ser o principal longa e o marco do gênero de tortura no terror e da carreira do diretor.
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O Albergue é um filme com gastura. Difícil de conseguir ver até o final. No entanto, o termo torture porn hoje em dia é visto de forma pejorativa, pois significa dizer que o filme só foi produzido em prol de sexo e mutilação. Acho que consegui entender que vocês também não acham o termo tão bom para o gênero, pois só mencionaram nesse filme (algo que não daria para não mencionar).
Mas dentre todos, de fato e em termos de cinema, Feriado Sangrento é o melhor, mas em hipótese alguma tem a mesma carga de O Albergue. Esse Canibais inclusive está no Prime Vídeo (legendado apenas, uma pena), mas não creio que seja lá grande coisa.
Olá Pequeno George, valeu pelo comentário. Concordo que O Albergue é um filme difícil de assistir pela exposição de tortura em demasia. Mas, encontrou um público e a gente não pode mentir. Além de que a lenda urbana que o Roth acabou criando através dele, de que existem sites que vendem pessoas no Leste da Ásia é digno da Deepweb.