Viagem no tempo pode literalmente bugar a sanidade para entendê-la e seus paradoxos. Um deles, visto claramente em O Exterminador do Futuro é o Paradoxo da Predestinação. Assim, é impossível mudar o passado, mas você será responsável por construir o mesmo presente do qual veio.
Viagem no tempo, mesmo que não uma realidade na tecnologia de hoje é um tema deveras batido. Nos jogos, The Legend of Zelda já usou em seu clássico Ocarina of Time. Nos filmes, a franquia De Volta para o Futuro é um marco do gênero de ficção científica. Até os Heróis não escaparam. Os acontecimentos do titã louco malthusiano Thanos (já falados aqui no Guariento Portal) são revertidos em Ultimato através de uma viagem no tempo. Tudo bem que nesse último caso de uma forma bem própria da Casa das Ideias. Porém, uma coisa é certa, quando se fala em viagem no tempo, paradoxos podem acontecer.
O principal “problema” lógico e racional é quando o viajante do tempo, ao voltar a uma linha do passado é o percursor dos acontecimentos que levariam exatamente para o presente que estava. Ficou confuso? É normal ficar. Mas para entender um pouco mais do chamado Paradoxo da Predestinação vamos usar um exemplo. A franquia O Exterminador do Futuro, produzida por James Cameron, porém, em especial o seu primeiro filme, lançado em 1984.
Com preguiça de ler toda toda a curiosidade? Não devia, ainda mais se você gosta de viagens no tempo. E também, de um pouco de O Exterminador do Futuro. Mas, se mesmo assim você prefere um resumo de uma situação já resumida sobre o como você pode entender o Paradoxo da Predestinação em O Exterminador do Futuro, aqui vai:
- Na trama de O Exterminador do Futuro de 1984, voltamos no tempo. A Skynet envia um robô para matar Sarah Connor, mãe do líder da resistência humana, John Connor. Do lado da Resistência, Kyle Reese também volta para protegê-la. Se considerarmos possível a viagem no tempo e um sistema fechado cairemos em um Paradoxo.
- Atende ao nome de Paradoxo da Predestinação a lógica de impossibilidade do passado. Dessa forma, uma viagem de volta ao passado fará com que o viajante faça exatamente aquilo que leve a sua realidade no presente. Sendo assim, ele não tem condições alguma de alterar a realidade de onde veio.
- No exemplo do filme, tanto Kyle (sendo pai de John) quanto as peças do T-800 cumpriram logicamente com as suas finalidades. Um se tornou o pai de Connor, o outro foi o percursor da Skynet que destruiria a humanidade. E assim, a realidade inicial do filme se manteria.
- O físico russo Igor Novikov, através de seu Princípio de Autoconsistência destaca a impossibilidade de se fazer algo ao passado que altere o futuro em um sistema fechado. Assim, cria-se uma lógica ao loop infinito disposto pelo Paradoxo.
Para quem não conhece a história, somos levados a uma aventura em que a personagem principal é Sarah Connor (vivida pela atriz Linda Hamilton). Uma mulher normal, mas que futuramente daria a luz a John Connor. Este, o líder dos humanos numa luta contra as máquinas. No mundo de O Exterminador do Futuro, uma inteligência artificial, chamada Skynet obteve inteligência própria. E, para dizimar a humanidade, ela usa o sistema de mísseis nucleares dos Estados Unidos para atacar a Rússia. E obviamente, a Rússia revida, ocasionando um Armageddon, na franquia conhecido como O Dia do Juízo Final.
Como John Connor é um pedra no caminho da dominação da Skynet, a inteligência passa a dominar a tecnologia da máquina do tempo. Para isso, volta ao ano de 1984 enviando um robô T-800 (estrelado por Arnold Schwarzenegger) para matar Sarah Connor. Assim, com ela morta, não haveria John Connor para lutar pela resistência. Porém, o Connor do futuro sabe o que a Skynet fez. Por isso, envia Kyle Reese, um membro de seu bando de volta para salvaguardar Sarah. Até este ponto, nada do Paradoxo da Predestinação foi falado. Somente uma sinopse do primeiro longa.
No entanto, no decorrer do filme, dois pontos ocorrem. Sarah e Kyle transam no meio da perseguição do T-800 e o próprio ciborgue é destruído, mas deixando resquícios de sua tecnologia. No fim das contas, a vinda de Kyle ao passado é que dá sentido para a existência de John, pois Kyle é seu pai. Da mesma forma, a Skynet viria a ser produzida posteriormente com as peças da tecnologia do T-800. Ou seja, se a Skynet não tivesse enviado seu ciborgue ao passado, ela não teria sido produzida.
Assim, tanto o T-800 quanto Kyle são responsáveis pelo futuro que aconteceu. Ao tirar qualquer um deles da equação, o presente de que ambos vieram simplesmente não existiriam. Eles já estavam predeterminados a fazerem aquilo. Dessa forma, eles não alteram a realidade do futuro (ou do presente) que vieram. Na verdade, são pegos em um ciclo de evento que os levam a determinar o mesmo futuro.
Em outras palavras, se Kyle Reese tivesse voltado de sua aventura no passado. Nada mudaria. Ele não os alterou, mas na verdade os criou.
Em outras palavras, o Paradoxo da Predestinação também pode ser chamado de Ciclo Fechado. Desta forma, qualquer alteração na linha do tempo, levando a aceitação de que viagem no tempo é possível, não terá a alteração do presente ou do futuro. Na verdade, o personagem, seja ciente ou não desse paradoxo, seria apenas utilizável para cumprir o seu papel a levar a linha do tempo até aquele momento em que ele saiu. Em outras palavras, se Kyle Reese tivesse voltado de sua aventura no passado. Nada mudaria. Ele não os alterou, mas na verdade os criou.
O T-800 igualmente. Sua derrota levou os Estados Unidos a estudar as suas peças e a criarem a Skynet, que seria responsável pela destruição da humanidade. E assim, John Connor poderia ser o líder da resistência. O Exterminado do Futuro então, basicamente indica a impossibilidade de mudança da linha temporal. Buscando justamente o motivo do Paradoxo da Predestinação, um físico Russo botou o cérebro para funcionar.
Quando voltar de onde saiu, ela estará da mesma forma que aconteceu. Ele na verdade será o responsável por fazer as ações. Seja consciente ou não que leve exatamente para o presente que ele saiu.
Igor Novikov foi o responsável por criar um Princípio que, em teoria auxiliaria na compreensão do Paradoxo da Predestinação. Segundo suas palavras, se um evento der origem a um Paradoxo, a chance dele ocorrer é zero. Dessa forma, um viajante no tempo que volte ao passado não fará absolutamente nenhuma alteração em sua linha de tempo e espaço. Quando voltar de onde saiu, ela estará da mesma forma que aconteceu. Ele na verdade será o responsável por fazer as ações. Seja consciente ou não que leve exatamente para o presente que ele saiu. A todo este argumento foi dado o nome de Princípio da Autoconscistência de Novikov.
Desta forma, o “loop” ao qual a lógica da predestinação recai é respondida. Afinal, com a hipótese de impossibilidade de mudar o passado em um ciclo fechado, um viajante apenas seria parte daquela realidade. Claro que, outras vertentes teóricas passaram no decorrer do tempo a se aprofundar, como a possibilidade de uma nova realidade no espaço tempo. Como é o caso da existência de vários Universos. Mas isso é uma outra história. O que importa é que o Exterminador do Futuro é um dos melhores exemplos para entender, ou tentar, o complexo sistema de viagem no tempo.
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