O Mar de Árvores que é Aokigahara esconde uma história sinistra. Ali, na base do Monte Fuji, o local é o preferido para aqueles que desejam praticar o suicídio. O governo japonês vem tomando providências, mas a fama do local remonta a séculos atrás.
Não é só Centralia que entra no rol de lugares assustadores no mundo. Pode não parecer, mas o mundo é grande o suficiente para apresentar uma gama de lugares apavorantes. E cada um com suas próprias histórias. Depois dos Estados Unidos e a cidade inspiração de Silent Hill, o Japão é o próximo passo. As bordas do Monte Fuji, o cartão postal da nação existe uma floresta, um verdadeiro mar de árvores. Seu nome é Aokigahara. Diferente por exemplo da Floresta Amazônica, Aokigahara tem uma vegetação espessa, o que inibe a entrada de luz solar. Esse é um dos fatores que fazem com que a floresta não tenha vida selvagem, e seja extremamente silenciosa. Além disso, sua formação engloba inúmeras cavernas de rocha e também de gelo, algumas delas se tornando santuários.
Mas a derradeira história desta floresta é que ela detém a maior concentração de suicídios no Japão. Não por menos, ela ficou conhecida no mundo todo como a Floresta dos Suicidas. Aokigahara começa sua história sombria ainda no século XIX. Naquela época, a sociedade japonesa não tinha todo o desenvolvimento tecnológico que tem hoje. Em um país cercado por montanhas e com poucas áreas de plantio, era comum que a fome surgisse de tempos em tempos. Nesse meio, surgiu o Ubasute. Trata-se do abandono de idosos e doentes pela classe mais baixa da sociedade japonesa. Como não havia condições de cuidar destes cidadãos, muitas vezes eram levados até o Mar de Árvores e abandonados ali, ao relento. Hoje, essa tradição ainda existe, porém diferenciada. Ubasute continua sendo uma espécie de abandono, mas ao invés de florestas o destino é um hospital ou uma ONG para que cuide destes desassistidos.
Todos aqueles que morreram abandonados, segundo a mitologia japonesa se tornaram Yurei, um conceito de assombração para os japoneses. Lembra de filmes clássicos como O Grito e o Chamado? Então, todos os seres humanos que morrem de forma caótica não encontram a paz. E ficam fadados a vagar eternamente no lugar em que morreram. Os anos foram passando, e a Floresta de Aokigahara ainda tinha a fama de ser um local assombrado. Seu vínculo com o suicídio na verdade, é bem mais recente, a partir de 1960. Em um romance chamado Mar Negro de Árvore, o casal principal se suicida dentro da floresta. Já, em 1993, o polêmico para os padrões ocidentais O Manual Completo do Suicídio foi lançado. E com ele, é narrado como uma pessoa deve chegar as vias de fato em tirar a sua própria vida.
Em uma das partes do livro, é contado que o lugar “perfeito” para este ato é a Floresta de Aokigahara. Contando que o Japão tem uma média de suicídios cerca de três vezes maior do que o Brasil e estava pronto uma receita catastrófica. Após a publicação do Manual, viu-se um aumento de japoneses que entravam na floresta e nunca mais eram vistos. Eles entravam já com o intuito de se suicidarem. O lugar finalmente começou a chamar atenção do governo pelo aumento de suicídios. E assim foram instaladas placas em japonês e em inglês para inibir os supostos suicidas.
Vale lembrar que para a cultura japonesa o suicídio não representa um pecado, como é o caso da cultura judaico-cristã. Jovens em especial, que não conseguem suportar o ritmo e o tamanho de suas responsabilidades buscam acabar com sua própria vida como uma forma de acabar com esse sofrimento. Os guardas florestais destinados a cuidar de Aokigahara são treinados para suspeitar de qualquer turistas que esteja na floresta para se suicidar. Contudo, seu principal trabalho na verdade é recolher os corpos que encontram na floresta. Eles não recolhem os pertences deixados pelos suicidas, que podem se encontrados no local.
Aokigahara, ainda hoje é um ponto turístico do Japão e se tornou cenário para filmes de Hollywood. Fato é que a floresta tem um crescente número de turistas, curiosos em conhecer a história macabra do lugar. Alguns saem com histórias de terríveis sensações na florestas. Outros indagam que com a topografia do lugar é muito fácil de se perder por entre as árvores e as inúmeras cavernas do lugar. Por isso, é bom que o viajante esteja ciente do que vai enfrentar. Aokigahara não é como um passeio na movimentada estação Chibuia. Ali, o silêncio reina. Se você já foi ou tem interesse, pode nos contar, estaremos curiosos para saber o que você achou de Aokigahara, a Floresta dos Suicidas do Japão.
Fonte: G1, BBC, BlastingNews.
Caso precise de ajuda, o Guariento Portal indica o Centro de Valorização a Vida (CVV). O Centro realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar. Seja sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype e e-mail.