Tempos se fazem desde que algum novo game da franquia Fatal Frame foi publicado. Quando da aquisição, em 2008, de parte da propriedade intelectual pela Nintendo da franquia, os títulos passaram a ser lançados exclusivamente para a linha de consoles e portáteis da empresa. Foi o ocorrido com o terceiro e o quarto títulos originais da série. Respectivamente lançados para o Nintendo Wii e Nintendo Wii U. Há ainda um spin-off, feito em parceria com a Koei Tecmo para o Nintendo 3DS. Intitulado Spirit Camera: The Cursed Memoir, o jogo vinha com a missão de utilizar tanto a visão em 3D do aparelho, assim como seu giroscópio, fazendo do portátil uma Camera Obscura. Assim, os fantasmas apareciam a todo momento, e no mundo real. Contudo, embora essa ideia seja bastante interessante, ela acaba esbarrando tanto no problema de sua própria tecnologia quanto também em uma história fraca.
Veja fantasmas no mundo real e entenda a maldição que você acabou de receber ao ligar este jogo:
Primeiramente, Spirit Camera: The Cursed Memoir veio um ano após o lançamento de seu portátil, o Nintendo 3DS, já em 2012. Nesta ocasião, junto com a mídia física, o jogador ganhava uma espécie de encarte interno que servia como um livro. Era desse livro que as principais instruções e uso da Realidade Aumentada acontecia. Chamado de Diary of Faces, cabia ao jogador tirar uma foto logo no início de seu rosto para então participar de toda a maldição que permeia o game. Sim, a ideia de Spirit Camera: The Cursed Memoir é trazer uma maldição para o mundo real. Para isso, uma garota, Maya, será sua guia nessa história. Ela está aprisionada dentro do jogo, e precisará da ajuda do jogador tanto para destruir fantasmas quanto para se livrar de sua prisão. Aos poucos, o jogador conhecerá os motivos que levaram a sua aparição.
E, para fazer isso, o jogador fará uso das mais variadas formas de jogo. Com o giroscópio, será necessário analisar os locais do mundo real para encontrar fantasmas. Com a Realidade Aumentada, o jogador deverás desafiar enigmas e encontrar mensagens do além que o guiarão em sua busca. E por fim, com a própria tecnologia do 3D, é possível encontrar criaturas literalmente saindo da tela. Uma vez que essa tecnologia é bem otimizada no título. Contudo, o grande problema, já nos primeiros momentos de Spirit Camera: The Cursed Memoir é que todas essas tecnologias juntas não conseguem manter a qualidade. Primeiramente, Fatal Frame, a série de qual Spirit Camera é derivada trata-se de um terror de ambiente.
Se por um lado a parte técnica funciona, a junção de funções distintas faz de Spirit Camera: The Cursed Memoir na verdade um portfólio para o Nintendo 3DS:
Contudo, para se utilizar, por exemplo, o Diary of Faces, é necessário uma ótima iluminação no local em que se encontra. Com a Realidade Aumentada, é necessário andar para todos os cantos em busca de fantasmas e de Maya. E por isso mesmo, é extremamente fácil perder o foco da visão em 3D, o que atrapalha a jogatina. Se por um lado o jogo consegue demonstrar todas as qualidades do portátil, unindo-os ao mesmo tempo, é possível dizer que o jogo praticamente perde em essência. Será necessário desligar o 3D em algum momento ao usar o giroscópio. Da mesma forma, todas as aparições em Realidade Aumentada não terão tamanho destaque . A culpa é justamente da necessidade de um ambiente iluminado. Com isso, sem dúvida alguma, é possível dizer que teoricamente, o game é consistente na proposta, mas peca demais em sua execução.
Em termos técnicos, os fantasmas são bem produzidos e de fato interessantes. Assim, trazendo uma certa ambientação que acaba sendo perdida pela necessidade externa de luz. O áudio, também competente, é um dos pontos que mais agrada. Se especialmente usado com um fone de ouvido, o jogador poderá se movimentar com base nos urros e nas palavras ininteligíveis que as criaturas fazem. Isso especialmente quando estão próximas. Um outro ponto de destaque é que, embora perdendo essa mesma ambientação, os quebra cabeças especialmente encontrados no livro de Spirit Camera: The Cursed Memoir são interessantes. Embora não sejam um desafio constante, ele ainda produz momentos de curiosidade dentro do jogo. É um tanto contraditório falar, mas mesmo com essas qualidades mais técnicas, o título peca em vários outros fatores. Como é o caso da longevidade e até mesmo a história, esta última um dos grandes pontos de Fatal Frame.
Mesmo a cargo de Nintendo e Koei Tecmo, a história fica bem aquém de todas as já conhecidas de Fatal Frame:
Em relação ao primeiro item anteriormente falado, mesmo se tratando de um spin-off, Spirit Camera: The Cursed Memoir é extremamente curto e não possui um fator replay divertido. Após a narrativa principal, no qual o jogador vai entendendo a maldição que ele agora está incluído o título se resume a um grupamento de minigames para caçar fantasmas. Fazendo jus a Câmera Obscura, os fantasmas estarão mais poderosos, porém esse será uma espécie de desafio final. Algo que não necessariamente agregará a necessidade do jogador retornar aquele mundo. Quanto a história, a linearidade das descobertas e dos quebra cabeças, assim como das ações do jogador quebram toda a expectativa, especialmente de um game vinculado a franquia Fatal Frame, que desde os primeiros títulos tem como fundamento uma história aterradora com reviravoltas que imerge o jogador em sua narrativa.
No fim das contas, Spirit Camera: The Cursed Memoir é uma espécie de visor sobre todas as funções que o Nintendo 3DS poderia fazer durante seus períodos áureos. O game, de uma franquia considerada, produzida pela Tecmo Koei e pela Nintendo se perde em suas próprias possibilidades. A título de pontos positivos, o áudio e aspectos mais técnicos, como o uso do 3D, são constantes. O uso de puzzles e a Realidade Aumentada também são ideias que evoluem a jogabilidade do jogo. Uma forma de tirar algo para além do básico. Contudo, sua união em um único título a todo momento vale o custo da perda quase completa da ambientação de terror que o game poderia possuir. Ainda mais dentro de uma premissa de trazer uma maldição para o mundo real.
Interessante expectativa, mas a péssima execução tornam-se a marca de Spirit Camera: The Cursed Memoir:
Em contrapartida, além dos problemas do excesso tecnológico durante a jogatina, Spirit Camera: The Cursed Memoir está aquém de vários aspectos que Fatal Frame mantém como destaque. Sua longevidade é baixa, tratando-se apenas de algumas poucas horas da história principal. para Depois, ele se rende a minigames de captura de fantasmas. Além disso, sua história não acrescenta em basicamente nada no enredo de toda a franquia. Aliás, trás apenas uma personagem já conhecida para uma espécie de quarta parede e para o mundo real. Dito isso, mesmo sendo um spin-off, Spirit Camera: The Cursed Memoir está bem abaixo de toda a estrutura narrativa produzida. Se tornando apenas uma espécie de tutorial sobre tudo que o Nintendo 3DS pode fazer. O título tem seu momento de diversão, mas está aquém de praticamente todos os outros jogos da franquia no mercado. Uma triste execução de algo que aparentemente estava bem formulado.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de Spirit Camera: The Cursed Memoir. Título este exclusivo do Nintendo 3DS. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise do game Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off de Fatal Frame da Koei Tecmo e da Nintendo, saiba que o Guariento Portal tem um espaço dedicado para o mundo dos games. Assim, você pode gostar de outras análises, como a mais recente de Aragami: Shadow Edition no Xbox, The Textorcist no PC, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal. Mais recentemente, temos um relato sobre a mudança drástica na história de Sindel, a Rainha de Edenia e mãe de Kitana em Mortal Kombat e sobre as mitologia em volta de Diablo, a franquia de RPG da Blizzard.
* Atualmente, a franquia Fatal Frame é uma marca registrada em parceria da Koei Tecmo e da Nintendo. O último lançamento da série principal é Fatal Frame: Maiden of Black Water, para o Nintendo Wii U entre 2014 e 2015. Vale lembrar que, como a partir de 2008, a Gigante de Kyoto comprou parte da franquia, todos os títulos da franquia foram ou serão lançados de maneira exclusiva para os consoles da Nintendo. O Guariento Portal também fez um especial sobre a lenda por trás do primeiro game.
Números
Spirit Camera: The Cursed Memoir
Com uma premissa interessante no Nintendo 3DS, o game spin-off de Fatal Frame, Spirit Camera: The Cursed Memoir não é competente na execução.
PRÓS
- Áudio competente para ambientação fantasmagórica, especialmente quando se usa fones de ouvido.
- Momentos de diversão com a mescla de puzzles e a caça de fantasmas.
- O efeito 3D é coerente, e os gráficos se tornam mais vívidos.
CONTRAS
- Péssimo execução de seus atributos. 3D, Giroscópio e Realidade Aumentada não combinam.
- Grande perda da ambientação devido a necessidade de iluminação externa.
- Narrativa rasa que não lembra a franquia Fatal Frame, mesmo sendo spin-off.
- Longevidade parca. Após o término da campanha, só resta caçar fantasmas em todas as direções.