Volta e meia, os filmes de assombração são um marco da cultura do gênero horror. Mesmo com uma descendência ocidental ou oriental (como o caso de O Grito), é comum que de tempos em tempos uma produção desse porte ganhe as telas do cinema. Em 1999, por exemplo, a Dark Castle, produtora criada para remasterizar clássicos de terror da década de 50 e 60 do século passado produziu o longa A Casa da Colina. Que, em inglês chama-se House on Haunted Hill, uma refilmagem de A Casa dos Maus Espíritos de 1959. Na nova releitura, um rico e diferente empresário decide fazer o aniversário de sua esposa em uma casa no topo de uma colina de Los Angeles. No entanto, o passado dessa casa guarda experimentos terríveis. Com esse plot, resta saber se A Casa da Colina consegue trazer algo de bom com a Crítica do Guariento Portal.
Prólogo rápido que já demonstra o que esperar dentro da Casa da Colina:
O primeiro ponto desta crítica a se notar é que A Casa da Colina, por incrível que pareça, ganha pontos ao apresentar de maneira rápida e nenhum pouco sutil sua história. Em 1931, a mansão era um sanatório operado pelo Dr. Vannacut. No entanto, ao invés de brilhante psiquiatra, o homem era um sádico e fazia experimentos com todos os pacientes. Em uma rebelião, os internos fecharam a instalação, atearam fogo e mataram todos que lá estavam. E assim que se inicia a história da Casa da Colina. Nesse prólogo, é fácil entender os motivos do local ser assombrado. Não há necessidade de explicações gigantescas, partindo o filme diretamente para os personagens chegando na referida mansão. Além disso, também se destaca a ambientação, grandiosa e assustadora do antigo manicômio. A falta de iluminação também é bem evidente, ajudando na criação da atmosfera.
Continuando a ambientação, o longa faz questão de ser explicativo nesse ponto, embora não canse. As salas que os personagens passam sempre são explicados por alguém, mostrando a perversidade do Dr. Vannacut nos tratamentos nada terapêuticos que passava para seus pacientes. Sendo assim, o segundo ato praticamente passa a ser um jogo de gato e rato, em que os personagens percorrem a mansão em busca de se livrarem das assombrações e é claro, não morrerem. Em termos de narrativa, ela continua sendo rápida, embora passa a ter paradas rápidas e alguns plot-twists que até fazem sentido, enchendo a trama, mas que poderiam ser descartados para algo ainda mais assustador. O uso de gore tem uma medida inteligente, não sendo algo ao estilo Hellraiser: Renascido do Inferno, mas também consegue, com toda a ambientação passar uma imagem claustrofóbica e de perigo constante, com um bom uso da trilha sonora também.
A direção consegue reunir todos os clichês para criar algo coerente. Não é inventivo, mas é apresentável:
Também merece destaque a direção promovida por William Malone. A Casa da Colina sabe muito bem dos clichês existentes no gênero ao qual se encontra, e consegue colocar parte deles em prática. Seja com o uso correto da iluminação quanto a trilha sonora. E, por isso, a direção consegue usar seus elementos mais objetivos ao criar uma atmosfera estranha aos olhos do espectador. Além disso, não há cortes tremidos ou momentos de dificuldade em se entender as cenas, algo raro ainda mais em momentos de perseguições, como acontece por exemplo em Invasão Zumbi e seu sucessor, que já foi alvo de análise no Guariento Portal. Basicamente, o diretor conseguiu, com praticamente tudo que tinha em mãos produzir e manter uma atmosfera opressora para o contato com o público. Claro que não é inventivo, não transforma a roda e nem trás novidade a situação de casas mal assombradas.
Personagens que mais parecem um pedaço de papel ou uma poça de água de tão rasos:
Entretanto, o longa também possui problemas bastante significativos. O primeiro deles é a representação de cada um dos personagens. Não espere por atuações dignas de Oscar, na verdade, todas são estereotipadas até a enésima potência. O grupo formado por desconhecidos decide se manter na mansão em troca de um milhão de dólares. Nesse grupo, temos por exemplo, o médico que guarda um segredo, o ex-jogador de basquete que parece ser boa pessoa, a jornalista que apenas quer voltar aos seus dias de glória. Todos podem ser representados em uma linha, e o roteiro não faz questão nenhuma de criar um espessamento de cada um deles. Até mesmo Steven Price (protagonizado por Geoffrey Rush) e sua esposa (Famke Jennsen) são genéricos no quesito pessoas extremamente esquisitas e diferentes. Assim, o espectador não cria nenhum tipo de empatia por parte dos personagens, não conseguindo criar um vínculo que o faça torcer.
A Casa da Colina também peca nos efeitos especiais que tenta produzir. Tudo bem que, relativo ao ano de 1999, não é possível fazer uma comparação com algo do século XXI. Contudo, a representação das entidades dentro da casa pode até passar por uma ideia surrealista, porém, é mal produzida. A Casa da Colina, quando se usa de efeitos práticos, como o bom uso do sangue ou de ilusões consegue assustar de maneira correta. Porém, se aproximando do terceiro ato, quando a ameaça é de fato revelada, tudo fica ainda mais clichê. Antes disso, era interessante notar que os acontecimentos que rodeavam as assombrações ficavam de certa forma de sobreaviso. E mais, o suspense era um jogo bem jogado dentro do longa. Com a aparição da entidade, perde-se um dos principais aspectos, tanto pelo seu visual quanto sua performance, uma massa esquisita sem forma.
Pode até funcionar alguns plot-twists, porém, o Terceiro Ato deixa a desejar com um final “agradável” para tudo que vinha sendo apresentado.
E, com essa aparição, seu terceiro ato também se torna decadente. Claro que A Casa da Colina novamente destacando, não é um filme que busca ser um marco do gênero terror, mas sim buscar algum lugar. Porém, seu último ato é extremamente linear e não altera em nada a previsibilidade do roteiro como um todo. Logo de cara, já é descrito, pelo comportamento dos personagens, quem serão os sobreviventes ao passar a noite na Mansão mal assombrada. Junte tudo isso com a ideia do roteiro de mesclar tanto atitudes humanas com sobrenaturais que poderia ser algo interessante. Porém, como dito, os personagens são tão unidimensionais que facilmente se percebe até onde poderiam chegar. Mesmo tendo algumas viradas, o roteiro peca em muitas situações, indo da extrema linearidade até a imprevisibilidade que não faz sentido algum, jogando apenas as soluções que são coerente naquele momento.
Assim, A Casa da Colina é aquele filme de terror pipoca para ver de maneira despretensiosa. Tem acertos, vários erros, e serve para um Sábado a noite. Acompanhado da melhor forma.
No fim das contas, House on Hauted Hill, ou A Casa da Colina é um filme que, no ano de seu lançamento, pode ter criado uma certa imagem sobre sua história. Sendo rápido em apresentar a proposta e com efeitos práticos inteligentes, o longa consegue assustar e criar uma atmosfera sombria. É claro que tudo isso conta com a bem feita ambientação da localidade. A mansão é grande o suficiente, assustadora por natureza e ainda conta com salões onde a história é completamente macabra. O bom uso de sangue também trás algo mais visceral, embora não o faça com tamanha gana quanto outros longas mais sombrios. Até mesmo a trilha sonora, com Marilyn Manson também dá um ar do que de fato esperam por aquelas pessoas dentro da Casa da Colina. Horror e assassinato, que começam de maneira simples, mas que evoluem cada vez mais para o lado sobrenatural.
Infelizmente, o pior lado de A Casa da Colina são seus personagens. Mesmo tendo entre seus quadros atores de peso, ainda assim os personagens são completamente estereotipadas. O que, em um filme em que o espectador deve criar uma simpatia e torcer pela sobrevivência de um deles, isso é extremamente ignorado. Alguns deles inclusive, tem comportamento absurdos que passam do ridículo, eliminando a suspeição de descrença da obra. Além disso, os efeitos especiais minam a sensação de mistério e suspense que era debatida dentro do longa. É o clássico exemplo de perda de credibilidade quando a entidade aparece. É com isso que o Terceiro Ato chega a ser falho e extremamente previsível. Por isso, A Casa da Colina no fundo, consegue divertir, tendo defeitos sérios, mas é um daqueles filmes que você pode parar para assistir de maneira despretensiosa em uma sessão de Sábado a noite.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta Crítica do Revisitando ao Passado. Desta vez, com um filme que passou a torto e a direito no SBT. Trata-se de A Casa da Colina. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Gostou da Crítica no momento Revisitando o Passado com o filme A Casa da Colina? Pois saiba que o Guariento Portal não vive só de games, mas também de filmes. No mundo dos filmes, é interessante notar que na nossa aba Revisitando o Passado, é possível encontrar crítica de filmes antigos, como O Enigma de Outro Mundo de 1982 e a franquia Indiana Jones, como O Templo da Perdição e Os Caçadores da Arca Perdida, assim como filmes da franquia Hellraiser, como Renascido do Inferno e Renascido das Trevas. Já de filmes mais recentes, temos um grupo especial de crítica que vão desde o terror, que predomina, com Halloween (2018), Destruição Final: O Último Refúgio, A Freira, Verdade ou Desafio e Brinquedo Assassino. assim como a antologia completa de Annabelle, com o primeiro, o segundo e o terceiro filme tendo análise no Guariento Portal.
* Como dito, A Casa da Colina de 1999 é uma refilmagem de um longa lançado em 1959 chamado a Casa dos Maus Espíritos, que contava com o ator Vincent Price, conhecido como O Mestre do Terror. E esta Crítica fala sobre esse longa. Não por menos, há uma singela homenagem na refilmagem. No filme original, o milionário que aluga a mansão assombrada chama-se Frederick Loren, enquanto o de 1999 é Steven Price, um magnata de parque de diversões.
Gostou da Crítica? E de Livros? A Submarino tem de montão! Então, não perca tempo!
Provavelmente você não sabe, mas se souber tudo bem. O filme desta crítica, A Casa da Colina também tem uma base em um romance feito por Shirley Jackson. É claro que a história é um pouco diferente, mas mantém a mesma atmosfera. A Assombração da Casa da Colina foi elogiado e tem uma crítica de Stephen King, o mestre do Terror, produtor de romances como It A Coisa, Cujo e O Iluminado, que também viraram filmes. Então, caso esteja interessado, veja essas promoções da Submarino e clique para ser feliz e ter o melhor do terror dentro de sua casa. Assim, você se ajuda e ajuda também o crescimento do Portal!
A Assombração da Casa da Colina (Edição Capa Dura) – R$ 39,90.
Cujo (Edição Capa Dura) – R$ 47,52.
It A Coisa – R$ 65,02.
O Iluminado (Edição Capa Dura) – R$ 57,99.
Números
A Casa da Colina (1999)
A Casa da Colina (1999) não é inteligente, mas é um filme de terror para assistir no sofá sábado a noite sem pretensão alguma.
PRÓS
- Ambientação da Casa da Colina é tensa e assustadora na medida certa.
- Boa direção, com uso da trilha sonora e dos efeitos práticos com sangue.
- Primeiro ato rápido, partindo direto para o grande X da questão.
CONTRAS
- Personagens terrivelmente unidimensionais, com zero empatia.
- Efeitos especiais são sofríveis, mesmo para época.
- Perda completa do suspense quando a entidade finalmente aparece.
- Terceiro ato completamente aquém de tudo que o longa poderia produzir.