Provavelmente, em uma sexta feira 13, caso seja adepto do gênero, é provável que você veja algum filme de terror. Halloween, O Enigma de Outro Mundo, O Exorcista e O Exorcismo de Emily Rose são ótimos exemplos. Contudo, o mundo dos games também existem pérolas, da mesma forma que existem tragédias no mundo do terror. Entre um e outro, e de forma gratuita na Epic Store, surge The Textorcist, um título indie produzido em 2018 pela alemã Headup Games. Neste game, o jogador é colocado na pele de um padre que decidiu abandonar a Igreja Católica, devido aos casos de corrupção que corromperam a instituição. No meio de uma Roma cada vez mais sitiada de demônios, o padre, agora independente, deve resolver suas obras por meio de exorcismos. Em que o jogador deverá escrever cada cântico enquanto se movimenta para se defender dos ataques do maligno.
Veja o seu teclado ao mesmo tempo que é bombardeado por vômitos e raios de energia em The Textorcist:
Primeiramente, você não leu errado. Quando foi dito que o jogador deverá escrever, ele de fato terá de fazer isso por meio de seu teclado. Na pele de Ray Biblia, o padre no caso, o jogador deverá passar por cada uma das fases em que pessoas se encontram dominadas por entidades do Inferno. Ao mesmo tempo em que se defende dos ataques, ele deve recitar cânticos reais de exorcismos com palavras em latim e em inglês. Para isso, será necessário escrever cada uma das palavras. É sem dúvida, uma das principais qualidades do título, pois eleva a dificuldade do game ao mesmo tempo que consegue unir um gênero com extrema qualidade com algo que, antes de The Textorcist não havia sido visto até então.
Como mencionado, a dificuldade de The Textorcist se encontra tanto na necessidade de dar atenção ao que ocorre na tela quanto ao que se escreve. Sendo um representante do gênero Bullet Hell, o jogador terá uma quantidade absurda de ataques, que vão de vômitos a esferas de poder indo em sua direção. Que deverão ser desviadas, caso contrário, o jogador perderá a Bíblia segurada pelo seu personagem. Há ainda outros problemas, por mais que Ray seja intocável segurando o Livro Sagrado, se ele for atacado sem o livro perde parte de sua vida. Da mesma forma, a Bíblia possui um temporizador que, caso você não consiga encontrá-la a tempo, terá de recitar novamente parte dos exorcismos já feito. Sem dúvida, a junção destes dois conceitos brilha e é um desafio para o jogador.
Jogabilidade dinâmica com uma trilha sonora que sabe bem quando é hora de aumentar a potência:
Junto a isso, também é possível destacar componentes mais técnicos, como a trilha sonora e a parte gráfica. Sendo um representante da era 16 Bits, não espere por gráficos de última geração, mas sim por um polimento tal como é visto em Graveyard Keeper e também em Stardew Valley. A trilha acompanha toda a estrutura da narrativa, que é simples. Quando próximo de alguma ameaça demoníaca, as batidas se tornam ainda mais voláteis, e quanto mais a batalha se aproxima de seu fim, mas frenética a trilha fica, fazendo perfeitamente jus a estética do título. Em termos de jogabilidade, Ray pode se mover para frente a para trás, de um lado e do outro praticamente, mas os controles respondem bem. Ainda mais em um título como The Textorcist, em que a quantidade de situações acontecendo na tela do computador exigirá a devida atenção.
Junte toda esta mecânica, que de fato é bem diferente do que já foi visto dentro do gênero horror com um certo humor negro. Claro que haverá uma necessidade do jogador entender minimamente da língua inglesa para pescar alguns momentos. Contudo, elas estão presentes durante todo o momento do título, e podem aumentar ainda mais o fator profano de The Textorcist ou simplesmente passar como uma piada de cunho duvidoso. Lembre-se que Ray é um padre independente, então espere por xingamentos vindos de todas as partes, além de outras palavras de baixo calão que um padre normal jamais falaria. Ray está mais para alguém como John Constantine do que para o pároco da sua cidade. E isso acaba sendo positivo para o título, criando uma identidade e uma certa graça em momentos que sem dúvida alguma são extremamente pesados durante a história.
The Textorcist é curto como a leitura do Livro de Obadias:
Até então, foi falado apenas pontos positivos de The Textorcist. Contudo, ele não está imune de forças malignas que tiram certa qualidades do game. Para começo de conversa, o título é extremamente curto, e quando se diz que é curto não é por menos. No total somente dez chefes estão disponível para que o pároco faça seus rituais de exorcismo. É claro que cada um consegue ser singular, com uma estética e uma diferença de ataques. Contudo, após o término destes chefões, não há absolutamente nenhum movimento para que se retorne ao título, nem mesmo toda a sua narrativa em humor negro. Diametralmente oposto, está a questão da dificuldade que, embora seja interessante e alta desde o primeiro momento, acaba ganhando camadas como se o título virasse alguém da família da From Software, como é com Demon’s Souls e Sekiro.
Explicando melhor; o título desde o primeiro momento já se destaca como algo desafiador. Dar a devida atenção a criaturas vomitando e soltando jatos de energia, ao mesmo tempo que deve-se escapar e escrever cânticos não é de certa forma fácil. Porém, em especial nos últimos chefes, a probabilidade de morte e recomeço é praticamente inevitável. O nível de ataques é praticamente alucinante, e o espaço para que seja feito os encantamentos do Exorcismo é mínimo possível. Por isso mesmo, é possível dizer que para pessoas que se estressam rápido, talvez The Textorcist não seja um título apropriado para a sua jogatina. A inexistência de Checkpoints por exemplo, pode acabar fadigando o jogador, que simplesmente pode parar a sua experiência por verificar que ela não está mais o agradando.
Gosta de desafio e não tem problema com a Longevidade? Então provavelmente você é uma pessoa que pode dar uma chance para The Textorcist:
No fim das contas, The Textorcist brinca de maneira ímpar. Ele consegue misturar humor negro, com exorcismo e o gênero frenético do Bullet Hell. Assim, enquanto o jogador recita seus exorcismo contra inimigos infernais, também deve desviar de praticamente tudo que aparece na tela. Essa junção de componentes estranhos em um primeiro momento mostra toda a sua sinergia no decorrer das fases. Aos poucos, o jogador consegue entender a dinâmica de Ray, o padre independente, e do que pode fazer para apaziguar almas possuídas. A trilha sonora contribui e muito para a criação do ambiente, assim como toda a sua esfera técnica. Que de fato é competente, apresentando desenhos e cenários bem feitos com o seu Pixel Art. Até mesmo a jogabilidade também é adequada, respondendo rápidos aos problemas adquiridos dentro da tela.
Contudo, a questão da longevidade do título e sua dificuldade a níveis praticamente insanos ao se chegar ao final pode assustar ou tirar aquela vontade do jogador de tentar algo com The Textorcist. Quanto a longevidade, como já falado, o título é extremamente curto, exigindo que depois da queda de todos os chefes, o jogador não tem necessidade alguma de retornar a ativa em uma Roma caótica. Ademais, a questão da dificuldade acaba afastando certo grupo de jogadores. Entende-se a dificuldade como uma espécie de escada, em que os graus vão se elevando cada vez mais. Porém, em The Textorcist, ela praticamente se transforma em um elevador nos momentos finais. Por isso, diante de tudo, é possível dizer que The Textorcist é um título inteligente, único, mas provavelmente voltado para um nicho de jogadores. Especialmente para aqueles que preferem um desafio a altura.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de The Textorcist, saiba que ele está de graça na Epic Store. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou dessa análise de The Textorcist, saiba que o Guariento Portal tem um espaço dedicado para o mundo dos games. Assim, você pode gostar de outras análises, como a mais recente de The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield, Dante’s Inferno, título da extinta Visceral Games, Limbo, da PlayDead, Ori and The Blind Forest, da Moon Studios e de The Flame in the Flood, indie que também está disponível no Xbox One. Além dele, temos Among Us, título fenômeno para mobile e Steam produzido pela InnerSloth. Já para o Xbox One, assim como outras plataformas, temos o Indie Party Hard, que coloca o jogador na pele de um assassino.
* A análise de The Textorcist só foi possível pois o título foi obtido de maneira gratuita pela Epic Store. O mesmo ocorreu com Watch Dogs 2 e Amnesia: The Dark Descent, ambos títulos com análises no Guariento Portal. Porém, só foram analisados pois estiverem de graça por tempo limitado para serem adquiridos.
Números
The Textorcist (PC Version)
Indie produzido pela Headup Games, The Textorcist une perspicácia e dificuldade em eliminar demônios do plano terreno escrevendo no teclado.
PRÓS
- União única entre o Bullet Hell e a digitação rápida do jogador.
- Humor negro que trás um certo alívio a narrativa (ou não, dependendo do seu referencial).
- Trilha sonora que acerta nos momentos mais necessários.
- Jogabilidade fluida, especialmente nos momentos mais críticos.
- Necessidade de habilidade muito mais do que sorte, prudência e perspicácia.
CONTRAS
- Longevidade ridiculamente pequena. Apenas dez chefes e o game acabou.
- A curva de dificuldade é exponencial nas fases finais, mesmo que o game não seja fácil.