• Recente
  • Em Alta
emilia-perez-movie

[Filmes] Emilia Pérez e a Rejeição de Representação do México

junho 4, 2025
Ghost of Tsushima

[Curiosidades] A Ilha de Tsushima e a Invasão Mongol do Japão

junho 5, 2025
Zelda-Echoes-of-Wisdom

[Review] The Legend of Zelda: Echoes of Wisdom – Salvem o Link!

Victoria-3-India-Pakistan

[História] O Conflito Índia x Paquistão em Call of Duty e Victoria 3

junho 1, 2025
Clair-Obscur-Expedition-33-Review

[Review] Clair Obscur: Expedition 33 – Um RPG Pintado à Mão

Civilization-VI-Wallpaper

[PC] 10 Jogos de Construção de Civilizações

junho 1, 2025
The Order 1886

Review: The Order 1886 (PlayStation 4) – Um Filme da Sony!

Guariento Portal
  • Início
  • Análises
  • Listas
  • Filmes
  • PlayStation
  • Nintendo
  • Steam
  • Xbox
Sem resultado
Ver todos resultados
  • Início
  • Análises
  • Listas
  • Filmes
  • PlayStation
  • Nintendo
  • Steam
  • Xbox
Sem resultado
Ver todos resultados
Guariento Portal
Sem resultado
Ver todos resultados
Início Filmes

[Filmes] Emilia Pérez e a Rejeição de Representação do México

Premiado em Cannes em 2024, Emilia Pérez reacende o debate sobre estereótipos culturais e a representação violenta do México.

Vitor Guariento por Vitor Guariento
junho 4, 2025
em Artigo, Filmes, História
Reading Time: 8 mins read
2 0
0
emilia-perez-movie
3
COMPARTILHAMENTOS
24
VISITAS

HABLA, ESTA GENTE HABLA

Falar de uma cultura estrangeira não é fácil. Os deuses hindus e suas feições podem rapidamente se tornar demônios no Ocidente. Locais como o Leste Europeu podem ser associados com a violência e o sequestro de pessoas. Foi o que Eli Roth construiu em sua franquia O Albergue. E o México também está nesta lista. Segundo maior país da América Latina em termos de população e economia e o maior do mundo hispânico, o narcotráfico é um problema crônico na sociedade mexicana. Estados inteiros como Sinaloa e Jalisco sofrem com o poder paralelo. Ao tal ponto de se infiltrarem nas instituições de Estado e travarem com elas o monopólio da segurança e da violência. O grande problema é quando, isento de pesquisa, um filme decide se apresentar como um retrato estereotipado, e onde essa sociedade o rechaça. Cria-se uma rejeição de representação do México. Esse é Emilia Pérez.

Emilia-Pérez
Emilia Pérez (2024). Créditos: Netflix.

EMILIA PÉREZ É O OLHAR ESTRANGEIRO NOS PROBLEMAS LATINOS:

Vencedor de prêmios como o do Festival de Cannes e do Globo de Ouro, Emilia Pérez é um filme incômodo. Dirigido pelo francês Jacques Audiard, o filme narra a história da personagem título que, na verdade, fez o processo de ressignificação de gênero. O antes narcotraficante e chefe de cartel Manitas se torna Emilia Pérez. Mais do que isso, ela decide se redimir, fundando uma sociedade para auxiliar as pessoas vítimas da violência do crime organizado. Lógico que uma história dessas poderia trazer um debate saudável. Não foi o caso. Audiard destacou que não precisou pesquisar sobre o México. Mesmo que seu filme seja sobre o país. Da mesma forma que sua equipe indicou que não havia atrizes locais que pudessem fazer seus personagens. Coube à espanhola Karla Sofía Gascón e às americanas Selena Gomez e Zoe Saldaña os papéis principais. Os problemas com o espanhol do México começam aqui.

Relacionados

Lista-Filmes-Terror

Lista: Veja 3 Filmes que fizeram uma galera passar mal nos cinemas

abril 22, 2023
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal Capa

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal – Revisitando o Passado.

Enquanto se apresentava em festivais na Europa, Emilia Pérez arrebatava em aplausos a crítica. Um musical que, de certa forma, toca em um ponto sensível, mas exótico. Os problemas começaram a surgir quando o filme ultrapassou as fronteiras do Atlântico. Especialmente o México, mas não somente ele, começou a destacar a superficialidade e o caráter reducionista do filme. Colombianos e equatorianos, que partilham problemas com o narcotráfico, se reuniram ao coro. Os bolivianos também. E o Brasil, com sérios problemas com o poder paralelo, fez questão de encabeçar as críticas mais fervorosas. Vale lembrar que Emilia Pérez era o rival de Ainda Estou Aqui em diversas premiações. Inclusive no Óscar, onde a estatueta foi entregue pela primeira vez para um filme brasileiro. Percebeu-se que as reclamações mexicanas angariavam apoio de nações tão diferentes. Mas que se envolviam em um problema em comum.

Emilia-Perez-Filme
Emilia Pérez (2024). Créditos: Netflix.

SIMPLIFICAR É AUMENTAR A REJEIÇÃO DO FILME PARA QUEM VIVE O ASSUNTO:

O exotismo que toca no coração europeu é antigo. Vathek, romance do meio da literatura gótica, é o retrato de como a Europa via os árabes no século XVIII. E Emilia Pérez segue essa mesma linha de suposição. Seu problema está tanto no formato quanto na escolha narrativa. A França, sem vivência direta da realidade com o narcotráfico, produziu um musical com estética pop sobre um trauma nacional mexicano. A violência é coreografada, os dilemas morais são suavizados, e a complexidade social é diluída em uma estética questionável. Isso transforma uma tragédia contínua em espetáculo insensível. Sua abordagem é constrangedora. Vincular o processo de ressignificação de gênero à redenção não é adequado. A direção, roteiro e interpretação deixam claro que Manitas, o chefe de um cartel, e a violência que o cercou continuam presentes. Mesmo agora sendo Emilia Pérez, que é apenas uma casca.

Essa violência, aliás, é estatística.  A Comissão Mexicana de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos (CMDPDH), revelou que em 2021, 74% dos episódios de deslocamento registado no país teve origem na violência de grupos armados. A Human Rights Watch destaca que dois terços dos homicídios no país são cometidos pelo crime organizado. O narcotráfico não é apenas um tema para o cinema ou outras mídias, é uma crise interna e humanitária no México. Famílias vivem sob medo com o deslocamento de comunidades inteiras. Ou então terão de viver à mercê do poder dessas entidades. Situações que, na realidade brasileira, são comuns. Reduzir esse problema a uma alegoria pop-moralista sem o devido contexto ou empatia leva a uma interpretação negativa do filme. Faltou à produção do filme o mínimo de conhecimento do México para, ao menos, retirar a leveza com que esse assunto não deveria ser abordado.

México-Narcotráfico
Cartéis de Drogas no México. Créditos: CGTN América.

ANTES DE FALAR DE UMA CULTURA, É IMPORTANTE ESTUDAR SOBRE ELA:

Toda essa recepção negativa no México expôs uma ferida ainda maior em Emilia Pérez. A representação estrangeira que ignora a multiplicidade mexicana. E, de maneira geral, de culturas terceiro mundistas. Quando obras escolhem personagens envolvidos no crime organizado como protagonistas, e ainda os tratam com certa leveza ou encanto, passam a impressão de que o México se resume apenas, de maneira exclusiva, à violência. O mesmo se fala quando se retratam cidades como Rio de Janeiro e Salvador, no Brasil. Esses problemas são reais e incômodos, e fazem parte de uma imensa parcela da população dessas regiões que vivem na insegurança. Mas sem reducionismos. Emília Pérez termina com a personagem sendo venerada como santa pelos locais. Porém, ninguém sabe de seu passado como Manitas, um narcotraficante e representante dos problemas locais. Essa abordagem estrangeira pode perpetuar ainda mais estereótipos que reforçam preconceitos no exterior.

Embora contraditório, esse desconforto da representação cultural não se restringe à América Latina. A própria França já esteve envolvida em problemas de representatividade. Emily in Paris, uma série produzida pela Netflix, sofreu forte retaliação de uma parcela dos franceses por considerarem inadequada o retrato de sua capital e dos parisienses. Havia uma romantização de Paris e de seus cafés que não é a realidade de uma capital com diversos problemas. Como qualquer outra grande cidade do globo e com um gigantesco potencial turístico. Desde Nova York até Calcutá ou Tóquio. Porém, os franceses viram essa visão simplista com cansaço, ao criar uma falsa expectativa e simplificar a sua nação. A França, com uma enorme produção cultural própria, se sentiu reduzida por retratos externos e estereótipos de soberba. O que dizer então do México, constantemente retratado por terceiros apenas por seus problemas?

Emilia-Perez-Filme
Emilia Pérez (2024). Créditos: Netflix.

NÃO É GLORIFICAR NEM FINGIR QUE NÃO EXISTE. É SABER COMO FALAR:

Há um desequilíbrio de poder simbólico nesse processo de retratação. Emilia Pérez é um filme francês, com elenco internacional e financiamento europeu. Porém, ele fala sobre o México, mas sem incluir vozes mexicanas significativas. A crítica não é contra estrangeiros abordarem temas internacionais. É contra a maneira como o fazem. Com a ausência de escuta ou colaboração com os povos retratados. No México, cineastas como Issa López, de Tigers Are Not Afraid e Fernando Frías, de Ya no Estoy Aquí vêm desenvolvendo obras que tratam da violência e das desigualdades locais. Porém, de forma mais sensível e complexa. Essas produções, diferente de Emilia Pérez são bem recebidas porque partem de um lugar de vivência. Elas não ignoram a dor, mas também não a transformam em um espetáculo midiático. Ao contrário, tentam resgatar a humanidade e a pluralidade mexicana. Nem tudo no México é apenas violência.

Por isso que a reação à Emilia Pérez não é apenas estética. É também política. Representações importam. E machucam quando são feitas com os mais profundos estereótipos. Foi-se o tempo da representação de latinos por russos ou outras etnias pintados de marrom. É o que ocorreu em Amor Sublime Amor, de 1961. Ou então quando os árabes se tornaram terroristas implacáveis no cinema do início do século XXI. Fruto é claro dos atentados terroristas de 2001 e da cultura estadunidense da Guerra ao Terror (2001-2021). Quando um país, um povo ou uma cultura é reiteradamente retratado por seus traumas, e esses traumas são utilizados para entreter, há um sentimento de exploração. É como se a dor do outro virasse uma simples mercadoria. Povos não querem mais ser falados. Eles querem falar com suas próprias câmeras e lentes. E ainda mais, querem ser ouvidos.

Receba atualizações via e-mail 📩

AS ESCOLHAS NARRATIVAS IMPORTAM. E SUA REPRESENTAÇÃO TAMBÉM:

Emilia Pérez tem uma concepção de que, nos idos de 1950 ou de 1960, seriam categorizados como avanços no gênero musical. Seja pela forma de corte ou pela narrativa exótica para os padrões europeus. Porém, o mundo do século XXI conta com mais atores sociais, mais meios de comunicação e mais questionamentos. Em vez de cancelar obras, o caminho eficaz é ampliar a crítica e a responsabilidade artística. Filmes como Emilia Pérez devem ser discutidos não apenas pela forma, mas pelo conteúdo e por suas escolhas, sejam estéticas ou narrativas. O México não é apenas narcotráfico, violência, corrupção e cartéis. Criar uma simplificação de seus problemas é confortável, mas não é o ideal. Definir o México com tais palavras é o mesmo que menosprezar sua cultura. Que também é história, arte e ciência. E esse México precisa e quer essa visibilidade.


  • Jaques Audiard, diretor de Emilia Pérez, em entrevista ao site Konbini declarou que “o espanhol é o idioma de países modestos, de pobres e imigrantes”. Antes disso, o diretor já havia declarado que “não pesquisou muito sobre o México, mas que se sentia preparado mesmo assim para falar sobre o país”.
  • No Brasil, Emilia Pérez está disponível no Globoplay pelos canais Telecine e foi lançado pela Paris Filmes nos cinemas. A versão disponível é a legendada. Ao redor do mundo, a distribuição ficou a cargo da Netflix. Duas foram as premiações no Óscar, Música com “El Mal” e Atriz Coadjuvante com Zoe Saldaña.
  • Os dados da violência do México são públicos. A menção da A Comissão Mexicana de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos se encontra no jornal alemão Deutsche Welle. Por outro lado, os homicídios vinculados ao narcotráfico tem acesso na página da Human Rights Watch.

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Source: Vítor Hugo Guariento
Via: Guariento Portal
Vitor Guariento

Vitor Guariento

Morador de Japeri – RJ (Baixada Fluminense para os mais íntimos). Bacharel em Ciências Econômicas pela UFRRJ e Pós Graduando em Defesa Nacional pelo IMES. Outrora Agente Administrativo, agora Auditor Federal. Campeão da Região de Johto e Herói de Hyrule. Fundador do Guariento Portal, site destinado a curiosidades e críticas de filmes e jogos em geral.

Relacionados

Review-Crítica-O-Exorcista-do-Papa
Análises

Crítica de Filme: O Exorcista do Papa (2023)

Uma-Noite-de-Crime-Filme-The-Purge
Filmes

Artigo: Uma Noite de Crime. Do Expurgo Americano à Realidade

julho 11, 2023
Quais países no mundo falam Português como idioma oficial?
Curiosidades

Quais países no mundo falam Português como idioma oficial?

setembro 10, 2020

Deixe uma respostaCancelar resposta

  • Home
  • Contato
  • Sobre
  • Privacidade

© 2025 Guariento Portal

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In
Sem resultado
Ver todos resultados
  • Início
  • Análises
  • Listas
  • Filmes
  • PlayStation
  • Nintendo
  • Steam
  • Xbox

© 2025 Guariento Portal

%d