Que as vezes os vilões chegam a ser mais importantes que os protagonistas, isto não há dúvida. Até pelo fato de que, para que o mocinho brilhe, o vilão tem que ser literalmente um buraco negro para a provação da famosa Jornada do Heroi. Entretanto, além da maldade, uma trilha sonora arrebatadora também se encaixa aos grandes vilões, como o Scar de O Rei Leão, de 1994. E complementado a Parte I das melhores músicas de vilões, o Guariento Portal novamente transporta o espectador para a Broadway. Botando os pés novamente na França com Gaston e das altas torres da Europa de Gothel com Mother Knows Best. Ou quem sabe as celebrações de Nova Orleans com Friends on the Other Side até o retorno de Jafar com You’re Only Second Rate. Mergulhe em mais 4 Músicas dignas de Vilões da Disney que você pode ver também em seu streaming.
#5 – Friends on the Other Side, de A Princesa e o Sapo.
Iniciando essa segunda parte de músicas que transformam aquele vilão em alguém a ser temido, saímos um pouco da Era do Renascimento da Disney. Indo é claro para a modernidade, mas com um sopro das características imbatíveis da década de 90 do século XX. Aqui, temos Friends on the Other Side, a canção de abertura do Dr. Facilier de A Princesa e o Sapo, animação de 2009. Que em português é traduzida como “Amigos do Outro Lado”. Essa é a primeira música vilanesca depois de um hiato de quase uma década dos estúdios, desde que Hellfire, de O Corcunda de Notre Dame foi lançada queimando metade de Paris. Aqui, o espectador é transportado para as celebrações de Mardi Gras em Nova Orleans, no qual um feiticeiro vodu, ambicioso como poucos, usa de sua magia e de seus amigos do outro lado do plano terreno para conceder desejos.
Aqui, temos o Pacto Faustiano clássico, da mesma forma que Úrsula fizera com Ariel ao cantar Poor Unfortunate Souls. A letra de Friends on the Other Side é definitivamente animada, mas consegue passar uma sensação assustadora de que mais cedo ou mais tarde cobrará o seu preço. Dr. Facilier tem uma lábia como ninguém, e sabe exatamente como influenciar as emoções humanas. Mesmo que tudo chegue ao fim da pior maneira possível, ele mesmo avisa que não é culpa dele. Afinal, todos os seus poderes vem dos amigos que estão do outro lado. Friends on the Other Side é um contraponto interessante que acaba criando um novo caminho para outras músicas desse novo período, como é o caso de Mother Knows Best, que não é da Jessie J, mas é a próxima dessa Lista. Seja na voz de Keith David no original ou de Sérgio Fortuna no Brasil.
#6 – Mother Knows Best, de Enrolados.
Mais um filme que incorpora tudo que tem de bom no Renascimento da Disney, mesmo que seja fruto dos anos 2000. Sucedendo A Princesa e o Sapo, Enrolados é a animação da vez, lançada em 2010 pelos estúdios da Disney. Aqui, temos uma história levemente inspirada no clássico alemão Rapunzel. Então, espere por uma Princesa que vive trancafiada em uma torre sem contato com ninguém, mas com um enorme cabelo. Acontece que a história é incrementada pois a jovem acredita que Gothel, ninguém menos do que a vilã da trama é sua mãe. E uma mãe extremamente protetora, que não permite nem que ela pise um centímetro fora da torre. Claro que isso na verdade é pelas propriedades mágicas de seu cabelo, que mantém ela sempre bela e jovem como a Rainha Má do clássico Branca de Neve e os Sete Anões.
Para convencer Rapunzel, Mamãe Gothel é especialista em psicologia digna de Freud, e abusa da chantagem emocional com Mother Knows Best, ou “Sua Mãe Sabe Mais” em Português. Criando um mundo quase apocalíptico, como o de Metro 2033, assim como animais peçonhentos, canibais que nem Jeffrey Dahmer e tudo que existe de pior nesse mundo, Mamãe Gothel consegue tirar da mente de Rapunzel essa ideia de sair da torre. Afinal, como toda mãe, ela sempre sabe mais. Isso até encontrar então o príncipe da vez, que na verdade é um ladrão bem ao estilo Aladdin. Mother Knows Best é ainda reprisada exatamente quando Gothel percebe que, sem os poderes curativos do cabelo de Rapunzel ela envelhecerá rápido. No fim das contas, Mother Knows Best é um exemplo de controle abusivo de uma mãe sobre a filha. E cantada brilhantemente por Donna Murphy no original e Gottsha no Brasil.
#7 – Gaston, de A Bela e a Fera.
Agora, não tem como, temos de retornar nesta Lista com os clássicos do Renascimento. Afinal, pode-se dizer que este é o período mais prolífico no quesito músicas e vilões da Casa do Mickey Mouse. E, ao invés de toda a chantagem emocional de Mother Knows Best ou o pacto quase demoníaco de Friends on the Other Side, temos uma música que só não gruda mais pois é exatamente o que o seu personagem é; insuportável. Gaston, o nome mesmo, é o vilão principal de A Bela e a Fera, animação de 1991. Metido a ser o melhor de todos, ele até pode ser forte, mas sem temperamento parece de uma criança birrenta de três anos de idade que não aguenta ouvir algumas verdades. Depois de Bela literalmente recusar as insinuações de um relacionamento com Gaston, sua auto estima está mais baixa que a Fossa das Marianas.
Então, todos aqueles que lambem as botas de Gaston, em especial LeFou, começam a cantar a canção Gaston. Algo que já diz bastante sobre o personagem. Aqui, temos uma das músicas que engrandecem o vilão na tentativa de provar suas qualidades. Já que não existe ninguém naquela região da França tão belo, másculo, forte como Gaston. Basicamente, a música serve apenas como um consolo ao ego inflamado do antagonista, já que não há ninguém nessa pobre terra tão bom quanto Gaston. Essa, sem sombra de dúvida, é a música mais terrena dentre todas, pois aqui temos apenas uma canção que serve puramente com o intuito de mostrar que o antagonista sente um ego inflado, um surto narcisista que nem Narciso teria. Essa também é uma música cantada em dupla, com Jesse Corti e Richard White no original e Maurício Luz e Pedro Lopes no Brasil quando das músicas.
#8 – You’re Only Second Race, de O Retorno de Jafar.
Na primeira parte desta Lista, vimos que Jafar já havia aparecido. E, quem o conhece, sabe que ele é um vilão bastante atípico e de personalidade. Cínico, poderoso e extremamente vingativo, Jafar foi o único que usou a canção do protagonista contra ele, no filme Aladdin, animação de 1992. No entanto, Prince Ali não foi o único momento que o personagem tirou sarro de seus maiores inimigos. No longa exclusivo para VHS – que na época era uma mídia comum – chamado O Retorno de Jafar, o feiticeiro e novo gênio da lâmpada retorna para atazanar a vida de Aladdin e toda a Agrabah. E, como bom escorpiano que aparenta ser, trama sua própria vingança contra o Gênio Original. You’re Only Second Race, ou no Brasil “Você Não Vale Nada”, é uma forma de Jafar desdenhar de todas as mágicas do gênio.
Ele usa e abusa de alguns parágrafos de Friend Like Me, ou “Nunca Teve um Amigo Assim”. Tem coelho sendo retirado da cartola e toda uma comparação de que as mágicas do gênio não são páreos para o que o feiticeiro se tornou. O Retorno de Jafar pode não ser uma continuação a altura ao original filme. Porém, como Jafar nunca teve uma música de fato que poderia ser sua, You’re Only Second Race acaba ganhando esse status. E com todas as qualidades possíveis, pois o que não falta é o humor extremamente ríspido e ácido de Jafar quando alcança o primeiro lugar. Algo que ele sempre prezou, pois se via como o segundo lugar, um trauma que até hoje não se recuperou. Claro que a canção no Brasil foi promovida por Jorgeh Lemos, seu dublador original e Jonathan Freeman no original. Embora esta seja melhor em Português.
Mesmo aqueles que não são do Renascimento tem marcas desse momento.
Outras músicas igualmente vilanescas mereciam entrar na Lista? Com toda certeza. Não faltam músicas de vilões impecáveis do Universo da Disney. Especialmente quando o nome envolvido é Alan Menken. Ele é o responsável por trilha como as de Aladdin, A Pequena Sereia, Corcunda de Notre Dame e Enrolados. Percebe-se que praticamente metade do arcabouço vilanesco vem da mente deste compositor. Mas é claro que temos outros talentos, que no fim das contas engrandece os antagonistas que toda uma boa história deve ter. O Dr. Facilier com Friends on the Other Side tem toda a ginga da colonização francesa e africana de Nova Orleans. Mesmo com seu toque sombrio e sua ousadia de puxar para um lado mágico e sombrio desde o próprio Jafar e seus feitiços. Já Mother Knows Best é a típica canção de alguém que não se acha vilã.
Mas que usa de toda sua influência para convencer e dominar sua presa, que no caso é sua filha adotiva. Gaston por outro lado é diferente, no sentido que não temos pactos e nem criaturas envolvidas, mas apenas o ego doído e inflado de Gaston. E que precisa ser amaciado para que seu temperamento não exploda. Por fim, You’re Only Second Race quando do retorno de Jafar é o combo da vingança suprema do ex-vizir com todo o seu sarcasmo, que devidamente é maior do que sua vontade de ser sempre o primeiro lugar de tudo que participa. Até mesmo o controle de Agrabah. Com isso, alguns retornam a esta Lista, como o próprio Jafar, mas outros tem sua primeira incursão, como as trilhas respeitáveis de A Princesa e o Sapo, Enrolados e A Bela e Fera. Animações estas que renasceram o melhor do estilo da Disney.
Texto elaborado originalmente por uma ideia de Anna Vitória Guariento e Escrito por Vítor Hugo Guariento.