É bem provável que você saiba que o Banco Central do Brasil anunciou a nova nota de R$ 200,00. Estampando o lobo-guará, animal típico do Cerrado brasileiro e parente distante do Lobo Etíope, esta será a maior nota da família monetária criada em 1994. No entanto, ela não é de perto a maior existente. Notas com um peso comercial ainda maiores que o real, como o Euro tem notas de 500 unidades. Por mais que, em livre circulação, seja difícil de encontrá-la. Mesmo com esse valor, a emissão de moedas mais altas normalmente pressupõe o aumento da inflação. Não que seja o caso brasileiro, mas foi por exemplo o caso Húngaro, considerado o mais aflitivo da história. Aquela época, pós Segunda Guerra Mundial, a moeda da Hungria era o Pengö.
O Pengö não dura muito, e os zeros começam a crescer:
Contudo, durante os eventos da Segunda Guerra Mundial, a região da Hungria foi primeiramente invadida pelos alemães, e posteriormente, pelos soviéticos. Cerca de 40% de toda a riqueza da região havia sido destruída por completo. Até mesmo Budapeste, considerada a Pérola do Danúbio teve 80% de suas construções destruídas por bombardeiros e invasões. Praticamente todas as linhas de comunicação, e em especial a férrea não existiam mais. Além disso, como a Hungria havia se tornado um estado fantoche do governo alemão, após os eventos teve também de arcar com uma indenização aos vencedores da guerra. Todos esses aspectos jogavam um horizonte sombrio no país.
Para então dar conta da necessidade de reconstrução assim como pagar as dívidas de guerra, o governo húngaro recorrer a emissão monetária. Aos poucos, o Pengö passou a ter números cada vez maiores, alimentando um processo inflacionário. Dá-se o nome de inflação a perda do poder de compra da população e a desvalorização da moeda. Nesse caso, era necessário cada vez mais notas com valores nominais altos para comprar itens básicos e de higiene. A situação chega ao ponto em que o Pengö passa a não ter mais nenhum tipo de valor. Para se ter uma ideia, uma nota de 1 trilhão de Pengö, em cotação simples equivalia a cerca de 20 centavos de dólares americanos a época.
A maior nota já produzida tinha o valor de 100.000.000.000.000.000.000,00 de unidades:
A questão é que criar uma nota com um valor tão alto já não era possível. Sendo assim, o Pengö deu lugar ao B. Pengö. Uma forma de facilitar a quantidade de zeros necessários. É aqui então que ocorre a produção da maior moeda nominal já registrada na história. 100 milhões de B. Pengö, que alocados na moeda tradicional da Hungria, equivaleria a 100.000.000.000.000.000.000,00 Pengö. Não, você não leu errado, a maior moeda do mundo tinha a o valor de 100 quintilhões de unidades. Vale dizer que o Banco Central Húngaro a época tinha uma moeda ainda maior, mas não a imprimiu. Esses valores astronômicos vão de encontro com o processo inflacionário húngaro, que chegou ao impactante nível de 41.900.000.000.000.000%.
Contudo, é importante destacar que a Hungria não é a única nação que sofreu com o processo inflacionário. A Alemanha, ou melhor, a República de Weimar na década de 30 também passou por um processo com o marco alemão. O Zimbábue, mais recentemente, emitiu notas de altos valores, em especial uma de 100 trilhões de dólares zimbabuanos. No primeiro caso, foi necessária uma reforma monetária, enquanto no segundo o país foi dolarizado, adotando o dólar americano e outras moedas de nações regionais, como o rand da África do Sul. Desta forma, você pode olhar para o lobo guará e ver que, nem de longe ela é a maior nota, é a do Real, mas não em nível mundial.