O RENASCIMENTO DO FANTASMA:
God of War (2018), teve seu primeiro trailer revelado na E3 de 2016. E vocês não fazem ideia da minha reação. Primeiro, eu ouvi a voz e pensei: ‘’Nossa, essa voz me é familiar’’. Depois, me bateu um sentimento de ‘’é God of War!?’’. Mas, a ficha só caiu quando vi a cicatriz na barriga do espartano (aquela feita por Zeus no GOW2). E durante todo o trailer, eu só queria chorar. O cara estava de volta! Finalmente!
Lançado em 20/04/18, sendo desenvolvido pela Santa Monica Studios e publicado pela Sony como um exclusivo de PS4 e agora com uma versão para o PC em 14/01/22. Tratando-se de um jogo de ação e aventura no gênero hack ‘n slash, com câmera em terceira pessoa (over the shoulder, estilo popularizado pelo Resident Evil 4), com temática centralizada na mitologia nórdica.
UMA VIDA NORMAL:
A trama de God of War (2018) se passa 50 anos depois do terceiro jogo, onde Kratos tentou se matar, sem sucesso. Logo após os eventos de GOW3, ele se viu sem rumo, e decidiu sair da Grécia (que estava acabada, vamos combinar). Então, ele chegou até a Escandinávia e percebeu que existiam outros deuses além dos gregos. Logo depois, ele conheceu Faye e com ela teve um filho chamado Atreus. Agora, ele simplesmente vive uma vida pacífica na floresta com sua nova família.
Entretanto, Faye falece. E, como seu último pedido, ela demanda que Kratos leve suas cinzas até a montanha. God of War (2018) começa com o fantasma cortando as árvores que Faye marcou para servirem de pira na sua cremação. Então, depois da cerimônia ele decide levar seu filho para caçar, e descobrir se ele está pronto para a jornada. Depois que saímos da casa, inicia-se o tutorial.
Todavia, Atreus falha na tarefa, pois demonstra muita fúria dentro de si e Kratos desaprova isso (o mundo da voltas mesmo né?). Entretanto, quando eles retornam, recebem a visita de um personagem misterioso que diz saber quem ele é, e que veio atrás dele. Então, o espartano sai para confrontar o estranho abusado, e aqui nós temos o nosso primeiro chefão real (honrando a tradição da franquia de sempre começar com uma luta épica). E é nesse momento, que God of War (2018) começa para valer!

O DNA DA FRANQUIA:
Desde já, quero deixar registrado que, como todo fã, eu desaprovei totalmente essa repaginada da franquia (inicialmente, claro). Meu sonho era ver um God of War no PS4, já que mesmo o console tendo sido lançado em 2013, ele não havia recebido nenhum jogo da saga até o momento, sendo que o PS3 tinha, 99% dos jogos lançados de Kratos, com excessão do Betrayal que é para celular (o que me fez aceitar que a saga tinha acabado, mesmo com o final do terceiro). Então, quando anunciaram, eu fiquei um pouco desconfiado: ‘’Pô, quando finalmente vão lançar, mudam tudo?’’. Inclusive, a saga sempre teve os quick-time events como marca registrada (e eu sempre amei). Todavia, aqui foram reduzidos consideravelmente, e eu me via tentando apertar os botões durante as ceninhas.
Mas, felizmente, eu não poderia estar mais enganado! God of War (2018) nada mais é do que um jogo clássico da franquia, com uma câmera diferente e elementos de RPG mais aprofundados. Tudo está aqui, combate brutal e viciante, chefões épicos, boas histórias, deuses folgados, ambientações lindas e trilha magnífica! Todavia, estou me adiantando né? Vamos por partes.

O REINADO DO MACHADO:
Primeiramente, vamos ao novo combate. Como eu disse, o combate continua brutal, mas os controles mudaram completamente. De início, já vemos que a câmera é livre agora (diferente dos outros), além disso, o jogo adotou uma postura de Souls-Like no seu combate, não pela dificuldade (apesar de terem seus momentos ‘’darksoulszianos’’), e sim pela forma como Kratos se movimenta e ataca. Agora nós batemos com R1 no ataque fraco, R2 no ataque forte e podemos travar a mira no inimigo, e esquivar com rolamentos (igual a série Souls). A defesa ainda continua sendo com L1 (por consequência, o Parry também). Porém, o que mais difere agora é a arma de Kratos.
O machado Leviathan rouba a cena aqui (ao menos até conseguirmos as Lâminas)! Faye deu esse machado ao seu marido, e ele funciona exatamente como o Mjolnir do nosso ‘’querido’’ Thor, ou seja, podemos arremessá-lo em inimigos e objetos e depois chamá-lo de volta com triângulo (é bem viciante, inclusive). Além disso, o machado possui o elemento gelo, diferente das três lâminas anteriores que contavam com a benção do fogo.
Porém, não vivemos só de machado. Ainda possuímos um escudo para a defesa e parry, e Atreus também ajuda Kratos no combate. O garoto possui um arco (dado pela mãe), que pode atirar flechas normais sozinho, ou flechas mágicas ao comando do pai, além de poder estrangular inimigos, deixando eles vulneráveis aos nossos ataques! Vale ressaltar que Atreus é extremamente útil. Tanto que, eu o fortaleci totalmente, antes do próprio Kratos! A flecha de atordoamento é incrível. Para ordenar os ataques, basta apertar quadrado, mas lembrem-se: Atreus possui um limite de flechas que pode atirar antes de recarregar.

GOW: ASCENSION FAZENDO ESCOLA:
Outro ponto interessante, é que a fúria voltou. A trilogia original trouxe três fúrias: dos deuses, dos titãs e de esparta. Agora, ela voltou com o nome de Spartan Rage, mas com o mesmo intuito de atropelar tudo que virmos pela frente. A diferença é que agora Kratos ataca com os punhos e recebe alguns efeitos legais. Por exemplo, agora quando estamos nesse modo, todo dano que iriamos receber, vai para a barra de fúria, drenando-a mais rapidamente. Além disso, cada ataque bem sucedido restaura um pouco da vida do espartano.
Agora, sobre os inimigos, gostaria de mencionar que eles possuem uma barra de vida e uma de atordoamento, que, quando cheia, nos permite executar uma finalização. Nesse meio tempo, do God of War Ascension até aqui, as finalizações variadas foram perdidas. Cada inimigo possui apenas um modo, o que é um pouco triste na verdade, pois gostava de destruir eles de várias formas diferentes. Porém, uma coisa que surgiu no Ascension e foi ampliada aqui, foram os ataques físicos de Kratos.
Vocês devem se lembrar que lá, ao apertarmos e segurarmos bolinha, Kratos dava socos nos inimigos e os atordoava. Agora, os socos se tornaram mecânica essencial! Podemos guardar o machado na bainha, e partir para a trocação. Com socos e as flechas de atordoamento de Atreus (as azuis), nós enchemos a barra do inimigo muito rápido (ataque pelas costas também ajuda), ou seja, facilmente executamos a finalização!
Mas, fiquem espertos, pois agora Kratos possui nível de acordo com seus equipamentos (já explico) e os inimigos também. Além disso, barra de vida deles vem em cores diferentes. Se estiver verde? Corre pro abraço. Se estiver roxa? Fuja para as colinas!

OS NOVOS EQUIPAMENTOS:
Em seguida, vamos passar aquele pente fino sobre os tais ‘’elementos de RPG’’ presentes em God of War (PS4). Antes de mais nada, vocês devem se lembrar que GOW sempre teve uma pitadinha de RPG, com a possibilidade de fortalecer as armas e liberar habilidades. Entretanto, agora fomos a outro nível.
O fantasma possui três tipos de equipamento: peitoril, punho e cintura. Sendo que, cada parte de armadura possui seus próprios efeitos (existem várias no jogo), e ainda, as com maior raridade, vão trazer também espaços para equiparmos encantamentos, que por sua vez, também possuem efeitos. Ou seja, da um total de nove efeitos quando estiver equipado. Além disso, as armas de Kratos vêm com um punho que também pode ser trocado, e conceder efeitos.
Portanto, é possível montar uma build bem sólida com os efeitos e atributos que você mais gosta. Assim como os encantamentos, nós também encontramos talismãs mágicos (e não, não são iguais aos do Jack Chan). Estes talismãs podem, ou ser ativados com L1+bolinha, ou possuírem efeitos passivos. Por exemplo, o meu favorito é um que, ao executarmos uma esquiva perfeita (a lá Bloodborne), o tempo para por alguns segundos! Lembrando que, tudo pode ser fortalecido.
Já sobre Atreus, ele possui somente uma túnica como equipamento (a variedade delas é menor), mas ela também vem com vários atributos, principalmente para ajudar Kratos, como por exemplo: achar pedras de saúde durante o combate e dar ao pai.

OS ATAQUES ÚNICOS:
Além disso, todas as armas podem ser fortalecidas, tanto o machado, as lâminas e o arco, quanto os equipamentos e encantamentos! Nessa aventura, nós conhecemos dois ferreiros que estão sempre brigando, porém dispostos a nos fortalecer.
Juntamente com o upgrade das armas, nós também possuímos magias. As armas de Kratos possuem dois espaços para runas, sendo uma leve (L1+R1) e a outra pesada (L1+R2), e a variedade é incrível. Eu mesmo fiquei em dúvida várias vezes de qual usar. A solução é sempre ir testando para ver qual se adapta ao seu combate! Enquanto isso, Atreus possui ataques mágicos também, que podem ser usados ao segurar o quadrado. Todos os ataques do garoto são baseados em animais, como Bando de Corvos (meu favorito), Debandada de Javalis, etc.
Por fim, nós também temos uma árvore de habilidade, tanto para o espartano, quanto para o garoto. Essa árvore fortalece as habilidades das armas, como por exemplo, Kratos pode correr e logo em seguida desferir um ataque forte com o R2, ou até, imbuir o machado com gelo, antes de arremessá-lo, e por ai vai. Lembrando que as habilidades vêm com algumas travas de nível. Então, fortaleçam suas armas nos ferreiros para adquirir as habilidades. Além disso, aqui nós adquirimos XP, ao invés dos orbs vermelhos de antigamente, mesmo que ambos possuam a mesma função.

MIDGARD E SEUS SEGREDOS:
Depois que falamos do combate, vamos falar do mundo. God of War (2018), segue com sua essência de um jogo linear. Porém, agora temos sequências abertas em Midgard (quem jogou TLU2 vai se lembrar do centro de Seattle), e aqui (como nos outros reinos), nós temos muita coisa extra para fazer. Kratos conta com um mapa agora que mostra tudo: quantos baús têm no mapa, quantos corvos de Odin, artefatos, e por ai vai.
Além disso, no próprio menu nós temos várias abas diferentes. Em objetivos, nós temos a missão principal, os favores (dados por NPCs), os trabalhos (achar todos os corvos de Odin, por exemplo), mapa de tesouro e artefatos colecionáveis (como as máscaras). Também temos um códice com dados dos inimigos e das áreas, além da aba de recursos onde vemos os itens para upgrade e criação.
Ou seja, God of War (2018) possui muita coisa extra no seu mapa. Existem as fendas do reino que dão recursos, mas quando enfiamos a mão nelas, libertamos um ou mais inimigos poderosos que devemos derrotar para obter a recompensa (cuidado onde vocês enfiam a mão!). Vale ressaltar também, que nós usamos um pequeno barco para viajar pelo lago principal de Midgard, e é através dele que podemos alcançar os lugares escondidos, coletando itens, experiência e hacksilver (a moeda do jogo que usamos para comprar itens).
Em outras palavras: você não fica sem ter o que fazer nesse mapa. Além disso, os ferreiros são úteis. É neles que fazemos upgrade, criamos itens, compramos e vendemos itens. Sempre que ver um deles, é bom parar e dar uma olhada no que é possível fazer.

JORNADA DE PAI E FILHO:
Finalmente, vamos ao enredo. Uma das minhas críticas aos God of War anteriores é a falta de profundidade em alguns personagens, por exemplo, no primeiro jogo. Mas, aqui no God of War (2018), eles trouxeram uma campanha muito maior do que as anteriores e com isso puderam desenvolver não só a relação entre Kratos e Atreus (que, para quem sabe tudo que o fantasma passou, ela é incrível), como também da Bruxa, do Estranho, e até conhecemos bem sobre o Thor.
Mas, vamos lá. Após Kratos derrotar O Estranho, ele percebe que não poderia esperar até que Atreus estivesse pronto para subirem a montanha e assim jogar as cinzas de Faye. Então, ele pega o garoto, ‘’bota nas costas’’, e ambos saem apressados de casa.
E eu vou falar com vocês: que história gostosa e emocionante! Ela conta com um desenvolvimento incrível do Atreus, onde você se sensibiliza por ele (que acabou de perder a mãe), mas também é possível ter raiva dele, e até orgulho das suas conquistas. Enquanto Kratos é um cara que, passou pelo inferno, fez um inferno, perdeu pessoas amadas, matou quem não queria, e, quando ele finalmente parecia estar em paz, acaba perdendo a esposa.

A EVOLUÇÃO DE KRATOS:
Nessa aventura, vemos no que os traumas de Kratos o transformaram. Tem uma diferença nítida em como ele tratava Calliope e como ele trata Atreus. Porém, não é culpa dele. Inclusive, desde o início, ele tenta demonstrar amor ao filho, mas a gente sabe como ele é. Tão carinhoso quanto um chute na cabeça.
Sabe aquele pai/mãe que, quando fica preocupado com você, te xinga muito? Kratos é exatamente assim. Existe um momento, onde o garoto some por apenas alguns segundos da vista de Kratos, e o jogo nos coloca em uma sequência onde o céu escurece e a atmosfera calma muda, a trilha muda, tudo para mostrar o desespero interno de Kratos na possibilidade de perder mais um filho!
God of War (2018) trás uma história profunda, que mostra uma relação entre pai e filho que, eu tenho certeza, muitos de vocês se identificam. Além de personagens muito interessantes, e uma lore riquíssima sobre a cultura nórdica, contada em monumentos, missões secundárias e contos do Mimir. O jogo também conta com chefões épicos, como de costume! Para não mencionar os segredos que a trama revela no final, e ainda traz cena pós-crédito para nos preparar!

TÉCNICA IMPECÁVEL – COMO SEMPRE!
Em seguida, o lado técnico. Como era esperado, God of War (2018) mantém a tradição da saga de ser impecável tecnicamente. Possui um mapa lindíssimo, com cenários grandiosos e deslumbrantes em todos os reinos. Juntamente com isso, os modelos dos personagens são muito bem feitos e detalhados! Inclusive, é possível ver as veias em Kratos quando ele usa a Spartan Rage, é insano!
Assim como os gráficos, a trilha veio com tudo! É diferente da anterior que carregava a temática grega, mas é igualmente épica (mesmo eu preferindo as originais). Ela se encaixa perfeitamente em todos os momentos, de ação, de calmaria, de tensão. É incrível!
Quanto ao level design, aqui também só me resta elogiar. Tudo muito bem feito, atalhos voltando novamente, além dos diversos puzzles (aqui é o jogo da franquia que mais tem puzzle), e todos eles muito bem bolados e com uma curva de dificuldade bem colocada. Existem os fáceis, mas também existem aqueles que viram sua cabeça do avesso!
Um que eu gostaria de destacar, são os baús que precisam de três runas para serem abertos. Essas runas ficam na área próxima ao baú e, só depois de destruirmos as três (às vezes só precisamos atingir) que ele se abrirá. E eu vou confessar, tiveram algumas que me deixaram com dor de cabeça. Não achava nem por reza!

AS CÂMARAS OCULTAS:
Por fim, os extras. Como vocês já perceberam, existem várias coisas para se fazer no mapa. E quando zerarmos, todas elas ficarão marcadas no mapa, ou seja, caso não queira procurar, pode fazer tudo ao zerar.
Porém, eu gostaria de mencionar um extra em particular, as câmaras ocultas. Elas são liberadas após encontrarmos um cinzel, e, por favor, visitem as câmaras! É, sem dúvida, o extra mais legal de toda a saga!
Finalmente, o New Game +. Ele retorna com novos itens, e novas armaduras, além de ser possível coletar tudo de novo para adquirir novos bônus de experiência. Vale a pena iniciar tudo novamente para ficar cada vez mais poderoso! Além de ser possível sempre mudar a dificuldade, caso tenha receio de ficar extremamente forte no New Game +.

CONCLUSÃO:
Em síntese, God of War (2018), fez muito fã torcer o nariz inicialmente. Mas quando chegou, mostrou que a franquia precisava desses novos ares. Trazendo o mesmo combate viciante, fluído e brutal de sempre, com chefões grandiosos e épicos, um mapa lindo e uma trilha sonora memorável. Além da sua história emocionante e cativante, e personagens interessantíssimos.
Não foi atoa que venceu o prêmio de jogo do ano em 2018, batendo nada mais nada menos do que Red Dead Redemption 2. É aquela aventura que você nunca mais vai esquecer, seja fã ou não! E que pode ser completada em 20 horas, podendo chegar até 51 horas caso você busque o 100%! Afinal, ‘’você não pode mudar. Você sempre será, um monstro.’’
Números
God of War (2018)
God of War (2018) trouxe uma revolução para a saga, mas mantendo tudo que a gente mais gosta! Com uma gameplay viciante, gráficos lindos, ótimos personagens e uma trilha sonora marcante, ele simplesmente adicionou um mundo mais aberto, elementos de RPG mais profundos e uma história densa, para fazer deste um dos melhores jogos de toda a franquia!
PRÓS
- Jogabilidade viciante que muitas vezes lembra os clássicos
- Trilha sonora memorável
- Ótimo level design, com vários segredos
- Elementos de RPG bem implementados
- História emocionante e muito cativante
- Elementos extras bem legais, com bastante desafio
- Ótimos puzzles