Eu poderia resumir River City Girls como uma “ode aos beat’em ups dos anos 90”, mas esse jogo é muito mais do que isso.
Desenvolvido pela WayForward (os mesmos criadores de Shantae), distribuído pela Arc System Works e com lançamento em 05 de Setembro de 2019, esse spin off da franquia “Kunio-Kun” rapidamente ficou mais popular do que a série principal, mesmo sendo extremamente mais novo. Um dos fatores para tal sucesso foi o fato de River City Girls dar uma repaginada nos visuais utilizados na franquia original. Um fato que também ajudou foi o jogo ser lançado simultaneamente para o mundo todo e em diversas plataformas. Para ficarmos todos na mesma página, aviso que esse review foi feito com base na versão de Nintendo Switch. Dito isso, bora pro review!
Tudo por amor!
O jogo conta a história de Misako e Kyoko, que são namoradas do Kunio e Riki (protagonistas da série principal). Ao receberem uma mensagem informando que seus namorados foram raptados elas decidem se auto liberar da detenção quebrando tudo, e todos, que encontram pelo caminho! Guiadas pelo amor, e pela vontade incansável de socar todos que se opõem, elas partem numa jornada revirando todos os bairros de River City.
A história é contada através de diálogos entre as amigas, interações com os chefões de cada capítulo, e também através de algumas lembranças que são apresentadas como se fossem revistas em quadrinhos. Tudo carregado de um bom humor, sem forçar as famosas “piadas de tiozão”.
Jogabilidade.
A estrutura do jogo difere um pouco dos beat’em up clássicos. A regra desse gênero é ter uma fase linear onde o desafio era basicamente ir do inicio ao fim chamando todo mundo no soco. River City Girls apresenta um mapa que remete ao gênero Metroidvania, com diversas áreas interligadas formando uma zona maior. E depois de fazer algumas missões é possível interligar áreas que antes não se comunicavam. É algo bem útil para caso queira fazer 100%, pois certamente você vai precisar revisitar locais onde já esteve para procurar os colecionáveis. Ao contrário do gênero Metroidvania, as missões principais não te pedem para fazer o famoso backtracking, após encerrar a missão principal de uma área você só voltará nela para coletar colecionáveis mesmo.
A exploração dos mapas do jogo é bem satisfatória. Como comentei a pouco, o jogo é bem direcionado a concluir o que precisa ser feito numa área e passar para a próxima. Porém, temos a questão de explorar para encontrar os colecionáveis. E nesse ponto eu tenho que dizer que eles deixaram a peteca cair. Os devs decidiram colocar colecionáveis em certos locais que apenas uma pontinha do colecionável fica visível na tela. Talvez essa decisão venha da tentativa de trazer aquela sensação de ter quer revirar o mapa procurando por mínimos detalhes que os jogos dos anos 90 tinham. Eu particularmente acho isso uma maneira preguiçosa de manter o jogador engajado. E acredito que em 2019 já não existiam pessoas que adoravam ficar scaneando tela de jogo a procura de algum detalhe mínimo.
Som.
Uma das coisas que mais me chamou atenção foi o capricho que tiveram com os efeitos sonoros e OST desse jogo. Sério, tudo no jogo tem algum efeito sonoro próprio, desde entrar em lojas até arremessar uma bola de tênis nos inimigos. Eu sou defensor de que a sonoplastia em jogos, filmes e séries é responsável por 90% do que sentimos experimentando essas mídias. E é por isso que eu fiquei positivamente impressionado com o cuidado que os designers tiveram com os sons de River City Girls. Isso tornou o fato de quebrar um taco de baseball na cabeça de um inimigo não penas gratificante pelo fato de surrar ele, mas também por ter o som do taco quebrando!
A OST é um show a parte. Nós sabemos que o time acertou em cheio com as músicas quando nos pegamos cantarolando elas no nosso dia a dia. Mais ainda quando dá vontade de escutar as músicas fazendo algo, como trabalhar, limpar a casa, cuidar do pátio, etc. A OST de River City Girls gera essa vontade de escutar ela enquanto faz outras coisas (inclusive estou escutando agora enquanto redijo essa análise haha). Além de boa e viciante, a trilha ainda conta com uma das melhores músicas de intro / tela inicial que eu já tive o prazer de escutar!
Visual.
A WayForward tem muita experiência com jogos em pixel art. Mas em River City Girls eles atingiram um outro patamar. Fizeram o design dos personagens, sejam os jogáveis, inimigos ou até mesmo os NPCs que estão apenas vivendo suas vidas enquanto a pancadaria acontece ao redor, com um primor absurdo! Antes mesmo de você ver a arte estilo mangá dos personagens, você pode reparar em cada detalhe que foi pensado para ele nas sprites. As animações também são incríveis, ainda mais considerando a variedade de ataques que os personagens jogáveis tem. Aqui vale ressaltar que, mesmo sendo um jogo de escopo pequeno, os designers tiveram a atenção de fazer até mesmo os NPCs reagirem quando executamos algum ataque próximo deles.
A equipe também teve muito carinho na hora de criar os cenários da River City em si. A pixel art empregada na criação da cidade consegue passar todos os detalhes que uma cidade tem. Acredito que o destaque aqui vai pra Uptown e Downtown, que como os nomes sugerem são o bairro nobre e o bairro pobre, nessa ordem mesmo. Em Uptown encontramos muitas lojas, letreiros piscantes e diversos efeitos de luz que impressionam até mesmo quem está acostumado com ótima pixel art. Já em Downtown temos muito lixo, ruas escuras e casas em péssimo estado. E novamente, a pixel art empregada consegue nos comunicar esses detalhes perfeitamente.
Performance.
Estou escrevendo esse review baseado na versão de Nintendo Switch, como comentei antes, e a experiência foi ótima! O jogo manteve a taxa de quadros estável o tempo todo, sem nenhum engasgo ou travamento. Também não experimentei nenhum tipo de crash ou bug, pontos importantíssimos! Porém, preciso falar pra vocês que o ouro de verdade está na experiência de poder levar um jogo como River City Girls pra qualquer lugar! Vai no médico e precisa esperar? Pega o Swich e esmurra alguém. Restaurante atrasou teu lanche? Saca o Switch e chuta alguns bandidos. Teus parentes estão ocupando a TV da casa pra ver seu time tomando um 3×0 retumbante? Vai pro quarto com o Switch e cansa de tanto bater nos inimigos!
A qualidade da imagem também está ótima. Porém tenho que salientar aqui que joguei em um Switch OLED e em uma TV QLED 50″ LG ThinQ AI 4K, e essa TV faz milagres, sem brincadeira. Ao mesmo tempo, tenho amigos e conhecidos que jogaram no Switch normal e no Switch Lite sem problemas com qualidade de imagem. Visto se tratar de um beat’em up 2D feito em pixel art é esperado não ter problemas nesse sentido. O único ponto negativo referente a performance é o tempo de carregamento grande na troca de áreas. Mas não foi algo que chegou a prejudicar a jogabilidade, só preferi pontuar pois pode incomodar algumas pessoas.
Longevidade.
Eu levei em torno de 20 horas para fazer 100%, e depois disso não se tem o que fazer que seja novidade dentro do jogo. Vale pontuar também que metade dessas 20 horas são bem repetitivas. Além disso, não vejo muita abertura pra fazer desafios interessantes em novas jogadas. Ao meu ver a longevidade do jogo está dentro do esperado para um beat’em up, porém o preço é elevado se for fazer um valor “pago por hora” de entretenimento. É claro que eu não ter visto oportunidade de tirar mais desse jogo não quer dizer que você não possa ver, ou até mesmo ter vontade de jogar novamente de tempos em tempos. Vale pontuar que existe um modo cooperativo local. Se você recebe amigos que gostam desse estilo de jogo é uma ótima oportunidade de diversão para todos!
Conclusão.
River City Girls é um jogo extremamente divertido, com controles precisos e design açucarado! É a opção perfeita de jogo para se ter instalado no Switch e jogar em qualquer situação. Ter um escopo menor não é necessariamente uma desvantagem, apenas gostaria que o 100% não exigisse tanta repetição.
River City Girls se encontra a venda em todas as lojas virtuais das plataformas populares (Nintendo eShop, PlayStation Store, Steam e Xbox Store). Também existe a mídia física para consoles, mas essa geralmente tem preço elevado e no geral é dificil de encontrar para compra. O sucesso de críticas e vendas foi tão grande que em Dezembro de 2022 lançaram a continuação das aventuras de Misako e Kyoko, mas isso é assunto para um próximo review!
Números
River City Girls
Eu poderia resumir River City Girls como uma "ode aos beat'em ups dos anos 90", mas esse jogo é muito mais do que isso. Viva a aventura de Misako e Kyoko lutando contra tudo e contra todos para resgatar seus namorados que foram sequestrados em River City Girls!
PRÓS
- Controles intuitivos
- Controles responsivos
- Sonoplastia muito bem feita
- OST viciante
- Pixel art feita com maestria
- Performance consistente tanto na dock quanto modo portátil do Switch
- Modo coop local divertido
CONTRAS
- Podia ser menos repetitivo para fechar 100%
- É um jogo teoricamente curto pelo preço dele