O QUE EU QUERO MAIS É SER REI:

Impérios se levantam e caem. Foi assim com os romanos de Júlio César, com os persas de Dario e até mesmo com os hunos guiados por Átila, que chegaram às portas de Viena. No entanto, não se trata de forças territoriais da Idade Antiga. Impérios também podem ser cinematográficos, como a Disney, a Casa de Mickey Mouse. Responsável pela Pixar de Procurando Nemo (Finding Nemo, 2003) e a Marvel de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (Doctor Strange and the Multiverse of Madness, 2022), a Disney tem um passado de glórias e triunfos que colocam até mesmo Napoleão aos seus pés. Da sua Era de Ouro (1937-1942) ao Renascimento (1989-1999), a Disney é um padrão de qualidade latente para outros estúdios. E é nessa biblioteca de valiosos títulos que é possível eleger oito animações que são facilmente as melhores de suas gerações. Ou pelo menos quase isso.
#MENÇÃO HONROSA: ENROLADOS (TANGLED, 2010):

Sua mãe sabe mais! O 50º filme de animação da Disney é uma obra baseada livremente em um conto dos Irmãos Grimm. No caso, Rapunzel, a jovem que vive aprisionada em uma torre com enormes cabelos. Enrolados, o filme levou dos cofres do estúdio cerca de 260 milhões de dólares. Muito desse dinheiro está no estilo artístico do filme, distinto de outras obras da Disney. Enrolados empregou uma técnica que misturava computação e animação tradicional em sua renderização, numa espécie de pintura com elementos medievais. Além disso, Alan Menken, que já trabalhou em Aladdin (Aladdin, 1992), retornou para essa adaptação da história da germânica Rapunzel. Ao todo, Enrolados faturou mais de 590 milhões de dólares, sendo um marco da Era do Retorno (2010-2019). Porém, mesmo com uma dublagem questionável no Brasil, o filme viu a luz brilhar, mantendo o conceito de aventura musical, marca registrada da Disney.
#8 – MOGLI: O MENINO LOBO (THE JUNGLE BOOK, 1967):

Pois bem, saindo da Alemanha para o que é somente o necessário. O que no caso são as florestas tropicais da Índia. Onde temos Mogli: O Menino Lobo, animação programada para surgir ainda na década de 1930. Porém, somente trinta anos depois, a história de um jovem criado por uma pantera-negra ganhou forma. Inclusive, em um período em que estúdios reutilizavam quadros animados. Afinal, a produção era custosa, pois todos os frames de cada cena eram meticulosamente produzidos. No fim das contas, a obra, baseada no livro homônimo do escritor inglês Rudyard Kipling soube adotar um mundo musical colorido e diferente. Algo visto depois com Tarzan (Tarzan, 1999), já na época do Renascimento, pelo menos em termos de roteiro. Mogli: O Menino Lobo marca não só o fim da Era de Prata (1950-1967) do estúdio como também o último trabalho de Walt Disney, que faleceu em 1966.
#7 – MOANA: UM MAR DE AVENTURAS (MOANA, 2016):

Não é somente de histórias tradicionais que vive a Disney. E, mais distante do que a Índia, está a Polinésia Francesa com Moana: Um Mar de Aventuras. O universo pode até pedir para ir mais longe, mas a tradição de protagonistas princesas reaparece na Era do Retorno. Produzido totalmente em computação gráfica, Moana é o nome da aventureira personagem título. Filha de um chefe tribal, ela é escolhida para navegar por águas desconhecidas em busca de uma relíquia para o agrado de uma deusa ancestral. Foi a terceira animação da Disney a ter uma dublagem especial. Já os outros dois foram O Rei Leão (The Lion King, 1994) com o idioma Zulu e Mulan (Mulan, 1998) com o mandarim de Pequim. Seu sucesso financeiro, de mais de 600 milhões de dólares, o fez candidato a um Universo Expandido. Aliás, sendo o primeiro dentre as obras mais recentes da Disney.
#6 – PINÓQUIO (PINOCCHIO, 1940):

Logo após o sucesso absoluto de sua 1ª animação, Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs, 1937), era hora de Walt Disney organizar seus planos. Seus olhares atravessaram o Atlântico até a Itália, com a história de um boneco de madeira que ganha vida. Era Pinóquio, sua 2ª animação. Baseado na história do escritor italiano Carlo Collodi, o filme foi administrado para se adequar a um roteiro infanto juvenil, algo que ocorreu em outros momentos, como em A Bela Adormecida (Sleeping Beauty, 1955). Lançado em plena Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Pinóquio foi um fracasso de bilheteria, só galgando na jangada do sucesso em seu relançamento, em 1945. Provavelmente, alguém fez um pedido para uma estrela, ao ponto de o filme ganhar também a aclamação universal, até mesmo em agregadores de notas. Um Live-Action foi produzido em 2022, mas é preferível acompanhar a obra original.
#5 – FANTASIA (FANTASIA, 1940):

Continuando a Era de Ouro (1937-1949) e sucedendo Pinóquio, a bruxaria musical dá as caras com Mickey Mouse como protagonista. A 3ª animação é Fantasia, filme que difere e muito de seus antecessores, sendo um deleite para os amantes da música clássica. Como se fosse um número projetado por uma orquestra sinfônica, Fantasia conta com oito atos bem distribuídos, onde compositores como Johann Sebastian Bach, Piotr Tchaikovski, Paul Dukas e Ludwig Van Beethoven têm seu repertório tocado pela Orquestra da Filadélfia. O ato mais conhecido, chamado de O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcere’s Aprentice), retrata Mickey tentando aprender magia após ter roubado o chapéu de seu mentor. E assim, se transformado em uma de suas alcunhas mais conhecidas, o Mickey Feiticeiro. Com direito a vassouras que andam sozinhas e uma impressão visual absurda, nem mesmo Ave Maria, de Franz Schubert, escapou da homenagem, encerrando o longa de maneira magistral.
#4 – MULAN (MULAN, 1998):

Sendo mais rápido do que um rio, ou com força igual à de um tufão, a Disney usa novamente uma antiga lenda. Desta vez, um poema chinês, a Balada de Fa Mulan. De autoria imprecisa, o poema narra as escolhas da personagem título que, ao perceber que seu velho pai é chamado para conter os hunos, decide se alistar em seu lugar. Mesmo sendo algo proibido. A animação de Mulan se diferencia de O Corcunda de Notre Dame (The Hunckback of Notre Dame, 1996), com os traços mais simples e contidos da Era do Renascimento. Fruto inclusive da influência das pinturas das Dinastias Ming e Qing. Embora não obtendo o sucesso comercial de outros títulos, Mulan faz parte de uma quebra de paradigma da Disney, mesmo com sua força musical e seu tom de comédia. Afinal, Mulan é de uma matriz étnica distinta da caucasiana e de personalidade combativa.
#3 – BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES (SNOW WHITE AND THE SEVEN DWARFS, 1937):

O medalhista de bronze não pode ser outro senão aquele que fez o destino da Disney muito feliz. Abrindo os caminhos mais até do que as cavernas das minas dos anões, Branca de Neve e os Sete Anões foi o pontapé de Walt Disney. Mesmo nascendo em um período da história em que filmes desse estilo eram subestimados. Tendo como base um conto compilado pelos Irmãos Grimm, a história de uma jovem atormentada por sua madrasta, a Rainha Má, é atemporal. E não por menos, se transformou na obra basilar para os arquétipos de princesa indefesa e vilã inescrupulosa. Produzido manualmente, Branca de Neve e os Sete Anões ainda contam com animações espetaculares até hoje e uma trilha sonora capaz de fazer inveja aos mais novos. Enfim, a primeira entre seus pares da realeza, a animação ganhou uma versão Live-Action em 2025. Porém, ainda assim é preferível sua versão original.
#2 – ALADDIN (ALADDIN, 1998):

Pois bem, diferente de Branca de Neve e os Sete Anões, se houve algum Live-Action que acertou, foi o de Aladdin. Musicalmente arrebatador, a animação é tão quente e interessante quanto as noites da Arábia e dos escritos de As Mil e Uma Noites, no qual a história tem sua base em Aladdin e a Lâmpada Maravilhosa. Dessa forma, trazendo ao centro da narrativa o jovem ladrão Aladdin, a animação, extremamente colorida, narra seu desejo de conquistar a Princesa Jasmine. E que, por força do destino, esbarra em uma lâmpada mágica habitada por um gênio. Aliás, Aladdin é o último trabalho na trilha sonora da dupla Alan Menken e Howard Ashman, uma vez que esse último faleceu em 1991. Fora do eixo ocidental, o longa não passou isento de críticas, em especial pela retratação do mundo árabe. Mesmo assim, dentro da biblioteca da Disney, é o merecido medalhista de prata.
#1 – O REI LEÃO (THE LION KING, 1994):

A mistura da savana africana com Hamlet parece ser algo impossível. Porém, a história de Simba que vê sua vida mudar após a morte de seu pai Mufasa pelo tio Scar é capaz de levar o público às lágrimas, lembrando exatamente de quem se deve ser em O Rei Leão. Um trabalho absurdamente impecável de roteiro, criação e trilha sonora. O Rei Leão é o ápice da criatividade da Disney e o maior expoente da Era do Renascimento. E, por mais incrível que pareça, não se tinha tanta expectativa no filme, que estavam, na verdade, em Pocahontas (Pocahontas, 1995). Essa falta de expectativa foi recompensada com um dos filmes mais aclamados pela crítica. É, aliás, o detentor do título de ser a mais rentável animação produzida em estilo clássico. E claro, não por menos, o medalhista de ouro. A obra original, e não o Live-Action, de 2019.
EXISTEM OUTROS, MAS PELO MENOS O PÓDIUM ESTÁ COM O QUE HÁ DE MELHOR NA ANIMAÇÃO:

Logicamente, escolher oito de sessenta e três animações, pelo menos até 2025, é um aparato que requer sacrifícios. A trilha sonora de Hércules (Hercules, 1997) e O Corcunda de Notre Dame são impecáveis. Enquanto Cinderela (Cinderella, 1950) e Dumbo (Dumbo, 1941) são animações de enorme apreço e beleza. Adentrando a Pixar, que remonta a sua história com Toy Story (Toy Story, 1995) até Elementos (Elemental, 2023) e Divertidamente 2 (Inside Out 2, 2024), a escolha é ainda mais pessoal, difícil e singular. Então, é claro que nem todos vão concordar. Mudanças são normais. Porém, em um universo limitado, escolhas devem ser feitas. Animações como O Rei Leão, Aladdin e Branca de Neve marcaram não só suas gerações como também o cinema. E, dificilmente, estarão distantes do rol de melhores produções da Casa de Mickey Mouse. Vida longa ao Rei e ao Disney+, onde esses títulos estão à disposição.
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