Você já se perguntou o motivo dos dias da semana terem seus nomes com “feira” no português? Bem, basicamente, essa mudança ocorreu por força religiosa. Ao invés de nomes pagãos e astrológicos, buscou-se usar nomes ligados a religião cristã.
Se você já estudou algum idioma, sabe que quando chegamos no dia da semana, o português tem uma peculiaridade. E que nada tem haver com suas influências árabes (como já destacamos em Post aqui no Guariento Portal). Por exemplo, o espanhol, o italiano, o inglês e o alemão usam de elementos astrológicos e deuses de suas antigas culturas para descrever o que chamamos de dia. Martedi em italiano e Martes em espanhol significa terça feira. Porém, sua origem é derivada do antigo deus romano Marte (Ares ao equivalente grego), assim como o planeta mais perto da Terra. Já nas línguas de origem germânica, a mesma terça feira é Tuesday em inglês e Dienstag em alemão. Ambos se referem ao deus nórdico Tyr. Então, qual foi o motivo de que o português mudasse drasticamente, até mesmo de línguas parentes? A resposta é a religião.
Com preguiça de ler toda toda a matéria? Não devia. Mas, se mesmo assim você prefere um resumo desta pequena matéria sobre o nome dos dias da semana, confira:
- Diferente de parentes mais próximos, como o espanhol e o italiano, o português ousou quando o assunto é o dia da semana. Seus parentes mantiveram a genética pagã e astrológica do nome destes dias, mas isso pareceu uma contradição.
- Em Braga, uma cidade portuguesa, houve um Concílio em 563. Foi decidido a partir deste momento que os nomes dos dias da Semana Santa ganhariam o “feira”, tornado-se segunda-feira, terça-feira, e assim por diante. O problema é que isso se espalhou para os outros dias da semana.
- Assim, a língua portuguesa trata-se de ponto fora da curva, mesmo dentro de seu círculo como também de parentes mais próximas. E o caso de mudança pelo aspecto religioso.
No ano de 563, ocorreu um Concílio Católico na cidade portuguesa de Braga. O bispo que a iniciou, de nome Martinho levantou a seguinte questão; em um mundo católico, utilizar-se de nomes pagãos para os dias da semana era de certa forma herético, e isso deveria ser mudado. Contudo, o bispo Martinho destacou que essa alteração deveria valer apenas para os dias da Semana Santa. Logo, todos os outros do ano poderiam continuar a usar o nome de deuses pagãos. Não por menos, o “feira” que vem logo após a segunda, a terça e outros dias provém do latim, e significa “feria”, dia de descanso. O Concílio, é claro aprovou a sugestão do Bispo, e os dias da Semana Santa passaram e ter os seus nomes atuais. O problema é que essa alteração acabou ultrapassando o feriado religioso, e sendo utilizado para todos os dias da semana.
No entanto, isso não responde o motivo da segunda-feira ser chamada de “segunda” e não de primeira-feira. Isso também se deve a religião cristã. Para marcar os dias da semana, em especial na Idade Média, o “dies Dominica” era especial. Uma vez que este era o “dia do Senhor”. Como a maior parte da sociedade medieval se reunia no domingo para missas, os agricultores aproveitavam e se reuniam também em feiras, logo a primeira feira acabou sendo no domingo. A partir desse dia, a segunda-feira acabou caindo na segunda, a terceira feira na terça, e assim por diante. Só que ao invés de chamar primeira feira, os portugueses decidiram manter o dia do Senhor, de onde provém a palavra domingo.
O mesmo aconteceu com o Sábado, só que a sua influência é a hebraica. Como, para esse povo o dia do descanso é o Sábado, ele passa a ser o mais importante da semana. O nome vem de Shabbatt (שבת), que significa descanso, onde os judeus não podem trabalhar. O talmude destaca 39 atividades que não podem ser realizadas no sábado. E normalmente, os judeus contratam pessoas não judias para desenvolver atividades, principalmente as comerciais. Esse termo também é o mesmo utilizado em Sabbat, o ritual da Idade Média de encontro de praticantes de feitiçaria, o famoso Sabá das Bruxas. Então, no fim, não se espante que só o Português usa o termo “feira” para descrever os dias da semana. Uma singularidade que praticamente nenhuma outra língua tem. E a demonstração de como a religião cristã influenciou o vocabulário da língua.