A Nintendo é visto no meio do entretenimento eletrônico como uma empresa com regras bastante rígidas para adequar o conteúdo dentro de seus consoles. Não por menos, Mortal Kombat por exemplo sofreu essa pressão ao ter o sangue alterado das versões do Super Nintendo. Contudo, de tempos em tempo, a própria Gigante Japonesa parece sofrer com problemas. Especialmente no que envolve ao Oriente Médio. Pokémon, por exemplo, já fora banido na Arábia Saudita por se acreditar neste Reino que pregavam o uso de símbolos vedados ao Islã. Como é o caso da cruz cristã e da estrela de Davi, além de acrescentarem triângulos da maçonaria. No entanto, The Legend of Zelda também caiu em um problema similar. Mais especificamente, o game The Legend of Zelda: Ocarina of Time do Nintendo 64. Acompanhe nossa Curiosidade aqui no Guariento Portal.
Usar o crescente e a estrela pode não ter sido realmente uma boa ideia da Nintendo. Então, até dá pra entender a troca.
No icônico game de 1998, dois elementos foram completamente retirados das versões remasterizadas. A primeira curiosidade se refere ao símbolo da raça Gerudo enquanto o segundo é uma canção disposta no Templo do Fogo, dentro da Montanha da Morte. Indo para a primeira explicação, nas fitas iniciais de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, o símbolo da raça Gerudo era representada por uma estrela e uma lua em crescente. Um símbolo simples, podia-se dizer. Tanto é que era visto no Mirror Shield, item que provavelmente quem jogou o utilizou para conseguir o Medalhão do Espírito. Entretanto, esse símbolo é utilizado em bandeiras de países ligadas a cultura islâmica, como a Turquia e o Paquistão. Então, o departamento da Nintendo que analisa essas situações, observando a política natural da empresa decidiu retirar das próximas fitas o símbolo do crescente com uma estrela.
Assim, a raça Gerudo ganhou o seu símbolo mais tradicional, visto não somente em The Legend of Zelda: Ocarina of Time, como também em games mais recentes, tipo Breath of the Wild. No caso, o selo se tornou algo mais próximo do que o carpelo de uma cobra rei aberta. A Cobra Rei é uma espécie de serpente do mundo real, a maior serpente venenosa do planeta, e assemelha-se a uma naja, mesmo não sendo da mesma espécie. Reside em regiões da Índia, Mianmar e do Sri Lanka, onde o animal inclusive é venerado. No game da Nintendo, o emblema do crescente e da estrela foi prontamente trocado. Ainda era possível ver em uma localidade específica no Virtual Console, mas Ocarina of Time 3D fez questão de apagar qualquer detalhe de sua existência. O mesmo pode ser dito do segundo aspecto desta curiosidade, mas que não sobreviveu tanto tempo assim.
Se já não bastava o símbolo, tem que ter também canções. É claro que o Departamento de Boas Relações da Nintendo não deixou passar. E Ocarina of Time foi sutilmente alterado.
No caso, novamente é a religião islâmica envolvida, mas dessa vez é o Templo do Fogo. Ou Fire Temple se você prefere a língua inglesa. Prestando a devida atenção e tendo um pouco de árabe como idioma, é possível entender frases legíveis, como é o caso de Dhul-Galali-wal-ikram, que significa “O Senhor da Majestade e da Generosidade”. Ou então o mais importante, Bismi-llāhi R-raḥmāni R-raḥīm. Essa pronúncia trata-se da Bismillah, uma das mais importantes frases pronunciadas no Islã e que abre praticamente todas as Suras do Alcorão. Sua tradução para o Português seria algo “em Nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso”. Obviamente, o setor de relações públicas da Nintendo também não deixou passar tal situação por questões óbvias, e o som, embora agora menos assustador, foi trocado pelo uso de sintetizadores.
Se, por um lado, as duas mudanças anteriores em The Legend of Zelda: Ocarina of Time faz sentido, a terceira é praticamente desnecessária.
Por fim, um outro ponto também de interesse para esta curiosidade. Mesmo que não seja envolta de polêmicas religiosas, mas envolve The Legend of Zelda: Ocarina of Time. Lembrando um dos primeiros tópicos desta curiosidade, é possível perceber que a Nintendo não é uma Rockstar ao produzir Manhunt 2. Muito pelo contrário, ela tem uma política bem restrita, que beira até ao desnecessário. Uma dessas sem dúvida foi a troca do sangue de Ganondorf simplesmente como uma forma de tornar menos violento o game. No original do Nintendo 64, o Rei Gerudo e principal antagonista da história cuspia sangue ao ser acertado e derrotado pela Master Sword empunhada por Link. Porém, em todas as outras versões remasterizadas, o personagem na verdade cospe uma gosma verde, que deveria ser o seu sangue. Desnecessário? Sim, mas foi mais uma, a terceira mudança vista em The Legend of Zelda: Ocarina of Time.
* A série The Legend of Zelda é cheia de Curiosidades. E o Guariento Portal ama falar sobre estes momentos, seja dos games e dos filmes. Então, se acaso tenha uma Curiosidade que deva ganhar um espaço neste lugar, pode mandar abaixo, nos comentários. Ou então enviar um e-mail para guarientoportal@gmail.com. Caso tenha interesse, fazemos especiais curiosos sobre outras franquias, como já o fizemos com Resident Evil, o próprio Pokémon e também uma análise de dois games da franquia Zelda. Obviamente The Legend of Zelda: Ocarina of Time, em sua versão de Nintendo 3DS, e The Legend of Zelda: Phantom Hourglass para o Nintendo DS. Pode dar aquela conferida!