Algumas histórias são tão boas que “detalhes” de sua narrativa podem desencadear novos contos e uma premissa para o futuro. E, no embate de afligir os deuses do Olimpo com toda a sua fúria, era possível trazer mais história ao Fantasma de Esparta que se tornou o Deus da Guerra, o Matador de Deuses. É então que temos a epopeia de God of War: Ghost of Sparta, game então exclusivo do PlayStation Portable, com port posterior ao PlayStation 3. Produzido pelo estúdio americano Santa Monica e da também californiana Ready at Dawn, o jogador é transportado para o passado de Kratos, na desenfreada busca de seu irmão, Deimos. Mesmo que para isso seja necessário destruir o mundo. Será então que o game cumpre o que promete? Pois bem, peguem suas correntes e passem pelas Portas da Morte com a Análise aqui do Guariento Portal.
Os deuses enganam o pobre Kratos, e agora não é diferente.
Primeiramente, esperamos que você saiba pelo menos um pouquinho sobre a franquia God of War. Mas se não sabe, não se preocupe. A história de God of War: Ghost of Sparta é fácil de entender. Baseado em um universo onde os deuses gregos e outros panteões existem, o game para o PSP se encaixa logo depois dos acontecimentos do primeiro God of War. Kratos, agora como o Deus da Guerra trabalha com os Olimpianos enquanto sua fúria aumenta cada vez mais. Já que os todos poderosos não deram tudo que ele queria – a chance de esquecer o pior dia de sua vida. No entanto, a situação piora ainda mais quando Kratos descobre que Deimos, seu irmão, está vivo, sendo torturado no Domínio da Morte pelo próprio Thanatos, depois de seu sequestro por Ares.
É com essa pequena premissa que temos as iniciais de God of War: Ghost of Sparta. Buscando saber mais sobre seus pesadelos e buscar seu irmão, Kratos parte em uma jornada passando por Esparta, a cidade de Atlântida, a Ilha de Creta e outras paisagens exuberantes dentro do portátil em busca de mais uma vez fazer com que os deuses quitem todas as suas dívidas. E de fato, embora simples, a história do game é um deleite de criação de mundo e de inserção de profundidade nas suas histórias. Trazendo apenas uma pinça que era o irmão, é através da vontade do Deus da Guerra de, sempre voltar ao seu passado, que o jogador é levado a uma história que chega novamente ao momento em que a máxima se torna verdadeira, não se pode confiar nos deuses.
Atlântida e os Domínios da Morte. Tudo é deslumbrante.
Na verdade, God of War: Ghost of Sparta guarda um primor visual e técnico digno dos estúdios que o desenvolveram. A Santa Monica já é conhecida pela qualidade de seus títulos, e a Ready at Dawn deu aquela pincelada uma vez seu trabalho de anos anteriores com a primeira trilha de Kratos nos portáteis com God of War: Chains of Olympus, de 2008. Não por menos, até mesmo os detalhes mais distantes, quanto à explosão do vulcão Thera são apreciados. A trilha sonora, claramente tem que manter o estilo do roteiro dramático que permeia a vida do Deus da Guerra. Como dito, os acordes de Gerard Marino evocam a exploração e a catástrofe de todas as formas. Infelizmente, na época de seu lançamento no PSP não havia dublagem, e nem mesmo legenda em Português do Brasil, algo colocado dentro da remasterização para PS3.
Claro que não podemos falar desta franquia da Sony sem dizer sobre uma de suas principais características, a jogabilidade. Tendo o estilo hack’n’slash na veia, God of War: Ghost of Sparta aprimora o que foi produzido em seu antecessor. Na verdade, trazendo alguns primores de God of War III (2010), lançado praticamente no mesmo ano. Aqui, a ação é controlada de maneira bastante fluida e fácil de entender. Quanto mais o jogador se aventura, é possível evoluir todas as suas armas, em especial as Blades of Athena, correntes já muito conhecidas do personagem e as recentes Armas de Esparta, mostrando como o anterior humano e soldado é reverenciado em suas terras. E não espere por piedade do Deus da Guerra. Kratos é puramente caótico em sua destruição de criaturas e de seres humanos.
O barcaça de Caronte é boa, mas é tão pequena.
Temos aqui os chamados Quick Time Events, que se feitos de maneira correta trazem mais energia para que o Fantasma de Esparta use seus poderes roubados ou encontrados durante a jornada. Existe em God of War: Ghost of Sparta uma sensação de progressão inclusive em sua jogabilidade, pelo fato de que assim como os inimigos, os próprios ataques de Kratos e as armadilhas que ele pode cair também se modificam. E o melhor, praticamente nenhuma delas é repetida ao extremo ou cansativo. É como se, após vencer o Leão de Pireu ou a Scylla, o novo adversário seja diferente de tudo. Mesmo que o modo de jogo seja o mesmo, bater, bater e bater no melhor estilo hack’nslash. A existência de modos fáceis e difíceis de jogo melhora a longevidade, embora não seja o suficiente.
Sim, você leu direito, chegamos ao ponto de que encontrar Thanatos tem seus percalços, e um deles, na verdade, o principal, é a longevidade do game. God of War: Ghost of Sparta é curto e ponto final. Por mais que a história divirta, nem mesmo com todos os extras como galerias e modos de batalha disponível no PSP aumentam a cerca de oito horas de jogatina até que o jogador consiga destruir a Morte. A título de comparação, ele é mais longevo que seu antecessor no portátil, mas isso não é palco para comemorar. Por fim e não menos importante, um problema paulatino que se percebe é a câmera que, devido a mudança de seus ângulos em momentos inoportunos, confunde completamente os controles. Sorte que isso é em alguns momentos, senão transformaria para pior essa narrativa.
Mais uma vez, a ira de Kratos cairá sobre um deus.
Poucas franquias podem se vangloriar de nunca terem experimentado o amargo gosto de um fracasso, principalmente quando se arriscam a adaptar o título a algum portátil. […] God of War é um exemplo desses acertos. Além dos três capítulos principais, a jornada de vingança de Kratos também ganhou uma versão para PSP tão divertida e visualmente bela quanto as edições para PS2 e PS3, tanto que Chains of Olympus ainda é considerado como um dos melhores jogos do pequeno console da Sony. […] Ghost of Sparta parece fechar o ciclo de histórias sobre Kratos. Fazendo um retrospecto de toda a série, é difícil encontrar pontas soltas que justifiquem um novo game, o que é uma pena, já que todos querem rever o Fantasma Espartano em ação novamente. Só nos resta esperar uma surpresa da Sony.
Descrição na Análise de God of War: Ghost of Sparta, escrito por Durval Ramos Júnior no Site TecMundo. (Nota 97 de 100) e antes da franquia ir para a Mitologia Nórdica.
Claro que, depois de tudo isso o jogador não tem dúvida de perguntar. Obviamente God of War: Ghost of Sparta vale a pena ser jogado, correto? A resposta do Guariento Portal não é outra senão um enorme sim. E desta vez, diferente de outros games que já fizemos Análise que podem ter certas restrições, como Outlast 2, da Red Barrels. Aqui, a Santa Monica e a Ready at Dawn fizeram uma criação que dá gosto de ver. Nos quesitos técnicos, tanto gráficos quanto sonoros, a aventura do Fantasma de Esparta é uma das melhores que podem ser vistas dentro de um console portátil. Frenética, sem extenuar a vontade de conhecer ainda mais o mundo da fúria contra o Olimpo. A diferença de cada design de mundo faz com que cada masmorra seja única.
Cada masmorra é exclusiva, e é bom evoluir suas armas.
Além disso, os controles respondem com propriedade, e mesmo percebendo o limite que o PSP trabalho, não há falhas perceptíveis de frames por segundo. Tanto é que nada foi relatado sobre isso. Com a exceção de alguns problemas de câmera, é fácil e praticamente intuitivo dilacerar os piores monstros que poderiam aparecer na mitologia grega. E vai além, pois a evolução ocorre tanto na narrativa quanto nos artefatos de Kratos. A história, muito bem conduzida de fato, trás um pouco mais do passado do novo Deus da Guerra em busca do resquício de família que poderia ter. Sendo assim, uma narrativa simples, mas que não precisa de artifícios tão espetaculares para guiar o jogador em uma excelente aventura digna de um deus. Às vezes, jogar no simples é o que se pode fazer de melhor.
Claro que God of War: Ghost of Sparta tem algumas pouquíssimas falhas, e se atente para o termo pouca. Pois de fato ela não deixa nem mesmo de ser a unha de Poseidon dentro da Atlântida. Infelizmente, o game é tão curto que toda a sensação de estamos jogando um grande título do PSP se vai a cerca de oito horas diretas. E que, mesmo com todos os extras, ainda assim não há muito que se ver, nem mesmo com os modos do game. Este na verdade, serve para trazer um grupo maior de público para a franquia, seja aqueles que gostam de uma jornada mais tranquila ou uma epopeia que parece saída do Submundo. O outro problema, como dito e bem pontual, é a câmera que cisma em mudar e atrapalhar em alguns momentos a jornada do jogador.
O game da Ready at Dawn e Santa Monica é sem dúvida, excelente.
No fim das contas, God of War: Ghost of Sparta é um título apropriado para qualquer pessoa que goste de um game que une uma produção técnica e jogabilidade rápida de um hack’n’slash. Claro que a atenção está no fato de você, no controle do Deus da Guerra destroçar mortais e outras criaturas. E, sendo de fácil entendimento e com uma curva de dificuldade relativamente tranquila, abarca um leque de jogadores. Os deuses do Olimpo estão um pouco de lado, mas chegar aos Domínios da Morte é uma jornada que, para o coitado do Kratos só poderia ser cheia de obstáculos. Por isso, não tenha dúvida, God of War: Ghost of Sparta é apropriado para qualquer um que goste de jogos eletrônicos. E se você tem um PlayStation Portable (PSP) e não jogou ainda, é melhor correr antes que as Blades of Athena apareça na sua frente.
Números
God of War: Ghost of Sparta (PSP).
Os deuses não são confiáveis, e Kratos sabe muito bem disso. Agora, o Fantasma de Esparta busca o paradeiro de seu irmão, Deimos, aprisionado dentro dos Domínios da Morte, onde nem o Olimpo se atreve a entrar. Com muito ódio no coração, God of War: Ghost of Sparta trás uma aventura rápida até demais, mas que aumenta o background do soldado. Sem dúvida, uma das melhores experiências visuais e jogáveis dentro do PlayStation Portable (PSP) da Sony.
PRÓS
- O PSP é posto no limite com o aprimoramento visual e de design de cada fase, que são enormes.
- Trilha sonora continua imbatível, não pendendo em nada a epopeia de Kratos e de Deimos.
- Controles são fluidos dentro do portátil, e os puzzles de cada masmorra são bastante diferenciados.
- É impossível não se divertir na busca dos Domínios da Morte, com uma história rápida mas certinha.
CONTRAS
- Infelizmente, o game é curto demais. Em cerca de oito horas é possível terminar tudo nele.
- Em momentos específicos, a câmera do game atrapalha na jogabilidade, se movendo para ângulos que não deveriam.