O cinema catástrofe não é algo antiquado. Na verdade, é um subgênero que, com pouca consequência narrativa consegue divertir. Afinal, quem procura filmes deste tipo já sabe de antemão o que quer ver. O mundo está ameaçado por alguma coisa, um asteroide, vulcões em erupções ou até mesmo terremotos e maremotos. Até mesmo tudo junto, como o longa 2012 de Roland Emmerich. Porém, ao invés de se focar em grandes cidades sendo varridas da existência humana, Destruição Final: O Último Refúgio é essencialmente minimalista. O que não quer dizer que deixe a desejar em seus elementos catastróficos, mas que se foca bem mais na relação familiar do núcleo protagonista. Com um asteroide em rota de colisão com a Terra, cabe apenas a simples sobrevivência, em uma luta contra o tempo. Agora, veja por esta Crítica se vale a pena o longa disponível no Prime Video!
Um cometa está em rota de colisão com a Terra. Porém, o foco não é destruição, mas sim em relações humanas:
Para começo de conversa, Destruição Final: O Último Refúgio acerta na cartilha quase perfeita do cinema desastre. No caso, um asteroide descoberto há poucos dias é um sinal de perigo quando parte de sua família de impacto causa destruição na cidade americana de Tampa, na Flórida. Com o impacto, percebe-se que os grandes gênios da NASA e de outras agências erraram suas previsões. Ou então foram coibidos de mencionar a verdade para o público para que não se criasse uma histeria coletiva. Então, o espectador tem uma espécie de bomba relógio, um tanto diferente. A Casa Branca, os prédios do Vaticano e o Empire State já foram destruídos dezenas de vezes, de Independence Day ao já citado 2012, mas não em Destruição Final. O contato entre tela e espectador está bem mais no confronto de uma família tentando sobreviver a essa crise de escala apocalíptica.
Isso em nenhum momento retira o caráter de urgência. Seja por meio do rádio, da televisão ou do cenário em tom laranja, é possível sentir e eminência do perigo e do que ele pode causar. Mas a escolha de se focar na família principal o torna mais factível. Esqueça situações mirabolantes como a saída de Jackson e de sua família da Califórnia em 2012. Aqui, Gerard Butler (que vive John Garrity) e Morena Baccarin (sua esposa, Alison Garrity) dão vida a pessoas de carne e osso. Que estão em situações extremas para sobreviver. Seja ao pedir carona para desconhecidos, como também na busca de um local seguro perante o Apocalipse. Tudo isso inflado é claro por cenas de explosões e mais uma vez, da iminência de perigo com uma atmosfera angustiante. Em determinados momentos, essa receita é bem útil e interessante.
A atmosfera é um tanto sufocante, em especial os problemas que outros humanos levam para a Família Garrity:
Entretanto, isso não quer dizer que o longa não tenha os mais óbvios clichês do gênero. Eles só estão de maneira mais escondida, em especial na primeira metade. Como o problema familiar toma praticamente a tela de maneira integral, a destruição e a amostra grátis de coisas se desfazendo em fumaça e fogo tornam-se um segundo plano. Sendo assim uma ideia um tanto distinta para este gênero e que merece certo destaque de seu roteirista, Chris Sparling. E, em termos de narrativa, a história consegue originar seus três atos de maneira amigável. O problema do asteroide em rota de colisão aparece, sendo o estopim de todo o processo de transformação da família. John e Alison passavam por um momento turbulento entre a vida de casal, e que o filho do casal, o pequeno Nathan merece cuidados especiais pois é diabético (uma fórmula também vista em Brinquedo Assassino de 2019).
Não que roteiro não tenha seus problemas, mas a obra escrita por Sparling consegue atrair a atenção do espectador e criar uma constante ideia de perigo, urgência e medo sem usar a dinâmica de destruição deste tipo de gênero. E, inclusive, até mesmo as atuações são palatáveis. Morena Baccarin, em determinado ponto do enredo destaca o desespero de uma mãe pelo filho, enquanto Butler, com bem mais camadas que o seu personagem em Tempestade: Planeta em Fúria formam um cordão que entrelaçam praticamente todas as cenas. Sendo assim, é possível se divertir e ver Destruição Final: O Último Refúgio como um entretenimento sóbrio, com uma argumentação bem mais dissonante do que estamos acostumados a ver no cinema catástrofe. Porém, nem tudo são flores, e partes do cometa Clarke também caem no longa, queimando alguns pontos bastante sensíveis.
Cinema catástrofe sem uma boa destruição. Ou melhor, que peca em aspectos visuais. Esse é Destruição Final:
O primeiro problema do longa em si é o seu conceito visual. Entende-se que, como Destruição Final: O Último Refúgio se foca na relação humana perante o Apocalipse não deveria dar tamanha atenção ao desastre em si. Porém, eles aparecem, e não são poucos. Porém, seus efeitos ficam bem aquém do que vistos em obras anteriores. Chuvas de meteoros, o céu cada vez mais vermelho alaranjado retratam bem a situação, mas não são belos como o gênero catástrofe costuma criar. Alguns efeitos inclusive remetem a cenas de baixo orçamento um pouco melhoradas. Pensando justamente que o gênero tem como um de seus pontos altos os efeito especiais, esse longa deixa como segundo plano tal façanha, criando um ponto de fuga do telespectador. Não é algo extremamente ruim, mas que poderia ser melhor produzido. Não tem problema algum em unir o conflito familiar com uma destruição bem feita.
Um outro problema é que, se batemos palma para o roteiro bastante redondo e com substância, podemos dividir em duas etapas. A primeira metade mantém uma angústia absurda com o conflito familiar na linha de frente. A família Garrity correndo contra o tempo com mesclas de ação e um quesito thriller. Contudo, o longa parece não se sustentar, e a partir de sua segunda metade, convenientemente se une aos clichês do gênero para celebrar um final de Renascimento. Novamente, isso não é algo terrível ao ponto de causar a extinção do longa, mas o chamusca. Destruição Final: O Último Refúgio acaba se refugiando em soluções um tanto óbvias para a resolução de seu conflito, embora continue tentando colocar mais problemas na tela até os quarenta e cinco do segundo tempo. Assim, o roteiro tem falhas, mas em termos de diversão, é possível se divertir muito bem.
Destruição Final: O Último Refúgio é chamuscado pela família de impacto de algumas ideias não muito bem realizadas. Mas de certa forma, se sobressai por ser diferente de outras obras do gênero.
Por fim, Destruição Final: O Último Refúgio não tem a mesma qualidade de Armageddon e nem é tão clichê e óbvio que 2012. Na verdade, o grande diferencial do longa é mostrar, de maneira não sutil o comportamento humano diante de uma catástrofe. Indo na contramão das cenas de destruição promovida por longas desse gênero. A relação familiar de Alison e John, a atuação bastante competente de Morena Baccarin e a sensação de iminente perigo promovida por uma boa direção e roteiro prendem a expectativa de quem assiste. Assim, o título consegue mostrar que existem bem mais nuances a serem aproveitados no gênero, o tornando um tanto minimalista e bem mais factível. Não existem heróis e nem mesmo pessoas que parecem ter super poderes, mas são apenas seres humanos normais tentando sobreviver a um impacto de um cometa.
Por outro lado, ao focar em relação familiar, o longa acaba deixando a desejar em um dos pontos chaves dos filmes desse gênero: a destruição. Por mais que não fosse necessário esse foco, quando as destruições ocorrem eles deixam bastante a desejar especialmente em seus efeitos. As bolas de fogo, a destruição de algumas localidades pela TV parecem ter sido compradas e editadas, diferente dos efeitos práticos da já citada Casa Branca sendo destruída em Independence Day. Talvez isso fosse um problema, pois o rádio, seja de um carro sempre é usado para alertar sobre os acontecimentos do mundo afora. Além do mais, o mesmo roteiro que ora foi elogiado, a partir de sua segunda metade não tem a mesma substância em se manter constante. Mesmo assim, Destruição Final: O Último Refúgio tem um final de reconstrução e é uma pedida diferente do cinema catástrofe para se assistir!
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta Crítica de Destruição Final: O Último Refúgio. Saiba que o longa busca de uma nova ótica trazer algo diferente ao cinema catástrofe. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
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* A Terra já passou por extinções em massa no passado. Duas são bastante estudadas, a extinção K-T e a Extinção do Permiano. A primeira, com o fim dos Dinossauros foi ocasionado por impacto de um meteoro onde hoje fica a Península de Yucatán, no México. A segunda, embora ainda estudada, pode estar vinculada a uma catástrofe de impacto perto da costa Australiana com erupções vulcânicas colossais da Sibéria.
* O asteroide mais conhecido, e que se tornou um “perigo” de impacto foi o 99942 Apófis. Antes de 2006, ele foi classificado como Nível 4 da Escala de Turim, que vai até 10. Isso significava que havia uma chance de 1% de colisão direta com a Terra, algo que já se configurava como de perigo. No entanto, estudos mais recentes observaram melhor a órbita do asteroide e ele foi rebaixado para a Categoria 1. Mesmo assim, é um dos principais corpos próximos a Terra em que os astrônomos mantém sua atenção, em especial de sua próxima aproximação para com a Terra, em 2029.
Números
Destruição Final: O Último Refúgio (2020)
Com Gerard Butler, Destruição Final trás uma história de catástrofe, que estranhamente é bem mais familiar do que todas as outras do gênero.
PRÓS
- Atuação convincente de Morena Baccarin, em pontos que merecem esse sentimento.
- História rápida. O asteroide é plano de fundo para todo conflito familiar.
- Bom uso de uma sensação de perigo constante e necessidade de sobrevivência.
- Roteiro bem desenhado, em especial na primeira metade do longa.
- Novidade por colocar o lado humano em ênfase ao invés da catástrofe.
CONTRAS
- Efeitos especiais bem aquém para longas deste tipo de gênero.
- Na segunda metade, o roteiro perde sua substância com soluções fáceis.