Já não é de hoje que o Guariento Portal diz que as mitologias ao redor do mundo são usadas como inspirações para a construção de diversos games. Hades, da Supergiant Games; God of War, franquia de sucesso da Sony, e Diablo, da Blizzard, são apenas alguns exemplos a serem destacados. Neste interim, por volta de 2015, surge através do Kickstarter Jotun, indie produzido pela canadense Thunder Lotus. Lançado inicialmente para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Wii U, o game chega ao Nintendo Switch com o subtítulo de Valhalla Edition. Com influências óbvias na Mitologia Nórdica e com a jogabilidade já visitada de outros games, o jogador é levado a visitar mitos e lendas do mundo nórdico, com narração em islandês. De fato, Jotun: Valhalla Edition pode não reformar a roda, trazendo muitas novidades, mas é extremamente divertido em toda a sua produção, inclusive em suas fontes.
Uma morte desonrada e uma segunda chance para com os deuses. Basta matar os gigantes:
Primeiramente, vale destacar que Jotun: Valhalla Edition coloca o jogador na pele de Thora, uma guerreira que morreu afogada. Com base na Mitologia Nórdica, esse tipo de morte impediria que uma guerreira alcançasse o Valhalla. Por isso, ela roga aos deuses que lhes dão uma segunda chance. Ela então terá de destruir cinco gigantes, cada um com suas habilidades para finalmente chegar ao Palácio de Odin. A história, extremamente curta se foca exatamente nisso, na proposta de que Thora chegue ao seu destino. Mesmo sem muitas ramificações, o enredo é direto ao ponto de destacar o que deve ser feito. É então que chegam as principais partes do título, sua ambientação e sua proposta como um todo.
Na primeira parte, Thora terá uma série de dungeons em inúmeros locais e com referências a cultura nórdica. Yggdrasil, a grande árvore dos Nove Mundos, Jotunhein, o mundo dos gigantes de gelo e Muspelheim, o reino de fogo são apenas algumas dos cenários a serem explorados. Aliás, o game consegue conversar bem com a exploração ao mesmo tempo com batalhas entre os chefes. Não por menos, sua alusão a Shadow of the Colossus, outro título extremamente importante das plataformas da Sony. Para que possa lutar contra o chefe final de cada área, Thora deve recuperar cerca de dois amuletos que estão em caminhos alternativos, e assim liberar o portão para o seu adversário. Desta forma, na maior parte do tempo, o jogador explorará o cenário com a narração de Ymir, o conselheiro do próprio Odin.
Os deuses nórdicos ajudaram Thera em sua jornada, para que siga até o caminho de Valhalla com belas representações dos cenários das lendas nórdicas:
Para auxiliá-la nessa empreitada, da mesma forma que Zagreus recebe de seus parentes Olimpianos, Thora passa a receber bênçãos dos deuses nórdicos. No entanto, ela precisa provar que merece, e conforme vai explorando cada um dos cenários, passa a ter o poder do martelo de Thor e das habilidades de se transformar de Loki. Assim, Jotun: Valhalla Edition acaba trazendo também aspectos de RPG, uma vez que há a necessidade de se explorar o ambiente para evoluir sua experiência, fato que é extremamente relevante para a derrota de seus adversários. Ainda em sua ambientação, o game na maior parte das vezes é quieto, silencioso. Não há conversas, apenas narrações esporádicas em islandês, a língua mais próxima do nórdico antigo. Já em termos gráficos, toda as ambientações se saem extremamente bem, com suas diferenças é claro, mas uma produção caprichada.
A curva de dificuldade não é extremamente acentuada, o que ajuda especialmente os que preferem mais um título para passar o tempo do que algo extremamente desgastante, como é o caso da franquia Dark Souls. No enfrentamento dos grandes chefes, é o momento certo que sem dúvida o jogador encontrará os maiores desafios. Cada um deles, além de sua estética única, detém poderes elementares que o jogador deverá entender antes de derrotar. Assim, é possível que o jogador pereça várias vezes antes de finalmente chegar ao principal adversário, nada menos do que Odin, o pai de todos. Entretanto, é possível destacar que não haverá um terrível desafio, pois como já dito, o game segue como uma espécie de Rio. Além disso, os upgrades dos deuses não seguem uma ordem direta, mas são encontrados quase que automaticamente a cada masmorra ou mundo explorado.
Tranquilo, o que não quer dizer imune de problemas. A longevidade é parca e a câmera pode exercer certos problemas:
É claro que Jotun: Valhalla Edition, até o presente momento foi elogiado. E com motivos, a Thunder Lotus conseguiu promover em um título indie certa qualidade que o faz não obrigatório, mas uma ótima aquisição no Nintendo Switch. Contudo, como uma moedas tem dois lados, o game tem seus problemas. O principal deles sem dúvida é a sua longevidade. Com cerca de quatro grandes chefes além de Odin, o jogador consegue encerrar o jogo de maneira rápida e consistente. Não é algo que demora longas jornadas ou que necessite de desafios que coloquem a atenção a prova. O título aliás quase que se encaminha automaticamente para o seu desfecho, sendo o jogador, na pele de Thora uma peça para que se chegue até a conclusão. Mesmo com um novo modo de jogo não é o suficiente para trazer a atenção de volta as terras nórdicas.
Um segundo problema apresentado na versão de Nintendo Switch é referente a jogabilidade, em especial no quesito de câmera. Jotun: Valhalla Edition tem uma abordagem próxima de Diablo III, ou seja, na forma isométrica. Contudo, diferente do que ocorre no game da Blizzard, não são raras as vezes que o cenário simplesmente se transforma em um problema para enxergar o que está acontecendo. Especialmente nas lutas contra os gigantes, Thora pode se tornar uma criatura sem visão para os ataques de seus inimigos. E assim, o jogador poderá se sentir frustrado com isso. Em termos de controle, a personagem não é suave, embora tenha um sentido dentro da narrativa. Com um machado de duas mãos, Thora não é extremamente rápida, e isso pode ser visto em seus controles de ataque e movimento. Contudo, essa é a realidade por empunhar um machado de tal peso e tamanho.
No fim das contas, Jotun: Valhalla Edition é curioso. Bom em quase tudo que toca, trazendo um frescor para a Mitologia dentro do Switch.
Mesmo com estes dois problemas, que de fato enfraquecem a produção do título, ainda assim Jotun: Valhalla Edition é uma prazerosa aquisição para as fileiras de títulos do Nintendo Switch. O indie produzido em 2015 e portado para o híbrido da Nintendo pela Thunder Lotus é interessante em sua proposta, embora não seja uma reinvenção da roda. Sua história simples não é um ponto negativo, servindo exatamente para o gancho de toda a narrativa. Thora, como guerreira viking, deve então surpreender os deuses para que alcance o Palácio de Valhalla. Para isso, deve passar por cenários idílicos, embora perigosos que representam objetos, mundos e momentos da Mitologia Nórdica. Tudo feito de maneira prazerosa com uma estética que agrada aos olhos e imerge, ainda mais com a narração na língua islandesa.
Não sendo um jogo complicado, Jotun: Valhalla Edition é aquele espécime que serve para passar o tempo. Claro que os desafios finais exercerão um pouco mais de paciência do jogador. Mesmo assim, não será algo terrível. Por outro lado, o título tem problemas, especialmente na sua longevidade e na própria jogabilidade. Em determinados momentos, o jogador pode se sentir sabotado pelo game, tudo por meio de sua câmera. Pelo outro foco, uma vez terminado o desafio, mesmo com um novo modo de jogo, mais difícil, o jogador não se sentirá compelido a participar de toda a dinâmica novamente. Assim, medindo os esforços, Jotun: Valhalla Edition não chega ao seu próprio paraíso, mas também não submerge até as sombras de Helheim. É um game mundano, com qualidades e defeitos, sendo um indie de boa aquisição para a plataforma da Nintendo.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de Jotun: Valhalla Edition, game multiplataforma da Thunder Lotus. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise do game Jotun: Valhalla Edition, produzido pela Thunder Lotus, saiba que o Guariento Portal tem um espaço dedicado para o mundo dos games. Em relação ao mundo dos games, existem especiais destinados aos títulos mais bem avaliados em 2020 que foram lançados para o Nintendo Switch. Além dele, há também a lista de games da Supergiant Games que merecem ser vistos. Já em termos de análises, você pode gostar de outras, como e o caso de Hades, da Supergiant Games, Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off da franquia Fatal Frame para o Nintendo 3DS, Aragami: Shadow Edition no Xbox, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal.
* Atualmente, Jotun: Valhalla Edition está disponível para Nintendo Switch, Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Wii U, PC e Stadia. Para o dispositivo do Google, o game foi lançado mais recentemente, em 2020. Já para os outros consoles a ordem é a seguinte. Nos consoles de Sony e Microsoft, Jotun aparece em 2016, um ano depois de sua primeira aparição para o PC. No Nintendo Wii U, o antigo console da Nintendo ele também é lançado no mesmo ano de seus irmãos, enquanto o Switch recebe uma versão em 2016. Vale lembrar que, mesmo com o lançamento da eShop brasileira o título não está disponível. Então, para o híbrido, é necessário transferir para um outra região. Provavelmente, a americana, mexicana ou canadense que possui o título em questão. Já o Xbox, por retro compatibilidade permite que o título seja também jogado no Xbox Series S/X.
Números
Jotun: Valhalla Edition
Dungeon Crawler, Jotun: Valhalla Edition, Game da Thunder Lotus, trás a Mitologia Nórdica para o Switch inspirado em Shadow of the Colossus.
PRÓS
- Boa junção entre os momentos de batalhas e exploração.
- Linda ambientação dos mundos nórdicos, com atenção aos Mitos desse povo.
- A dificuldade existe, mas não é íngreme e nem mesmo complicada.
- História simples e prática, que leva do início ao fim de forma condizente.
- A progressão é praticamente automática, como um vento.
CONTRAS
- Jotun é extremamente curto, e não consegue reconquistar o jogador depois do fim.
- A câmera pode representar um problema a mais, especialmente nas batalhas.