Relembrando o estilo do Império Romano do Oriente, a Basílica de São Marcos é um marco de Veneza. Com seus mosaicos e o tesouro guardado em seu museu, é uma coleção como poucas na Itália. Uma amostra atemporal da junção do Oriente e do Ocidente nos caminhos da fé.
Continuando nossa viagem pela belíssima Veneza, você viu anteriormente um pouco da histórias dos Cavalos de São Marcos. Anteriormente chamados de Cavalos de Bronze de Constantino, os quatro animais estavam em Constantinopla. Até que foram saqueados por Enrico Dandolo, doge de Veneza e mandados para a cidade. Seu lugar de repouso não poderia ser mais imponente, a Basílica de São Marcos. Construída em estilo Bizantino, é sem dúvida o principal ponto turístico da cidade. Como pode ser visto pelo seu nome, a Basílica foi consagrada a São Marcos, um dos apóstolos de Jesus Cristo. E também um dos escritores dos Evangelhos. Contudo, Veneza anteriormente não era consagrada a São Marcos, e sim a São Teodoro. Coube, segundo a tradição, a dois mercadores venezianos tirarem de Alexandria, no Egito, certas relíquias atreladas ao apóstolo e levá-las a cidade.
Na história da Cristandade, São Marcos é o principal nome da liturgia copta, ramo do cristianismo que se desenvolveu onde hoje é o Egito e o Sudão. Contudo, com o roubo dos mercadores, uma Basílica foi erguida para guardar estas relíquias. Ainda não era a estrutura de São Marcos, mas mantinha a sua raiz. Em estilo bizantino, a arquitetura da construção usa a Cruz Grega. Uma forma bem diferente da Cruz Latina da maior parte das Igrejas Ocidentais. Sendo assim semelhante a outras Basílicas no Oriente, como Santa Sofia em Istambul e a extinta Basílica dos Apóstolos. Já existia uma igreja temporária no ano de 828, que servia como capela aos Doges de Veneza. Contudo, ela foi destruída quatro vezes no decorrer da história, até que em 1063, a estrutura da atual Basílica como é conhecida começou a tomar forma.
Com o decorrer dos anos, mesmo após a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, os venezianos não se deixavam levar. Quando retornavam de excursões do Oriente, era comum trazerem para a Basílica de São Marcos algum artefato que pudesse adorná-la. Se a construção da atual Basílica começou em 1063, ela só foi terminada em 1094. Porém, isso não quer dizer que a Igreja não tenha passado por mudanças. Na Europa Medieval, ela foi adquirindo também um novo estilo, mesclando o gótico que apareceu neste período. Seu interior é o que mais sofreu com mudanças. Vítima de um incêndio após a sua inauguração, pouco dos artefatos que estavam em seu interior sobreviveu. No caso em questão vitrais e mosaicos notavelmente de arte bizantina.
Outra característica da Basílica de São Marcos é que ela é chamada de Igreja de Ouro, pelo fato de que a maior parte dos mosaicos da Igreja serem dourados. Uma clara alusão ao poder de Veneza durante os séculos em que foram produzidos. Em relação a estes mosaicos, a Basílica de São Marcos é diferente da maior parte das construções do gênero na Itália, justamente por seu contraponto a Basílica de Santa Sofia. É possível encontrar em suas paredes e no teto a fina arte medieval bizantina. Cenas como a da Vida de Cristo e da Virgem Maria recobrem os cantos da Basílica. Ainda é possível encontrar cenas como a do Juízo Final, o Domingo de Pentecostes e a Dança de Salomé após a decapitação de João Batista. Cenas que tratam especialmente do Novo Testamento, mas o Antigo também tem o seu destaque.
Como já dito, parte dos mosaicos se perdeu em incêndios ou foi danificado com o decorrer do tempo. Apenas um deles é definitivamente original, o que demonstra a procissão que leva o corpo de São Marcos até o seu descanso na Basílica. Todos os outros, mesmo que respeitando a forma da pintura bizantina, foram refeitos ou produzidos após o período original. Ainda adornado em Ouro, existe o altar-mor da Basílica. Considerado como um dos trabalhos mais impecáveis deste estilo, o altar é ricamente adornado com cenas da Cristandade Ocidental e Oriental. Tendo a Virgem Maria e os Quatro Evangelistas, assim como Imperadores Bizantinos do passado, responsáveis pela disseminação dos ideais cristãos.
Parte do tesouro de São Marcos está guardado no Museu da Basílica, como é o caso dos Cavalos de Bronze originais. Além destes, a coleção contempla cálices, ornamentos e relicários. A maior parte deles saqueados de Constantinopla na época da Quarta Cruzada. Infelizmente, Veneza sofreu do mesmo mal e parte do tesouro existente em São Marcos foi igualmente roubado em diversos momentos da história. Mesmo assim, nada retira a grandiosidade da Basílica, sem dúvida o maior cartão postal de Veneza. Uma arquitetura diferente da maior parte das Igrejas que podem ser vistas na Itália, a Basílica de São Marcos é um lugar mais do que obrigatório a ser visitado.