Apenas um ano após O Santo Guerreiro, a Toei Animation percebeu a influência que a série, e o filme de Os Cavaleiros do Zodíaco fizeram. Foi então que mais um especial surgiu ainda no VHS. Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses apresenta novamente o grupo dos cinco cavaleiros de bronze e a deusa Athena. Encarnada na jovem Saori Kiddo, a situação começa a desandar depois que um dos cavaleiros, Hyoga de Cisne vai para o norte do mundo, a Sibéria, e desaparece misteriosamente. Saori e seus cavaleiros então vão até Asgard, no extremo norte da Europa, terra dominada pelo representante de Odin na Terra, Durval. Logicamente, Durval e Odin tem planos mais obtusos do que o esperado, e novamente os Cavaleiros do Zodíaco se encontraram em uma batalha ferrenha pela Terra e por todos os seus habitantes. E Seiya terá de salvar Athena mais uma vez.
A produção de A Grande Batalha dos Deuses, em termos técnicos é melhor que o de seu antecessor:
Primeiramente, a estrutura é praticamente a mesma que o antecessor. Ou então da série inteira. Entretanto, existem algumas mudanças que agradam. O desaparecimento de Hyoga é o primeiro deles e serve como uma ponte diferenciada para a ideia de sequestro da deusa Athena. É consistente a ideia do grupo partir para saber o que acontece com o cavaleiro. Além disso, o roteiro propriamente dito está bem mais espaçado. Por mais que sejam os mesmos 45 minutos, ainda assim as lutas e os diálogos são criados de forma mais coesa. Os momentos de luta são realmente bem produzidos e pela primeira vez, dão a sensação de que algo não pode ir tão bem assim para os Cavaleiros de Bronze. Em conjunto, temos a trilha sonora que é um ponto alto de toda a franquia, e aqui se mantém, embora que a dublagem remasterizada seja melhor do que a original.
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses tem a audácia de colocar no mundo da mitologia grega o mundo nórdico, de Hela e Surtur. Uma vez que Durval é o representante de Odin na Terra. Essa ideia de colocar outros panteões agrada e diversifica a narrativa, uma vez que agora são apresentados os Guerreiros Deuses de Asgard. Equivalentes em força aos Cavaleiros de Ouro, nenhum destes guerreiros tem o carisma de Éris por exemplo, mas ainda assim são mostrados como um desafio maior do que todos os antecessores. Até mesmo as cenas de batalha, em termos de animação estão mais fluidas e apresentam a já violência conhecida do mangá e da animação sem cortes.
Mudanças na narrativa principal deixam o filme com cara de novidade:
Também há de se destacar que, diferente do que tradicionalmente acontece em animações deste tipo, o final é um pouco diferente. Por mais que pese sobre Seiya o posto de salvador de Athena e de toda a Terra com a ajuda da Armadura de Sagitário, ainda assim ele não conseguiria nada com a ajuda de outra pessoa. E é essa que se sacrifica para acabar com toda a ambição de Odin na Terra. Obviamente, estamos ainda falando de Cavaleiros do Zodíaco, e assim os mesmos clichês se encontram. Porém, no fim das contas é possível dizer que Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses tem todos os seus argumentos melhorados em relação ao seu antecessor.
Entretanto, isso não quer dizer que eles esteja isento de qualquer tipo de falha. Primeiramente, por mais que os ditos vilões sejam mais poderosos, eles não possuem nenhum tipo de carisma. E o roteiro também não faz questão alguma de produzir isso. Todos eles são colocados como mal e ponto. O próprio Durval é o estereótipo de ser que, no primeiro momento, percebe-se que é alguém maligno. Basicamente, eles estão ali para serem derrotados pela tropa de Seiya e de seus companheiros. O único momento em que há um certo carisma entre os personagens é na luta de Shiryu e Hyoga, até pelo fato dos dois personagens já serem conhecidos. Entretanto, o tempo ainda continua sendo um vilão, mesmo que toda a história esteja mais organizada. Ela é contada de forma concisa para o tempo que tem, mas isso ainda indica uma velocidade além do normal nas resoluções de conflitos.
De certa forma, melhora em praticamente tudo que já vimos em Cavaleiros do Zodíaco, mesmo que com pouco tempo:
No fim das contas, Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses se apresenta em praticamente todos os aspectos superior do que seu antecessor. Em verdade, a animação está ainda mais fluida e bem desenhada, demonstrando um capricho maior do estúdio. A trilha sonora sempre impacta quando o assunto é a série, e não é diferente aqui, combinando momentos de pancadaria com a tristeza da iminente destruição da Terra. O plot inicial, assim como o seu desenvolvimento, diferente em alguns aspectos do já visto na série, também entrega uma sensação de novidade, colocada inclusive pela inclusão da mitologia nórdica. Durval e os Guerreiros Deuses trazem uma sensação de desafio.
Contudo, ainda assim falta um certo carisma no grande vilão da história. Diferente de Éris por exemplo, não há um grande momento do Representante de Odin na Terra. Os Guerreiros Deuses, rivais também consideráveis depois de derrotados são esquecíveis. E a história como um todo deixa bem claro que eles são apenas barreiras que devem ser transpassadas. Além disso, o tempo passa a não colaborar. O ritmo é mais adiantado de fato e bem produzido, mas ainda assim a sensação de que a história é corrida se mantém. Desta forma, Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses acerta em quase tudo que coloca em tela. Porém, o tempo de tela é curto para tudo que podia ser feito, e o seu carisma não comove. Mesmo assim, para quem curte a série, é uma ótima diversão.
Números
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses
Melhor em quase todos os aspectos Os Cavaleiros do Zodíaco: A Grande Batalha dos Deuses trás a mitologia nórdica para o mundo de Seiya.
PRÓS
- Enredo mais arrumado e espaçado entre as lutas e os diálogos.
- Trilha sonora inabalável da franquia.
- Animação mais consistente, superior ao que já foi visto.
- Mudanças e novidades da narrativa que se integram bem.
CONTRAS
- O tempo ainda é um inimigo dos fatos, e tudo acontece bem rápido.
- Embora fortes, os vilões não possuem carisma.