Quem aqui nunca sonhou em ser um Rei ou uma Rainha? Pode parecer um pensamento elitista, mas duvido que ninguém nunca pensou em morar em um castelo. Ter tudo do bom e do melhor e até mesmo nem se preocupar com a vida. Afinal, você é um príncipe ou uma princesa, e depois da partida de seus pais cuidará do seu reino ao seu bel prazer. Bem, a londrina Nerial Limited e a texana Devolver Digital (de Death’s Door) fez questão de trazer, com um game simples de 2016 a realidade de que essa majestade toda não é tão fácil. Com Reigns, título disponível para dispositivos Mobile coloca o jogador na pele de um monarca que escolhe o seu destino e o futuro de sua nação por meio de cartas. Agora, será que a coroa não esmagará sua cabeça? É o que veremos nessa Análise do Guariento Portal.
Assuma o papel de um monarca medieval da modernidade e sente no troco com intenções benevolentes (ou malignas), deslizando seus dedos reais para a esquerda ou para a direita, impondo sua vontade ao reino.
Descrição Oficial de Reigns na Steam.
Lançado em 2016, Reigns é uma criação da Nerial Limited e publicado pela Devolver Digital. E, criativa como elas, trouxeram um game minimalista que acerta no conteúdo. Thanos ficaria feliz ao ver a necessidade de equilíbrio entre as facções.
Primeiramente, e como maior destaque dessa Análise, Reigns é um game simples e minimalista. Isso poderia até ser um problema, pois outros games foram negativados pela simplicidade (sim, estamos falando de Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl, do Nintendo Switch). Contudo, aqui foi derradeiramente o plano. Por meio de um conjunto de cartas e uma mecânica que lembra aplicativos de relacionamentos, o jogador tem duas escolhas. Sim ou Não. No decorrer da narrativa, diversos personagens aparecerão propondo alguma coisa, e essa coisa vai impactar diretamente em um dos quatro principais elementos que devem ser perfeitamente equilibrados. Como um bom monarca, o jogador deve maneirar o poder entre a Igreja, o Exército, o Povo e o Tesouro. Colocar a menos ou a mais em um desses elementos pode fazer com que um Golpe de Estado ocorra e você perca a cabeça, ao estilo Ned Stark em Game of Thrones.
Essa mecânica simples de “sim” ou “não” consegue se adequar a longevidade do game com uma espécie de narrativa procedural. Quanto mais o jogador consegue concluir pequenas missões que são impostas, mais cartas aparecerão dentro do game. O que cria ainda mais possibilidades. Muito provavelmente, quanto mais o jogador jogar Reigns, mais difícil será conseguir concluir as ditas missões que lhe são impostas. Numa espécie de elevação de dificuldade de maneira bem simples e coesa. Não menos importante, o espírito medieval está presente de maneira bastante cômica. Seja na apresentação de animais possuídos, masmorras em que o jogador pode morrer bem morrido, ou até mesmo invasões de bárbaros e intrigas palacianas que existiam dentro das cortes europeias da Idade Média. Com tanta coisa acontecendo, é provável que o jogador jogue bem mais do que uma vez. Tipo Crusader Kings III, porém bem mais fácil.
Você não está no Tinder, mas Reigns é igualmente perigoso. Com um toque para um lado ou para o outro, sua vida pode estar por um fio. E suas escolhas meu caro jogador, repercutirão por um bom tempo durante o seu Reinado. Por isso, cuidado!
Continuando a Análise, o Guariento Portal também destaca que o game está em Português. Ou seja, podem ficar tranquilos pois você entenderão completamente todos os pontos da história. Ou ficarão na dúvida mesmo assim, pois alguns personagens parecem falar nada com nada. Esses mesmos personagens, que são apresentados por simples cartas tem sua própria simpatia. Embora falem por meio de sussurros incompreensíveis, seus rostos e imagens são bem únicos ao ponto de criar uma espécie de aura sobre si. Provavelmente, o jogador em Reigns se pegará pensando se realmente pode confiar em uma bruxa, ou se seu grande General realmente está trazendo todas as informações que deveria trazer. Mais do que um simples game de gerenciamento, Reigns trás um contexto de estratégia muito do diferente. Mesmo com uma jogabilidade simples, o cérebro terá de funcionar bastante aqui.
Não menos importante, Reigns acaba trazendo a ideia de que o jogador é o único responsável pelas suas escolhas e ações. Logo, se o jogador morre por ter dado poder a beça para a Igreja, o problema não foi do jogo, foi seu. O mesmo pode ser dito de todas as outras castas. No fim, qualquer ação gera uma reação, no melhor estilo Terceira Lei de Newton. E assim, algo que você acreditou estar fazendo para o bem da sua vida, pode ser a ponta da cova que você mesmo está se jogando. Essa força da narrativa de acontecer praticamente qualquer coisa torna cada momento de se jogar Reigns único. Mesmo depois de dezessete mortes, é provável que o jogador ainda assim não tenha encontrado tudo, e fique espantado por ganhar mais e mais cartas, e buscar mais e mais coisas.
Você pode querer estar na Idade Média, mas é melhor colocar a trilha sonora de Castlevania por exemplo. Além disso, se prepare para passar horas e horas tentando voltar naquela missão que você “quase” conseguir… E morrer novamente, para o deleite da Nerial Limited e da Devolver Digital.
Essa simplicidade de Reigns é claro, trás todo o arcabouço positivo, especialmente no Mobile, onde ele se destaca bastante. Contudo, ele tem também seu lado gelado e sombrio, no melhor estilo Rei da Noite. Primeiro, é possível entender a escolha minimalista apresentando todos os personagens por meio de cartas, e isso não é um problema nenhum. O estilo de cada um é bem desenhado. Porém, o áudio e a trilha sonora, se bem que não podemos falar que o game tem uma trilha sonora. Com um grunhido e um estilo de canto gregoriano ao fundo, o game peca bastante neste aspecto. Sendo claro que uma imersãozinha melhor poderia acontecer se uma trilha mais adequada a época fosse colocada. Ou que as pessoas de fato falassem o que está escrito. Não é algo tenebroso, mas é um ponto a se destacar nessa Análise do Guariento Portal.
Outro ponto do game que sem dúvida fará alguns jogadores torcerem o nariz é a questão da aleatoriedade das missões. Entendemos aqui no Guariento Portal que questões procedurais até são bem vindas, no melhor estilo No Man Sky. Porém, Reigns acaba ultrapassando em algumas casas neste tabuleiro. Isso ocorre pois em algum ponto da partida, é provável que o jogador “quase” consiga obter a missão dada, porém acaba morrendo por um dos inúmeros pontos que podem ceifar sua vida. O problema é conseguir chegar nesse ponto novamente. Uma vez que todas as cartas são distribuídas de forma aleatória, algo que o jogador sabe e quer terminar pode não acontecer em seu tempo. E isso pode que por frustrar sua partida. E não, isso não melhora a dificuldade, só torna o game um cado mais chato e peca em sua longevidade.
Levanta a cabeça jogador, para a coroa não cair. É com esse espírito que Reigns trás um game singular ao misturar simplicidade com uma história que vai para diversos pontos e finais. A apresentação simples também é um destaque, mesmo que lhe falte uma boa trilha ou até mesmo áudio normal.
Desta forma, podemos dizer que a Nerial Limited e a Devolver Digital fez um game charmoso para o Mobile. Pois Reigns é exatamente isso, com alguns retoques de crueldade é claro. Primeiro, que o game ao apelar para o minimalismo é uma grata surpresa, pois a simplicidade poderia trazer um jogo meia boca. Coisa que definitivamente Reigns não é. E sim bem interessante e eficaz em trazer o jogador para a tela do celular. Ao tentar equilibrar as quatro castas ao ponto de acabar com a vida da realeza, o jogo trás a informação de que toda a ação ordenada pelo jogador terá uma consequência. Seja ela imediata e futura. Com uma jogabilidade de cartas e escolher arrastando uma delas para a esquerda ou direita, Reigns cria uma atmosfera de fantasia em uma Idade Média que não é só a beleza que pensamentos ao estilo Romeu e Julieta.
Controlar um Reino não é fácil, e o jogador vai saber disso na própria pele. Seja perdendo a cabeça ou sendo comido pelos seus próprios cães. Porém, os problemas em Reigns por mais que sejam poucos ainda assim devem ser apresentados em uma Análise. Aqui, o game acaba pecando na trilha sonora, que poderia ser uma graça ao invés de uma única sonata em canto gregoriano que se confunde com as cartas que parecem falar o idioma de The Sims. Outro ponto é a aleatoriedade em que as cartas aparecem depois que as missões são concluídas. Tentar refazer uma “quase” missão é um martírio medieval, com toda certeza. Pelo menos você jogador pode passar por isso entendendo todas as linhas e frases, pois o game está traduzido para o Português do Brasil. Ou seja, você pode passar raiva sabendo exatamente o que está acontecendo!
Divertido? Você perguntaria depois de ler tudo isso na Análise do Guariento Portal. Pois bem, Reigns da Nerial Limited e Devolver Digital é realmente divertido ao apelas para uma simplicidade que não sabíamos que poderia existir em um game. A Idade Média está com outra cara, mas tão perigosa quanto ela realmente era na vida real.
No fim das contas, Reigns é um game estranhamente bom e divertido. Sim, as vezes, não é necessário seiscentas horas de gameplay para ter a diversão ao toque de suas mãos. E a Nerial Limited e a Devolver Digital conseguiu encantar com uma ótica minimalista que cria uma identidade no game ao ponto de sabermos exatamente do que se trata logo nos primeiros momentos. Com uma dificuldade que vai se acentuando, e a aleatoriedade (até demais) de suas ações, manter o equilíbrio entre a Igreja, o Povo, o Exército e o Tesouro é uma tarefa árdua. Respondendo a pergunta inicial, é provável que o jogador seja esmagado pelo peso da coroa algumas vezes. Mas ele vai aprender – ou não – e tentará sempre melhorar. O problema é que seja qualquer uma de suas ações, Reigns trás uma verdade: em algum momento, sua vida será ceifada, então, acostume-se com isso!
* Reigns foi lançado em 2016 para o Mobile, assim como para o PC, disponível na Steam. Nos smartphones com o Google, o game conta com o preço de R$ 10,99. Já a Steam, mamãe dos preços mais em conta, o game está valendo R$ 6,29. O game possui um mesmo projetista, escritor e programador, François Alliot e foi feito na Unity, onde outros games como Hollow Knight também vieram. O game produzido pela Nerial Limited e publicado pela Devolver Digital fez tanto sucesso que logo depois alguns spin-off’s nem tão off’s assim. Depois de Reigns, foi a vez de Reigns: Her Majesty, que coloca o jogador como uma Rainha e Reigns: Game of Thrones. Esse não precisa falar muita coisa. Controle os personagens da série da HBO para a conquista do Trono de Ferro! No Guariento Portal, o game teve sua Análise por verba própria.
Números
Reigns (Mobile).
Vida longa ao Rei! ... Ou será que não? Reigns, game da Nerial Limited e Devolver Digital trás num estilo minimalista a dificuldade e a estratégia de ser um monarca. Escolha sabiamente com o toque de uma tela, equilibrando todos os lados ou seja destronado pelos seus súditos sem piedade no seu smartphone.
PRÓS
- A produção minimalista trás personagens carismáticos, assim como chatos na medida certa.
- A história nunca é a mesma. Sempre há algo mais a se ver, mesmo depois de seu primeiro rei morrer.
- Jogabilidade a lá tinder é descomplicada. Mas deixa na mão do jogador as escolhas para o futuro.
- Aumento da dificuldade é escalonado. Embora há momentos que não tem jeito, você vai morrer. Culpa do algoritmo!
- Divertido e equilibrado. Além de ter sempre algo a mais, é custoso deixar todos não tão felizes e nem tão raivosos.
CONTRAS
- Trilha sonora bem deficitária, assim como os grunhidos do personagens, que não traduz em nada.
- O algoritmo as vezes pesa a mão, e uma missão quase concluída demora uma vida ... ou três para reaparecer.